GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE O Método da Problematização: Prevenção às Drogas na Escola e o Combate a Violência ROSANA ROCHA UEL - Londrina 2008 ROSANA ROCHA O Método da Problematização: Prevenção às Drogas na Escola e o Combate a Violência Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria Estadual de Educação Orientador: Maurício de Castro Marchese Londrina 2008 ROCHA, ROSANA. O Método da Problematização: Prevenção às Drogas na Escola e o Combate a Violência. (Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria Estadual de Educação) – Universidade Estadual de Londrina. 2008 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo expor a implementação do Método da Problematização relacionado com a temática das Drogas e da Violência. Essa metodologia foi aplicada no Colégio Pedro I, C E Dom, no município de Lidianópolis – Paraná, com os alunos das séries finais no Ensino Fundamental, na disciplina de Ciências quando evidenciava o conteúdo de sistemas biológicos. Tal metodologia pretende, através das próprias expectativas dos alunos, tornar as aulas mais interativas e aumentar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Arco de Maguerez; formação de professores; prática pedagógica; uso de drogas na escola. ROCHA, ROSANA. The implementation of the Problematization Method – Universidade Estadual de Londrina. 2008 The present work aims to expose the implementation of the Problematization Method connected with the themes of Drugs and Violence. This methodology was applied at Dom Pedro I State School, in Lidianópolis – Paraná, with the students of the final levels of Fundamental School, in the discipline of Sciences when they were studying the content of biological systems. Key-words: Arch of Maguerez; teacher training; pedagogical practice. 5 Introdução Durante toda a história da humanidade, segundo o Dr. Taha Baasher1, quase todas as culturas mundiais tiveram problemas com o uso de drogas. Desde os primeiros registros conhecidos, as drogas têm sido usadas pelas mais diferentes razões, como as religiosas, as medicinais e por prazer. Segundo Baasher (2005) o álcool e o ópio, por exemplo, eram ambos bem conhecidos na cultura egípcia antiga. A maconha era comumente usada em cerimônias hindus, assim como na medicina indiana e chinesa. Os problemas relacionados com drogas não são novos. Atualmente, têm-se os mais variados problemas com drogas, com características complicadas e globais. Ainda segundo o autor, drogas naturais – como a maconha, a cocaína, khat (qat) e ópio – que tinham sido previamente usadas somente em certas culturas e em comunidades tradicionais, têm sido cada vez mais explorados e seu uso atinge um nível epidêmico. Além disso, é pertinente evidenciar que drogas manufaturadas, como a benzedrina e barbituratos e uma ampla variedade de sedativos e tranquilizantes, conforme Taha Baasher, podem ser encontrados com ainda mais facilidade, tanto no mercado legal quanto no ilegal. Tendo em vista a polemicidade de assuntos como as drogas e, em decorrência dela, o aumento da violência, a proposta de implementação da Metodologia de Resolução de Problemas atendeu as necessidades não apenas dos alunos, mas também amparou os professores que ampliaram sua visão em como lidar com esse problema, já que o conhecimento leva à reflexão e, conseqüentemente, à responsabilidade em relação ao assunto, ou seja, professores e alunos de cooperar frente a problemática das drogas. Sendo assim, a proposta enfocou metodologias de ensino que buscassem alternativas, como a informática, para desenvolver esse tema que envolve alunos, professores, autoridades e a sociedade de maneira ampla, uma vez que ninguém pode desconsiderar uma realidade cada vez mais preocupante. A metodologia adotada do ponto de vista teórico estará enfocada na Teoria da Problematização de Neusi Aparecida Navas Berbel, com as cinco etapas do Arco de Maguerez : 1) Observação da Realidade, 2) Identificação dos Problemas-Pontos Chaves, 3) Teorização, 4) Hipóteses de Solução – Planejamento, 1 http://tilz.tearfund.org 6 5) Aplicação – Execução da ação (Prática). A Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez, segundo Berbel (1996), tem como ponto de partida a realidade que, observada sob diversos ângulos, permite