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Bíblia - Novo testamento, vol. II Apóstolos, Epístolas, Apocalipse PDF

584 Pages·2018·2.7 MB·Portuguese
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Sumário INTRODUÇÃO 1. Cânone 2. Pseudoepigrafia 3. Paulo O TEXTO DO NOVO TESTAMENTO ABREVIATURAS E SINAIS UTILIZADOS A A TOS DOS PÓSTOLOS Nota introdutória aos Atos dos Apóstolos Atos dos Apóstolos E PÍSTOLAS Cartas de Paulo Nota introdutória à Carta aos Romanos Carta aos Romanos Nota introdutória à correspondência coríntia de Paulo 1a Carta aos Coríntios 2a Carta aos Coríntios Nota introdutória à Carta aos Gálatas Carta aos Gálatas Nota introdutória à Carta aos Efésios Carta aos Efésios Nota introdutória à Carta aos Filipenses Carta aos Filipenses Nota introdutória à Carta aos Colossenses Carta aos Colossenses Nota introdutória à 1a Carta aos Tessalonicenses 1a Carta aos Tessalonicenses Nota introdutória à 2a Carta aos Tessalonicenses 2a Carta aos Tessalonicenses Nota introdutória às Cartas Pastorais 1a Carta a Timóteo 2a Carta a Timóteo Carta a Tito Nota introdutória à Carta a Filêmon Carta a Filêmon Carta aos Hebreus Nota introdutória à Carta aos Hebreus Carta de Tiago Nota introdutória à Carta de Tiago Cartas de Pedro Nota introdutória à 1a Carta de Pedro 1a Carta de Pedro Nota introdutória à 2a Carta de Pedro 2a Carta de Pedro Cartas de João Nota introdutória à 1a Carta de João 1a Carta de João Nota introdutória à 2a Carta de João 2a Carta de João Nota introdutória à 3a Carta de João 3a Carta de João Carta de Judas Nota introdutória à Carta de Judas A POCALIPSE Nota introdutória ao Apocalipse Apocalipse BIBLIOGRAFIA Introdução 1. Cânone Visto sob um prisma estritamente histórico, o Novo Testamento constitui uma coletânea de escritos cristãos, cujo denominador comum é o fato de os pressupostos desses mesmos escritos terem se afigurado apropriados com a corrente de cristianismo que se afirmaria, a partir do século IV, como a ortodoxia oficial sob proteção do imperador, contra muitas outras correntes cristãs repudiadas e perseguidas pela ortodoxia vencedora como “heréticas”.1 Constantino, o primeiro imperador cristão, quis uma Igreja de pensamento uniforme e incentivou, por isso, a supressão não só de heresias como dos textos que as veiculavam. Do Concílio de Niceia, a que Constantino presidiu em 325, saiu a determinação oficial de que quem estava na posse de escritos heréticos devia entregá-los para serem queimados; quem não o fizesse, sujeitava-se à pena de morte. Essa ideia de que textos veiculadores de um cristianismo “errado” deviam ser queimados persistiu ao longo dos séculos: no início do século VII, é atribuída a um presbítero chamado Ciríaco uma visão da Virgem Maria a visitar o mosteiro onde ele residia perto do rio Jordão, acompanhada por dois homens de nome João (o Evangelista e o Batista). Convidada pelo presbítero visionário a entrar na cela, a Mãe de Deus recusa-se, com a justificativa de que lá dentro se encontra o seu “inimigo”. Perplexo sobre a identidade desse inimigo numa cela onde não está ninguém a não ser ele próprio, o presbítero chega à conclusão de que o “inimigo” da Virgem é o texto de um cristão herético que, sem ele saber, estava encadernado dentro de um livro ortodoxo pertencente à sua pequena biblioteca. As páginas em causa são de imediato rasgadas e queimadas.2 À nossa consciência contemporânea, que convive com a realidade irreversível de diferentes cristianismos (católico, ortodoxo, protestante, evangélico, mórmon, batista, pentecostal etc.), colocam-se algumas dificuldades na compreensão das razões que levaram a que, nos primeiros séculos do cristianismo, “ortodoxia” e “heresia” se opusessem enquanto caso de vida e de morte. E a