ebook img

Diretrizes do Pensamento Filosófico PDF

61 Pages·06.261 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Diretrizes do Pensamento Filosófico

DIRETRIZES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO J. M. BOCHENSKJ DIRETRIZES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO FICllA CATALOGliÁFICA 6.a edição (Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte Câmara Brasileirad o Livro, SP) Bochenski. Innocentius Made, 1902- B647d Dirêtrizes do pensamentof ilosófico l por l J. M. Bochenski l tradução de Alfred Simoni 6. ed. São Paulo, EPU, 1977. 1. Filosofia 1. Título 73-0243 CDD-100 0 E.P.U. índice para catálogo sistemático Editora Pedagógicae Universitária Ltda 1. Filosofia 100 São Paulo Título do original alemão: \Vede zum philosophisclien Den-kart © VerJag Herdar KG., Freiburg/Br., ]959 ÍNDICE Tradução de Alfred Simon PKTFÁCiO 7 A primeira edição brasileira publicada em 1961 pela Editortt Herdei, São Paulo ,4 Jei 9 A filosofia 21 O conilecimenlo 3.? A verdade 43 O t)ensamento 67 3:e Reimpressão O h07nem 79 { sociedade 99 O absalzzfa Código 7001 c) E.p.U. -- Editora Pedagógica e Universitária Lida.'. São @#8çl$#:X$qB)l$1 de 14 de dezembrod e 1973). E.P.U. -- Praça Dom José Gaspar, 106 -- 3.o andar -- caixa postal 7509 -- 01.000 São Paulo, Brasil Impresso no Brasil Printed in Brazil Prefácio 0 s OEZ CAPÍTULOSq ue compõem este livro sao outras tantas alocuçõesp roferidas ao micro- fone da Rádio Bávara em seu Programa Especial, durante os mesesd e maio, junho e julho de 1958. Para a publicação, o texto das alocuções só foi mo- dificado em alguns pontos sem importância para adaptar-lhes o estilo; o resto é reproduzido tal qual foi pronunciado diante dos microfones. Com issoe stãoe xplicadaas s peculiaridadedse nosso pequeno escrito. O conteúdo é exposto de forma popular. Naturalmente, não era possível pretender ser completo na exposição, tanto das dife- rentes correntes filosóficas, como dos assuntos em si- A finalidade dos dez pequenos tratados foi tão sò- mente expor aos radiouvintes, filosoficamente despre- parados, alguns problemas de filosofia e indicar-lhes rapidamente o caminho da solução. Por esse motivo, penso que se deve considerar sem importância o fato -- que mesmol amento --- que aqui nem sequer é nomeadaa concepção« existencialistdaa» vida, o «espírito objetivo» de Hegel e conceitos semelhantes. Foi necessárifoa zera escolhad os assuntose, o limite máximo de 27 minutos muitas vezes me obri- gou a riscar coisasq ue já tinha escrito. 7 Nossas meditações filosóficas poderiam ser apre- sentadas de duas maneiras: uma, a exposição «ob- jetiva», apartidária, das opiniões,s em que o autor deixasse transparecer seu próprio ponto de vista; outra, em que o autor desde o início se coloca num A lei determinado ponto de vista e daí avalia os diferentes problemas e suas soluções. Conscientemente escolhi o segundo método, porque o primeiro me parecia simplesmente impossível. Na minha opinião uma exposição «objetiva» -- no sentido explicado -- não existe quando se trata dos problemas fundamentais da filosofia. O ponto de vista apresentado nestas MnniTAKEI hoJE convosco sôbre a lei. Não falamos conferências é, naturalmente, o do autor. E com isso aqui das leis que são promulgadasp elos parlamentos a presente série de meditações filosóficas ficou algo ou impostas pelos tribunais, mas das leis científicas totalmente diferente daquilo que a princípio fera -- quer físicas, quer químicas, quer biológicas, e, planejado; aqui o leitor achará a exposiçãob astante antes de tudo, das leis das ciências puras, como sela clara -- embora esquemática -- de uma filosofia, isto dos diferentes ramos da matemática. é, daquela filosofiaq ue tenho por verdadeira. É de todoss abidoq ue existemt ais leis. Ê A. publicaçãot em sua justificativan o fato de alguns de meus radiouvintese starem à espera do igualmente claro que elas têm uma importância textod as alocuçõees na esperançdao autor de oümordinariamente' grande para toda a vida huma- facilitar a alguns o caminho que leva à reflexão na. As grandes descobertas da ciência são justamente filosófica. as leis e é por fôrça das mesmas que nossa técnica se desenvolve. As leis são o apoio inteligível.,s eguro e último, de todo comportamentom cional. Se nãa conhecêssemos as leis naturais, as leis