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Berlim 1961 - Kennedy, Khrushchev e o lugar mais perigoso do mundo PDF

608 Pages·2013·0.11 MB·Portuguese
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Para Pam Sumário Prefácio — General Brent Scowcroft Apresentação: O lugar mais perigoso do mundo Parte I: Os atores 1. Khruschóv: um comunista com pressa A história do estupro de Marta Hillers 2. Khruschóv: a Crise de Berlim 3. Kennedy: a formação de um presidente O Atirador vem do frio 4. Kennedy: um primeiro erro 5. Ulbricht e Adenauer: alianças turbulentas A fuga frustrada de Friedrich Brandt 6. Ulbricht e Adenauer: inversão de papéis Parte II: A tempestade se forma 7. Primavera para Khruschóv 8. Coisa de amador Jörn Donner descobre a cidade 9. Diplomacia perigosa 10. Viena: Little Boy Blue encontra Al Capone 11. Viena: a ameaça de guerra 12. Verão agitado Marlene Schmidt, a mais bela refugiada do universo Parte III: O confronto 13. “O lugar do grande teste” Ulbricht e Kurt Wismach se desentendem 14. O Muro: construindo a armadilha 15. O Muro: dias de desespero Eberhard Bolle acaba na prisão 16. O retorno de um herói 17. Pôquer nuclear 18. Tensão no Checkpoint Charlie Epílogo: Desdobramentos Agradecimentos Notas Referências bibliográficas Créditos das imagens Prefácio General Brent Scowcroft Os historiadores têm investigado muito mais profundamente a Crise dos Mísseis de 1962 em Cuba que a Crise de Berlim do ano anterior. Entretanto, apesar de toda a atenção dedicada a Cuba, o que aconteceu em Berlim foi ainda mais decisivo para a configuração da era entre o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e a unificação alemã e a dissolução da União Soviética, em 1990 e 1991. Foi a construção do Muro de Berlim, em agosto de 1961, que exacerbou a hostilidade mútua da Guerra Fria, que se estenderia por mais três décadas, mantendo-nos presos a hábitos, procedimentos e suspeitas que só desapareceriam junto com o mesmo Muro, em 9 de novembro de 1989. Ademais, havia uma intensidade especial nessa primeira crise. Segundo William Kaufman, estrategista do governo Kennedy que, do Pentágono, atuou em Berlim e Cuba, “Berlim foi o pior momento da Guerra Fria. A meu ver, embora eu estivesse profundamente envolvido com a Crise dos Mísseis em Cuba, o confronto por Berlim, sobretudo depois da construção do Muro, quando tanques soviéticos e americanos ficaram literalmente frente a frente com as armas apontadas, era uma situação mais perigosa. No meio da semana da Crise dos Mísseis, tínhamos indicações muito claras de que os russos não iam nos levar ao limite. […] Não era o que acontecia em Berlim”.* Fred Kempe contribui para nosso entendimento crucial dessa época, reunindo a competência narrativa do jornalista, os dotes analíticos do cientista político e a habilidade do historiador em utilizar antigos documentos secretos americanos, russos e alemães para nos dar uma visão única das forças e dos indivíduos que estiveram por trás da construção do Muro de Berlim — a icônica barreira que acabou por simbolizar as divisões da Guerra Fria. Infelizmente, a história não revela suas alternativas. Contudo, o importante livro de Kempe leva o leitor a refletir sobre aspectos cruciais da Crise de Berlim que levantam questões mais amplas sobre a liderança presidencial americana. A Guerra Fria poderia ter terminado antes se o presidente John F. Kennedy tivesse conduzido de outra forma suas relações com Nikita Khruschóv? Nas primeiras horas da gestão Kennedy, Khruschóv libertou pilotos americanos capturados, publicou em jornais soviéticos o texto integral do discurso de posse do novo presidente e reduziu a interferência do Estado nas transmissões das rádios Free Europe e Liberty. Kennedy poderia ter avaliado melhor as possibilidades que estavam por trás das atitudes conciliatórias de Khruschóv? Se Kennedy tivesse tratado Khruschóv de outra forma na Cúpula de Viena, em junho de 1961, o líder soviético teria rejeitado a ideia de fechar a fronteira de Berlim dois meses depois? Ou, por outro lado, como sugerem alguns: é possível que a aquiescência de Kennedy à construção do Muro, em agosto de 1961, fosse a melhor entre as más alternativas num mundo perigoso? Essas questões são importantes. Outra pergunta levantada pela envolvente narrativa de Kempe é se nós, com o tempo, veremos a Guerra Fria de outra maneira. A Guerra Fria não foi simplesmente um impasse com uma União Soviética disposta a dominar o mundo; também foi alimentada por uma série de interpretações equivocadas do que o outro lado pretendia fazer. Berlim: 1961, o relato da falta de comunicação e entendimento entre os Estados Unidos e a União Soviética nessa época crucial, nos leva a perguntar se poderíamos ter chegado a resultados melhores se tivéssemos compreendido com mais clareza as forças internas, econômicas, políticas e outras que motivavam a conduta de nossa rival. Ninguém pode responder com algum grau de certeza. Contudo, levantar essas