Congadas de Minas Gerais 1 Congadas de Minas Gerais Para Emiliana Terezinha de Jesus Vivíssima mãe sempre bastão de unidade familiar. In Memorian: Jerônimo Brasileiro da Silva. Austero Pai que não curvou-se diante do poder corrompedor. Meus Irmãos { Custódio Brasileiro, Cristovão Brasileiro e José Geraldo} Minhas Irmãs { Maria Terezinha; Maria do Nascimento, Maria Emiliana, Maria Auxiliadora e à Sobrinha Jémine Alini} Esse sustentáculo familiar foi fundamental no resultado final de Congadas de Minas Gerais. 2 Congadas de Minas Gerais SUMÁRIO Apresentação..............................................................................................................11 Prefácio.......................................................................................................................13 Introdução...................................................................................................................15 Apresentação Conceitual............................................................................................17 O Negro Diante da Ideologia Racial...........................................................................18 1.0 - O Insuflamento à Fé...................................................................................... 21 1.1 - Surgimento do Congado no Alto Paranaíba.....................................................21 1.2 - Aspectos do Congado no triângulo Mineiro....................................................23 1.3 - Do Distrito de Santa Maria ao Uberlândia Dois Mil........................................23 1.4 - Cavalhada no Congado.....................................................................................24 1.5 - Um Reinado Africano no Brasil.......................................................................26 1.6 - Os Festeiros no Congado..................................................................................26 2.0 - As Lendas de São Benedito e de Nossa Senhora do Rosário.......................27 2.1 - São Benedito na África.....................................................................................27 2.2 - São Benedito na Itália.......................................................................................27 2.3 - São Benedito, A Lenda Que o Jesuíta Criou....................................................28 2.4 - Nossa Senhora no Mar......................................................................................28 2.5 - Nossa Senhora na Árvore.................................................................................28 2.6 - Nos Sermões de Vieira, A Força Ideológica do Rosário..................................29 3.0 - O Congado Em Uberlândia............................................................................31 3.1 - Primeira Versão do Congado em Uberlândia ............................................31 3.2 - Segunda Versão do Primeiro Tambor...............................................................32 3.3 - Santa Ifigênia Não Pode Reinar........................................................................33 3.4 - A Capela do Rosário.........................................................................................33 4.0 - As Irmandades do Rosário.............................................................................37 4.1 - Donos da Religião, Donos da Escravidão ......................................................37 4.2 - Da Diáspora Africana à Resistência Cultural..................................................38 4.3 - Dos Espaços Geográficos Ocupados ..............................................................39 4.4 - Da Psicologia Preservacionista Congadeira ...................................................39 . 5.0 - Os Ternos de Congado Em Uberlândia........................................................41 5.1 - Temos Extintos ou Inativos...............................................................................45 5.2 - Características Principais dos Ternos................................................................45 3 Congadas de Minas Gerais 5.3 - Terno de Congado Sainha..................................................................................47 5.4 - Congo Camisa Verde.........................................................................................52 5.5 - Marinheiro 'de Nossa Senhora do Rosário........................................................54 5.6 - Moçambique Princesa Isabel............................................................................57 5.7 - Moçambique Pena Branca de Nossa Senhora do Rosário................................59 5.8 - Catupé Nossa Senhora do Rosário...................................................................61 5.9 - Congado Nossa Senhora do Rosário Catupé....................................................63 5.10 - Marinheiro de São Benedito.............................................................................65 5.11 - Moçambique de Belém.....................................................................................67 5.12 - Terno de Congado Santa Ifigênia.....................................................................70 5.13 - Marujo Azul de Maio.......................................................................................72 5.14 - Moçambique do Oriente...................................................................................73 5.15 - Terno de Catupé Azul e Rosa...........................................................................75 5.16 - Congado Congo Branco...................................................................................75 5.17 - Congado Amarelo Ouro...................................................................................76 