matemáticas, seríamos simples bárbaros, entes desamparados, en- tregues às fôrças cegas da natureza. Não é exagero dizer que poucas coisas das que conhecemoss ão de tão grande importância como as leis. E, entre estas, as de maior significação são certamente as leis mate- máticas puras Existe gente que se serve de um instrumento sem nada saber sobre o modo como é feito. Conhe- ço repóteres radiofónicos que nem sequer . sabem se 9 seu microfoneé de fita ou de condensadoer, sei de começado em algum ponto do tempo e, enquanto podemosv erificar pela experiênciat, odas as coisas motoristas que de seu carro só conhecem o lugar da partida. Até me parece que o número dos assim são passageiras; vem um tempo em que desapare- Em quarto lugar, tôdas estão sujeitasa mu- chamadosh omensa utómatos,q ue de tudo usam e darzfas ora o homem está doente,o ra são -- agora de nada entendem, se está tornando cada vez maior. a árvore é pequena, depois toma-se grande, e assim E é uma triste realidade que a maioria dos caríssimos por diante. Em quinto lugar, cada coisa é particular, radiouvintes nunca se interessou em compreender um individual:e u sou eu, e nenhumo utro; esta mon- pouco da estrutura dessam aravilha da técnica que é tanha só é esta montanha e nenhuma outra. Tudo o rádio que têm à sua frente. o que existe no mundo é individual, particular. h'lesma se acontecesse que todos, ou quase todos, Finalmente, e isto é muito importante, tôdas perdessemo interessep elos aparelhos da técnica, é de se esperarq ue com as leis não se dê o mesmo. as coisas que conhecemos no mundo existem dc tal modo que também poderiam ser diferenteso, u nãa Pois a. lei não é só um instrumento. Exerce profunda existir. Há, naturalmenteh, omensq ue pensamq ue influências obrea nossav ida e é o pressupostdoe são necessários,o que é um erro. Poderiam muito nossa cultura: ela é, como já se disse, o elemento de bem não existir e, talvez,a té sem grande prejuízo inteligibilidade e de racionalidade de nossa visão do para o todo. mundo. Por todos esses motivos parece-me que de- vemosc olocara questãoo: que é a lei? As notas distintivas, portanto, de qualquer coisa Basta essa perguntae um pouco de reflexão que existe no mundo são: todas estão num deter- minado lugar, num determinadot empo; todas come- sobre ela, para verificar que a lei é algo de notável çam, acabam, mudam, são individuais e não são ne- e estranho. E o que se pode ver pelas seguintes cessárias.A ssim é o mundo, ou, pelo menosa ssim considerações ; nos parece ser. O mundo que nos cerca consta de muitas e mui Mas em meio a êssem undo tão pacato, tempo- diferentes coisas, mas todas elas -- chamadas «entes» pelos filósofos -- têm certas notas comuns. Sob a ral, espacial, passageiro e composto só de coisas indi- viduais, aparece a lei. E a lei não tem nenhuma das denominação de «coisa» ou «ente», entendo agora notas distintivas das coisas como as descrevemos tudo o que pode ser encontrado no mundo -- homens. nem uma se. animais, montanhas, pedras, etc. As notas comuns dessasc oisas são, entre outras, as seguintes: Pois, antes de mais nada, não tem sentidod izer Antes dt' tudo, as coisas todas estão num Ztzgar que uma lei matemáticae stejac m determinadolu - gar; se existe, existe em toda a parte, igualmente. -- eu, por exemplo, estou em Friburgo e estou sen- tado à minha mcsa de trabalho. Depois, as coisas Temos, naturalmente, a imagem dessa lei dentro da existem em um determinado tempo -- agora, por cabeça, mas é tão somente uma imagem. A lei não exemplo, são doze horas para mim. Em terceiro é idênticaà sua imagemp, oise stá fora; e issoq ue lugar, não conhecemosc oisa alguma que não tenha está fora não está sujeito a nenhum espaço 10 11 mos cm cantata, é bem diferente dessas leis. É belo, Em segundo lugar, também não está sujeita ao tempo. Não tem sentido dizer que uma lei come: colorido e contém diferentes espécies de objetos que çou ontem, ou que deixou de existir. É certo que.foi todos possuem, as conhecidas notas de espaço, tempo, conhecida pelo homem num determinado tempo, e transitoriedade,i ndividualidade e não-necessidadeO. pode acontecer que num outro tempo se venha.a que fazem num tal mundo essas leis sem espaçoe reconhecerq ue é falsa, que não era lei; mas a lei sem tempo, universais, eternas e necessárias? Não em si é sem tempo. parecem