Para Helena, este livro que lhe devia. De pernas pro ar tem muitos cúmplices. É um prazer denunciá-los. José Guadalupe Posada, o grande artista mexicano morto em 1913, é o único inocente. As gravuras que acompanham este livro, esta crônica, foram publicadas sem que ele soubesse. Em troca, outras pessoas colaboraram sabendo o que faziam, e o fizeram com um entusiasmo digno de melhor causa. O autor começa por confessar que não teria podido cometer estas páginas sem o auxílio de Helena Villagra, Karl Hübener, Jorge Marchini e seu ratinho eletrônico. Lendo e comentando a primeira tentativa criminosa, também participaram da maldade Walter Achugar, Carlos Álvarez Insúa, Nilo Batista, Roberto Bergalli, Davi Cámpora, Antonio Doñate, Gonzalo Fernández, Mark Fried, Juan Gelman, Susana Iglesias, Carlos Machado, Mariana Mactas, Luis Niño, Raquel Villagra e Daniel Weinberg. Certa parte da culpa – alguns mais, outros menos – cabe a Rafael Balbi, José Barrientos, Mauricio Beltrán, Susan Bergholz, Rosa del Olmo, Milton de Ritis, Claudio Durán, Juan Gasparini, Claudio Hughes, Pier Paolo Marchetti, Stella Maris Martínez, Dora Mirón Campos, Norberto Pérez, Ruben Prieto, Pilar Royo, Ángel Ruocco, Hilary Sandison, Pedro Scaron, Horacio Tubio, Pinio Ungerfeld, Alejandro Valle Baeza, Jorge Ventocilla, Guillermo Waksman, Gaby Weber, Winfried Wolf e Jean Ziegler. E num alto grau é também responsável Santa Rita, a padroeira das causas impossíveis. Montevidéu, meados de 1998 Vão passando, senhoras e senhores! Vão passando! Entrem na escola do mundo ao avesso! Que se alce a lanterna mágica! Imagem e som! A ilusão da vida! Em prol do comum estamos oferecendo! Para ilustração do público presente e bom exemplo das gerações vindouras! Venham ver o rio que cospe fogo! O Senhor Sol iluminando a noite! A Senhora Lua em pleno dia! As Senhoritas Estrelas expulsas do céu! O bufão sentado no trono do rei! O bafo de Lúcifer toldando o universo! Os mortos passeando com um espelho na mão! Bruxos! Saltimbancos! Dragões e vampiros! A varinha mágica que transforma um menino numa moeda! O mundo perdido num jogo de dados! Não confundir com grosseiras imitações! Deus bendiga quem vir! Deus perdoe quem não! Pessoas sensíveis e menores, abster-se. (Baseado nos pregões da lanterna mágica, do século XVIII) Programa de estudos A escola do mundo ao avesso Educando com o exemplo Os alunos Curso básico de injustiça Curso básico de racismo e machismo Cátedras do medo O ensino do medo A indústria do medo Aulas de corte e costura: como fazer inimigos sob medida Seminário de ética Trabalhos práticos: como triunfar na vida e fazer amigos Lições contra os vícios inúteis Aulas magistrais de impunidade Modelos para estudar A impunidade dos caçadores de gente A impunidade dos exterminadores do planeta A impunidade do sagrado motor Pedagogia da solidão Lições da sociedade de consumo Curso intensivo de incomunicação A contraescola Traição e promessa do fim do milênio O direito ao delírio Mensagem aos pais oje em dia as pessoas já não respeitam nada. Antes, colocávamos num H pedestal a virtude, a honra, a verdade e a lei... A corrupção campeia na vida americana de nossos dias. Onde não se obedece outra lei, a corrupção é a única lei. A corrupção está minando este país. A virtude, a honra e a lei se evaporaram de nossas vidas. (Declarações de Al Capone ao jornalista Cornelius Vanderbilt Jr. Entrevista publicada na revista Liberty em 17 de outubro de 1931, dias antes de Al Capone ir para a prisão.) Se Alice voltasse á 130 anos, depois de visitar o país das maravilhas, Alice entrou num H espelho para descobrir o mundo ao avesso. Se Alice renascesse em nossos dias, não precisaria atravessar nenhum espelho: bastaria que chegasse à janela. “Se você decide treinar seu cão, merece felicitações por ter tomado a decisão certa. Em pouco tempo, descobrirá que os papéis do amo e do cão ficam perfeitamente delineados.” (Centro Internacional Purina) A escola do mundo ao avesso Educando com o exemplo Os alunos Curso básico de injustiça Curso básico de racismo e machismo
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