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Da Proficiência e o Avanço do Conhecimento Divino e Humano PDF

56 Pages·2006·8.656 MB·Portuguese
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9rtánels *ã1*íï'{**'"í"; Publicadoo riginaÌmentee m inglês sob o títvlo TheA dvancemento f Learning Direitos de traduçãop arat odos os paisesd e língua poÍtuguesa. @ 2006, Madrm Editora Ltda. Editor: Wagner Veneziani Costa Produção e Capa: Equipe Técnica Madras Tradução: JuliaV idili Revìsão: t Vera Lúcia Quintanilha * Neuza Aparecida RosaA lves ê SérgioS cuotod e Souza .It DeniseR . Camargo Ìntrodução 7 I CIP-BRÁSIL CATALOGAÇAGNÀ-FONIT, i t SINDICÁTO NACIONALDOS EDITORESDE LIVROS. RJ. OPrimeiroLiwo 8123f Ao Rei ........... . ..- .....I.1 Bacon,F rancis,1 5 61-1626 15 FrancisB acon: Da Proficiênciae o Avanço do ConhecìmentoH umano II zv traduçãoJ uliaVidìli.- SãoP aulo:M adras,2006 IIL 27 Traduçãod e: The advancemenot f learning IV 35 ISBN85-37M11G4 44 I . Teoriad o conhecimento2. . Ciência - Metodologia- Obrasa nterioresa 1800.3 50 Lógica - Obrasa nterioresa 18 00. 4. Utopias - Obrasa nterioresa i 800. i. Títuio VI] 56 II. Título: Da proficiência e o avançod o conhecimentoh umano VIII. 69 0Ç2221. cDD 121 cDUi65 21.06.M 28.06.06 015053 Os direitos de tradução desta obra peÍencem à Ìr{adrasE ditora, assim como a sua adaptaçãoe coordenaçãoF. ica, portanto, proibida a reproduçãot otal ou parcial desta obra,d e quaÌquerf orma ou por qualquerm eio gletrônico,m ecânico,i nclusive por meio de processosx erográficos,i ncluindo ainda o uso da internet,s ema permissãoe xpÍessa da MadrasEditora, na pessoad e seu editor (Lei n" 9 610, de l9 2.98). Todos os direitos destâe dição, em línguâ portuguesa,r eservadosp ela NTADRASE DTTORALTDA. RuaP auloG onçalves8, 8 - Santana ,â\ CEP:02403-020- SãoP aulo/SP i@b CaixaP ostal:1 22gg- CEP:0 2013-970- SP Tel.:( 11)6 2Er-555516959-1-r 2F7a x:( 11)6 959-3090 >W., www.madras.com.br 65€e .r INTRODUCAO oft{Õ',::;":::"',::;:,:i::':i::;.::';y{::;*":":i::",1 presso por Henrie Tomes, a ser vendido em sua loja em Graies Inne Gate, em Holbome. 1605." Esse era o título original da obra que o leitor tem agora nas mãos - uma publicação viva que abriu o caminho para um novo mundo de pensamento. Foi o iivro em que Bacon, no início do reinado de Jaime I, preparou a trilha para uma plena apresentação de sett Novum Organum- ou insü:umento de conhecimento. O Organon de Aristóteles era um conjunto de tratados no qual o filó- sofo explicava a doutrina das proposições. O esiudo desses tratados era uma das principais ocupações dos jovens qrle passavam da escola para a faculCade e evoluiam da Gramáiica para a Lógic4 a segunda das Sete Ciências. Francis Bacon, aos 16 anos, estudava no Tiinity College, em Cambridge, e percebia a improdutividade desse método de busca pela ver- dade. Era filho de srr Nicholas Bacon, Lord Guardião do Selo da Rainha Etizabettu e nascera na York House, na rua Strand, a 22 de janeiro de 15 6 1. Sua mãe era a segunda esposa do Lorde Guardião e tinha uma irmã casada com sir Witliam Cecil, mais tarde Lord e Burleigh. Srr Nicholas Bacon tinha seis filhos de seu casamento anterior e, com a segunda esposa, teve dois menincs, Antony e Francis, sendo Aatony dois anos mais velho. A casa da farníiia ficava em York Place e em Gorhambury próximo a St. Albans, cidade de cujos nomes antigo e moderno Bacon mais tarde emprestou seus títulos de Verulam e St. Albans. Antony e Francis Bacon entraram juntos para o Trinity College, em Cambridge, quando Antony tinha 14 anos e Francis 12. Francis peÍrnaneceu & 7 & FrancisB acon- Da Proficiênciae o Avançod o ConhecimentoD ivino e Humano Introdução em Cambridge apenas até os 16 anos; o Dr. Rawley, que foi seu confessor Bacon. Assim, o cargo de advogado-geral assistentef icou disponível e foi mais larde, relata que "enquanto ele era interno na Universidade, por volta solicitado para Francis Bacon. Araiúa, após delongas e hesitações, o con- dos l6 anos (á que Sua Excelência teve a bondade de