ser fantasmas? Não seria mais simples des- Em terceiro lugar, a lei não está sujeita a mu- fazer-se delas por uma interpretação qualquer, ex- danças e nem pode. Que dois mais dois são quatro pulsa-lasd o mundo, para que afinal apareça que não fica vei'dade para sempre, sem qualquer mudança e são nada diferentes das coisas comuns deste nossa até seria contraditório imaginar uma tal mudança. mundo? É este o primeiro pensamento que surge quando se chegou a ter uma idéia clara que existem Finalmente,e isto é talvez o mais notável, a lei não é individual, não é particular, é universal. leis. E com isso surge o problema filosófico. É encontradaa qui, ali e acolá, até o infinito. Assim, Por que temosa qui um problemaf ilosóficoA? por exemplo, constatamos que dois mais dois são qua- tro não só na terra, mas também na lua; o mesmo respsta é que esse problema surge porque todas as constatamos em inumeráveis casos, onde sempre se outras ciências simplesmente pressupõem o fato da trata da mesma lei. existência das leis: estabelecem leis, investigam leis, analisam leis, mas o que é uma /fi isso não interessa Com este último ponto está conexa a caracterís- a nenhuma delas. A questão, entretanto, não só pa- tica mais importante da lei: a lei é necessária,i sto é, rece ser bastante sensata,m as também muito impor- não pode ser diferented o que é, e de como está tante. Pois, pela aceitaçãod e leis, introduz-sen o expressa. E isto vale mesmoq uando se trata das mundo alguma coisa do além. Ora, o que provém assim chamadas leis de probabilidade: estas afirmam do além é sempre meio desagradável, uma espécied e que isto ou aquilo acontece com tal e tal probabili- dade, mas que seja justamente com alfa probabilidade fantasma. Çjlue bom seria se pudéssemos desfazer-nos e não com outra, é uma lei necessária. E esta carac- dessas leis poi' uma explicação adequada. . . terísticaé qualquerc oisa de único que, afora a lei, não encontramose m nenhuma parte do mundo; por- Tais explicaçõensã o faltaram. Pode-sei,) or que no mundo, como já dissemos, tudo é somente exemplo, ser de opinião que as leis sejam entes pura' factual, contingente e podia ser diferente. mente ideais. O que se explicaria assim: o mundo que nos cerca é inteiramentec oncreto e real e nele Até aqui simplesmentec onstatamos os fatos, pelo não se encontram leis; estas são tão somentef icções menos, como eles a nós se apresentam. Exisfezn leis de nossa inteligência. Nesse caso a lei só existiria na e parecem ser como as descrevemos.M as como já idéia do cientista -- do matemático ou do físiêQ, por acentuámos, este fato constitui algo de muito notável. O mundo, nosso mundo com que diariamente entra- exemplo -- e como parte de sua consciência. 13 12 Se alguémp ensa com Flume que tais leis são puro Uma tal solução foi, de fato, proposta, muitas hábito intelectual do homem em nosso caso, o en- vezes, entre outros pelo grande filósofo escocês David Hume. Este pensava que todas as leis tiravam sua genheiro surge então a pergunta: como é possível necessidade do fato de estarmos a elas acostumados. que uma ponte que foi planejada e executadad e Assim, por exemplo,d epoisq ue verificamosm uitas acordo com certas leis fica firme, enquanto que uma vêzes que dois mais dois são quatro, acostumamo-nos outra, em que o engenheiro cometeu en'os de cálculo, a dizer que é assim. Ora, o costumes e torna uma se desmorona? Como podem os hábitos de um ho- segunda natureza e o homem não é mais capaz Pe mem ter influência sobre tão grandesm assasd e ci- pensar de modo diferente do que se acostumou. De mento e ferro? maneira análoga são explicadas por Hume e seus adapetos todas as pretensas notas camcterísticas da A nós, pelo contrário, parece que as leis estão lei. Ao final de sua análise não sobra mais nenhuma no pensamenteo na consciêncida o engenheirosó das notas da lei que descrevemos.A lei aparece co- secundária e indirctamente; primeiro e antes dc mais mo alguma coisa que se encaixa. muito bem em nada elas valem e existem zzom t&7zdon,o ferro e no nosso mundo familiar de todos os dias, temporal cimento, independente do fato de alguém delas saber espacial, passageiro e individual. alguma coisa, ou não. Como podem elas ter essa exis- Essa é a primeira explicação possível. Tentemos tência própria, se são unicamente coisas ideais? agora