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C:\Job\ABL\REVISTA BRASILEIRA 45\REVISTA BRASILEIRA PDF

288 Pages·2015·14.72 MB·Portuguese
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PANTONE1525 PRETO Revista Brasileira Fase VII Outubro-Novembro-Dezembro 2005 AnoXII No 45 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis PANTONE1525 PRETO ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2005 Diretoria Diretor Presidente:Ivan Junqueira João deScantimburgo Secretário-Geral:Evanildo Bechara Primeira-Secretária:Ana Maria Machado Conselho editorial Segundo-Secretário:Marcos Vinicius Vilaça MiguelReale, CarlosNejar, Diretor-Tesoureiro:Cícero Sandroni ArnaldoNiskier,OscarDiasCorrêa Membros efetivos Produção editorial e Revisão AffonsoArinos de Mello Franco, NairDametto Alberto da Costa e Silva, Alberto VenancioFilho,Alfredo Bosi, Assistente editorial Ana Maria Machado, Antonio Carlos Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Secchin, AntonioOlinto, Ariano Suassuna, ArnaldoNiskier, Projeto gráfico CandidoMendes de Almeida, Carlos HeitorCony, CarlosNejar, VictorBurton Cícero Sandroni, EduardoPortella, EvanildoCavalcanteBechara, Evaristo Editoração eletrônica de Moraes Filho,Pe. Fernando Bastos EstúdioCastellani de Ávila,Helio Jaguaribe, IvanJunqueira, IvoPitanguy, João deScantimburgo, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS João Ubaldo Ribeiro, José Murilo de Av. PresidenteWilson, 203 – 4oandar Carvalho, JoséSarney, JosuéMontello, Rio de Janeiro – RJ – CEP20030-021 LêdoIvo,LygiaFagundesTelles, Marco Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Maciel, MarcosViniciosVilaça, Miguel Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Reale,Moacyr Scliar, MuriloMelo Filho, Fax: (0xx21) 2220.6695 NélidaPiñon,OscarDiasCorrêa, E-mail: [email protected] Paulo Coelho, SábatoMagaldi,Sergio site:http://www.academia.org.br PauloRouanet, Tarcísio Padilha, Zélia Gattai. As colaborações são solicitadas. PANTONE1525 PRETO Sumário Editorial João de Scantimburgo Tudo passa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 PROSA Ivan Junqueira Cervantes e a literatura brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Murilo Melo Filho Mário Palmério, o romancista do campo . . . . . . . . . . . . . .25 Vasco Mariz Comemorando os 450 anos da França Antártica . . . . . . . . . . . . . .35 Gilberto de Mello Kujawski Síntese sobre a identidade nacional. . . . . . . . . . .49 Mauro Rosa Juan Valera e Machado de Assis: um diálogo possível. . . . . . . . . . .63 Maria João Cantinho Sophia de Mello Breyner Andresen: Na respiração do azul e da luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91 Adelto Gonçalves Um dicionário indispensável. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99 Carlos Mallorquin Semblanza de Celso Furtado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103 Agassiz Almeida Celso Furtado: legenda dos tempos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107 Edson Nery da Fonseca O drama religioso de Álvaro Lins. . . . . . . . . . . . . . .113 Tricentenário de Antônio José da Silva, o Judeu Arnaldo Niskier O sarcasmo em Antônio José da Silva, o Judeu. . . . . . . . . . .119 Bárbara Heliodora Antônio José, o Judeu, e o teatro do século XVIII. . . . . .123 Paulo Roberto Pereira Antônio José da Silva: seu percurso e o juízo da Academia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .131 CULTO DA IMORTALIDADE Lêdo Ivo Lembrança de Orígenes