ebook img

Créditos - Instituto Arte na Escola PDF

22 Pages·2008·0.58 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Créditos - Instituto Arte na Escola

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil) INSTITUTO ARTE NA ESCOLA Iberê Camargo: matéria da memória / Instituto Arte na Escola ; autoria de Olga Egas; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006. (DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 89) Foco: Mt-1/2006 Materialidade Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia ISBN 857762-020-4 1. Artes - Estudo e ensino 2. Materialidade 3. Pintura 4. Camargo, Iberê I. Egas, Olga II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série CDD-700.7 Créditos MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA Organização: Instituto Arte na Escola Coordenação:Mirian Celeste Martins Gisa Picosque Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação MAPA RIZOMÁTICO Copyright: Instituto Arte na Escola Concepção:Mirian Celeste Martins Gisa Picosque Concepção gráfica: Bia Fioretti IBERÊ CAMARGO: matéria da memória Copyright: Instituto Arte na Escola Autor deste material: Olga Egas Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa Diagramação e arte final: Jorge Monge Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express Tiragem: 200 exemplares DVD IBERÊ CAMARGO: matéria da memória Ficha técnica Gênero: Documentário com depoimentos de críticos de arte, artistas e da esposa de Iberê Camargo. Palavras-chave: Poética da materialidade; acúmulo; procedi- mentos técnicos inventivos; diálogo com a matéria; ação pictó- rica; cor; superfície; massa; memória; pintura; artista; arte moderna; arte contemporânea. Foco: Materialidade. Tema: A matéria da memória e a arqueologia do gesto pictóri- co do artista Iberê Camargo. Artista abordado: Iberê Camargo. Indicação: A partir da 7a série do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Direção: Marta Biavaschi. Realização/Produção: Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. Ano de produção: 2003. Duração: 21’. Sinopse Neste documentário, a presença do pintor gaúcho Iberê Camargo, através de imagens de arquivo e de sua voz, em off, extraída de entrevistas aos meios de comunicação, nos convidam a um mer- gulho na matéria da memória e na arqueologia do gesto pictóri- co do artista. Imagens de Iberê Camargo em pleno processo de criação da sua obra e comentários de artistas, críticos de arte e de sua esposa, Sra. Maria Coussirat Camargo, contextualizam a obra do artista e seu universo pictórico: sua paleta de cores, seu gesto vigoroso e seu olhar singular sobre a arte e a vida. Trechos de manuscritos do artista, reconstituídos no documen- tário, revelam o amálgama entre o pensamento do homem e a atitude do artista em relação ao mundo e ao seu tempo. Trama inventiva O atrito do olhar sobre a obra recai no estranho silêncio da ma- téria. Somos surpreendidos. Matérias são pele sobre a carne da obra. Pigmento. Lã de aço. Lâminas de vidro e metal. Tecido. Plástico. Ferro. Terra. Pedra. Não importa. A matéria, enfeitiçada pelo pensar do artista e sua mão obreira, vira linguagem. No reencontro dos germes da criação, a escuta da conversa das matérias desvela o artista e sua intenção persistente, cuidadosa e de apuramento técnico: o conflito da fusão, as confidências das manchas, o duelo entre o grafite preto e a candura do papel, a felicidade arredondada do duro curvado. Na cartografia, este documentário se aloja no território da Materialidade, surpreen- dendo pelos caminhos de significação: a poética da matéria. O passeio da câmera O documentário nos convida a ser espectadores da ação pictó- rica de Iberê Camargo. É a voz do pintor, gravada em entrevis- ta à UFRGS em 1984, que nos apresenta sua paixão pela pin- tura. Vestindo um macacão azul, tal qual um operário de fábri- ca, Iberê nos surpreende com o domínio técnico, o gestual vigoroso e a paleta de cores que compõe sua obra: “Lanço-me na pintura e na vida por inteiro”, afirma o artista com mais de 60 anos dedicados à arte. Comentando a pintura do artista, relatando encontros e lições aprendidas com o mestre, participam do documentário: sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e muitos