refletir um pouco sobre ela. Antes de tudo deve-se admitir que ela tem algo de simpático, de Dessas objeções se poderia escapar dizendo que também o mundo é mero produto de nosso pensa' humano, l)or assim dizer; pemiite-nos exorcizar do mundo da lei, com suas tão desagradáveisc aracterís- mento e que Ihe impomos nossas próprias leis; mas essa é uma solução que parece inaceitável aos segui- ticas, verdadeiros espectros. E a razão aduzida parece de fato muito razoável. Pois é de todos sabidoq ue dores da opinião de Hume -- os positivistas -- bem como à m;poria dos homens. Falaremos ainda sobre facilmente nos acostumamos a tantas coisas, e que depois agimos obrigados pelo costume, pelo hábito. essap ossibilidadea o tratarmos da teoria do conheci- mento. Por enquanto podemost er como certo que Pense-se, por exemplo, na necessidade que o fumante sente de fumar! só poucos homens aceitarão essa solução e por isso podemos deixa-la de lado. Mas, contra uma tal explicaçãos urgem,i media- Essa foi a primeira objeção contra a solução de tamente, diversas objeções graves. Hume. Mas existe ainda uma outra. Se colocarmos as leis tão somenten o pensamento,a inda não nos Em primeiro lugar, é fácil para todos constata- livrámosd elas. É verdade que não existemm ais no rem que tlm/ato, pelo menos,n ão é explicadop or mundo exterior, mas continuam existindo em nossa ela. Refiro-me ao fato de que as leis realmentet êm mente. Ora, a mente humana, o pensamento huma- existência no mu7zdo. Tomemos o exemplo seguinte: no e tudo o que é humano faz parte do mundo e tem o engenheiro, ao planejar a construção de uma ponte, todas as características daquilo que é concreto e real. apoia-sen uma multidão de leis matemáticase físicas. 15 14 realidade são. Não são certamente partes do espírito. Pela primeira vez topamos aqui com a notável criatura que nós mesmoss omos: o homem. Não é Pode ser que estejam no espírito, mas só enquanto são conhecidas poi' ele; devem, portanto, existir de algum aqui 'o lugar de nos ocuparmos dele. Uma coisa, modo fora dele. porém, quero dizer aqui -- e com toda a convicção de que sou capaz, porque uma verdadeira montanha Por aí se vê quep oucos e lucra em relegera s de preconceitos se opõe neste ponto à compreensão leis ao espírito, e o problema não fica esclarecido, de nossop roblema. O que quero dizer é o seguinte: surgindo, ao contrário, uma outra grande dificulda- no .homem encontramos muitas coisas que sao uni- de; deve-see xplicar por que uma lei que só pertence cab, próprias dele, e que estão ausentesd o .resto da ao espírito tem aplicação tão rigorosa no mundo natureza. E o que há de mais caracteHsticamente extra-mental. único, de próprio do homem e ausente do resto da Por isso, a grande maioria dos filósofose nvere- natureza, chama-se «espírito». Ora, o espírito é cer- tamente um fenómeno interessante que nos obriga a dou por um outro caminho. Sua solução consiste es- sencialmente em afirmar que as leis são realidades filosofar. Mas, por mais que o espíritos eja dife- independentes de nosso espírito, de nossos pensamen- rente de tudo o que encontramosn o mundo, ele está no mundo, é uma parte do mundo, da naturezae tos. Afirmam, portanto, que, de algum modo, existem tem as notas distintivas de todo o resto que encon- fora de nós, têm valor e consistênciae m si, indepen- dentemented e nosso pensar, e que nós homens só tramos no mundo -- como essa pedra, como a árvon podemos conhecê-las mais ou menos bem, mas não que está diante de minha janela, como minha máqui- as criamos, como não criamos, pelo simplesp ensa- na de escrever -- é temporal, espacial, mutável, não- mento, pedras, árvores e animais. Suposto isto, os necessário e individual. Espírito supratemporal é filósofos mencionados prosseguem afirmando que as uma coisa sem sentido. Pode ser que dure eterna- leis constituem um modo de ser inteiramente pró- mente, mas enquanto o conhecemos ele tem duração, prio, que são entidadesd iferentesd as outrasq ue isto é, está no tempo. Pode ser que atravesseg randes conhecemos. distâncias espaciais, mas todos os espíritos que conhe- Nesta concepção,p ortanto, existemn o mundo cemose stãol igadosa um corpo,e por issos ão es- das realidades, ao lado das coisas Feias e concretas, paciais. E, sobretudo, o espírito não é necessário -- outras entidadesa inda, isto