comunicá-lo a mim), cedeu, em novembro de 1595, ao advogado sênior Fleming. o conde de começou a desgostar da Filosofia de Aristóteles; não por falta cle valor do Essex consolou seu amigo lhe dando "um pedaço de terra', - Twickenham autor,a quem imputava os mais altos atributos, mas pela inutilidade do modo, Park-, que mais tarde Bacon vendeu por 1.g00 libras, _ o equivalente, por ser uma Filosofia (como Sua Excelência coshrmava dizer) foúe apenas digamos,a 12 mil libras no poder aquisitivo de hoje. Em 1597, Bacon retor- para disputas e contendas, mas estéril na prodr.rção de trabalhos para o nou ao Parlamento por lpswich e, nesse ano, esperava casar-se com a rica beneficio da vida do homem, mentalidade que manteve até o dia de sua viúva de slr william Hatton, com a ajuda de Essex; mas a dama desposou, morte". Bacon, aos 16 anos, foi enviado a Paris com o embaixador slr no ano seguinte, slr Edward coke. Em 1597, Bacon publicou a primeira Amyas Paulett para iniciar seu treinamento para o serviço público; mas a edição de seus Ezsaros. Era um liwinho que continha apenas dez ensaios morte de seu pai, em fevereiro de 1579, antes de completar as disposições em inglês, com L2 "Meditationes sacrae", que eram ensaios em latim sobre que fazia para seu filho mais novo, obrigou-o a voltâr a Londres e, aos 18 temas religiosos. De 1597 até o fim de sua vida, os Ensaios de Bacon anos, a estabeiecer-ser ra'Hospeda'ìa Gra-yp ara esfüdar Direito. Fci adrni- foram objeto de contínuas adições e re.,'isões.A seg.md.ae dição do autcr, tido como advogado em junho de 1582 e, nessam esma época,a os 2i anos, em que o número cie ensaios foi aumentacior ie ciezp ara 3g, não foi iançacia escreveuu m esboço de sua concepção de um Novo Organon que guiaria o até novembro ou dezembro de 1612, sete anos depois dos dois livros sobre homem-a um conhecimento mais frutífero, em um pequeno hatado em la- o "avanço do conhecimento"; e a edição final dos Ensaios, em que o nú_ tim intitulado "Temporis Paúrs Maximus" (O Maior Fruto do Tempo). mero foi aumentado de 38 para 58, ficou pronta em 1525; Bacon mo.,eu a Em novembro de 1584,B acon assumiu seu lugar na Câmara dos Co- 9 de abril de 1626 A edição dos Ensalos pubiicada em i597, sob Etizabeth, mrìns como membro por Melcombe Regis, em Dorsetshire. Em outubro de marcava apenas o início de uma corrente de pensamento que mais tarde 1586 representaria Tauton. Mais tarde, foi membro por Liverpool; foi um formou um só curso junto com seus ensinamentos de Filosofia. dos que solicitaram a imediata execução de Mary, rainha dos escoceses. Em fevereiro de 1601 houve a reberião de Essex. Francis Bacon se Em outubro de 1589 obteve a devolução da função de Escievente do separarad e seu protetor depois de lhe dar conselhos que foram ignorados. Conselho da corte Star Chamber, com um saiário de 1.600 ou 2.000 libras Bacon, agora conselheiro da raiúa, nao apenas se ergueu contra seu anti- por ano; mas para a sucessãoa esse cargo teve de esperar até 1608. Ainda go Írmrgo mas, com excesso de zelo, com o qual esp erava, talvez, cair nova_ não o obtivera quando escreveu seus Dois Livros sobre o Ávanço do mente nas boas graças da rainha, por duas vezes emitiu violentos ataques C.onhecimento.N o Parlarnento que se reuniu em fevereiro de 1593, Ba- contra Essex, mesmo sena ter sido chamado a dar declarações sobre o con representava Middlesex. Ressaltou as ciificuidades de procedimento assunto. Em 25 de fevereiro de 160r, Essex foi decapitado. A seguir, o para a concessão de um triplo subsídio, porjusta objeção à união dos Lor- gênio de Bacon foi empregado em justif,rcar esse ato com "uma Declara- des com os Comuns em Ìrma concessão monetária, e um desejo de esten- ção das Práticas e Traições tentadas e cometidas por Robert, falecido con- der o prazo permitido para pagÍìmento de três para seis anos; de fato, foi Ce de Essex, e seus Cúmplices',. Mas Jaime da Escócia, em cujo favor estendido para quatro anos. A raiúa fora afrontada. Franci,s Bacon e seu Essex intervier4 subiu