ao estudante ou pesquisador extrair e identificar os problemas existentes. Vários foram os materiais de apoio utilizados, tais quais a televisão multimídia para a apresentação de filmes sobre o tema e o data show , para palestras onde houve a participação de toda a comunidade escolar. É pertinente ressaltar que os debates realizados foram de interesse de toda a sociedade, já que a escola tornou- se um núcleo de reflexão, o qual tratou o assunto insistentemente com base na cidadania. Além disso, foram enfatizadas as conseqüências da utilização das drogas, momento em que várias informações como legislação, estatísticas, reações do sistema nervoso – químicas - biologicas – físicas, sociais e históricas foram repassadas a todos de maneira crítica e reflexiva. Percebe-se, então, que o principal objetivo com a implementação da Teoria de Resolução de Problemas foi, a partir de problemas que fazem parte da sociedade, como o uso de drogas, tornar o aluno mais crítico e reflexivo, tendo, assim, capacidade de escolher seus próprios caminhos e ter uma boa conduta social. 7 Arco de Maguerez e Teoria da Problematização Bordenave e Pereira (1989) propõem um esquema chamado de Arco de Maguerez. Tal arco parte da realidade social e após análise, levantamento de hipóteses e possíveis soluções, retorna à realidade. As conseqüências deverão ser traduzidas em novas ações, desta vez com mais informações, capazes de provocar intencionalmente algum tipo de transformação nessa mesma realidade. Para o desenvolvimento dessa metodologia, é necessário seguir alguns passos: observação da realidade (levantamento do problema); pontos chaves; teorização; hipóteses de solução e a aplicação à realidade (prática). Bordenave e Pereira (1989) afirmam que: o segredo do bom ensino e o entusiasmo pessoal do professor, que vem de seu amor à Ciência e aos alunos e deve ser canalizado mediante planejamento e metodologia adequados, visando, sobretudo a incentivar o entusiasmo dos alunos para realizarem por iniciativa própria os esforços intelectuais e morais que a aprendizagem exige. Por sua vez, a Metodologia dos Desafios, baseada nos processos de Problematização (Berbel,1995), ultrapassa os limites do exercício intelectual, na medida em que as decisões tomadas deverão ser executadas ou encaminhadas considerando sempre sua possível aplicação à realidade, no campo de atuação de cada aluno. Quando os alunos problematizam sua realidade, conforme Berbel (1996) eles identificam situações-problemas concretas, as quais possibilitam a construção de novos sentidos e implicam em um real compromisso com o seu meio. Assim, eles observam os problemas em sua realidade e levarão para a mesma uma resposta de seus estudos, com o intuito de aplicar seus conhecimentos na solução dos problemas. Ainda conforme os pensamentos de Berbel (1996), verifica-se que a Metodologia dos desafios privilegia a construção de conhecimentos a partir de uma situação problema, dos questionamentos, dos debates, da apresentação de dúvidas e da troca de conhecimentos em um contexto real de uma comunidade de aprendizagem colaborativa. A Metodologia dos Desafios está baseada nos processos de Problematização (Berbel, 1995), conforme as etapas definidas no Arco de Maguerez (Bordenave, 1978), conforme a Ilustração 1, descrita a seguir: 8 A primeira etapa da Metodologia da Problematização é a Observação da Realidade Social a partir de uma temática de estudo. Neste momento, os alunos deverão ser orientados pelo professor para que olhem com atenção e registrem, de forma sistematizada, o que perceberem sobre a realidade do tema em questão. Esta etapa permitirá aos alunos identificar diversas dificuldades que serão problematizadas. Então, um ou vários problemas são distribuídos para o estudo em grupo e a discussão entre os vários grupos e o professor cooperará na redação do problema que se trata da síntese dessa etapa e, consequentemente, referencia das demais etapas de estudo. A segunda etapa é a dos Pontos-Chave. Neste momento os alunos refletirão a respeito das possíveis causas da existência do problema em estudo. É necessário que os aprendizes percebam que os problemas de ordem social são complexos e, geralmente, multideterminados. Seguidamente, os estudantes devem se questionar em