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Episteme - Filosofia e História das Ciências em Revista vol. 6, n. 12, 2001 PDF

153 Pages·2001·3.6 MB·Portuguese
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EDITORIAL CINCO ANOS DE EPISTEME O Grupo Interdisciplinar em Filosofia e História das Ciências – GIFHC, ao apresentar este exemplar de número 12 da EPISTEME, UMA REVISTA BRASILEIRA DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA, sente-se orgulhoso por editá-la há cinco anos. Durante esse período, a Episteme publicou um grande leque de questões das diferentes áreas da Epistemologia, Filosofia e História da Ciência (ver Quadro 1). Grande parte dos artigos disse respeito à Epistemologia Regional (29%), abrangendo temas clássicos e de fronteira de nada menos do que dezesseis disciplinas – Antropologia, Arqueologia, Astronomia, Biologia, Ciências Sociais, Computação, Ecologia, Educação, Física, Geologia, História Natural, Lógica, Matemática, Medicina, Meio Ambiente, Psicologia e Química – e à Epistemologia Geral (23%), cujas contribuições trouxeram reflexões agudas tanto da pauta tradicional como da pauta atual desse campo. Artigos na área de História Regional (18%), envolvendo muitas disciplinas, e de História Geral da Ciência (11%) igualmente tiveram presença destacada ao abordarem desde temas referentes às técnicas e métodos historiográficos até as contribuições de cientistas locais e estrangeiros no desenvolvimento da ciência sul-americana. Também foi expressiva a publicação de artigos mais gerais de Filosofia da Ciência e da Tecnologia (20%), que deram conta das relações da Ciência com a Ética, a Utopia, a Razão, a Verdade, o Real, o Virtual e a Sociedade, entre outros enfoques. Os dados apresentados no Quadro 1 mostram que houve um grande equilíbrio das diversas áreas de abordagem, confirmando a importância dos estudos epistemológicos para a História da Ciência e vice-versa. Com um total de 2.143 páginas publicadas nesses 12 números, a revista Episteme mostrou que foi capaz de superar os obstáculos do localismo, para vir a ser uma revista de amplitude nacional e internacional (ver Quadro 2). Os 121 artigos publicados tiveram localidades de origem assim proporcionadas: 44% foram remetidos por autores de outros países, principalmente do Cone Sul, mas também da América do Norte e da Europa; 36% foram escritos por autores sediados no Rio Grande do Sul e 20% por autores de outros estados brasileiros. Mais de 200 artigos foram submetidos e, a cada ano, vem crescendo a quantidade e, com ela, a qualidade. A revista encontra- se, também, publicada na internet, cujo sítio eletrônico é: http://www.ilea.ufrgs.br/episteme. Resultado desse trabalho, a revista Episteme foi incluída, recentemente, em importantes indexadores internacionais da área, como: Sociological Abstracts, Social Services Abstracts, Political Science and Government, e Linguisticts & Language Behavior Abstracts. Episteme, Porto Alegre, n. 12, p. 5-11, jan./jun. 2001. 5 Untitled-1 5 13/08/2005, 14:00 Uma Associação do Cone Sul em prol da Filosofia e da História da Ciência Além disso, estamos igualmente orgulhosos com a fundação da ASSOCIAÇÃO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL – AFHIC, presidida pelo professor Roberto de Andrade Martins (ver entrevista na Episteme n.11, jul./dez. 2000). A AFHIC resultou dos movimentos havidos por ocasião do I Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul/Encuentro de Filosofía e Historia de la Ciencia del Cono Sur, organizado em 1998 pelo GIFHC em Porto Alegre, e do II Encontro/ Encuentro, realizado no dia 5 de maio de 2000, na cidade de Quilmes, Argentina, quando foi tomada a decisão de criar a AFHIC. As principais finalidades declaradas foram as de estimular o conhecimento, o intercâmbio, o desenvolvimento e o fortalecimento da pesquisa em Filosofia e História da Ciência nos países participantes. Naquela oportunidade, foi designada uma Diretoria Provisória, formada pelos professores: Anna Carolina K. P. Regner (Brasil), Pablo Lorenzano (Argentina), Roberto de Andrade Martins (Brasil), José Seoane (Uruguai) e Miguel Orellana Benado (Chile). Essa Diretoria redigiu o Estatuto da entidade que foi aprovado no dia 21 de agosto de 2000 pelos membros fundadores (ver