ao trono após a morte de Elizabeth, em 24 de março irmão Antony havian se ligado ao jovem Conde de Essex, que era seu de 1603. Bacon eitava entre os muitos homens armados cavaleiros de Jai- amigo e protetor. O cargo de advogado-geral ficou vago. Essex pediu à me I e teve dejustificar-se sob essa nova ordem escrevendo ..slr Francis Rainha que nomeasse Francis Eacon. A rainha deu o cargo a sjr Edward Bacon: suasjustificativas para ceÍtas knputações relativas ao fâlecido conde Coke, quejá era advogado-geral assistentee , por nove anos, ftli superior de de Essex". Ele retornou no primeiro parlamento de Jaime I, por Ipswich e I 0 FranciBs acon- Da Proficiênceia o Avançod oC onhecimenDtoiv inoe Humano St. Albans, e foi confirmado em seu cargo de conselheiro do rei em agosto de 1604; mas não foi indicado ao posto de advogado-geraÌ quando o cargo ficou vago, nessem esmo ano, j:: ' ,: ii Essa era a posição de Francis Bacon em 1605, quando publicou este trabalho, no qual, no Primeíro Livro, apontava o descrédito lançado sobre o coúecimento pelas deficiências humanas dos eruditos e a nulidade de muitos dos estudos escolhidos ou do modo de lidar com eÌes. Isso ocorria, segundo PRn'ffiIRoh vno ele, especialmente por uma visão errônea ou deslocada a respeito da última finalidade do conhecimento, como se nele fosse buscado "um divã para descansar um espírito curioso e incansável; ou um terraço em que uma mente vagante e volúvel possa passear, gozando de uma bela vista; ou uma torre sobranceira para que uma mente orgulhosa se eleve; ou um forte Ao REI ou ci<iacieiap ara comanciar iuia e contenda; ou urrra ioja, pa.a liicro e co- mércio; e não um rico armazém para a glória do Criador e o alívio da con<ii- ção humana". O restante do Primeiro Livro e ocupado por uma argumenta- avia, no tempo da lei, excelente rei, sacrificios diários e oferendas ção sobre a dipidade do conhecimento; e o Segundo Livro, Sobre o Avanço espontâneas;o s primeiros viúam da observância ordinária, os ou- do coúecimento, é, como descrito pelo próprio Bacon, "uma perambulação tros, de uma disposição devota: da mesma maneira, peÍence aos geral e frel pelo conhecimento, com uma investigação das partes que nele reis receber de seus servidores tanto os tributos obrigatórios quanto presen- peünanecem fi'escas e desperdiçadas, e não aperfeiçoadas e convertidas tes de afeição. No primeiro deles, espero não falhai durante minha existên- pela indústria humana, com a finalidade de que tal projeto, traçado e regis- cia, de acordo com minhas mais humildes obrigações e a boa satisfação dos trado na memória, possa a um tempo ïrzzer I:uz a qualquer designação pú- empregos a mim confiados por \.IossaM ajestade, quanto ao último, acreditei blica e se-rv-irp ara estimular empreitadas voluntárias". Com uma espécie ser mais resDeitoso dar preferência a uÍna oblação que pudesse referir-se de análise exaustiva, Bacon traça um plano de todos os temas de estudo, mais à retidãc e excelência de sua pessoa individual que aos negócios de como um mapa inteiectual, para ajudar o pesqüsador em sua busca pelo sua coroa e Estado. caminho correto. O caminho correto é aquele por meio do qual ele tem as Por essar azão, representandoV ossa Majestade muites vezes em minha maiores chances de contribuir para o armazém dc conhecimento no mundo inente e não a contemplanrlo com o olhar irrquisitivo do orgulho, para desco- com aigo por que vaÌha a pena trabalhar; o verdadeiro valor está no labor brir que aquilo que a Escriiura diz ser inescnrtável, mas com o olhar observa- pela "glória do Criador e o enriquecimertto da vida humana". dor do dever e da admiração, deixando de lado as ouhas paúes de sua virtude H.M. e fortun4 fui tocado - sim, e possuído - por um extremo espanto diante de suas virtudes e faculdades a que os filósofos chirmam intelectuais; a grandeza de sua capacidade, a fidelidade de sua memória" aligeilieza de sua apreen- são, a penetração de geujulgamento e a facìlidade e ordem de sua elocu- ção: e muitas vezes pensei que, de