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Arthur Machen e O grande deus Pã PDF

189 Pages·2016·1.43 MB·Portuguese
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Guilherme da Silva Braga ARTHUR MACHEN E O GRANDE DEUS PÃ: UMA PROPOSTA FUNCIONALISTA DE TRADUÇÃO RETROSPECTIVA Porto Alegre 2016 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Letras Programa de Pós-Graduação em Letras Estudos de Literatura Literaturas Inglesas ARTHUR MACHEN E O GRANDE DEUS PÃ: UMA PROPOSTA FUNCIONALISTA DE TRADUÇÃO RETROSPECTIVA Guilherme da Silva Braga Orientadora: Profª Drª Rosalia Angelita Neumann Garcia Tese de doutorado apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre 2016 Todas as citações no presente trabalho são feitas de acordo com a Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, que no Capítulo IV, Artigo 46, estabelece que “Não constitui ofensa aos direitos autorais a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra”. On doit le dieu Pan honorer Sans demorer Et deseur toutes aorer Car ce est nostre amis. Deus doux Pan ne nos oublié mie. Il n'est nus, Tant ait fait de pechiés Tant soit bleciés Qui ne soit bien tost redreciés Se de fin cuer le prie. Par li avons tuit Joie et honor Grant et menor Deus doux Pan qui tot a en baillie. Tant au deus Pan de bonté C’est tout comté Que par li soumes remonté De mort en haute vie. — Stille Volk, Le Satyre Cornu Resumo A partir da teoria do escopo formulada por Katharina Reiß e Hans Vermeer em Grundlegung einer allgemeinen Translationstheorie (1984) e de uma expansão do modelo de análise textual de relevância tradutória apresentado por Christiane Nord em Textanalyse und Übersetzen (1988), a presente tese de doutorado apresenta um novo modelo teórico para a execução da TRADUÇÃO RETROSPECTIVA, definida como a tradução a posteriori de um T P (texto precursor) ainda inédito na cultura-alvo que mantenha uma relação de influência e/ou precedência cronológica com um T (texto sucessor) já traduzido anteriormente para a S cultura-alvo, de maneira que a tradução de T cause a impressão de ser anterior e/ou de ter P influenciado a tradução de T . A tradução retrospectiva tem por objetivo simular, na cultura- S alvo, a relação existente entre o original de T e o original de T na cultura-fonte através de P S uma inversão das relações de influência literária segundo os moldes propostos por Jorge Luis Borges no ensaio “Kafka y sus precursores”. Uma vez exposto o modelo teórico, o trabalho apresenta um estudo de caso sobre o volume O grande deus Pã, totalmente concebido em função de uma tradução retrospectiva do T The Great God Pan, de Arthur Machen, feita com uma visada sobre o T “The Dunwich P S Horror”, de Howard Phillips Lovecraft, traduzido anteriormente por mim. PALAVRAS-CHAVE: Tradução literária. Teoria do escopo. Análise textual de relevância tradutória. Tradução retrospectiva. Arthur Machen. Howard Phillips Lovecraft. Abstract By building on the Skopos theory proposed by Katharina Reiß and Hans Vermeer in Grundlegung einer allgemeinen Translationstheorie (1984) and on an expansion of the model for text analysis in translation presented by Christiane Nord in Textanalyse und Übersetzen (1988), this doctoral dissertation introduces a new theoretical model for RETROSPECTIVE TRANSLATION, defined as an a posteriori translation of a PT (precursor text) still unpublished in the target culture which in turn maintains a relationship of influence and/or chronological precedence with an ST (successor text) previously translated in the target culture, so that the translation of PT may seem to have anticipated and/or influenced the translation of ST. The objective of a retrospective translation is to simulate, in the target culture, the existing relation between the original of PT and the original of ST in the source culture by promoting an inversion of traditional literary influence relations inspired by Jorge Luis Borges's essay “Kafka and his precursors”. Once the theoretical model is laid out, there follows a case study of the volume O grande deus Pã, entirely conceived around a retrospective translation of the PT The Great God Pan, by Arthur Machen, done with a backward glance toward the ST “The Dunwich Horror”, by Howard Phillips Lovecraft, previously translated by me. KEYWORDS: Literary translation. Skopos theory. Text analysis in translation. Retrospective translation. Arthur Machen. Howard Phillips Lovecraft. Sumário INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................................................................9 PARTE I TEORIA 1. A análise textual de relevância tradutória de Christiane Nord: Apresentação.................................................................................................18 2. A análise textual de relevância tradutória de Christiane Nord: Resumo..........................................................................................................19 2.1. Pressupostos teóricos..........................................................................................................................................................................20 2.2. As tarefas da análise do texto-fonte....................................................................................................................................................22 2.3. Fatores da análise textual....................................................................................................................................................................28 2.3.1. Fatores extratextuais..............................................................................................................................................................29 