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Biblioteca de Alexandria - As Histórias da Maior Biblioteca da Antigüidade PDF

137 Pages·2009·5.94 MB·Portuguese
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D A F EREK DIE LOWER BIBLIOTECADE ALEXANDRIA AsHistóriasdaMaiorBibliotecadaAntigüidade TRADUÇÃOOTACÍLIONUNESEVALTERPONTE NOVAALEXANDRIA 2010 SUMÁRIO Introdução:Alexandriarevisitada I.Opai fundador II.AcasadePtolomeu III.DemétrioFalereu IV.Oprimeirodosmatemáticos:Euclides V.Oprimeirodoshomensdemedicina:HerófilodeCalcedônia VI.Oprimeirodoshistoriadores:Maneton VII.Osprimeirospoetas:TeócritoeZenódoto VIII.Calímaco IX.OMuseueaBiblioteca X.Osobservadoresdeestrelas XI.EratósteneseArquimedes XII.Oprimeiroarranha-céudomundo XIII.ASeptuaginta XIV.Odeclínio XV.Herão,Hiparco,Heráclideseosúltimosgramáticos XVI.Astrologia XVII.Cleópatraeograndeincêndio XVIII.Anovaera XIX.CláudioPtolomeu(Ptolomeu)eGaleno XX.Alexandriaeareligião XXI.Osgnósticoscristãoseosprimeirosneoplatônicos XXII. OsprimeirospadresdaIgreja XXIII.Orígenes,conhecidocomoAdamâncio,ohomemdeferro XXIV.Umséculodeperseguições XXV.Eossantos... XXVI.Oúltimodosmatemáticos XXVII.Acontrovérsiaariana XXVIII.OsaquedoSerapeum XXIX.Hipácia XXX.642d.C. XXXI.Orenascimentoalexandrino XXXII.AnovaBibliotecaAlexandrina "Ptolomeu I não somente buscou, com o espírito mais moderno, organizara descobertade conhecimentos novos. Também tentou estabelecerum armazém enciclopédicode sabedorianaBibliotecade Alexandria. Nãoerasimplesmente um armazém, eraumaorganizaçãode cópiae vendade livros. Ali foi postoa trabalharumgrandeexércitodecopistas, multiplicandoperpetuamentecópiasde livros. Aqui, então, temos aclaraaberturadoprocessointelectualque vivemos ainda hoje; aqui, temos a reunião e distribuição sistemática de conhecimento. A fundaçãodoMuseuedaBibliotecaassinalaumadasgrandesépocasdahistória dahumanidade.EoverdadeiroiníciodaHistóriaModerna." H.G.WELLS,Uma Breve História do Mundo INTRODUÇÃO AlexandriaRevisitada Durante a última semana de fevereiro de 1990, deparei-me com um jornal francêscom ocabeçalho"UmanovabibliotecaparaAlexandria" acimadeuma fotografiadoquelembravanotavelmenteumanaveespacial. Comoeupassaraa maiorparte de minhajuventude em Alexandria, aidéiade umaimensae nova bibliotecaparaocuparo lugardalegendáriabibliotecaptolemaicame deixou intrigado. O artigocontinhaumadescriçãode páginainteiradaaparênciaque teriaessa BibliotecaAlexandrina, de quem ahaviaprojetado (umaequipe norueguesa), quem a estava patrocinando (Unesco) e como a pedra fundamental fora simbolicamente lançada em 1988 pelo então presidente do Egito, Hosni Mubarak. Haviatambém umalistadas pessoas que faziam parte daComissão paraoRenascimentodaAntigaBibliotecadeAlexandria, nomesprestigiosose glamourosos, que haviam acabado de se encontrar em Assuã e conseguido amealharmetadedosfundosnecessáriosparaconstruí-la. Bom paraAlexandria, pensei, eesqueci oassunto. Umasemanamaistarde, ele retornoudesupetão, quandoabri umarevista. Mirava-meareproduçãodeuma gravura do século 16, uma impressão artística da antiga Biblioteca de Alexandria. Lembrei-medotemplodeHátoremDendera, queacabaradevisitar, comcolunasmaciçasencimadaspordivindadesegípciaseptolemaicaselevando- se até otetode um vastosalão. A únicadiferençaeraque as paredes tinham estantes repletas de livros, em vez dos relevos esculpidos que sãocomuns nos templos. Comparadaaodiscovoadornorueguês, escondidonoversodaterceira página, essailustraçãoincendiouminhaimaginaçãoemelevourapidamentepela trilhadamemória. Oresultadofoi que, aoretornaraoEgito, cercadeseismeses depois, umadasprimeirascoisasquefizfoi iratéaestaçãonoCairoetomaro tremparaAlexandria,algoquenãofaziadesde1955. Transportadorapidamente