nossa dificuldade não reside apenas em encararmos o fato de, afinal, a despenalização do cristianismo por Constantino não ter trazido o fim da perseguição dos cristãos: a perseguição de cristãos continuou após a despenalização, legalização e (já no século V) obrigatoriedade do cristianismo, apenas com a diferença de os perseguidores dos cristãos já não serem pagãos, mas sim outros cristãos. Essas diferenças na concepção daquilo que devia ser o cristianismo já eram palpáveis mesmo na realidade histórica anterior, quando os cristãos corriam risco de vida num contexto sociopolítico e religioso (o Império Romano pagão) em que a sua religião era proibida. No início do século IV, um grupo de cristãos encarcerados em Cartago e aguardando a morte na arena padece na prisão de fome e de sede, porque à porta do cárcere um grupo de outros cristãos montou piquete para impedir que água e alimentos chegassem aos “heréticos”. De Alexandria vem a história do bispo na prisão que recorre ao seu cobertor para criar uma cortina divisória na cela, que ele tem de dividir com outros cristãos condenados à morte: a iminência do sofrimento selvagem a que todos esses proscritos estarão em breve sujeitos não traz qualquer sentimento de reconciliação; para o bispo ortodoxo, os “heréticos” têm de ficar do outro lado da cortina.3 Quando olhamos para o elenco dos 27 livros que integram, pelo menos desde o século IV, o cânone do Novo Testamento, não podemos perder de vista o fato de este conjunto de evangelhos e epístolas — no qual encontramos também um exemplo do gênero literário “atos dos apóstolos” e outro do gênero “apocalipse” — não constituir a reunião completa dos muitos evangelhos, atos, epístolas e apocalipses que foram escritos nos primeiros tempos do cristianismo. Desses textos que não entraram no Novo Testamento — por exemplo, os Evangelhos de Tomé, de Pedro, de Judas, de Maria (Madalena); ou os Atos de Paulo e Tecla; ou os Apocalipses4 de que existem igualmente variadíssimos exemplos — temos somente versões fragmentárias, em vários casos traduzidas para língua copta a partir de um perdido original grego. O fato de esses textos não terem nos chegado completos deve-se à tentativa sistemática de os suprimir. Se hoje desfrutamos de um conhecimento histórico mais abrangente do que foi a Escritura cristã nos primeiros séculos que se seguiram à morte de Jesus, é em grande parte graças à descoberta fortuita, em 1945, de um contentor de barro no Egito, perto da localidade de Nag Hammadi, onde se encontrou um conjunto de livros (evangelhos, epístolas, apocalipses e atos apócrifos) que teria pertencido, talvez, a uma biblioteca monástica. Esses livros escaparam à destruição porque alguém, em vez de os queimar, decidiu enterrá-los naquele local, onde permaneceram, sem que ninguém tivesse conhecimento deles, durante mais de 1500 anos. Um dos motivos que terá levado ao enterro, em Nag Hammadi, desses escritos cristãos apócrifos pode relacionar-se com uma importante carta pascal, escrita por Atanásio, bispo de Alexandria, em 367. Nessa carta (no 39 das Cartas festivas), dirigida aos fiéis sob sua supervisão (não esquecer o sentido literal da palavra grega epískopos, “bispo”: supervisor), Atanásio critica fortemente a leitura de escritos heréticos, ao mesmo tempo que registra o elenco dos 27 livros que os cristãos devem ler para granjear a salvação: esses 27 livros são, justamente, aqueles que compõem aquilo a que chamamos o Novo Testamento. Embora se trate, no caso da carta de Atanásio, da primeira lista completa e oficial do cânone do Novo Testamento (na qual surge explicitamente a denominação “cânone”), é de supor que, já antes, o cânone estivesse fixado com um perfil idêntico ou muito parecido.5 No final do