5.18 - Congo Verde e Branco.....................................................................................77 6.0 - Simbologias do Congado.............................................................................81 6.1 - A Diversidade dos Rituais................................................................................82 6.2 - Ritmos, Evoluções, Coreografias....................................................................90 6.3 - Rituais de Coroação........................................................................................91 6.4 - Reinado em Uberlândia.................................................................................93 6.5 - Cantarias no Congado.....................................................................................94 6.6 - Cantorias de Moçambique para Nossa Senhora..............................................95 6.7 - Cantorias de Moçambique para São Benedito................................................96 6.8 - Cantorias de Congo para Nossa Senhora........................................................96 6.9 - Cantorias de Congo para São Benedito...........................................................97 6.10 - Cantorias Antigas e Modernas........................................................................97 7.0 - O Congado em Rio Paranaiba-MG............................................................105 7.1 - Quintalião no Quilombo de Ambrósio ...........................................................107 7.2 - Uma Herança Ancestral.................................................................................107 7.3 - Ternos de Rio Paranaiba-MG ....................................................................... 109 8.0 - Outros Ternos de Congado...........................................................................111 8.1 - Moçambique Manjericão, Bambui-MG ..........................................................111 8.2 - Moçambique de Adoração, Rio Paranaiba-MG ..............................................111 8.3 - Penacho de Marcação, Luz-MG......................................................................112 8.4 - Catupés de Tamborins.....................................................................................112 4 Congadas de Minas Gerais 8.5 - Terno de Carmo do Paranaiba-MG..................................................................113 8.6 - Congo Real Santo Antônio, São Gotardo........................................................113 8.7 - Grupo de Cateretê Filhas de Maria, Carmo do Paranaíba...............................113 8.8 - Moçambique de Cruzeiro da Fortaleza –MG..................................................113 8.9 - Vilão Fantástico,Serra do Salitre-MG ......................................................114 8.10 - Congado Catupé São Benedito, Patrocínio-MG............................................114 8.11 - Moçambique de Nossa Senhora, Pátos de Minas-MG....................................115 8.12 - Moçambique de Louvação, Lagoa da Prata- MG............................................115 8.13 - Batalhão do Norte, Uberaba-MG.....................................................................115 8.14 - Camisa Verde, ltuiutaba-MG...........................................................................116 8.15 - Bombachinho,São Gotardo..............................................................................116 8.16 - Catupés de Reco-Recos...................................................................................116 8.17 - Congo de Araxá-MG.......................................................................................117 8.18 - Moçambique Rosário de Maria - Guimarânia MG..........................................117 8.19 - Congo Real de Córrego Dantas MG................................................................117 8.20 - Temó dos Marinheiros de Itapecerica-MG......................................................117 8.21 - Congado Em Ibiá-MG.....................................................................................118 8.22 - Congado Em Cruzeiro da Fortaleza-MG.........................................................118 8.23 - Congado Em São Gotardo-MG.......................................................................118 8.24 - Congo Verde de Araguari –MG......................................................................119 8.25 - Terno Verde de Monte Alegre de Minas.........................................................119 8.26 - Guarda de Moçambique de Azurita – MG......................................................119 9.0 - Da Eternidade do Congado no Segundo Milênio........................................121 9.1 - Quase Uma Conclusão ................................................................................121 9.2 - Pinturas e Poemas de Nós: Os Congadeiros ..........................................125 9.3 - Cronologia De Um Ritual................................................................................133 9.4 - Bibliografia......................................................................................................135 9.5 - Outros Textos Literários do Autor...................................................................138 9.6 - Biografia..........................................................................................................139 9.7 - Ficha Técnica Para Maiores Informações.......................................................145 5 Congadas de Minas Gerais Agradecimentos Ao mutirão de Solidariedade que foi fundamental na realização desse trabalho: Ancestrais de todos nós raízes de África. Nessa odisséia em busca da reconquista do tríduo congadeiro que