2.3.2. Fatores intratextuais..............................................................................................................................................................37 2.3.3. Efeito.....................................................................................................................................................................................47 2.4. Análise textual de relevância tradutória: Perguntas norteadoras........................................................................................................51 2.5. Análise textual de relevância tradutória: Matriz de decisões..............................................................................................................57 3. Borges e “Kafka y sus precursores”.................................................................................................................................................................58 4. Tese: Possibilidade e justificativa da tradução retrospectiva...........................................................................................................................60 4.1. Sobre o conceito de intertextualidade aplicado à tradução retrospectiva...........................................................................................68 PARTE II PRÁTICA 5. Aplicação prática da tradução retrospectiva: Estudo de caso...........................................................................................................................73 5.1. The Great God Pan: Resumo..............................................................................................................................................................74 5.2. “The Dunwich Horror”: Resumo........................................................................................................................................................82 5.3. The Great God Pan e “The Dunwich horror”: Relações intertextuais...............................................................................................92 6. A tradução retrospectiva: O grande deus Pã..................................................................................................................................................102 6.1. Projeto de tradução retrospectiva......................................................................................................................................................104 6.1.1. Arthur Machen – The Great God Pan: Análise textual de relevância tradutória................................................................105 6.1.2. Howard Phillips Lovecraft – “The Dunwich Horror” / O horror de Dunwich: Análise textual de relevância tradutória..112 6.1.3. Tradução retrospectiva: Matriz de decisões........................................................................................................................118 6.2. Discussão dos aspectos extratextuais do T desejado......................................................................................................................121 PT 6.3. Discussão dos aspectos intratextuais do T desejado......................................................................................................................123 PT 6.3.1. The Great God Pan e “The Dunwich Horror”: Vocabulário compartilhado......................................................................124 6.3.2. The Great God Pan e outras obras de Lovecraft: Vocabulário compartilhado...................................................................148 6.3.3. O grande deus Pã, O horror de Dunwich e outras obras de Lovecraft em tradução: Soluções mistas..............................156 6.3.4. A tradução retrospectiva de O grande deus Pã: tabela resumida.......................................................................................174 7. Efeito de individualidade e possibilidade de negação do modelo da tradução retrospectiva.........................................................................176 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................................................................177 GLOSSÁRIO DE ABREVIAÇÕES EMPREGADAS......................................................................................................................................................184 ÍNDICE DE FIGURAS.............................................................................................................................................................................................185 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................................................................................186 9 Introdução Desde cedo em minha carreira como tradutor literário (era o ano de 2007 e eu trabalhava em minha quarta tradução profissional) comecei a me preocupar com as questões tradutórias que viriam a culminar neste trabalho. Mais precisamente, quando fui convidado a traduzir o romance experimental Visions of Cody, de Jack Kerouac: eu sabia que o autor tinha uma legião de fãs no Brasil e que diversos volumes de sua obra já tinham sido publicados por aqui – em certos casos traduzidos por gente de peso no universo das letras e da cultura pop no país, como Paulo Henriques Brito e Eduardo Bueno. Uma de minhas inúmeras agonias durante o trabalho árduo na tradução deste livro era a possibilidade de que o estilo do meu texto final destoasse daquilo que os leitores brasileiros talvez estivessem acostumados a perceber como sendo a voz de Kerouac em português (uma voz que pertence de fato ao tradutor – embora essa não seja uma discussão a ser feita nesta breve introdução). Assim, comecei a ler diversas traduções de Kerouac e a