1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Centro De Educação E Humanidades Instituto De Psicologia PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL Patrícia de Souza Barros Avaliação da empatia em crianças e adolescentes com Síndrome de Asperger Rio de Janeiro 2008. Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Patrícia de Souza Barros AAvvaalliiaaççããooddaaeemmppaattiiaaeemmccrriiaannççaasseeaaddoolleesscceenntteess ccoommSSíínnddrroommeeddeeAAssppeerrggeerr Dissertação de mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Psicologia. Área de concentração: Psicologia Social. Orientadora: Profa Eliane Mary de Oliveira Falcone Rio de Janeiro 2008. CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ / Rede Sirius / Biblioteca CEH/A B 277 Barros, Patrícia de Souza. Avaliação da empatia em crianças e adolescentes com Síndrome de Asperger / Patrícia de Souza Barros. - 2008. 93 f. Orientadora: Eliane Mary de Oliveira Falcone. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia. 1. Autismo - Teses. 2. Síndrome de Asperger –- Teses. 3. Empatia – Teses. I. Falcone, Eliane Mary de Oliveira.. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Psicologia. III. Título. CDU 616.895 1 DEDICATÓRIA Aos pacientes com Síndrome de Asperger que me fizeram entender com mais clareza a necessidade das relações sociais para a sobrevivência humana. Através deles, pude perceber melhor a importância das amizades. Por causa deles, também pude compreender que existem meios para encontrá-las... 2 AGRADECIMENTOS Profª. Drª. Eliane Mary de Oliveira Falcone pela parceria eficaz e cuidadosa, pelo incentivo à qualidade do trabalho científico. Profº. Drº. Fábio Barbirato pelo incentivo ao trabalho com as crianças com Síndrome de Asperger e pela idéia em transformar a prática clínica em contribuição científica. Profª. Drª. Rita Thompson pela disponibilidade em convidar os pacientes da Santa de Misericórdia para participarem desta pesquisa. Profº. Maurício Perez pela contribuição no trabalho estatístico. Drª. Adriana Nunan, pela contribuição no abstract. Lívia Santanna, pela contribuição na revisão. Meus pais, Antônio Carlos e Lizete, por me ensinarem o valor das relações sociais. Finalmente, Fábio Marcondes Carôlo, meu esposo, por compartilhar anseios e alegrias durante a preparação desta dissertação. 3 RESUMO A empatia, a capacidade humana de inferir e compartilhar os pensamentos e os sentimentos das outras pessoas, vem sendo estudada na sua importância para a construção de interações sociais bem-sucedidas. Ao longo da infância e adolescência, essa habilidade parece aprimorar-se num conjunto em que aspectos cognitivos e ambientais se entrelaçam. Nos indivíduos com a Síndrome de Asperger, esse desenvolvimento não ocorre de forma satisfatória e as relações sociais não se consolidam de forma eficaz. Muitos estudos têm verificado a participação dos déficits em empatia, especialmente no seu componente cognitivo, como base para as inabilidades sociais desta síndrome. A maioria deles tem dedicado suas investigações em aspectos referentes à noção de Teoria da Mente, que parece corresponder ao componente cognitivo da empatia. O presente estudo teve como objetivo comparar os níveis de empatia entre crianças e adolescentes com Síndrome de Asperger e de desenvolvimento típico, buscando as relações entre o processo de identificação de emoções simples (alegria, tristeza, raiva e medo) e complexas (inveja, orgulho e embaraço) e os níveis de teoria da mente (primeiro e segundo nível). Os participantes constituíram-se de 60 crianças e adolescentes entre 8 e 16 anos, divididos em dois grupos: um grupo com a Síndrome de Asperger e um grupo controle de indivíduos com desenvolvimento típico. Para avaliar o nível de empatia, através da identificação de emoções, foram utilizadas cenas de vídeos de curta duração, em que, quanto mais acurado o reconhecimento das emoções, maior seria o nível de empatia da criança/adolescente. Foram analisadas, também, as justificativas para cada emoção reconhecida. Nesta análise, buscou-se averiguar se os indivíduos com Asperger utilizavam, em suas respostas, mais expressões referentes aos estados mentais do que aqueles de desenvolvimento típico. Além disso, avaliou-se se suas justificativas expressavam menos a presença de ‘audiência’, ou seja, a presença de outras pessoas, além dos personagens principais, como deflagradoras das emoções. Para a avaliação de teoria da mente, utilizou-se como instrumentos as tarefas de teoria da mente de Sally & Anne e a tarefa do ‘Caminhão de sorvetes’. Os resultados apontaram que o grupo com a Síndrome de Asperger obteve menores níveis de empatia do que os indivíduos de desenvolvimento típico, tanto na identificação de emoções simples quanto nas emoções complexas. Na análise das justificativas, o grupo com Asperger mostrou menos referências aos estados mentais internos e menos presença de audiência. O