artistas e críticos de arte1: Paulo Venancio Filho, crítico de arte e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Luiz Camillo Osório, crítico de arte e professor da Universidade do Rio de Janeiro – Unirio; Paulo Sérgio Duarte, crítico de arte e profes- sor da Universidade Candido Mendes – Ucam/Rio de Janeiro; Cecilia Cotrim Martins, professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ; Carlos Zilio, artista plás- tico e professor da UFRJ; Carlos Vergara, artista plástico, do 2 Rio de Janeiro; Sônia Salzstein, crítica de arte e professora da material educativo para o professor-propositor IBERÊ CAMARGO – MATÉRIA DA MEMÓRIA Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP; Icléia Cattani, crítica de arte e professora da Univer- sidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS/Porto Alegre; Mônica Zielinsky, crítica de arte, professora da UFRGS e coor- denadora do Projeto de Catalogação da obra de Iberê Camargo; Paulo Pasta, artista plástico e professor da Fundação Armando Álvares Penteado – Faap/São Paulo; José Resende, artista plás- tico, de São Paulo; Karin Lambrecht, artista plástica, de Porto Alegre; Lorenzo Mammì, crítico de arte, professor da ECA/USP. O documentário, olhado como uma biografia estética de Iberê Camargo, acumula potências para proposições pedagógicas em: Linguagens Artísticas, a linguagem pictórica; Forma-Conteúdo, a tensão, o volume, as massas na superfície da tela que revelam uma memória; Processo de Criação, a ação pictórica e o diálogo com a matéria; Saberes Estéticos e Culturais, o expressionismo, a arte moderna e contemporânea; Mediação Cultural, o artista e sua atitude cuidadosa em organizar o vastíssimo material de sua obra para permanência. Movidos pela “matéria da memória” que permanece no corpo da pintura de Iberê, conduzimos o documentário ao território da Materialidade, chamando a aten- ção sobre a cor-matéria que sonha em suas telas. Sobre Iberê Camargo (Restinga Seca/RS, 1914 – Porto Alegre/RS, 1994) Mas como eu acho que a minha pintura tem uma identidade pesso- al, se eu fizer uma figura, se eu fizer um cubo, se eu fizer um car- retel, se eu fizer uma mancha; tudo sou eu. Iberê Camargo O carretel: uma imagem arquetípica presente na produção de Iberê desde os anos 40. Poderia o carretel ser uma representa- ção da memória, pois remete aos seus brinquedos de infância? Em Iberê, a memória é um dos elementos propulsores da sua pintura. Uma memória que não é inerte, mas enérgica, de ex- pansão, que vai se construindo, se modificando, se proble- matizando enquanto uma memória dramática que emerge do 3 “pátio da infância” e se faz pulsante na materialidade pictórica de suas telas. De passatempo da criança à ressignificação da memória, o carre- tel se faz vocabulário estético no gesto pictórico do artista. Para o crítico e poeta Ferreira Gullar2, com o carretel, Iberê iniciou uma caminhada para trás. Mas não para a sua própria infância, o seu próprio começo: iniciou uma caminhada para o começo da expressão plástica. Um começo que não é o começo histórico da pintura nem o próprio começo da arte deste pintor. Um começo que se tornará começo porque é quase o fim da expressão plásti- ca: o instante em que as formas identificáveis se dissolvem no fundo, fundem-se na pasta primitiva em que o artista transforma a matéria da pintura. Uma pasta escura e no entanto luminosa, uma espécie de lama estelar, plena de energia, donde deve ressurgir a fala ameaçada do homem que arriscou perder-se na matéria. Nos anos 50, sua série dos carretéis dissolve-se aos poucos em imagens cada vez mais abstratas. Entretanto, quando a corrente principal da arte brasileira aponta para uma extinção da tela, Iberê volta-se à figuração. Os tons rebaixados e a mi- séria humana eram uma constante em suas obras. Dividindo com Oswaldo Goeldi o título de maior artista expre- ssionista brasileiro, Iberê possui uma paleta de infinitas camadas de tinta que faz brotar personagens sombrios, tristes e trágicos como a existência humana, tema tão caro aos expressionistas. Tendo iniciado com as paisagens, nos anos 40, ele passa para a figuração da série dos carretéis, no fim dos anos 50, e por diversas fases até chegar a uma abstração expansiva