tomar nota de soluções pontuais e maneiras de pensar soluções que me agradavam, com as quais enchi duas ou três páginas de um surrado bloco de anotações. Aquelas eram soluções que eu conseguia me imaginar usando – ora porque soavam bem, ora porque evidenciavam maneiras interessantes de pensar a tradução que talvez me levassem a soluções novas e inéditas em casos similares –, e eu acreditava que a presença delas no texto ajudaria a suavizar a transição de um tradutor para o outro no caso de um mesmo autor com estilo tão característico. Embora de maneira pouco sistemática, o texto em português de Visões de Cody dialogou com as traduções preexistentes de Kerouac. Aos poucos, outros romances de Kerouac chegaram até mim – Big Sur, Anjos da desolação, Visões de Gerard, Pic. Comecei a reutilizar soluções minhas de caso pensado, especialmente quando surgiam gírias ou marcas de registro informal similares ou idênticas a outras para as quais eu julgava ter encontrado boas resoluções. Assim eu imaginava consolidar minhas próprias soluções anteriores, que a partir desse ponto deixariam de ser casos isolados em meio ao trabalho de outros tradutores para fazer parte de um pequeno número de traduções de um mesmo autor traduzido pelo mesmo tradutor, nas quais os leitores – independente da ordem em que lessem minhas traduções – poderiam surpreender-se com os pequenos reconhecimentos e déjà-vus textuais que eu havia escondido aqui e acolá. Se em minha primeira tradução de Kerouac eu havia tentado ser coerente com as traduções de outros tradutores, a partir da segunda passei a buscar coerência em relação ao meu próprio trabalho 10 anterior. Por fim, entre 2008 e 2013 trabalhei na tradução de mais de vinte contos e novelas de H. P. Lovecraft1, publicados em nove (posteriormente dez) volumes da editora Hedra e em uma edição da revista Arte e Letra: Estórias. O trabalho na obra deste autor me obrigou a refletir sobre a problemática da coerência intertextual em minhas próprias traduções, uma vez que o conjunto da obra de Lovecraft apresenta um enorme número de alusões e referências internas entre diferentes textos. Comecei a elaborar um pequeno glossário com minhas traduções para os nomes das várias criaturas fantásticas que povoam o universo do autor, como night-gaunt (“noctétrico”), Deep One (“Criatura Abissal”) e The Goat With a Thousand Young (“o Bode com a Prole de Mil Filhotes”), palavras antiquadas e/ou obscuras do inglês que acabaram se tornando uma das grandes marcas estilísticas de Lovecraft, como eldtritch (“quimérico”), ichor (“sânie”) e spire (“coruchéu”) e também sintagmas relativos a referentes constantes que apareciam de maneira repetida em um ou mais textos, como blasted heath (“descampado maldito”) ou tarry stickiness (“muco pegajoso”). Aos poucos esse procedimento de consulta às minhas próprias traduções anteriores foi ganhando vulto: passei a traduzir to lurk e derivados de maneira consistente (ou ao menos preferencial) por “espreitar” e derivados, unspeakable por “inefável” e assim por diante. Quando surgia uma palavra marcada ou um fragmento que eu imaginasse já ter traduzido, eu fazia questão de vasculhar minhas traduções anteriores em busca de soluções preexistentes que pudessem vir em meu auxílio. Foram inúmeras as vezes em que recorri ao programa de memória de tradução para gravar soluções novas ou consultar soluções anteriores para escolher a melhor forma de traduzir uma determinada passagem em vista do trabalho feito anteriormente em passagens similares. Como esse método de trabalho foi aplicado de maneira consciente e consistente ao longo dos cinco anos em que trabalhei nas minhas traduções de Lovecraft, não tenho dúvidas em relação ao alto grau de coerência intertextual alcançado no resultado final – não apenas em minhas traduções diretas do autor, mas também nas obras derivadas em que tive a oportunidade de reempregar a mesma terminologia e em certa medida o mesmo estilo, como fiz ao ser 1 Os volumes chamam-se O chamado de Cthulhu e outros contos (2009), A sombra de Innsmouth (2010), Um sussurro nas trevas (2010), A cor que caiu do espaço (2011), A sombra vinda do tempo (2011), Nas montanhas da loucura (2011), A busca onírica por Kadath (2012), O horror de Dunwich (2012) e O caso de Charles Dexter Ward (2013). Além dos contos e novelas constantes no título de cada volume, os livros incluem os contos “Dagon”, “Ar frio”, “O que a lua traz consigo”, “A música de Erich Zann”, “O modelo de Pickman” e “O assombro das trevas” (em O chamado de Cthulhu e outros contos), “O desafio do além (fragmento)” (em A sombra vinda do tempo), “Celephaïs”, “Os gatos de Ulthar”, “Os outros deuses” e “O navio branco” (em A busca onírica por Kadath) e “História do Necronomicon” e “O sabujo” (em O horror de Dunwich), bem como os sonetos “Noctétricos” (em A busca onírica por Kadath) e “Antarktos” (em Nas montanhas da loucura) e diversos outros textos de não-ficção escritos por Lovecraft. Mais tarde, a editora Hedra lançou uma seleção intitulada Os melhores contos de H. P. Lovecraft (2014), que reúne quase todos os contos e novelas citados (sem os respectivos apêndices e introduções) em um volume único organizado por Luis Dolhnikoff. A novela publicada na revista Arte e letra: Estórias citada logo a seguir foi A coisa na soleira da porta.

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sobre a problemática da coerência intertextual em minhas próprias traduções, uma vez que o conjunto da obra de .. garantir um certo grau de coerência intertextual entre O grande deus Pã, “O horror de. Dunwich” e minhas you see the woods and orchards, the fields of ripe corn, and the mea
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