todas as pessoasv ivas que conheci, Vossa Majestade seria o melhor exemplo de um homem segundo a opirião de Pla'ão de que todo o conhecimento é apenas lembrança, de que a mente do homem 4llÉg t2 FrancisB acon- Da Proficiênciae o Avançod o ConhecimentoD i'ino e Humano O Primeiro Liwo I3 por natureza conhece todas as coisas e apenasr evive e restaura suas noções se alguem vier a ponderar e examinar com seriedade e diligência a sucessão inatas e originais (as quais estãoa prisionadas pela estraúeza e obscuridade dos imperadores de Roma, dentre os quais césar, o Ditador (que viveu alg'ns desset abemáculo do colpo): observei tal luz da nat.nezaem vossa Majesta- anos antes de cristo) e Marco Antônio eftrm os mais cultos, e deresp assar de, e tal prontidão para tirar chama e fulgor mesmo da menor das ocasiõeso u aos Imperadores da Gréci4 ou do ocidente, e dali para as liúagens da Fran- da menor fagulha do conhecimento de outrem. E as Escrituras dizem do mais ça, Espanha, Inglaterra, Escócia e o resiante, perceberá que esse juiga_ sábio dos reis "Que seu coração era como a areia do mar", a qual, embora mento foi feito verdadeiramente. Iâparece bastante para um rei se, graças seja um dos maiores colpos, é formada pelas menores e mais finas partícu- a concisos extratos vindos da inteligência e do trabalho de outros homens, las; da mesma forma Deus concedeu a vossa Majestade uma combinação ele pudesse dominar alguns omamentos superficiais e mostras de sabeq ou admirável de compreensão,s endo capazd e alcançar e compreender os maio- se favorecesse e promovesse o coúecimento e os homens instruídos; mas res assuntose , mesmo assim, de tocar e apreender os menores; muito embo- de fato beber nas verdadeiras fontes do saber- mais que rsso, encontrar essa rïr possa parecer uma impossibiiidade da natrteza ser o mesmo instrumento fonte de saber em si mesmo, em um rei, e em um rei por nascimento - é adequado a trábalhos grandes e pequenos. E por seu dom da oratóri4 vem à quâse um miÌagre- E mais que isso, pois em vossa Majestade encontra-se miúa mente aquilo que comélio Tácito dizia de Augusto césar: Augusto rÌma rara conjunção, tanto da literatura divina e sagrada quanto da profana e pro_íluens, et quae orincipem deceret, eloquentia fuil [Em Augusto, a humana; assun, V-o ssaM ajestade encontra-ser nvestido dessaf ipricidade que eloqüência era fluente e íal como convinha a um príncipe]. pois, a bem con- em grande veneração foi ahibuída ao antigo Hermes: o poder e a boa foúuna siderarmos, o discurso que é pronunciado com trabalho e dificuldade, o de um rei, o conhecimento e a iluminação de um sacerdote e o saber e a discurso que sabe a afetação da arte e dos preceitos ou o discurso emoldu- universalidade de um filósofo. Essapropriedade inerente e atributo indivi- rado segrmdc a imitação de algum padrão de eloqüência" embora jamais tão dual de vossa Majestade merecem ser expressos não apenas na fama e excelenk, têm todos algo de servil e limitam a exposição das idéias. Mas a admiração do tempo presente ou na história ou tradição das eras que virão, maneirade discursar de VossaM ajestade é, de fato, principesca, flui como se mas também em uma obra sólida, memorial fixo e monumento imortar, que jorrasse de uma fonte e ainda corre e ramifica-se na ordem da nafi,*ezz. traga um caráter ou assinatura do poder de um rei e da distinção e perfei- cheia de facilidade e felicidade, sem imitar ninguém e inimitável por qualquer ção desser ei. um. E assim como, em sua situação de rei, parece haver uma emulação e Por conseguinte, concluí comigo mesmo que não poderia fazer a vos- afirma@o da virtude de vossa Majestade em suÍr boa foúuna; uma disposi- sa Majestade uma melhor oblação que a de um hatado com esse fim; ele ção virtuosa com um govemo afortunado; uma expectação virtuosa (em dado consistirá destas duas partes: a primeira, a respeito da excelência do saber momento) de uma rnaior felicidade, com sua próspera posse no devidc tem- e do coúecimento e da excelência do mérito e da