nos anos 60, época dos núcleos. Na década seguinte, Iberê retoma a forma que anteriormente havia sido diluída em pastosas cama- das de tinta com os vórtices e símbolos. Essa figuração desá- gua nos famosos ciclistas. Com fantasmagorias, lembranças e reminiscências, Iberê povoa suas telas de tons azuis, frios, e paisagens estéreis. Os anos 90 chegam e ele, no auge da sa- bedoria, passa a pintar Idiotas e Tudo te é falso e inútil, obras síntese da sua coerente trajetória artística. Iberê se considera herdeiro da tradição de Maurice Utrillo e de 4 Goya. Dos modernos, é admirador do holandês naturalizado material educativo para o professor-propositor IBERÊ CAMARGO – MATÉRIA DA MEMÓRIA americano Willem de Kooning. Podemos aproximá-lo ainda de artistas como Anselm Kiefer, o Gerhard Richter das várias te- las em preto-e-branco, e Francis Bacon. Pela forma, mais os alemães do que o inglês. No conteúdo e na matéria, os três: um mesmo leito emocional da dimensão contemporânea. Seus estudos de arte são realizados em vários locais do mun- do: em Porto Alegre, com João Fahrion, passando pelo Rio de Janeiro, com Guignard e Hans Steiner, a Roma, com De Chirico, e Paris, com André Lhote. É, assim, um artista-aprendiz “de uma geração em que o mestre e o professor tinham sentido. Então me submeti a todos esses exercícios de aprendizagem”, como ele próprio expressa no documentário. O rigor em sua própria formação reflete-se ainda no seu traba- lho como professor, iniciado nos anos 40, no Rio de Janeiro, com a formação do Grupo Guignard, em 1943, e que dura ape- nas um ano, pois seu inspirador, Guignard, muda-se para Belo Horizonte. Iberê assume a função de orientador do grupo e, desde então, exerce uma liderança que se reflete em outras ocasiões, como em 1953, também no Rio, quando funda o cur- so de gravura no Instituto Municipal de Belas Artes (atualmen- te a Escola de Artes Visuais do Parque Lage) e, a partir de 1970, ao lecionar na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ao longo de sua vida, Iberê Camargo produz mais de sete mil obras, entre desenhos, pinturas, gravuras, guaches. Iberê assume também a condição de escritor e, no plano da escrita, realiza uma forma de experiência artística que transporta o ato criador, de perseguir as imagens da infân- cia, para a escritura de memórias. A escrita para ele adquire quase um aspecto catártico sem que apareça como explicação ou derivação de sua pintura. Iberê Camargo se despede do mundo em 1994, pouco depois de terminar Solidão que mede quatro metros. Diante de suas telas, ficamos frente a uma arte da paixão pela pintura para ser olhada com paixão. Paixão de atração? Paixão de rejeição? Depende do observador. Indiferença, jamais! 5 Os olhos da arte A matéria também sonha. Procuro a alma das coisas. Iberê Camargo A carne da pintura é a tinta, a cor, a matéria; sua ossatura, o suporte. Em Iberê, a carne da pintura se faz gesto nervo- so, óleo espesso, cores sombrias que deixam visível o fer- vor da matéria pictórica. Nas mãos do artista, pincel – pêlo e cabo – espátula, brocha, traçam na carne viva: traços-raspagens- incisões e acúmulos de tintas-carnes abrem o corpo da pintura. Iberê trabalha a matéria da cor interferindo, com seu gesto, na massa de tinta. O ajuste de suas cores se faz seguindo a gestualidade vital do instante, somada às espessas camadas de tinta: o vermelho de cádmio, o azul de cobalto, o terra-de- siena, o branco de titânio. Cores que o aluno e discípulo Carlos Vergara comprava e espremia dos tubos de tinta para Iberê, ele nos conta no documentário que: “a forma como ele mistu- rava isso e a forma como ele achava cor na tela, não na paleta, buscando a cor aí como algo que está por trás. Isso cria na pin- tura uma espécie de esqueleto, músculo, nervo e pele. Essa construção física da pintura como um outro corpo”. Ou seja, a pintura como um corpo em superfície, que nasce do corpo-a- corpo do pintor com o suporte, com os pincéis e tintas. Nesse embate com a matéria pastosa e farta, o artista se define como um pedreiro: “Faz a massa, faz a massa e aí joga na tela aquela massa, e vou modelar aquela massa, quer dizer é a cor, o tom”.3 Nesse procedimento, Iberê tira a cor da massa de tinta, com espátula e pincel, deixa passar a luz, cria a sombra, como se esculpisse na tela e, como comenta a crítica de arte Icléia Cattani: Ele era capaz de não sujar a tinta, de preservar, apesar de toda aquela matéria, preservar a fisicalidade de cada tinta, preservar o vermelho, preservar o branco. Mesmo colocando esse branco por cima de azuis escuros, esse branco continuava enquanto matéria pictórica – branca. Isso é uma coisa extraordinária, o domínio téc- nico que ele chegou e ao mesmo tempo a força da linguagem. 