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Carolina de Jesus na literatura afro-brasileira PDF

21 Pages·2016·1.04 MB·Portuguese
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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLITICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO NICOLINO FOSCHINI NETO Trabalho temático Do catar ao exercer papel: Carolina de Jesus na literatura afro-brasileira São Paulo 2016 FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLITICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E CIENCIA DA INFORMAÇÃO Do catar ao exercer papel: Carolina de Jesus na literatura afro-brasileira Nicolino Foschini Neto Trabalho apresentado para complementar as atividades requeridas pelas disciplinas do 2º semestre do curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. São Paulo 2016 FOSCHINI NETO, Nicolino. Do catar ao exercer papel: Carolina de Jesus na literatura afro-brasileira. Trabalho Temático produzido para o Curso de Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia. COMISSÃO EXAMINADORA ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Data de aprovação: RESUMO Apresenta-se um breve contexto histórico da exploração da comunidade negra, seus desdobramentos e impactos na produção literária afrodescendente e como a obra de Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo, contribuiu para a formação de uma literatura afro-brasileira. Com uma abordagem qualitativa a partir de artigos levantados, principalmente do Projeto Literafro, se procurou responder à questão da falta de reconhecimento de uma literatura afro-brasileira e seus possíveis efeitos sobre as produções novas. Se estabeleceu um diálogo entre a escrita de Carolina e a ilustração do seu imaginário fértil, e seu preconceito expresso na obra analisada. Foi possível perceber que na evolução histórica a literatura afro-brasileira está avançando na medida que Projetos acadêmicos se esforçam para humanizar e conscientizar a produção intelectual no que diz respeito às raízes dos brasileiros. Palavras-chave: Carolina Maria de Jesus. Quarto de Despejo. Literatura brasileira. Literatura afro-brasileira. Década de cinquenta. Lei 10.639. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração1 - Ilustração da anotação feita em 3 de junho por Carolina de Jesus.......15 Ilustração 2 - Ilustração da anotação feita em 3 de junho por Carolina de Jesus......17 Sumário 1. Introdução .................................................................................................. 8 2. Literatura afro-brasileira ......................................................................... 10 2.1. Breve contexto histórico social dos brasileiros afrodescendentes 10 2.2. Biblioteca escolar e a Lei 10.639 de 2003 ............................................11 3. Projeto Literafro ....................................................................................... 14 4. Análise da obra: Quarto de despejo....................................................... 16 5. Considerações finais ............................................................................... 20 Ilustração em aquarela. Créditos para Robson Cleber A. de Lima “ Todos tem um ideal. O meu é gostar de ler. ” Carolina Maria de Jesus em Quarto de Despejo. 8 1. Introdução A Literatura é uma obra intelectual manifestada pela escrita, que registra as ideias e expressões de seus autores. Sendo assim, a Literatura é uma das formas mais vivas e representativas de manifestação cultural. O patrimônio histórico cultural de um país, é composto, dentre outras manifestações, de um conjunto de representações materiais das ideias e expressões de sua nação. Na formação do patrimônio cultural nacional, a literatura brasileira da segunda metade do século XX, é composta por diversos escritores prosadores. Os autores considerados vanguardistas e que aparecem como principais na literatura brasileira são Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Fernando Sabino. Além deles, no mesmo período tem-se mais dois grandes escritores de romances e contos que são Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. Percebe-se que dos autores citados não temos nenhum negro ou negra. Porém considerando a diversidade cultural brasileira é necessário o contraponto, desta literatura tradicionalmente branca, com uma manifestação literária de autores negros, que são pouco citados e pesquisados nos dias de hoje. As obras literárias escritas por afrodescendentes brasileiros têm, atualmente, gênero específico de tratamento adotado por críticos acadêmico e escritores, chamado de literatura