relação aos principais determinantes do problema, que abrangem as próprias causas já identificadas. Após essa fase, os alunos ainda deverão observar a existência das variáveis menos diretas que interferem na existência do problema em estudo. Tal estudo deve ser crítico e reflexivo, tendo em vista que os estudantes estão, a todo momento, em busca da solução do problema. A partir dessa análise, os alunos devem elaborar a síntese dos pontos essenciais que deverão ser estudados, no intuito de compreender o problema de maneira profunda e encontrar formas de interferir na realidade para solucioná-lo. A terceira etapa é a da Teorização, momento da investigação propriamente dita, onde os alunos buscam informações sobre o problema, dentro de cada ponto-chave já definido. Essa pesquisa pode ser realizada na biblioteca, através de entrevistas com especialistas sobre o assunto ou através da observação do 9 problema em campo. Todo o material de pesquisa deve ser registrado, analisado e avaliado quanto às suas contribuições para resolver o problema. A quarta etapa é a das Hipóteses de Solução. Neste momento, através de todo o estudo realizado, os estudantes devem elaborar, de maneira crítica e criativa, suas possíveis soluções. Na metodologia em questão, segundo Berbel (1996), as hipóteses são construídas após o estudo, como fruto da compreensão profunda que se obteve sobre o problema, investigando-o de todos os ângulos possíveis. A quinta etapa é a da Aplicação - Execução da ação e ultrapassa o exercício intelectual, na medida em que, segundo Berbel 1996: decisões tomadas deverão ser executadas ou encaminhadas. Nesse momento, o componente social e político está mais presente. A prática que corresponde a esta etapa implica num compromisso dos alunos com o seu meio. Do meio observaram os problemas e para o meio levarão uma resposta de seus estudos, visando transformá-lo em algum grau. (p.8-9). Fecha-se, dessa maneira, o Arco de Maguerez, com o principal intuito de levar os alunos a uma prática de ação – reflexão – ação, ou seja, aprenderem o conteúdo de maneira crítica e reflexiva partindo de sua própria realidade social. Constata-se, então, que a Metodologia da Problematização é uma maneira de ensinar a partir de um problema detectado na realidade e seu principal objetivo é preparar o estudante para que ele possa atuar na sociedade e, na medida do possível, melhorá-la. Ainda segundo Berbel (1996): Com todo o processo, desde o observar atento da realidade e a discussão coletiva sobre os dados registrados, mas principalmente com a reflexão sobre as possíveis causas e determinantes do problema e depois com a elaboração de hipóteses de solução e a intervenção direta na realidade social, tem-se como objetivo a mobilização do potencial social, político e ético dos alunos, que estudam cientificamente para agir politicamente, como cidadãos e profissionais em formação, como agentes sociais que participam da construção da história de seu tempo, mesmo que em pequena dimensão. Está presente, nesse processo, o exercício da praxis e a possibilidade de formação da consciência da práxis. (p.7-17). Observa-se que a Metodologia da Problematização busca, concomitantemente, ensinar os conteúdos e formar cidadãos críticos e reflexivos, os quais sejam capazes de conviver em sociedade e cooperar constantemente para a sua melhoria. 10 Dessa feita, na implementação que será exposta a seguir, objetiva-se ampliar os horizontes de expectativas dos alunos no que se refere ao assunto das drogas. Para isso, os alunos ouvirão músicas, lerão textos e assistirão filmes relacionados a essa temática para que, através de atividades interativas e prazerosas, possam formar opiniões críticas e cooperar com o combate ao uso da droga na sociedade em que se encontram. É imprescindível destacar que, a partir do momento em que se apossam do conhecimento, os alunos se tornam capazes de refletir e tomar suas próprias escolhas. Assim, a implementação de Metodologia de Resolução de problemas, objetiva, através da demonstração da própria realidade, cooperar para que esses jovens sejam capazes de observar que o uso das drogas é realmente algo que muito prejudicial e que pode interferir negativamente em suas vidas.
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