Lessa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .143 José Louzeiro Um ficcionista na propaganda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .151 Antonio Olinto Orígenes Lessa e a técnica do vitral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .167 Arnaldo Niskier Roberto Marinho: o homem da educação . . . . . . . . . . . . . . .171 Antonio Olinto Roberto Marinho e a crítica literária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181 Nélida Piñon Roberto Marinho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .187 Murilo Melo Filho Roberto Marinho – Destino: jornalista . . . . . . . . . . . . . .195 Ronaldo Cunha Lima Medalha Filipéia a Roberto Marinho. . . . . . . . . . . . . .201 José Mario Pereira Um homem chamado sucesso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .203 Alberto Venancio Filho Junqueira Freire. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .219 Carlos Nejar Junqueira Freire e a máscara da teia de aranha. . . . . . . . . . . . . . .235 Alexei Bueno O desejo de aniquilação em Junqueira Freire e em outros poetas românticos brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .239 Lêdo Ivo A noite de um estudante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .251 POESIA Paulo Bomfim Quatro poemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .257 GUARDADOS DA MEMÓRIA João Camilo de Oliveira Torres Um prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .261 José Mario Pereira Trajetória de Roberto Marinho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .265 SOBRE A REVISTA BRASILEIRA Wilson Martins Simbiose cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .281 PANTONE1525 PRETO PANTONE1525 PRETO Editorial Tudo passa João de Scantimburgo D entreasexpressõescorrentesnolinguajarcotidiano,umaque maissedestaca,impondo-semesmocomolugar-comum,éa dequetudopassa.Otempovaipassandovelozmenteeoscomerciantes, dotadosquesãodeumaacústicasensibilíssima,hábeisemcaptarascor- rentesqueosinteressam,jáestãoanunciandoartigosdeNatal,aindaa quatro meses das festas. O Padre Antônio Vieira, com seu gênio, fez um dos sermões que mais gosto, o da primeira dominga do Advento, sobreoversículobíblico:“Passaráocéueaterra,masasminhaspala- vrasnãopassarão.”ApalavradoSenhoréumapeloàfé,queéperene, masparaosmortaisdestemundotudopassa.Passamosreinos,passam asamizades,passamosmonumentos,passamosimpérios,nestemundo emquerealizamosanossajornada,mas,paraaeternidade,nadapassa. Sabemostodosoquantoavidaéfrágileque,comolembraaper- sonagemdeGrandeSertão:veredas,viver“émuitoperigoso”.Chegará, paraostranseuntesdestevaletantasvezeslembrando,odiadaparti- da,poistudopassa,menosparaacontaquedevemosprestaraNos- so Senhor, como vem no Credo. Tudo passa. 5 PANTONE1525 PRETO João de Scantimburgo Quandoassombrassealongamnocrepúsculo,eestendemosavistaparao passado,vemo-lomarcadoporcruzesdosqueforamficandopelocaminho.É otributoquepagamosdeluto,detristezas,desofrimento,peloqualseremos julgados pelo Senhor Deus, como vem no Credo. ÉdensooSermãodoPadreVieiraeseupesoseimpõeemnossaconsciên- cia. Não temos como fugir de sua cerrada argumentação. Tudo passa e está passando, vai passar, por isso que a nossa vida é composta de sucessões. E vem o refrão, luminoso na juventude, fúnebre no inverno da velhice, se nos faltar, pelo mistério das coisas de Deus, o linimento da fé. Tudo passa. Passouesteanode2005,passaramosséculos,passaramostemposdecrise e os tempos de paz, como acentua o notável jesuíta, tudo, inexoravelmente. Tudo