verdadeira glória em sua po; uma virtuosa observaçãc rías leis do casamento, com o mui abençoado e ampliação e propagação; a segund4 quais atos e obras particulares foram feliz fiuto do matrimônio, um desejo virtuoso e mui cristão de paz,com uma adotados e empreendidos para o avanço do conhecimento; e, novamente, afortunada inclinação dos principes vizi-nhos para o mesmo; assim, da mesma quais defeitos e depreciações encontrei em tais atos: com o objetivo de que, maneir4 nesses assuntos intelectuais parece não haver menos artercação embora eu não possa positiva ou afirmativamente aconselhar Vossa Majes- entre a excelência dos dons naturais de vossa Majestade e a tmiversalidade tade ou apresentar-lhe ponnenores derimitados, possa estimular suas prin- e perfei@o de seu saber. Esüou bem certo. pois, de que o que direi não é de cipescas cogitações a visitar o excelente tesouro de sua própria mente e, forma alguma uma exageração, Ínas 'ma verdade positiva e mensurada; e dali, extrair paúiculares para esse Íirn agradável à sua magnanìmidade e essa verdade é que, desde o tempo de Cristo, não houve nenhum rei ou sabedoria. monarca temporal tão culto em toda a literatura e erudição divina e humana. --'\rltz -- (l) Na apresentaçãdoa primeira dessasp artes- para desobstruiro caminhoe , por assimd izer,e stabeleceor silênciop araq ue os verdadeiros testemunhosa respeitod a dignidaded o coúecimento sejamm aisb em ou- vidos, sem a intemrpçãod e objeçõest acitas- pensos er bom livú-lo dos descréditose desvalimentosq ue recebeu,t odos nascidosd a iporância, mas uma ignorância severamented isfarçada,q ue aparecep or vezes no zelo e na inveja dos eclesiásticosp,o r vezesn a severidadee arrogânciad os políticos e por vezesn os errose imperfeiçõesd osp rópriose ruditos. (2) Ouvi o primeiro tipo dizer que o con-hecimentéo uma daquelas coisasq ue deve ser aceitac om grandel imitaçãoe cautela;q ue a aspiração a demasiadoc onhecimentofo i a tentaçãoe o pecadoo riginais que resulta- ram na queda do ho'rem; que o conhecimentot em eni si algo da serpentee que, portanúo,q uandoe ntra no homem o faz inchar; cientía inÍlat [a ciência incha]; que Salomãof az uma censura," Que de fazer muitos livros não há fim; e o muito estudaré enfadod a came"; e, em outo ponto, "Que no conhe- cimento vasto há muito contristamentoe que aqueleq ue aÌrmentâo coúeci- mento aumenta a ansie<iade"q; ue São Paulo faz tma advertência"" Que não nos deixemosc orromperp ela vã Filosofia"; a experiênciad emonstra- ria como os eruditosf oram firndadoresd e heresiasc, omo as épocasc ultas eram inclinadas ao ateísmoe como a contemplaçãod as causass egrmdas nos afastad e nossad ependênciad e Deus, que é a causap rimeira. (3) Para rei.elar,'poúanto,a ignorância e o erro ciessao pinião e a interpretaçãoe môneae m que se baseia,p odemosm ostrar que essesh o- mens não observam ou consideram que não foi o puro conhecimento da nat:xezae da universalidadeu, m conhecimentop or cuja luz o homemd eu @15è I ó FranciBs acon- DaP roficiênceia o Ávançod oC onhecimenDtoiv inoe Humano O PrimeiroL ivro nome às outras criaturas do paraíso quando foram rrazidas diante dele de do conhecimento, por maior que seja; não hârazão para crer que ele faça acordo com suas propriedades, o que deu ocasião à queda; mas foi o co_ inchar a mente ou ìevá-la a exceder-se; é apenas a qualidade do conheci_ nhecimento aÌrogante do bem e do rnal, com a intenção humana de ditar as mento que, em maior ou menor quantidade, se absorvido sem o verdadeiro próprìas leis e de não mais depender dos mandamentos de Deus, que deu antídoto, tem em si uma certa natureza venenosa ou maligna e alguns dos forma à tentação. Também não é a quantidade de conìecimento, por maior efeitos dessev eneno, que são a ventosidadeo u o inchaço. Esse condimen- que seja, que pode fazer inchar a mente humana; pois nada pode preencher to que serve de antídoto, cuja fórmula toma o conhecimento tão soberano, nem muito menos estender a alma do homem, senão Deus e a contempla- é a caridade