SOBRE O AUTOR Lucas Silveira nasceu em Fortaleza e foi criado em Porto Alegre. Artista, empreendedor e idealista, ganhou notoriedade com o sucesso da Fresno, banda da qual é vocalista e principal compositor. Hoje, além da banda, há mais de quinze anos na estrada, divide seu tempo entre inúmeros projetos artísticos e também trabalha como produtor musical em seu estúdio, em São Paulo. Entre discos de ouro e premiações nacionais e internacionais, destaca-se o prêmio Best Latin American Act, concedido pela MTV europeia em 2013. Lucas também administra um coletivo de artistas e compositores e um selo independente, ambos sob o nome de Dark Matter Music. Publicou, pela Dublinense, Eu não sei lidar em 2015. Para Sky Jonz Silveira Sumário Capa Sobre o autor Amores e outras perturbações quânticas A vida e o papel A tevê ligada imprimindo sonhos na mente desavisada Caneta O passado: essa disfuncional fábrica de presentes Romance-fantasma Das coisas que realmente possuem valor Cinema da alma Introdução à semiótica para cegos apaixonados Sinestesia lisérgica Assombração noturna Jovem adulto precipitado Big bang de bolso Fortaleza Supersimetria Alucinações musicais A linha traiçoeira O carrossel dos ridículos Amores quânticos Resumo da história Sonhos lúcidos e buracos de minhoca Invasões escritas ...E a mira da caneta De repente O homem que jamais dormiu Entendimento em um acidente de carro O dilema de arrumar as malas Roteirista irremediável Meditação 1996 Guia prático para a procura do que não se sabe o que é Bomba-relógio Um par de asas A dúvida e a dívida Desterro Manifesto do cantor O lugar da canção (e o walkman da memória) Poeira estelar Pintura abstrata Sobre libélulas A noite é o dia da alma O baile Apneia parte 1 Chegadas e partidas Souvenir O quintal de casa e as quinas da mesa O equilíbrio na agulha Pés molhados A encomenda Das coisas que me fogem ao controle A bênção do novo Síndrome do F5 Algumas canções Guerra (e escavações torácicas) Outras canções Como está o seu romance? Não tão trágico Morfina O romance em apuros... ...Segue em apuros Astronave cantada Diário de bordo. Localização: Sirius, Via Láctea, Universo 01, Multiverso. Data: indefinida. Perguntas para o retrovisor A improbabilidade dos exoplanetas Créditos AMORES e outras perturbações quânticas _A maneira mais simples de se existir é estando morto. Somente nesse estado de inércia é que poderemos finalmente nos doar aos caprichos do mundo que nos cerca. E o mundo não parece bem-intencionado. Todos sabemos o que ele faz com quem deixou de respirar. Em uma questão de dias, cada centímetro da sua pele, cada músculo, cada gota de sangue, tudo que fomos e levamos conosco durante toda a nossa vida, será comida para os vermes necrófagos que já se encontram dentro de nós. Portanto, o que fazemos diariamente em nossas vidas consiste em afugentar os vermes, adiando o dia de seu banquete cabal. Por isso acordamos, comemos, fazemos as coisas que julgamos necessárias, tudo isso por inúmeras razões que não a mais sincera de todas elas: não queremos que seres microscópicos deem cabo de tudo que somos. A fim de evitar o inevitável, a gente se empresta um pouco para aqueles que escolhemos amar, de forma que estes pedaços da nossa alma etérea escapem da foice da Dona Morte. O legado imaterial sobrevive ao fim, seja em forma de arte, histórias, laços ou ideias. O nosso único patrimônio que é potencialmente eterno é feito de nada. Mas não seria esse nada, de fato, alguma coisa? Uma vez sabendo que somos feitos de grânulos de poeira cozida no interior de uma estrela, poeira essa que, após milhões de transformações, calhou de fazer parte do nosso corpo, será que podemos traçar uma linha do tempo que nos ligue à nossa real origem? Seria a matéria capaz de carregar consigo as informações a respeito de todas as formas em que ela já se configurou? Teriam as coisas algo parecido a uma memória? Munido há alguns anos dessas e de mais um punhado de questões, percebi que o imaterial age sobre a matéria de maneiras que jamais acreditaríamos se não fosse tudo verdade. O amor fica nada atraente se descrito como “uma reação química que faz liberar no nosso cérebro algumas secreções que surtem em nossos corpos uma variada gama de efeitos”, mas essa reação em cadeia é iniciada pelo imaterial: palavras, sentimentos, impressões. Tudo tão intangível, tão abstrato…