afro-brasileira. Destaca-se como barreiras das literaturas afro-brasileiras alcançarem o público popular, dois importantes pontos. Primeiro seria a influência histórica da posição social dos afros descendentes que gerou certo atraso e distanciamento da cultura escrita, impactando a relação social destes com outrem. O segundo ponto seria a falta de cumprimento da Lei 10.639 por parte das bibliotecas escolares no desenvolvimento de suas coleções. Estas que precisam buscar resgatar a memória afro-brasileira. Estes fatos, contribuem para que estas obras não sejam conhecidas e reconhecidas pelo público leitor popular. Além disso, é senso comum que a busca por fontes de pesquisas confiáveis sobre a cultura brasileira específica do afrodescendente ou sobre a história do povo afro-brasileiro, é difícil, e que há dificuldade de se encontrar obras produzidas por escritores negros ou negras. A cultura da escrita exercida pelos negros e negras no Brasil é antiga, mas estas obras estão distantes do conhecimento popular por diversos motivos. Por isso apresenta-se aqui a importante iniciativa chamada Projeto Literafro que é um movimento acadêmico 9 que recupera as obras escritas por negros e negras, a fim de reconstruir a memória cultural na formação de uma literatura afro-brasileira. O Projeto apresenta diversos estudos aprofundados das obras de autoria de negros e negras, dentre estes, fomenta estudos das obras da autora negra Carolina Maria de Jesus. Este trabalho procura elucidar as evidências da falta de reconhecimento popular da literatura afro-brasileira na obra Quarto de Despejo, escrita por Carolina Maria de Jesus. Como Carolina viveu este desconhecimento na época da publicação dos seus diários, levantou-se material bibliográfico sobre sua obra para tentar responder à seguinte pergunta. Quais são as causas e efeitos do desconhecimento de uma literatura afro-brasileira? No Projeto Literafro, Carolina é citada por críticos literários como grande escritora e poetisa. Por isso, o portal online do Projeto serviu para o levantamento bibliográfico, na busca de artigos que tratem das obras de Carolina de Jesus. Assim o objetivo é analisar as contribuições da escrita e o papel social da autora Carolina de Jesus para a literatura afro-brasileira. 10 2. Literatura afro-brasileira Tem-se literatura produzida pelos afrodescendentes que datam da primeira metade do século XIX, porém o termo literatura afro-brasileira, que visa abarcar estas obras e remontar a memória cultural afro-brasileira, é cunhado recentemente por pesquisadores acadêmicos brasileiros. Razões históricas de relacionamento racial levam à melhor compreensão da predominância das narrativas orais dentre os povos afrodescendentes, assim segue-se um breve contexto histórico das relações raciais em terras brasileiras. 2.1. Breve contexto histórico social dos brasileiros afrodescendentes A história do Brasil é marcada por colonizações de diversos povos e etnias. Desde o descobrimento das terras brasileiras no século XV, pelos portugueses, até hoje, o Brasil é habitado principalmente por descendentes de europeus, africanos e indígenas. Dos séculos passados até hoje, as cidades brasileiras vêm se constituindo com uma população multicultural, graças à estratégica miscigenação portuguesa bem-sucedida, promovida dentre a diversidade de povos nas terras brasileiras desde seu descobrimento. No entanto, como em qualquer outra nação há grande diferença histórica da vida social dentre estes povos, devida relação social da época. Enfocando a população brasileira afro descente e indígena que enfrentou maiores barreiras de acesso à cultura devida exploração financeira doutros, e que tinha sua vida social degradada ainda mais na medida em que se desenvolvia a vida social dos europeus nas regiões brasileiras. A sociedade colonial no Brasil era composta essencialmente por europeus, e sustentada por uma base agrícola de trabalho essencialmente escravo composta de índios e negros. Devida esta exploração do trabalho principalmente do povo afro descendente, a sociedade pós-colonial não tinha espaço para a produção intelectual dos negros e negras que nela viviam. Somando-se a este contexto histórico, o professor Elio Ferreira de Souza sintetiza esta história e inclui exemplos da literatura para nos ajudar na compreensão as dificuldades que enfrentam os escritores e as escritoras afrodescendente. Souza afirma que: Abrigam-se à peculiaridade de cada autor ou autora afrodescendente, o lugar, a história, a condição humana do africano escravizado ou a de seus descendentes, a relação

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