passa. Nestemundo,apassagemdotempoeosfenômenosdanaturezasãoasúni- casforçascontraasquaissãoimpotentesasforçasdopensamento,datecnolo- gia,dosarsenaisbélicos,dasreflexõesdossábios,dameditaçãodosteólogos, poissóoconspectodoSenhorosdefine,comafénecessária,enquantosomos deste mundo, e no mistério quando estivermos na eternidade. Tudo passa. Estaéanossaúnicacerteza.Passouesteano.Vãopassaroutrosanos.Osvivos sabem, por experiência, que tudo passa, e esperam a graça de Deus Todo- Poderoso, a paz que deve unir os homens de boa vontade. Lembremos que tudopassa,queaforçadotempoéinvencíveleque,seformosfiéis,Deusnos reservará a morada por que tanto ansiamos. Nesta porfia com a angústia do mundo,sobretudodomundopresenteedofuturoquesenosantecipaemtan- tas eruditas reflexões, e nos contrastes do bem e do mal, começará um novo ano, o sexto do terceiro milênio. Queelesejadeesperançaparaoshomensquedesejamviverempazcoma família,tãoabaladapelascrisesdonossotempo,atéapartidafinal.Sãoasnos- sas palavras nesta transição rastreada de crises, em cujas tenazes bracejamos. 6 PANTONE1525 PRETO Cervantes e a literatura brasileira Ivan Junqueira T odavezquerelemosElingeniosohidalgoDonQuixotedelaMancha, Poeta, crítico literário e ousemprequelemosesteouaqueleensaiopertencenteàinu- tradutor, merável plêiade de textos críticos que se escreveram sobre a obra- presidente da primadeMigueldeCervantesSaavedra,assalta-nosarenovadasensa- Academia Brasileira de çãodoquenelaexistenãoapenasderevolucionáriooudefundador, Letras mastambémdeeterno,deuniversal,decontemporâneoe,àsvezes,de (2004-05). Sua misteriosamenteindecifrável,comoseriaocaso,entreoutros,daquele poesia, desdeOs Mortos(1964) até episódioemqueDomQuixotedesceàcovadeMontesinos.Tudojá A Sagração dos sedissesobreoQuijote.Etudojáseescreveusobreasperegrinaçõese Ossos(1994), desventuras do engenhoso fidalgo manchego. Não estou aqui para está emPoemas Reunidos(Rio: enumerar, como tampouco para interpretar, uma fortuna crítica que Editora Record, superahojeacasadoscincomiltítulosemtodasaslínguasdecultura 1999) e em Poesia Reunida domundomoderno,masnãopossomefurtaraumastantasobserva- (São Paulo: A çõesquetalvezajudemacompreendermelhorasinfluênciasqueexer- Girafa, 2005). Conferência pronunciada na Sala Valle-Inclán, Círculo de Belas Artes, em Madri, em 19.6.2005. 7 Cervantesealiteraturabrasileira PANTONE1525 PRETO Ivan Junqueira Quixote visto por Gustave Doré (1863) “Foi ficando tão obcecado com a leitura, que passava as noites de claro em claro...” 8 PANTONE1525 PRETO Cervantes e a literatura brasileira ceuCervantessobrealiteraturabrasileirajáapartirdoséculoXVII,empleno florescimento do período barroco de nossas letras. UmadasrazõespelasquaisainfluênciadeCervantessetornouavassaladora nomundoocidentaléadequeeleocupaumpapelcrucialentreocrepúsculo daIdadeMédiaeaauroradaRenascença.AobradeCervantes,muitomaisdo que as de Chaucer e de Rabelais, situa-se numa encruzilhada, e sua decisiva contribuição à gênese do espírito moderno somente se compara àquela que nosdeuoteatroshakespeariano.Jásedisseaté,comoofezCarlosFuentes,em lucidíssimoensaioacercadosmúltiplosníveisdeleituraquesejustapõemno Quijote, que, “embora não tenham sido a mesma pessoa, talvez Miguel de Cer- vantesSaavedraeWilliamShakespearetenhamsidoomesmoescritor,omes- moautordetodososlivros”,suposiçãoque,nãofossemdistintosnaépocaos calendários da Espanha e da Inglaterra, encontraria apoio na coincidência de seremosmesmosodiaeoanoemqueambosfaleceram:23deabrilde1615. Assim como Shakespeare, Cervantes está acuado