século II, um bispo chamado Ireneu, residindo no que é hoje a cidade francesa de Lyon, já explicita claramente que há só quatro evangelhos que podem ser aceitos — os de Mateus, Marcos, Lucas e João —, usando como justificativa a ideia algo desconcertante de que, tal como só há quatro ventos e quatro “cantos do mundo” (isto é, quatro pontos cardeais), também só pode haver quatro evangelhos (Contra as heresias 3.11.8). Claro que a leitura comparativa dos evangelhos canônicos e dos restos que nos chegaram dos apócrifos não nos deixa qualquer dúvida quanto à absoluta imprescindibilidade de Mateus, Marcos, Lucas e João (talvez os livros mais extraordinários da história da humanidade). No entanto, parece cada vez mais evidente a um número crescente de estudiosos da história do cristianismo que os evangelhos apócrifos vêm enriquecer o modo como compreendemos, em contexto, os evangelhos canônicos. Em especial, o Evangelho de Tomé e o Evangelho da Verdade (e, à sua maneira, os Evangelhos de Judas e de Maria) são textos que complementam o retrato espiritual daquilo que foram as diferentes tendências do movimento paleocristão, antes da uniformização forçada (que seria imposta no século IV). Ao mencionarmos acima Ireneu, escrevendo no século II contra tudo o que ele sentia como contrário à ortodoxia, não devemos esquecer que, também nos escritos do mártir Justino (meados do século II), encontramos como que uma antevisão da lista dos textos que seriam definidos mais tarde, na carta de Atanásio, como canônicos. Há quem pense datar também do século II uma lista dos livros do Novo Testamento descoberta, no século XVIII, na Biblioteca Ambrosiana de Milão pelo padre italiano Ludovico Muratori.6 Trata-se de um fragmento (conhecido desde então pelo nome Fragmento ou Cânone de Muratori) encontrado dentro de um códice, que teria em tempos feito parte de outro códice mais antigo. A lista não está completa (falta a menção de alguns livros registrados por Atanásio, como as duas Cartas de Pedro, a Carta de Tiago e a Carta aos Hebreus), mas tem a particularidade de admitir no cânone o livro de Apocalipse (cujo estatuto canônico não era ainda consensual, como sabemos pelo fato de grandes figuras da Igreja do século IV — Eusébio, Cirilo de Jerusalém e Gregório de Nazianzo — terem exprimido dúvidas, nos seus próprios escritos, quanto à canonicidade do Apocalipse de João).7 Mais curiosa ainda é a circunstância de lermos no fragmento de Muratori a informação de que o Apocalipse de Pedro também devia ser incluído. Que Apocalipse de Pedro será esse? No final do século XIX, foi descoberta numa necrópole no Egito uma versão em grego (enterrada, ao que parece, junto com o monge a quem o manuscrito pertencia). Mais tarde, em 1945, em Nag Hammadi, foi descoberto outro Apocalipse de Pedro, dessa feita em língua copta, cujo conteúdo é bem diferente do Apocalipse de Pedro primeiramente encontrado. É duvidoso, no entanto, que quem elaborou a lista do fragmento de Muratori estivesse disposto a admitir no cânone o Apocalipse encontrado em Nag Hammadi, pois a visão que aí é apresentada de um Jesus “corporal” sendo pregado na cruz, enquanto o verdadeiro Jesus “vivo” ri da cena da crucificação, não é consentânea com a noção ortodoxa (sobretudo defendida na epistolografia de Paulo) da centralidade na crença cristã de um Cristo efetivamente crucificado e ressuscitado.

Description:
Trad. Frederico Lourenço "Concluindo a publicação do Novo Testamento, este segundo volume da tradução da Bíblia grega reúne os Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse. Com apresentação, tradução e notas de Frederico Lourenço, tradutor premiado que já verteu para o português o
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