através doDeltanoconfortodoar-condicionado, eu me perguntavaque aparênciateriaacidade depois de tantos anos, e se havia mudadotantoquantooCairo. Duashorasdepois, descobri aresposta. Dosopé doforteQaitBey, construídonomesmolocaldograndeFaroldeAlexandriae dominando a entrada do Porto Oriental, deixei meu olhar seguir a ampla extensão daavenidaComiche àbeira-mar, flanqueadaporsólidos prédios de apartamentosdaviradadoséculo, agraciosamesquitaAbbas, maisedifíciosque mergulhavamerecuavamparadarlugaraosjardinsdaPraçaZaglouldefronteao HotelCecil, parareaparecercom umasérie infindávelde construções de seis andaresqueondulavamaolonge, abraçandoasbaíaseespalhando-seatéondea vistaalcançava. Poucomudara. Nãohaviaarrogantestorresdehotéis, nem vias elevadas,nemenormesletreirosdenéon,nemtrânsitocacofônico. Andei emedebrucei sobreum parapeitobaixo. Àminhadireita, cercadevinte barcosdepesca, quepareciam abandonados, balançavam gentilmentenasondas dofimdamanhã, enquantoàminhaesquerdaeutinhaumaclaravisãodaentrada do porto, perto da qual três grandes barcos, possivelmente antigos iates particulares, repuxavam as correntes das âncoras. Fechei os olhos por um momentoeinalei abrisaoriental, aquelacaríciaansiadaquenoverãomantéma cidaderelativamentefresca, eentãoolhei, atravésdoporto, paraolotedeterra que me haviam dito estar destinado à grande nova biblioteca que tornaria Alexandrianovamenteconhecidacomoumepicentrodosaber. Umcastelonoar, umdesperdíciomonumentaldedinheiro, ouumdesafiofactíveleexcitante, que devolveriaàcidadepartedeseuantigobrilho? Não consegui encontrar um táxi, então subi em um garry com um cavalo surpreendentemente bem nutrido que me levou ameio galope, em um tempo recordedequatrominutos, rodeandoabaíaatéolocalemquestão. Láchegando, tentei visualizarque aspectoteriaaquelavastaconstruçãoem formade disco. Seriaumamanchanapaisagem, umaidiossincrasiaofuscante em umajóiade monotonia, ou um ponto focai vitalizante que tornaria tudo ao redor inconseqüente? Entrei porum portãosemi-abertoeperambulei pelolugar. Partedaáreaestava ocupadaporum salão de conferências quase concluído, que pareciatersido concebidopararefletirumaformaestilizadadaarquiteturaptolemaica, e mais umavezmeperguntei comoissocombinariacomabibliotecapropriamentedita. Masissorealmenteimportava?PtolomeuSóter, orei responsávelpelacriaçãoda antigaBiblioteca, sepreocupavacom sutilezasarquitetônicas? Obviamentenão. Simplesmente deraordens aoencarregadodos edifícios paradeixarnorecinto realespaço conveniente para um centro culturalcom uma Biblioteca e um Museu,nosquaisosestudiosospudessemserinspiradospelasmusas.Éclaroque os arquitetos do rei estavam em posição vantajosa em relação à equipe norueguesa, em umacidade novinhaem folha, onde nenhumadas construções tinhamais de trintaanos. Assim, um conflito de estilos não seriaproblema, havendopoucastradiçõesarquitetônicasounormasambientaisaserrespeitadas. Simplesmenteasexigênciasestéticasepráticasdeum monarcacujoscaprichos eramlei. Paradoali, refletindosobrecomoteriasidoaquelelugar2.250anosatrás, percebi quão pouco sabia sobre a antiga Alexandria, exceto que fora fundada por AlexandreMagno, queofamosoFarol, umadassetemaravilhasdomundo, fora construídoali, que aColunade Pompeu(que nadatinhaavercom Pompeu) e umaou duas catacumbas podiam servisitadas no velho bairro árabe. Talvez minhaignorânciasedevesseaofatodeque, enquantonoCairo, emLuxorouem Assuã, osvestígiosdopassadofaraônicodoEgitopodiam servistosportodaa parte, em Alexandriaeles praticamente inexistiam, e o pouco que restavaera principalmenteromano. Foi nessemomentoquedecidi descobrirtudosobreacidade. Como, em menos de cinqüentaanos, elase transformoude