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Andrew Feenberg PDF

282 Pages·2010·3.77 MB·Portuguese
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0 1 Ricardo T. Neder (org.) Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia. 2 Ficha catalográfica Neder, Ricardo T. (org.) – Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia. Brasília: Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina/Centro de Desenvolvimento Sustentável - CDS. Ciclo de Conferências Andrew Feenberg. ☼ série Cadernos PRIMEIRA VERSÃO: CCTS - Construção Crítica da Tecnologia & Sustentabilidade. Vol. 1. Número 3. 2010. ISSN 2175.2478. Este projeto contou com o apoio da - ESCOLA DE ALTOS ESTUDOS da CAPES (auxílio 11/2009) e - FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL Projeto PREMIO TECNOLOGIA SOCIAL UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – CDS OBSERVATORIO DO MOVIMENTO PELA TECNOLOGIA SOCIAL NA AMERICA LATINA site: http://professores.cds.unb.br/omts CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – CDS FUP - Gestão Agrária, Ambiental, Ciências Naturais e Educação.do campo Universidade de Brasília - UnB Campus Universitário Darcy Ribeiro Gleba A, Bloco C - Av. L3 Norte, Asa Norte - Brasília-DF, CEP: 70.904-970 Telefones: (61) 3107-5965, 3107-6000, 3107-6001 Fax: 3368-5146 E-mail: [email protected] | Site: www.unbcds.pro.br 3 O OBSERVATORIO DO MOVIMENTO PELA TECNOLOGIA SOCIAL é um projeto de pesquisa, docência e extensão (PEAC) sobre construção crítica da tecnologia & sustentabilidade do CDS - Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília - UnB e do Campus Planaltina da Universidade de Brasília - FUP. Site: http://professores.cds.unb.br/omts. Trabalhos do artista plástico Miguel Simão da Costa ([email protected]). Foto que precede o capítulo 1 – André Santangelo Foto que precede o capítulo 4 – André Santangelo Foto que precede o capítulo 9 – Alexandre Brandão Outras fotos – Miguel Simão da Costa Arte Gráfica – Tiago Pimentel e Cristina Brites Revisâo – Ana Cristina S. Moreira 1 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO (Ricardo T. Neder)......................................................................... PREFÁCIO (Renato Dagnino)................................................................................... PARTE 1 1. O que é a filosofia da tecnologia?............................................................................. 2. Racionalização subversiva: tecnologia, poder e democracia.................................... 3. Teoria Crítica da Tecnologia: um panorama........................................................... 4. Da informação à comunicação: a experiência francesa com o videotexto............. 5. A fábrica ou a cidade: qual modelo de educação a distância via web?.................. 6. Questionando o Questionamento da Tecnologia de Feenberg (Tyler Veak) e Nós precisamos de uma Teoria Crítica da Tecnologia (resposta a Tyler Veak)?.......... PARTE 2 7. Do essencialismo ao construtivismo – a filosofia da tecnologia em uma encruzilhada................................................................................................................ 8. Marcuse ou Habermas: duas críticas da tecnologia................................................ 9. A tecnologia pode incorporar valores? A resposta de Marcuse para a questão da época........................................................................................................................... 1 2 APRESENTAÇÃO O QUE (NOS) QUER DIZER A TEORIA CRÍTICA DA TECNOLOGIA? Ricardo Toledo Neder 1 Uma teoria crítica da tecnologia para as condições contemporâneas é, hoje, preocupação de uma parte da filosofia e da sociologia das ciências e da tecnologia. Tal preocupação é tributária das correntes dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia que proliferaram a partir dos anos 1980. Também chamadas de construtivistas ou socioconstrutivistas suas pesquisas lançam o olhar para captar onde e como estão fincadas as raízes sociais do conhecimento e da tecnologia como racionalidade instrumental em seu trânsito no mundo do poder, do mercado e da democracia. Para introduzir a obra do filósofo contemporâneo Andrew Feenberg, representada por nove artigos neste volume-coletânea, observo as perspectivas de valores envolvidos e situo vertentes distintas: a instrumentalista, a determinista, a substantivista da tecnologia e a teoria crítica da tecnologia. Destas vertentes, farei uma descrição mais concentrada da quarta e última visão, a da teoria crítica da tecnologia, na qual se situa a obra de Feenberg. Ele dialoga e polemiza com as demais perspectivas e assim renova a matriz crítica sobre racionalidade instrumental e tecnologia na tradição da Escola de Frankfurt. O senso comum percebe um sistema técnico como um suporte instrumental para realizar valores e desejos, e, como tal, é parte do poder. Mas os meios tecnológicos, em si, seriam