que o apóstolo imediatamente acrescenta à cláusula anterior; ção de Deus; e, portanto, Salomão, ao falar dos dois principais sentidos da pois assim diz ele: "A ciência incha, mas a caridade constrói,'; nada diferen- interrogação, a visão e a audição, afirma que o olho nunca se satisfaz de te do que diz em outro ponto: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens ver nem o ouvido de ouvir; e se não há saciedade, é porque o continente é e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa ou como o malor que o conteúdo; assim, o próprio conhecimento e o espírito do ho- címbalo que retine". Não que não seja coisa excelente falar a língua dos mem, dos quais os sentidos são apenas informantes, são por ele definidos homens e dos anjos mas, se eia não estiver iigada à caridade e for distinta da mesmam aneira nestasp alawas, colocadasa pós o calendário ou efernéride dc bem dos homens e da humanidade, terá uma glória super^crciaeÌ inCigna, que estabeleceu sobre a diveisidade das epocas e estações para todas as mais que uma virtucie meritória e substanciai. E quanto à censura cie Saio- ações e finalidades, que conclui desta forma: "Deus fez todas as coisas mão sobre o excesso de escrita e leitura de livros, e a ansiedade do espírito belas, ou decentes, no verdadeiro retomo de suas estações. Tambem pôs o derivada do conhecimento, e a admoestação de São paulo para .,não ser- mundo no coração do homem, porém o homem não pode perceber o traba_ mos seduzidos pela vã Filosofia'l, que essasp assagenss ejam apropria- lho em que Deus trabalha desde o início até o frm" - declarando, de forma damente compreendidas; eias de fato mostram de forma excelente as nada obscura, que Deus formara a mente do homem como um esperho ou verdadeiras restrições e limitações às quais o conhecimento humano está vidro, capazde refletir a imagem do mundo universal e alegre por receber confrnado e circunstrito, e mesmo assim sem nenhuma das restrições ou sua impressão, assim como o olho se regozlja por receber a luz; e não estreitamentos que fazem com que ele não possa compreender a natureza apenas deleitosa por contempiar a variedade das coisas e a vicissitude dos universal das coisas; essasi imitações são três: a primeira, ,.eue não depo_ tempos, mas também ciadapara perceber e discernir as ordens e os de_ sitemos toda nossa felicidade no conhecimento até o ponto de esquecennos cretos qug por meio de todas essasm udanças, são infalivelmente observa- nossa mortalidade"; a segunda, "Que apliquemos nosso conhecimento para dos. E embora ele insinue que a lei suprema ou sumária da natureza (a que obter iepouso e satisfação, e não desgosto e aflição',; a terceira, ..eue ele chama "o trabalho que Deus realizou desdeo início até o frm') não pode não pretendamos, com o estudo danatureza, atingir os mistérios de Deus,'. ser percebida pelo homem, mesmo assim isso não deprecia a capacidade No que diz respeito à primeira delas, Salomão a explica de forma excelente da mente, mas deve ser associada aos impedimentos, como a brevidade da em outro ponto do mesmo li.uro, quando diz: "Percebo que o conhecimento vida, má combinaÇão de labores, má transmissão de conhecimentos de mão afasta-se da ignorância assim como aluzda escuridão; e que os olhos do a mão e muitas outras inconveniências à quais a condição do homem está sábio permanecem atentos em sua cabeça, enquanto os do tolo vagam nas sujeita. o fato de nenhuma parcela do mundo ser negada à buspa e à inven- trevas; mas, acima de tudo, aprendi que a mesma mortalidade envolve a ção do homera é declarado por ele em outro trecho, em que diz:,,O espírito ambos". E quanto à segunda, é certo que não haja desprazer ou ansiedade do homem é como a lâmpada de Deus. com a qual Ele explora as entra_ de mente que resultem do conhecimento, a não ser que seja apenas por úas de todos os segredos". se tal é a capacidade de receber da mente acaso; pcis todo o conhecimento e o pasmo (que e a semente do coúeci- do homerq fica manifesto que não há perigo na proporção