um vilarejode pescadores àbeirado desertoemumdosmaiorescentrosculturaisemercantisdoMundoAntigo, cuja influêncianoscamposcientífico, literárioefilosóficoseriasentidaatéostempos modernos. E também qualseriaaaparênciadacidade, mas especialmente que tipo de homens e mulheres a haviam construído e feito palpitar durante novecentosanosantesdedestruí-la. Eisoquedescobri. I OPaiFundador Naquelaépoca—e estamos falandode cercade 332 a.C. —, oEgitodeixara haviamuitode seragrande potênciafaraônicados dias das gloriosas XVIII e XIXdinastias, quandoTutmósisIII1 eRamsésII2 governavam amaiorpartedo OrienteMédio. Lutaspelopodereumasériedeinvasõesassíriasepersastinham reduzido o reino a uma província do império aquemênida, com uma classe dirigenteimpopulareumpretensofaraódespótico.3 Nãosurpreende, portanto, que, quandoAlexandre Magno4 invadiuoEgito,5 a população o tivesse acolhido como o salvadorque aestavalibertando de um odiado jugo persa, e ficasse jubilante em vê-lo coroar-se rei em meio àbem planejadapompaecircunstânciaem Mênfis, acapitaldetrêsmilanosdeidade. Eletinha,então,apenas23anos. 1 1479-1425a.C. 2 1279-1212a.C. 3OreipersaArtaxerxesIIIOco(daXXXIdinastia)reconquistouoEgitoem343a.C.ereinoupormeiodeumgovernadoratéa chegadadeAlexandreMagno,em332a.C. 4AlexandreIIIdaMacedônia. 5ApósabatalhadeIsso. Terminadas as festividades de sua coroação, Alexandre passou o inverno na costa do Mediterrâneo, onde montou acampamento perto de uma vila de pescadoreschamadaRacótis, noextremoocidentaldodeltaelogoatrásdaIlha deFaro. Eraumlugarbemconhecidodosmarinheiros, especialmentedospiratas, que, às vezes, seabrigavam nopequenoporém bem protegidoportodailha, masmuito distante das rotas costumeiras normalmente empregadas pelos navios no comérciocomoEgito. Essespreferiamenfrentaraságuasmuitasvezesardilosas doNiloatéchegaraoportofluvialdeCanopoasearriscarnasfortescorrentese nosventosdolestequevarriamacostaemfrenteaRacótis. Mas Alexandre, que queriaum portode marprofundo, suficientemente grande para atendera uma armada agressiva e a uma frota mercante em expansão, entendeuqueolugarseriaidealsefosseconstruídoummolheporsobreaságuas rasasentreailhaeocontinente. Rezaalendaqueelefoi inspiradodiretamente porHomero. Conta-sequeopoetaapareceuaeleemumsonho, recitandoversosdaOdisséia que tinham a ver com Menelau6 refugiando-se nessa mesma ilha. Assim, segundo Plutarco, Alexandre saltou dacamae imediatamente ordenou que se construísse umacidade atrás doque planejavaque se tornariaomaiore mais seguroportonacostaegípcia. ÉclaroquehátodotipoderelatosmíticossobreafundaçãodeAlexandria, eum delestem um tom profético. Contacomoosagrimensoresreaisficaram sem cal aodemarcaras muralhas dacidade. Nafaltade algomelhorparasubstituí-la, usaram farinha. Malterminaram, porém, apareceram pássarosdetodosostipos que devoraram tudo. Um bom presságio, asseguraram ao supersticioso Alexandre, significandoqueanovacidadeseriaabençoadacom talabundância queparaelaconvergiriagentedetodasaspartesdomundo. Numaversãomaisprosaica, seusconselheirosteriamobservadoqueumacidade construídaemumafaixadeterraentreomareoLagoMareótis7 logoatrásteria: 6ReideEsparta,irmãodeAgamenonemaridodeHelena(deTróia).Apósoitoanosnomar,atracounaIlhadeFaro,ondeProteulhe revelouomododeapaziguarosdeuseseasseguraravoltaaolar. 