é, as leis. Sua maneira, pois êle poderia muito bem não existir -- e falar de seu modo de ser é chamado de ideal. Diz-se que as um espírito universal é contraditório. Cada espírito leis pertencem aos entes ideais. Em outras palavras, é o espírito de um homem e não pode encontrar-se há duas espéciesf undamentais de entes: os reais e os em dois homens ao mesmo tempo, tão pouco como ideais. um pedaçod e madeira pode estar em dois lugares Será interessanten otar que os dois modos expos- ao mesmo tempo. tos de explicar a lei -- o positivo e o idealístico, Mas se é assim, nosso problema não está solu- no sentido lato da palavra -- pouco têm a ver com a luta das grandesi deologiaes m que se divide o cionado, mas apenas deslocado: se as leis estão em nosso espírito, resta ainda por explicar o que elas na mundo. Assim, por exemplo, o cristão não está 16 17 q' nadas estruftlrai comulzs, certos modos de ser que se obrigado, por força de sua fé, a aceitar a explicação idealísticad a lei; ele crê que existe um Deus e uma repetem nas coisas, as quais estão constituídas de tal alma imortal,m as sua fé não o obriga a acreditar modo que o espíritoh umano é capaz de tirar, de nos entes ideais. De outro lado os comunistasa fir- abstrair delas certas leis que valem para todas; são estas as leis universaise necessárias. Essas leis, como mam que tudo é matéria -- querem dizer concreto mas ao mesmo tempo admitem que existem leis eter- fórmulas, só existem em nosso espírito, mas seu /un- nas e necessáriasn, ão só no pensamento,m as no pro- damenfo está nas coisas, e por isso tem também valor no mundo extra-mental. Tal é, em suas linhas es- prio mundo exterior. Em certo sentido,p ortanto, eles são mais idealistasq ue os cristãos. Nosso problema senciais, a solução de Aristóteles, o genial discípulo não é de ideologia,m as de filosofia. de Platão e fundador da maioria das ciências. Retornando à questão das leis como entes ideais, Existe, finalmente,u ma terceira solução à qual falta dizer ainda que aquelesq ue reconhecemu m já me referi na discussão com os positivistas: essa não modo de ser diferente para elas, se subdividem em nega que as leis sejam ideais, mas acrescenta que o diversas escolas, conforme a maneira de conceber o ideal se reduz ao pensamento. O fato de as leis se ente ideal. Uma tal difrença de concepção é muito verificarem também no mundo extra-mentalp roviria compreensível quando se trata da questão de como de que a própria estrutura das coisas é uma projeção deve ser entendida a existência do ente ideal e como das leis do pensamento. Tal é, esquemàticamente, a solução do grande filósofo alemão Immanuel Kant. êle deve .ser representado. Para essa questão temos, em linhas gerais, três respostas. Não constitui exagero afimiar que todo filósofo A primeira afirma: o ente ideal existe indepen- europeu de alguma projeção se aliou a uma dessas dentementdeo real, existe,p or assimd izer, em si três explicações, e que a filosofia ocidental consistiu mesmo e forma um mundo à parte, anterior e supe' em grande parte, e ainda consiste, em considerações sobre as leis uhiversaíse necessárias. dor ao mundod as coisasc oncretas. Nestem undo ideal não existe,n aturalmenten,e m espaço,n em Há três anos tive o privilégiod e assistira uma tempo, não há mudanças nem transitoriedade -- tu- discussão na conhecida universidade americana de do é eterno, puro, imutável e necessário.E sta é a so- Nutre Dame, perto de Chicago, na qual tomaram lução que se atribui a Platão, criador de nossaf iloso- parte mais de cento e cinqüenta filósofose logicistas. fia ocidental. Platão foi o primeiro a propor o pro- Todos os três oradores eram logicistas matemáticos e blema da lei, e parece que a explicou no sentido tudo o que se disse apareceu revestido de formas ló- apresentado. gico-matemáticadse alto coturnoc ientífico. A dis- cussão durou dois dias e três noites, quase sem inter- A outra explicação diz: o ideal existe, sim, mas não separado do real -- só existe dentro do real. Uma rupção. Tratou-se exatamente de nosso problema. O consideraçãoa tenta do mundo nos levará a verificar professor Alonso Churclt, da universidade de Prin- que fora, na realidadec oncreta, só existemd etermi- ceton, um dos mais conhecidosl ógicos matemáticos 19 18

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.