entre a maré montante da RenascençaeorefluxodaContra-Reforma,esólherestavaumaúnicatábua queconseguiriamantê-loàtona:ErasmodeRoterdã,cujavastainfluênciana Espanha do século XVII não é fortuita, cabendo lembrar aqui, como o faz CarlosFuentes,queaeducaçãoformaldeCervantesdevemuitoaJuanLópez deHoyos,umdosmaioreserasmianosdaépoca.EainfluênciadeErasmoso- bre Cervantes pode ser percebida em três temas comuns ao filósofo e ao ro- mancista:adualidadedaverdade,ailusãodasaparênciaseoelogiodaloucura. Operíododetransiçãohistórico-filosóficaeculturalemquesesituaaobra de Cervantes corresponde, portanto, àquele ponto de tangência entre a baixa IdadeMédiaeasprimeirasluzesdaRenascença.Eoquesignificaisto?Signifi- ca,comopretenderamdepoisTurguenieveUnamuno,queaderrotadeDom Quixoteéaderrotadafénummundojásemfé,ouoprotestodavidacontraa razão,oquecaracterizariaapersonagemcervantinacomoumheróidaféidea- lista contra o racionalismo utilitário. Apesar desse idealismo platônico, que temsuasraízesnoneoplatonismodeLeoneEbreo,Cervantesérealista,oque deuorigemàpossibilidadedeumaoutrainterpretaçãodomitocervantino:a 9 PANTONE1525 PRETO Ivan Junqueira deMenéndezyPelayo,paraquemoautordeQuijoteteriarestabelecidoosdirei- tosdarealidade,eoseucasoliterárioteriasidoassimanálogoaodoromance picaresco. E aqui se abririam as portas à tese de Américo Castro, segundo quemootimismodeCervantes,emboramelancólico,resultariadasuperposi- çãodoidealismoplatônico,queeledeveàsuaformaçãorenascentista,sobreo realismo picaresco, que resulta de sua origem plebéia. Cervanteséumidealistacujaconsciêncialheensinaqueasuaféépurailu- sãodiantedarealidade,eessaconvicçãochegaráàprofundidadedoidealismo filosóficodeumDescartesoudeumKant,quandoDomQuixotedizaSan- choPançaqueabaciadeumbarbeiroéoelmodeMambrino.Essaéabaseso- breaqualCervantesfoicapazdetransformaroseuprotesto,queeraoprotes- todeumhumanistaplebeucontraoBarrocoaristocrático,numavisãohumo- rísticadavida,efoiessehumorquelhepermitiuresolveracontradiçãoentrea prosaeapoesia,entreaficçãoeaverdade,entrearealidadeeailusão,ouseja,o problemaquelevariaàloucuraoautordamaiorobradacavalariacristã,oTor- quatoTasso,talvezomodelodaquelefidalgoenlouquecidopelaleituradasno- velasdecavalariaequesórecobraarazãoàsvésperasdamorte,quandoaféo abandona.Eaquisepodedizerque,paraumhomemdaestirpedeDomQui- xote, recuperar a razão equivaleria à suprema loucura. No momento em que sucumbe à “realidade convencional”, Dom Quixote, assim como Hamlet, é condenadoàmorte,emboracontinueaviverparasempreemseulivro,eape- nasemseulivro,ondeaspalavrassãosempreidênticasàrealidade,earealida- de apenas um prolongamento das palavras que ele antes havia lido, e agora transforma em feitos e ações. O fenômeno Cervantes é muito mais complexo do que se imaginava. Entendê-loapenascomoumrealista,eassimofizeramváriosdeseusintérpre- tes,écompreenderdeformalevianaesserealismo,quenelenãoéoresultado deumaoperaçãodoespírito,masantesummétodoparacorrigirofalsoidea- lismo,pararesgataraverdadeiracavalaria,adomilleschristianusdequenosfala Erasmo.Cervantesérealistaquandodescreveaspaisagens,oscostumes,oshá- bitoseocomportamentodaspersonagensquepovoamositineráriosdofidal- 10

Description:
obra de Rufin. Ambos os livros já estão publicados em português no Brasil. n.o 6, pp. 48-81. 25 Pode-se ler mais a esse respeito no livro The Brazilian Othello of Machado de Assis, de Helen Caldwell, estrangeiros, herdou do pai a fascinação pelo Dickens dos Pickwick Papers. Gostava muito
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