6 material educativo para o professor-propositor IBERÊ CAMARGO – MATÉRIA DA MEMÓRIA A maneira de Iberê proceder com a cor diretamente na tela, preservando a sua fisicalidade, deixa vestígios matéricos do óleo, transformando a superfí- cie da tela numa trama materi- al palpitante. Iberê trabalha a cor como cor- matéria, o que o difere de um pintor que trabalha a cor-luz. A cor-luz, por ser uma mistura ótica, é construída na tela por pequenas pinceladas, minima- mente separadas de cores, que o olho do espectador, ao vê-las de uma certa distância, irá misturar, reconstituindo, assim, a tinta desejada pelo pintor. Iberê não busca a Iberê Camargo - Pintor de manequim, 1987 mistura ótica, mas a mistu- Óleo sobre tela, 150 x 93 cm - Coleção Maria Camargo ra material, ao trabalhar com a materialidade própria da tin- ta, suas reações plásticas e/ou químicas, resultantes das co- res sobrepostas e justapostas pela sua ação física intensa. Para Iberê, a matéria é a cor. “A cor é expressão; a cor é expres- siva em si” como ele próprio fala no documentário. Nesse aspecto, uma das primeiras constatações que se impõe, quando estamos diante de uma tela de Iberê, é o acúmulo da matéria que cria um corpo com suas várias camadas. Embora bidimensional, as camadas sucessivas de tinta se sobrepõem e se misturam criando uma terceira dimensão, não representada e ilusória, mas real: o volume do corpo da pintura. A tela de Iberê pesa! Por ter uma dimensão mural, a crítica de arte Sônia Salzstein comenta no documentário: Embora se dê no plano, no embate da pintura, se trate de um proble- ma da pintura, ele consegue imantar o espaço. Quando a obra ad- quire aquela escala e aquela gesticulação corporal de uma tal po- 7 tência, ela não está mais dizen- do respeito ao plano evidente- mente; ela está nos convocan- do para uma percepção espacial totalmente emancipada. O ex- traordinário é que ela faça isso evidentemente no campo da pintura, e isso, é que é o mais instigante para pensá-la do pon- to de vista contemporâneo. Se, por um lado, o bio- gráfico tangencia a obra de Iberê, por ou- tro, é o seu sábio ma- Iberê Camargo - Ciclistas, 1989 Óleo sobre tela, 180 x 213 cm - Coleção Maria Camargo nuseio dos materiais pictóricos, sua autori- dade ao dominar a matéria, dominando o espaço compositivo do quadro, que nos faz ver o artista preocupado com os aspectos formativos do pintor e obcecado com o saber pictórico. Sua pintura, como comenta o pintor Paulo Pasta no documen- tário, “não é o registro de um fato, é o próprio fato, apesar de ser carretel, ciclista, coisas ligadas a sua biografia. A pintura era o fato. Porque nesse embate com a pintura, nesse perde e ganha, ele ia criando uma densidade. A pintura ia ganhando vida, ganhando memória dela mesma”, uma memória da matéria. O passeio dos olhos do professor No documentário, Iberê Camargo nos convida a entrar em seu ateliê para observá-lo em plena produção. Desfrutando desse convite sem pressa, atento aos detalhes e às suas emoções, é interessante você rever o documentário outras vezes. Você pode elaborar registros durante a leitura do documentário e, como num diário de bordo, anotar suas impressões pessoais sobre os detalhes que mais chamam a sua atenção, as surpresas com a produção do artista, seu encontro com os personagens das telas... As anotações se transformarão em orientação para o seu pensar pedagógico durante o processo junto aos alunos. A seguir, oferecemos uma pauta do olhar que pode ajudá-lo: 8

Description:
com João Fahrion, passando pelo Rio de Janeiro, com Guignard e Hans Steiner, a Roma, com De Chirico, e Paris, com André Lhote. É, assim, um artista-aprendiz
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.