ou quantidade mento) dão uma impressãod e prazer por si mesmos; mas quando os homens I g FranciBs acon- Da Proficiênceia o Avançod oc onhecimenDtoiv inoe Humano O PrimeiroL ivro r9 tentam formar conclusões a partir de seu conhecimento, aplicando-o a seu segundas,m ais próximas dos sentidos, se oferecem à mente do homem; se caso particular e assim aplicando em si mesmos temores fracos ou vastos elas ali peÍnanecem e se fxam, podem induzir o esquecimento da causa desejos, aí swgem a circunspeção e a inquietaÇaõ'melitât de que se fala; suprema; rn15tqúarráo:á lguém avança mais um pouco e vê a ligação das pois, nessec aso, o conhecimento não mais e Lumen iiccum [a luz seca], causas e a obra da Providência, daí, de acordo com a alegoria dos poetas, de que Heráclito, o Profundo, disse: Lumen siccum optima anima llttz ele facilmente acreditzrá que o mais alto elo da cadeia da natureza deve seca, alma melhor]; mas se torna Lumen madidum [luz úmida], ou estar atado ao pé do trono de Júpiter. Para concluir, portanto: que ninguém n'Mceratum [macera<ia], sendo embebido e encharcado nos humores e nas possa pensar ou argumentar, baseado em um fraco conceito de sobriedade afeições. E quanto ao terceiro ponto, ele merece um pouco mais de aten- ou em uma moderação erroneamente apiicada, que um homem possa ir ção e não ser deixado para trás levianamente; pois, se um homem pensa, longe demais na pesquisa ou que possa ser demasiadamente estudado no por estudo e pesquisa das coisas perceptíveis e materiais, atingir essa luz Ìivro da palavra de Deus ou no livro das obras, divindade ou Filosofia de graças à qual possa revelar a si mesmo a ÍatlJreza ou vontade de Deus, Deus; mas, antes, que os homens almejem um progresso ou competência nesse caso, de fato estará corrompido pela vã Filosofia; pois o estudo das sem fim em ambos, contanto que saibam que devem aplicá-los à caridade, criaturas e obras de Deus produz (no que diz respeito às próprias obras e e não ao orgulho; à utiliciacie, e não à ostentação; e, novamente, que não criaf.rras) conhecimento, mas no que diz respeito a Deus não há conheci- misturem ou confundam imprudentemente essesc onhecimentos. :nento perfeito, mas especulação, que é um coúecimento fragmentado' E, portanto, com muita propriedade, disse um dos filósofos da escola de Platão __,-drÂt__ que "os sentidos do homem têm uma semelhança com o Sol, que (como vemos) descerra e revela todo o globo terrestre mas' ao mesmo tempo' obscurece e oculta as estrelas e o globo celestial: assim os sentiJos desco- brem as coisas naturais, mas enevoam e encobrem as divinas"' Por isso, e bem verdade aquilo que precede, que diversos gran<lese ruditos foram he- reticos quando buscaram alçar vôo aos segredos da Deidade com as asas de cera dos sentidos. E, quanto à idéia de que o coúecimento demasiado faz um homem inclinar-se ao ateísmo e que a ignorância das causas segun- das ocasiona uma dependência mais devota de Deus, que é a causa primei- ra, antes de tudo é bom fazer a pergunta que Jó fazía a seus amigos: "Mentiríeis em favor de Deus, assim como um homem mentiria por outro, para agradáJo?" Pois certo é que Deus não age na natnÍeza senão peÌas causas segnndas; e se quisessem fazet acreditat em algo diferente, seria mera impostur4 por assim d:u;er,a favor de Deus, mas tÌada mais além de oferecer ao Autor da verdade o impuro sacrificio de uma-mentira' Mas, além disso, é uma verdade comprovada e uma c?nclusão da experiência que um conhecimento pequeno ou superficial de Filosofia pode inclinar a mente dos homens ao ateísmo, mas que um pequeno avanço nesse campo üaz a mente de volta à religiâo. No inicio da Filosofia é quando as causas O Primeiro Livro 21 etc- fLembra-te, ó romano, de reger os povos pelo império; essas serão tuas artes, etc-] Da mesma maneira, vemos que Ânito, acusador de Sócrates, usou, como aíigo do ataque e acusação contra ele, o argumento de que ele havia, com a variedade e o poder de seus raciocínios e debates, afastado jovens da reverência às leis e