questões no contexto de Berlim: 1961 é tão importante para encontrar caminhos no futuro quanto para entender o passado. As páginas que se seguem contêm pistas e advertências particularmente oportunas para o primeiro mandato de outro presidente jovem e relativamente inexperiente, Barack Obama, que, como Kennedy, chegou à Casa Branca com uma agenda de política externa empenhada em enfrentar nossos adversários com maior habilidade e entender com mais segurança o que está por trás de conflitos aparentemente insolúveis a fim de poder resolvê-los melhor. Conheço um pouco dessas questões e desses desafios porque houve uma época em que tratei com o líder soviético Mikhail Gorbatchóv, quando atuei como consultor de Segurança Nacional na Casa Branca de George H. W. Bush. Os dois presidentes que lidaram com Gorbatchóv — Bush e Ronald Reagan — eram homens muito diferentes. No entanto, ambos entendiam que, para tentar acabar com a Guerra Fria, não havia nada mais importante que a maneira como se relacionavam com seu colega soviético. Apesar de rotular os soviéticos de “o Império do Mal”, o presidente Reagan participou de cinco encontros com Gorbatchóv e de incontáveis acordos concretos que ajudaram a estabelecer uma relação de confiança entre os dois países. Quando o Muro de Berlim caiu, em 1989, e trabalhávamos para efetuar a unificação alemã, o presidente Bush resistiu a todas as tentações de se vangloriar ou se lamentar. Coerentemente, enviou a mensagem de que ambos os lados venceriam com o fim da Guerra Fria. Observando essa moderação em suas declarações públicas, também evitou dar aos inimigos de Gorbatchóv no Politburo soviético qualquer pretexto para modificar a política que ele implantara ou para derrubá-lo do cargo. Só podemos imaginar se um Kennedy mais firme ou mais conciliatório poderia ter alterado a história na Berlim de 1961. O que é indiscutível é que os fatos daquele ano congelaram a Guerra Fria numa época em que a ruptura de Khruschóv com o stalinismo poderia ter proporcionado as primeiras possibilidades de um degelo. Berlim: 1961 nos leva a rever esses acontecimentos sob novas luzes, esmiuçando a natureza fundamental dos Estados Unidos e da União Soviética, o ambiente político em cada um desses países e o papel crucial desempenhado pelo caráter pessoal de seus líderes, e transformando esses elementos nas histórias igualmente importantes de como esses fatores atuaram na Alemanha Oriental e na Alemanha Ocidental. É um livro empolgante, baseado em farta pesquisa, que convida a pensar, capta a emoção do momento em seu vívido cenário berlinense e desafia o conhecimento convencional sobre um dos anos mais decisivos da Guerra Fria. * Entrevista com o professor William Kaufman, 30/08/1996. National Security Archive, George Washington University. (N. A.) Apresentação O lugar mais perigoso do mundo Quem possui Berlim possui a Alemanha, e quem controla a Alemanha controla a Europa.1 Vladimir Lênin, citando Karl Marx Berlim é o lugar mais perigoso do mundo. A União Soviética quer executar uma operação nesse ponto doloroso para eliminar esse espinho, essa úlcera [...].2 O premiê Nikita Khruschóv ao presidente John F. Kennedy na Cúpula de Viena, 4 de junho de 1961 CHECKPOINT CHARLIE, BERLIM SEXTA-FEIRA, 27 DE OUTUBRO DE 1961, 21 HORAS Não houvera, até então, momento mais perigoso na Guerra Fria. Sem se deixar intimidar pela noite úmida e repleta de riscos, os berlinenses saíram pelas ruas estreitas que conduziam ao Checkpoint Charlie. Na manhã seguinte, os jornais calculariam seu número em cerca de quinhentos, uma pequena multidão, considerando que eles poderiam ter testemunhado os primeiros disparos de uma guerra termonuclear. Depois de seis dias de tensão crescente, tanques americanos M48 Patton e soviéticos T-54 encontravam-se frente a frente, a pequena distância uns dos outros — dez de cada lado, com mais umas duas dúzias de reserva nas proximidades.3 Protegendo-se da garoa apenas com guarda-chuva, jaqueta e capuz, a multidão se empurrava para ter uma visão melhor da Friedrichstrasse, da Mauerstrasse e da Zimmerstrasse, as três ruas cuja junção era a passagem básica entre leste e oeste para veículos militares e civis dos aliados e para pedestres. Algumas pessoas se postaram nos telhados. Outras, incluindo um grupo de fotógrafos e repórteres, debruçavam-se nas janelas de edifícios baixos ainda marcados pelos bombardeios da guerra. Do local, o repórter da CBS News Daniel Schorr informou a seus ouvintes, com toda a dramaticidade de sua imperiosa voz de barítono: “Esta noite, a Guerra Fria ganhou nova

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Em junho de 1961, Nikita Khruschóv chamou Berlim de “o lugar mais perigoso do mundo”. Ele não exagerava: a resistência das potências ocidentais em desocupar militarmente a porção oeste da cidade, conforme exigido por diversos ultimatos do líder comunista - que tentava conter as correntes
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