7Olagomaisocidentaldodeltaegípcio.Alexandriafoiconstruídanafaixadeterraentreolagoeomar.Oníveldaáguaficacercade 2,5mabaixodoníveldomar. a) acessofácilaoNiloeaoDeltaeb) umafontepermanentedeáguadoce, vital para o projeto. E ao construiruma estrada elevada para a Ilha de Faro, ele poderia, sem muito esforço, tero maiore melhorporro dabaciaorientaldo Mediterrâneo,abrigadodosventosetesianos8edasperigosascorrentesdooeste. Depois de tomar sua decisão, Alexandre mandou buscar o mais avançado arquitetodaépocaeordenou-lhequeprojetasseanovacidade. Deinócrates, comoesseexcêntricogênioerachamado, haviaatraídoaatençãodo rei comoplanoinconcebíveldeesculpirnopicodoMonteAtos(doismilmetros acimado níveldo mar) umagigantescaestátuasentada, presumivelmente de Alexandre. Foi também ele quem, oito anos mais tarde, foi contratado para desenhar a imensa pira funerária do general Heféstion, amigo íntimo de Alexandre, naBabilônia. Felizmente, oprojetodoMonteAtosfoi abandonadoe oarquitetopôde utilizarseuconsideráveltalentopararealizarum planomuito grandioso, porém racional, paraacidade destinadaaserumadas maiores do mundogreco-romanonosnoveséculosseguintes. Basicamente, ele a dividiu em três setores. Um bairro judeu a noroeste, o denominadoBruquíon, com seus palácios reais e suaárearesidencialgregano centro, enquantoaoesteumaRacótisexpandidaparaosegípcioslocaiseoutros residentes. AlexandreMagnoinvadiuoEgitoaos23anoseconstruiuacidadedeAlexandrianumlocal queconsiderouomelhorportodabaciaorientaldoMediterrâneo. Umamalhaderuasparalelas, parecidacomadeNovaIorque, cruzavaacidade, com canais subterrâneos anexos para assegurar um sistema de drenagem 8Ventomediterrâneolocalquesopraduranteoverão,vindoprincipalmentedonorte. eficiente, enquantoduas esplêndidas avenidas com cercade setentametros de larguraedecoradascomcolunatassecruzavamnocentrodacidade. Nesse ínterim, tendodadoordens paraque se prosseguisse com oplanogeral, Alexandrelevantouacampamentoedirigiu-separaoestepelodesertoatéooásis deSiwa, ondequeriarezarnofamosotemplododeusZeusAmoneouviroque oAltoSacerdoteeooráculotinhamalhedizer. Dadoqueesseúltimooaclamou comonadamenos que oprópriofilhododeus, ele retomoufelizaAlexandria, com seuegobem reforçado, e lançouapedrafundamentaldacidade em 7 de abrilde 331 a.C. Partiualgumas semanas depois paranuncamais retomarem vida, emboraseucorpotenhasidotrazidodevoltaporseusucessorPtolomeuI SótereenterradoemumamagníficatumbachamadaSoma. É difícil dizer se Alexandre tinha ou não a intenção de que a cidade se transformasse, em um período de poucas décadas, no mais influente centro cultural e comercial do mundo ocidental, eclipsando Cartago e Pérgamo e suplantandoRoma. Certamente, eleplanejavaqueelasubstituísseMênfiscomoa capitaldoEgitoe se tornasse omais importante portodaregião. Porém, suas ambições podem ter sido ainda maiores. Ter Aristóteles como tutor o transformaraemumintelectualeemumhomemdeação, preocupadotantocom arteeciênciaquantocomguerraepolítica. Porserumhomemdevisão, eleteria sentidoque acidade projetadaporDeinócrates atrairiainevitavelmente nãosó comerciantes ricos, mas também eminentes estudiosos, artistas e homens de ciência. Mas se Alexandre daMacedôniafoi ofundadorefetivode umacidade que se tornaria o epicentro do pensamento grego e romano dos novecentos anos seguintes, temos de agradecer também a seus sucessores imediatos, os três primeirosPtolomeus,pelacriaçãodeseusingularcentrodesaber. Cabem, portanto, algumas palavras sobre esses três primeiros reis gregos da trigésima segunda e última dinastia dos faraós do Egito, sem os quais provavelmente nunca teria existido a antiga Biblioteca de Alexandria nem, consequentemente, um renascimento multimilionário cerca de vinte e três séculosdepois.

Description:
A biblioteca de Alexandria foi o mais importante epicentro do saber que o mundo antigo conheceu. Neste livro o autor compõe um amplo painelhistórico sobre Alexandria narrando episódios como a fundação da cidade aconstrução do Farol a desastrosa manobra tática de Júlio César - que incendiar
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