coshrmes de seu país e que ele professava uma ciência perigosa e perniciosa, que pretendia fazer o pior parecer o II meÌhor e suprimir a verdade por força de eloqüência e palavra. (2) Mas essase outras semerhantesi mputações têm mais a aparência da seriedade do que qualquer base de justiça; pois a experiência garante que, tanto nas pessoas quanto nos tempos, têm havido um enconho e uma (1) E quanto aos opróbrios que o conhecimento recebe dos políticos, concomitância entre o coúecimento e as aÍmas, prosperando e distinguin- são da seguinte natureza: que o conhecimento amolece a mente dos ho- do-se nos mesmos homens e nas mesmas épocas. Entre os homens, pois, mens e os torna menos ãptos à honra e ao exercício das aimas; q'.ie ele não poderia haver exemplo melhor nem maior q-,ieo par-A lexalú-e, o Grande, amrina e perverte a disposição dos homens para os assuntos de govemo e e Júlio césar, o Ditador; dos quais um foi aluno de Filosofia deAristóteles e política, tomando-os demasiado precavidos e irresolutos com a variedade o oufoo, rival de cícero em eloqüência; ou, se algum homem preferir lem- de leituras, ou demasiado peremptórios e seguros de si em virtude da seve- brar de estudiosos que foram também grandes generais, do que de generais ridade das regras e axiomas, ou demasiado imoderados e jactanciosos por que foram grandes estudiosos, que tomem Epaminondas de Tebas, ou causa da grandeza dos exempios, ou demasiado incompatíveis e divergen- Xenofonte de Atenas, dos quais um foi o primeiro a enfraquecer o poderio tes dos tempos por causa da dessemelhançad os modelos, ou, ao menos, de Esparta e o outro o primeiro a abrir caminho pu*a a derrocada da monar- que ele desvia os esforços do homem da ação e dos negócios e os atrai a quia na Pérsia. E é ainda mais visível em épocas que "*u "onçsmirância um amor pelo lazer e pelo isolamento; e q\e traz aos Estados um relaxa- em pessoas, tanto quanto uma eÌzré objeto maior que um homem. Tanto no mento da disciplina, já que cada homem frca mais disposto a discutir que a Egito quanto na Assíria, Pérsia, Grécia e Roma, os mesmos períodos que obedecer e executaÍ. A respeito dessa idéia, Catão, alcuúado o Censor, um são os mais renomados pelas armas são, da mesma maneira- os mais admi_ dos homens mais sábios que já viveu, quando o filósofo Caméades veio em rados pelo conhecimento, de forma que os maiores eutores e filósofos e os embaixada a Roma e os jovens de Roma começaram a ajuntar-se ao seu maiores capitães e governantes viveram na mesma época. Nem poderia redor, fascinados com a suavidade e grmÃezz de sua eloqüência e conheci- ser de ouha maneira, pois, assim como no homem, a mafuridade da força do mento, disse em um discurso em uma sessão do Senado que deveriam corpo e da mente vêm juntas em certa idade, exceto porque a força do corpo despedi-lo o mais rapidamente possível, senão ele influenciaria e enfeitiça- vem um pouco mais cedo, assim também nos Estadcs as annas e o coúeci- ria as mentes e inclinações dajuventude e, sem que percebessem, causaria mento, des quais umas correspondem ao colpo, o outro à alma do homem, uma alteração dos usos e costurnes do Estado. A partir da mesma idéia ou têm uma simultaneidrde ou seqüênciap róxima no tempo. capricho, \trgíiio, voltando sua pena em proveito de seu país eem detrimenúo (3) E no que diz respeiúo à política e ao governo que o conhecimento de sua própria profissão, estabeleceu ma espécie de separaçãoe ntre polítrca possa ferir em vez de capacitar e coisa muito improvável; súemos que é e govemo e artes e ciências, nos versos mui renomados em que atribui e considerado erro confiar um colpo nahral a médicos empíricos, que comu- restringe os prirneiros aos romanos e abandona e entrega os outros aos gre- rirente têm alg"rmas receitas agraúveis nas quais confiam com grande au- gos: Tu regere imperio popules, Romane, memento, Hae tibi erunt artes, diíci4 mas que não coúecem nem a causa das doenças nem o caráter dos @20e

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