sítio eletrônico http://ghtc.ifi.unicamp.br/AFHIC/AFHIC.htm). No dia 27 de novembro de 2000, foi eleita a primeira Diretoria da AFHIC, constituída por: Presidente - Roberto de Andrade Martins; Vice-presidente - Pablo Lorenzano; Secretário - Fernando Tula Molina; Vice-secretário - Miguel Orellana Benado; Tesoureiro - Lilian Al-Chueyr Pereira Martins; Vogais - Alberto Cupani, Attico Chassot, Susana Gisela Lamas. O Comitê Consultivo da Associação ficou assim composto: Brasil - Anna Carolina K. P. Regner, Ubiratan D’Ambrosio; Argentina - Eduardo H. Flichman e Oscar Huales. A fundação da AFHIC foi um passo decisivo para ampliar a pesquisa e a difusão da Filosofia e da História da Ciência na comunidade sul-americana. Podemos, agora, quem sabe, ser um pouco mais otimistas com as possibilidades de pesquisa nessas áreas, cuja comunidade já esteve mais dispersa. Para que tudo isso seja possível, precisa-se de pessoas que coloquem todo seu talento em seu tema de pesquisa, a qual passa a se confundir com a própria trajetória de vida. Uma dessas pessoas tem sido a professora Anna Carolina K. P. Regner, a quem dedicamos o presente volume. A profa. Anna Carolina, editora da Episteme e coordenadora do GIFHC, tem sido uma das principais protagonistas nessa área em nossa comunidade, seja por seu carisma e dedicação, mas, principalmente, pela sua agudeza intelectual e capacidade acadêmica. Devido a realização de projeto de pesquisa junto ao Programa de História e Filosofia da Ciência da Universidade de Stanford (EUA), coordenado pelo professor Timothy Lenoir, ela ficará afastada da função de editora da Episteme durante o presente ano. 6 Episteme, Porto Alegre, n. 12, p. 5-11, jan./jun. 2001. Untitled-1 6 13/08/2005, 14:00 Episteme 12: o que há para ler? Este número da Episteme apresenta trabalhos que podem ser reunidos em três blocos temáticos. O primeiro – com uma entrevista, dois artigos e uma resenha – relaciona assuntos da Biologia, Ecologia, Evolução, Paleontologia e Geologia. A considerar as grandes questões epistemológicas resultantes de trabalhos interdisciplinares que envolvem essas disciplinas, os artigos são muito promissores. O bloco inicia com a imperdível entrevista dada pelo eminente ecólogo norte- americano, o professor Robert E. Ulanowicz, um dos notáveis protagonistas do simpósio internacional Novos rumos da ciência: auto-organização e sistemas biológicos complexos, que teve lugar na UFRGS, de 9 a 11 de outubro de 2000. As questões de profunda acuidade foram pautadas por Daniel Sander Hoffmann, um estudioso percuciente das idéias de Ulanowicz (ver o abrangente artigo A trajetória metafísica da teoria da ascendência em Episteme n.11, p. 69-99, jul./dez. 2000). Teoria da ascendência, auto-organização, teoria da informação, o que é a vida, biomatemática são apenas alguns assuntos norteadores da conversa. O artigo seguinte, Biología funcional vs. Biología evolutiva, de autoria do prof. Gustavo Caponi, da UFSC, aborda uma das maiores polaridades epistemológicas das ciências da vida: o duelo entre os que apregoam como mais importante as causas remotas e daqueles que defendem as causas imediatas. Embora o autor considere modesto seu propósito, ele nos brinda com uma análise precisa e argumentação fluente acerca de grandes questões. Ele pergunta, por exemplo, “até que ponto pode-se pensar os organismos como produto de uma trama de acidentes históricos e até que ponto pode-se pressupô-los como cristais de alta complexidade cujas formas obedecem a regularidades físico-matemáticas que regem sua constituição?” Longe de apresentar respostas prontas, o autor vai construindo uma excelente narrativa que dialoga profundamente com essa polaridade. Como resultado, o professor Caponi propõe-se a um ambicioso projeto de desmistificar as posições demonológicas que essa dualidade tem produzido na história da Biologia. A considerar a importância que esse assunto têm no presente, a leitura é certamente muito proveitosa. O último artigo desse bloco, Processos evolutivos comparados en disciplinas fácticas: isomorfismo o interdependencias necessarias?, escrito pelo professor argentino Eduardo A. Musachio, nos remete a um estudo que procura relacionar a Biologia como uma ponte entre o fisicalismo e as disciplinas que tratam da