neutros, pois são vistos como instrumentos deste poder. Este é que varia. Os meios técnicos apesar de todos os desastres, continuam supostamente seguros. Esta vertente foi elaborada NOTAS DA APRESENTAÇÃO 1 Professor doutor adjunto da Universidade de Brasília (UnB) onde atua na pós-graduação do Centro de Desenvolvimento Sustentável CDS e na graduação do campus da UnB em Planaltina (Agrária, Ambiental, Ciências Naturais/Educação Ambiental e do Campo). Coordena o Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina. Foi organizador e co-autor de Automação e movimento sindical e operário no Brasil (NEDER, 1989); Crise socioambiental, estado e sociedade civil no Brasil (NEDER, 2002) e Rede sociotécnica e inovação social para a sustentabilidade das águas urbanas (NEDER, 2008) Emeio: [email protected]. 2 3 pela reflexão filosófica sob a perspectiva do instrumentalismo como relação marcante com o fenômeno técnico (vamos chamá-la de PER1). Eixo da tecnologia como “encadeada” (lock-in) 2 Supostamente orientada para a neutralidade e filosoficamente determinada pelo monismo tecnológico: autônoma, progressiva e dotada de códigos técnicos fechados das patentes e direitos de propriedade intelectual associada à industrial PER1- INSTRUMENTALISMO PER2- DETERMINISMO Visão moderna otimista da tecnologia Modernização: conhecimento do mundo baseada no padrão da fé liberal: trajetória natural que serve ao homem para adaptar a única de progresso e de conhecimento natureza. Guiado pelo otimismo marxista ascendente; monismo ou unitarismo diante da tecnologia como força motriz da tecnológico. A tecnologia é ferramenta história. para realizar necessidades. A tecnologia-cadeado supostamente orientada para a neutralidade e filosoficamente determinada pelo monismo tecnológico é autônoma, progressiva e dotada de códigos técnicos fechados. O eixo tecnologia-cadeado de PER1 e PER2 é uma simplificação. Na teoria econômica da inovação chamam a isto de fazer da tecnologia um processo lock-in. Para cada encadeamento no mercado por onde circula a tecnologia, uma parte é trancada por direitos de propriedade intelectual (patentes). Um circuito, uma combinatória, um desenho tornam-se (en)cadeados no mercado. Para que esta tecnologia-cadeado seja social e economicamente ratificada é necessário outro componente para o qual serão chamadas as ciências sociais e humanas. É preciso construir a convicção de que a melhor tecnologia vai ser adotada. Mas qual o modelo do melhor estado da arte? Isto nunca tem sido pacífico. As disputas entre as partes pela inovação sob o capitalismo envolvem algo mais. É preciso o instrumentalismo de PER1, mas sem a 2 Mais detalhes, ver Critical theory of technology (FEENBERG, 1991)e Neutralidade da ciência e determinismo tecnológico. (DAGNINO, 2008) 3 4 convicção, fé e ideologia determinista (PER2) as coisas não andam. É necessário difundir que a modernização tecnológica da sociedade é o objetivo central do progresso e vice-versa. A necessidade social de dispormos da melhor tecnologia para construir pontes, será guiada pelo melhor estado da arte para construir pontes. Uma tecnologia assim deve ser eficaz em qualquer lugar do planeta. Logo, não se coloca para PER1 se há ou não outros valores que não a eficácia. Coloca-se a questão: qual o melhor estado da técnica de construir pontes? Desta escolha decorre o resto. A razão instrumental subjacente a PER1 adota, portanto, como irrelevante a questão do determinismo tecnológico. Determinismo (PER2) é o modelo de fazer ciência e tecnologia orientadas por valores do mercado. Quem compra uma lâmpada, uma telha não quer saber se existem valores de um sistema técnico por detrás de tais objetos. A maioria apenas exige garantia de que o objeto adquirido vá funcionar e não quer ser “enrolada” ou que lhe advenham prejuízos, se houver problema. Esta breve reflexão acerca da importância dos códigos sociotécnicos ocultos na racionalidade funcional é um ponto de partida filosófico e sociológico simples. Mostra como é difícil e complicada a ação coletiva das massas diante da tecnologia. As críticas projetivas demonstram isto. São propostas recontextualizantes para unir elos perdidos ou aspectos e dimensões valorativas internalizadas no código diante de valores depreciados atualmente (por exemplo, produtos cujas embalagens sejam totalmente biodegradáveis e não apresente ameaça ao ambiente natural). A crítica lança projetivamente aspectos fundamentais que podem alterar dispositivos internos do sistema técnico. Estes dispositivos – códigos – resultam de acordos tácitos entre gestores, trabalhadores e técnicos, testados ex situ e in situ. Participaram deste processo professores, alunos e pesquisadores, empresários e o Estado. Ao longo deste trajeto na sociedade a tecnologia vai assimilando (e ocultando) dispositivos no e do código técnico. Torna-se uma caixa-preta3 e, como tal, ela é desconhecida pelo senso comum das pessoas. Elas não tomam como real4 a relatividade do desenho e do 3 Esta concepção encontra-se em correntes da sociologia da tecnologia e da ciência pós-1990. Dentre os autores com trabalhos mais representativos desta corrente, ver Ciência em ação.Como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora (LATOUR, 2000); A esperança de Pandora (LATOUR, 2001:), América by design. Science, technology and the rise of corporate capitalism (NOBLE, 1977) e Ciencia tecnica y capital (CORIAT, 1976). 