desde o seu nascedouro exibiu os Temos de Catopês, Moçambiques e Congos; conheci centenas de seres humanos que acreditaram nesse livro e fizeram o possível para a concretização do mesmo. Os percalços foram enormes e só consegui superá-los com a força espiritual dos amigos vinculados com o fazer cultura tradicional. Ainda em 1984, contei com o apoio de lrinéia em uma fazenda de Patrocínio - MG e durante os meses que na companhia de seus filhos e esposo pude ter a honra de conviver, aproximei-me de vários trabalhadores rurais congadeiros. Um agradecimento especial à Victor C.W. Dzidzienyo, Director, School Of Architecture And Computer Sciences, Washington. Victor foi contundente ao afir- mar-me que para escrever a história do Negro "é necessário recorrer aos tempos dos povos bem antes da escravidão e observar quem escreveu partindo apenas do período escravocrata com qual intenção e a serviço de quem". À João Domingos, Capitão de terno em Cruzeiro da Fortaleza-MG que ajudou-me a compreender os significados das danças, dos cantos e das simbologias ainda existentes nos Congados de Minas Gerais e que vez ou outra nos remetem às práticas ritualísticas africanas. Expressiva foi a colaboração do Professor Ayres Veríssimo do Sacramento Major ,de São Tomé e Príncipe e ao Encarregado de Negócios da Embaixada do Camroun no Brasil [Df. Ndoe Messi Thierry Edgard Joseph]. Quando foi difícil encontrar apoio cultural para formatar os dados coletados, o Rogério pediu imediatamente para a Regina digitar os originais no gabinete da vereadora Liza Prado. À Maria José Moreira Torres e aos companheiros Leudinésio, Leandro, Nei, Lucilene, Cristina Gonçalves, Ronaldo Ferreira, Heloísa Gomides e Beatriz Melo. Outras pessoas se fizeram presentes nessa jornada e entre tantas necessito destacar o Professor João Marcos, Antropólogo da Universidade Federal de Uberlândia; a Professora Elisa Rocha Otoni e o popular João Professor; ambos de Rio Paranaiba- MG. Aos companheiros e companheiras da COAFRO: Gilberto Antônio, Messias Limírio, Pai Zezinho, Graciemilia, Maisley, Daniela, Dona Lázara, Douglas, Edilson, Neide, Gilberto Neves e Ramon. Aos companheiros do movimento negro de Uberlândia: GRUCOM. MONUV A AKAB. ORIODARA MULHERES DE ÉBANO. MULHERES NEGRAS MARIA DA GLÓRIA e GRICOVEL. 6 Congadas de Minas Gerais Às Professoras: Marisa e Mara, Professor Fabrício. companheira Eurípia e em me- mória à Maria Célia Cence Lopes, que juntamente com Edivaldo incentivou-me nessa jornada cultural desde novembro de 1980. Ao Deputado Federal Gilmar Machado. Ao Presidente da Fundação Cultural PaI mares: Dr. Carlos Moura. Agradeço a Artista Plástica Lilian de Castro que soube com maestria retratar algumas simbologias do Congado. 7 Congadas de Minas Gerais Apresentação A publicação de um livro é O momento sublime do trabalho de qualquer escritor. No caso de um autodidata, este momento é como uma vitória de Davi contra Golias. Em se tratando de um escritor, autodidata e negro, a publicação de "Congadas de Minas Gerais" significa uma tríplice vitória. É este o feito de Jeremias Brasileiro contra o processo de exclusão que o arrancou da escola desde cedo para ajudar a família trabalhando como servente de obras, trocador de ônibus e vigilante particular. É a vitória contra a falsa "democracia racial" brasileira que impede a ascensão dos negros ao seleto clube da intelectualidade nacional. Jeremias é um dedicado artesão das palavras. Poeta com oito livros publica- dos, sua lavra poética foi elogiada através de mensagem de Carlos Drummond de Andrade. Depois dessa expressiva produção literária, ele se lança agora à pesquisa histórica. "Congadas de Minas" chega aos leitores, revelando um homem preocupado com sua identidade histórica. O carinho de Jeremias com a investigação da resistência dos afrobrasileiros faz dele um colecionador de documentos históricos. Ele guarda em casa, fotos, publicações, fitas cassetes e viedocassetes com gravações sobre as manifestações da cultura negra de Uberlândia e região. Talvez ele seja o único a reunir tanto material bibliográfico sobre os negros em Uberlândia, recebendo em casa visitas de estudantes secundaristas e universitários para suas pesquisas escolares. Devido a seus atributos intelectuais - mesmo ainda concluindo o supletivo de segundo grau é que este ainda jovem escritor negro veio a figurar na publicação "Quem é Quem na Negritude Brasileira" (*). Sua breve história aparece ao lado de fundamental importância para o conhecimento de um aspecto da cultura afrobrasileira tão marcante em Minas Gerais. Foi pela originalidade e pioneirismo desta pesquisa que Jeremias despertou a atenção para o seu trabalho, mostrando e apresentando suas anotações nos encontros brasileiros preparatórios à Conferência Mundial Contra o Racismo e a Discriminação Racial. Especificamente, nos encontros de Alagoas e Uberlândia(MG), oportunidades em que ele contou com o reconhecimento do Df. Carlos Moura. Posteriormente, como 8 Congadas de Minas Gerais presidente da Fundação Cultural Palmares, partiu dele o estímulo e a autorização para a publicação desse livro. E que veio a se concretizar com o apoio da Coordenadoria Municipal Afro-Racial (COAFRO), da prefeitura de Uberlândia(MG), na negociação, e organização. Necessário destacar o apoio dos funcionários da Fundação Palmares para viabilizar esta publicação. Gilberto Neves Coordenador da COAFRO Prefeitura de Uberlândia (MG) (*) Quem é quem na Negritude Brasileira: volume 1. Organizado e pesquisado por Eduardo de Oliveira - São Paulo. Congresso Nacional Afro-Brasileiro/Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça,1998. 9
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