consciência e da cultura. Para tanto, utiliza-se do modelo de conectabilidade, retirado de exemplos da Paleontologia e da Geologia. O texto remete para perspicazes questões derivadas da possível existência de conexões entre processos evolutivos de diferentes escalas de espaço e tempo, o que nos permitiria ver teleonomicamente a evolução desde a geosfera, e, sucessivamente, passando para a biosfera, a antroposfera até a noosfera. O segundo bloco, com dois artigos, tem como tema central o homem. Em As concepções de homem na Psicologia Clínica, as pesquisadoras Rita P. Teixeira e Maria L. T. Nunes, da PUC-RS, discutem as idéias de homem adotadas por diversas Episteme, Porto Alegre, n. 12, p. 5-11, jan./jun. 2001. 7 Untitled-1 7 13/08/2005, 14:00 áreas do saber ao longo da história, com o fito de recortar o entendimento que certas disciplinas curriculares da Psicologia Clínica vêm adotando. O assunto é deveras interessante por tratar com conceitos teóricos à luz da perspectiva histórica contrastados, por sua vez, com um levantamento de dados em disciplinas curriculares de cursos de universidades do Rio Grande do Sul. As autoras revelam que o principal problema não reside, apenas, na idéia de que a concepção hegemônica de homem presente nos programas estudados seja anacrônica. O problema central reside no fato de que os conceitos utilizados naqueles programas derivam de teorias cujos contextos cultural e histórico não estão relacionados com os possíveis pacientes que os futuros profissionais irão tratar. O segundo artigo desse bloco, remete para um dos temas que mais açulam a todos nós: a filosofia da mente. O artigo, escrito pelo prof. Carlos D. C. Tourinho, da PUC-RJ, intitula-se As controvérsias entre dualistas e materialistas na filosofia da mente. Com muita propriedade e excelente fluência, o autor principia com um apanhado histórico singular para conduzir o tema a um ponto crucial, qual seja: no centro da controvérsia entre dualistas e materialistas há a noção de qualidade como determinante na abordagem do problema mente-corpo. Com base nessa pedra angular, o autor tece consistentemente sua narrativa para mostrar que o desafio colocado aos materialistas de descreverem em termos físicos o caráter qualitativo dos estados mentais é uma questão que, simplesmente, não procede. Esse fato, segundo o prof. Tourinho, abre uma nova perspectiva para a Psicologia e a Filosofia da Mente. O terceiro bloco, com dois artigos e uma resenha, reúne temas da agenda contemporânea da Epistemologia. É possível estabelecer um padrão rígido para aquilo que denominamos de teste empírico de teorias? Como a comunidade científica vê o papel da evidência empírica em sua prática? O assunto é abordado com novidade pelas professoras Gladys E. Martinez e Ester I. Llinás, da Universidad Nacional de Mar de Plata, no artigo Función ortogada a la evidencia empirica desde la opinión de los investigadores. As autoras fincam suas teses numa síntese onde apresentam as três principais vertentes dos estudos epistemológicos do século XX, que elas denominam como sendo: (a) a vertente localista do neopositivismo e de Karl Popper; (b) a vertente holista ou globalista; e (c) a vertente localista do realismo moderado. Na seqüência, o artigo mostra uma interessante pesquisa de opinião junto à comunidade científica da Universidade do Mar del Plata. Com base nela, as autoras procuraram enquadrar as tendências refletidas pelas opiniões dos pesquisadores de acordo com as características das principais vertentes epistemológicas vistas anteriormente. Num artigo muito provocante, intitulado Alan Sokal: demolidor de barracas... inclusive a própria, o professor Maurício A. Guerrieri, da UFES, analisa com muita proficuidade as conseqüências epistemológicas do livro Imposturas intelectuais, de Sokal e Bricmont. Qual o balanço que se pode fazer das idéias de Alan Sokal? O professor Guerrieri separa dois campos de análise. O primeiro diz respeito às posições que Sokal remete contra o “relativismo exacerbado dos pós-modernos”. Em relação a esse campo, o artigo repassa alguns dos principais exemplos apresentados por Sokal 8 Episteme, Porto Alegre, n. 12, p. 5-11, jan./jun. 2001. Untitled-1 8 13/08/2005, 14:00

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