4 5 projeto da caixa preta. Esta ocultação passou a ser ativa e está presente hoje tanto em PER1, quanto em PER2, mediante um conjunto de percepções e opiniões, valores e posicionamentos. Tem sido chamado de “o melhor estado da arte” pelos especialistas (state of the art) da tecnologia. A convicção e a fé na tecnologia industrial do automóvel, por exemplo, nunca estiveram dissociadas da política e da esfera pública. Na modernidade dos anos 1950, a empreitada de mudança da capital política do Brasil com a construção de Brasília prova isto. O traçado urbano, a circulação e acessibilidade, as linhas de fuga da cidade foram projetadas a partir de uma decisão política. A mudança e a construção seguiram códigos concretizados pelos sistemas técnicos da indústria automobilística. Esta dimensão pragmática e ao mesmo tempo simbólica pode ser tomada como um princípio geral do determinismo tecnológico. O determinismo esteve subjacente à visão marxista e socialista clássica, diante do fenômeno técnico e do progresso capitalista. Sendo uma força motriz da história, o conhecimento do mundo natural serve ao homem para adaptar a própria natureza. Desde os anos 1930 do século passado que PER1 e PER2 concretizam socialmente uma teia complexa de internalização da ciência e tecnologia na sociedade mediada ou regulada por quatro regimes: O regime cognitivo das trocas entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) opera com a regra de exclusão de conhecimentos e saberes que não se conformam à metafísica matemática e racionalismo-empirismo. Outros conhecimentos e saberes são reticulados ou 4 O psicanalista e ensaísta francês Jacques Lacan diz que o real é o que não pode ser imaginado. Mais ou menos o que a palavra real aqui tem como significado...aquilo que o senso comum não pode imaginar, por exemplo o ciberespaço (a propósito, ver ZIZEK, 2008). 5 6 absorvidos seletivamente, o que vale dizer, hierarquizados com essa linha de corte. PER1 e PER2 foram internalizadas no âmago das ciências humanas e sociais. O regime de regulação mercatório ou utilitário adota a forma histórica do mercado capitalista dominante – e assim exclui as demais de base societária ou comunitária. Opera como arena de disputa da melhor tecnologia e elimina todas as tecnologias (sociais) não- capitalistas geradas pelos demais sujeitos de saberes e conhecimento. Já no regime das normas técnicas é o aparelho estatal que sanciona a melhor tecnologia ao regulamentar as normas e padrões de uso da sociedade. Ao proceder assim, o Estado – tal como fazia no passado, ao utilizar a metafísica da Religião, - sanciona o imprimatur nos medicamentos, alimentos, matérias-primas, máquinas e técnicas. Mas conhecimentos e saberes não andam sozinhos pela sociedade. Estão encarnados nos pesquisadores. Os sujeitos sociais populares de senso comum – à sua maneira – geram conhecimento interativo e aplicado. Ambos interagem por meio do meu/nosso trânsito na sociedade. Quando atuo em diferentes instituições, movimentos, demandas e exigências, dialogo com o conhecimento e saberes de senso comum. Este trânsito tem um regime regulamentado cuja linha de corte é o código profissional5 que impede a livre troca entre saber popular e conhecimento sancionado pelo imprimatur. Assim, diante de uma tecnologia que passa a ter influência crescente na dinâmica real e contraditória da sociedade, outras duas perspectivas levantam seu olhar. São PER3 e PER4, a seguir detalhadas. A tecnologia como portadora de valores Eixo da tecnologia como substância e poiesis (Controlada pelo homem, condicionada por valores e geradora de pluralismo tecnológico) PER3 – SUBSTANTIVISMO PER4 - TEORIA CRÍTICA Opção que oscila entre o engajamento, Meios e fins são determinados ambivalência e resignação. Reconhece o pelo sistema. Predomina o pessimismo da substantivismo e realiza sua crítica sob o primeira geração da Escola de Frankfurt.A construtivismo sociológico. Tem uma filosofia 5 Abordei as dinâmicas destes quatro regimes em Tecnologia social como pluralismo tecnológico (NEDER, 2008). 6

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Para que esta tecnologia-cadeado seja social e economicamente ratificada é necessário Sendo uma força motriz da história, o conhecimento do da idealização de uma situação primitiva, ahistórica, em que o capitalismo já teria .. entre uma religião como Budismo ou Cristianismo e o dinheir
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