nível de teoria da mente também foi menor no grupo com Asperger, em que alguns indivíduos, mas não todos, chegaram ao segundo nível de teoria da mente, mostrando, assim, que existe um atraso no desenvolvimento desta habilidade. Esses resultados parecem apontar que além do atraso no desenvolvimento da teoria da mente, as crianças e adolescentes com a Síndrome de Asperger percebem as situações sociais de modo peculiar, utilizando estratégias mais rígidas e concretas, não priorizando a inferência de estados mentais alheios. Tais dados sugerem que esses indivíduos podem se beneficiar de estratégias de treinamento em empatia que focalizem o aprendizado da inferência de estados mentais e o reconhecimento da ‘audiência’ para a identificação de emoções simples e complexas. Palavras-chave: Síndrome de Asperger. Empatia. Autismo. 4 ABSTRACT Empathy, the human capacity to infer and share other people’s thoughts and feelings, has been studied in its importance for the construction of successful social interactions. Throughout childhood and adolescence, this ability seems to improve in a group of cognitive and social aspects that are intertwined. In individuals with Asperger Syndrome, this development does not occur satisfactorily and social relations do not consolidate effectively. Several studies have verified the role of empathy deficits, particularly in their cognitive component, as a basis for this syndrome’s social inabilities. Most of them have dedicated their investigations to aspects regarding the notion of Theory of Mind, which seems to correspond to empathy’s cognitive component. Therefore, the present study has the objective of comparing empathy in Asperger’s Syndrome and typical development children, searching for the relations that exist between the process of identifying simple emotions (happiness, sadness, anger and fear), complex ones (envy, pride, embarrassment), and Theory of Mind levels (first and second levels). The participants in the study were 60 children and adolescents, ages 8 to 16, divided into two groups: a group with Asperger Syndrome and a control group of individuals with typical development. In order to evaluate empathy level, through the identification of emotions, scenes from short videos were used, in a way in which the greater the recognition of emotions, the higher the child’s or adolescent’s empathy level would be. Justifications for each emotion recognized were also analyzed. In this analysis, we tried to investigate if individuals with Asperger Syndrome used, in their answers, more expressions that referred to mental states, as opposed to individuals with a typical development. Besides this, we evaluated if their justifications expressed less the presence of an ´audience´, that is, the presence of other people, beyond the major characters, as emotion triggers. In order to evaluate mind theory we utilized tasks such as Sally & Anne and the ´Ice Cream Truck´. The results indicate that the group with Asperger Syndrome obtained smaller empathy levels than individuals with typical development, both in the identification of simple emotions, as well as in complex emotions. In the justification analysis, the group with Asperger showed less reference to internal mental states and less audience presence. The mind theory level was also lower in the group with Asperger, in which some individuals, but not all, reached the second mind theory level, showing, therefore, that there exists a delay in this ability’s development. These results suggest that besides the delay in the development of mind theory, children and adolescents with Asperger Syndrome perceive social situations in a peculiar way, utilizing more rigid and concrete strategies, and not prioritizing the inference of other people’s mental states. Such data points out that these individuals could benefit from empathy training strategies that focus on learning to infer mental states, as well as on the recognition of the `audience´ for the identification of simple and complex emotions. Key Words: Asperger Syndrome.Empathy.Autism. 5 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Comparação da idade e do QI entre o grupo caso e o grupo controle....46 Tabela 02 – Resultados do nível de empatia associados estatisticamente..................57 Tabela 03 – Resultados estatisticamente correlacionados entre os grupos sobre a descrição de estados internos e a presença de audiência.............................................58 Tabela 04 – Exemplos de respostas do grupo com Síndrome de Asperger e do grupo controle........................................................................................................................59 Tabela 05 – Correlações dos resultados gerais entre as variáveis estudadas..............61 Tabela 06 – Correlações entre QI e empatia...............................................................62
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