Mestrado em Ensino da Música Alexandre Dahmen Quintas A importância do Estudo Aprofundado da Melodia na Improvisação MEM. 2016 Relatório de Estágio para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Música Professor(es) Orientador(es): Orientador Supervisor- Prof. Doutor José Telmo Rodrigues Marques Orientador Estagiário- Prof. Francisco António Pereira Co-Orientadora Supervisora- Profª. Doutora Sofia Inês Ribeiro Lourenço da Fonseca Dedico este trabalho a todos os docentes, colegas, familiares e amigos que comigo colaboraram ao longo deste ano letivo. - 1 - Agradecimentos Gostaria de gratificar com estas palavras às pessoas que colaboraram, de uma forma ou de outra, na realização deste relatório de estágio. Especialmente à minha família, amigos próximos, orientadores, docentes e alunos do Conservatório de Música do Porto, sobretudo aos alunos e docentes do Curso de Jazz desta instituição. E especialmente aos professores orientadores: Orientador Supervisor- Prof. Doutor José Telmo Rodrigues Marques Orientador Estagiário- Prof. Francisco António Pereira Co-Orientadora Supervisora- Profª. Doutora Sofia Inês Ribeiro Lourenço da Fonseca. - 2 - palavras-chave improvisação, ensino, jazz, análise schenkeriana resumo Esta exposição é referente ao Relatório de Prática Educativa, no âmbito do Mestrado em Ensino da Música da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE) do Porto. Este deseja ser uma reflexão crítica sobre o ensino da música, práticas, métodos, metodologias, assim como dos seus presentes desafios, tem em conta a implementação de novas ofertas educativas na área do ensino da música e em particular do jazz no ensino artístico. Não obstante a reflexão sobre a Prática Educativa Supervisonada, descreve, ainda, um projeto de intervenção realizado no Conservatório de Música do Porto, e que contempla uma atividade realizada com e para os alunos do curso de Jazz do Conservatório de Música do Porto intitulada de “A Importância do Estudo Aprofundado da Melodia na Improvisação”. A minha intervenção consistiu em, através da análise da melodia de um tema, mais concretamente, através da redução melódica dos primeiros 8 compassos do tema All of Me com os alunos, perceber se havia influências musicais significativas nas improvisações dos mesmos. A metodologia foi a comparação entre as improvisações antes e depois da análise melódica e pequenos exercícios de improvisação à volta das notas resultantes da redução melódica baseando-se numa das componentes da análise schenkeriana. Pode-se concluir que a consciência auditiva das notas principais das melodias (Guide lines) é determinante no que respeita à capacidade de improvisar com sentido musical, uma vez que ajuda no desenvolvimento de linhas melódicas com uma relação próxima com o tema. As conclusões apontam para a ideia de que deve fazer parte da rotina de estudo dos alunos, uma análise das Guide lines das canções que interpretam. - 3 - keywords improvisation, education, jazz, schenkerian analysis abstract This exhibition refers to educational practice report, within the framework of the master's degree in Music Education at Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE). It aims to be a critical reflection on the teaching of music, practices, methods, methodologies, as well as its present challenges and to take into account the implementation of new educational offerings in the area of the teaching of music and, in particular, of jazz in artistic education. Notwithstanding the reflection on the Overseen Educational Practice, it also describes an intervention project conducted at the Conservatório de Música do Porto, which includes an activity performed with and for the students of the Conservatório de Música do Porto entitled "The importance of the in-depth study of the melody in improvisation". My intervention was, through the analysis of the melody of a theme, more specifically, through the reduction of the melodic theme with students, to understand if there were significant musical influences in these improvisations. The methodology was the comparison between the improvisations before and after the melodic analysis and small improvisation exercises around the notes resulting from the melodic reduction based on the schenkerian analysis components. It can be concluded that the hearing conscience of the main notes of the melodies (Guide lines) is decisive in what concerns the ability to improvise with musical sense, since it helps in the development of melodic lines with a close relationship with the subject. The findings point to the idea that an analysis of the Guide lines of the songs being played must be part of the students’ study routine. - 4 - INTRODUÇÃO..............................................................................................…………….……………..6 1. CONTEXTUALIZAÇÃO ESCOLAR……………………………………………………...……….…7 Índice 1.1. O conservatório e o contexto escolar………………………………………………………………...7 1.2. Oferta educativa do ano letivo 2015/2016………………………………………………………..….9 2. PRÁTICA EDUCATIVA SUPERVISIONADA………………...…………………………….……..11 2.1. Aulas observadas……………………………………………………………………………………11 2.2. Aulas dadas……………………………….……………………………………………………...…26 2.3. Atividades extracurriculares……………………………………………….………………………..30 2.4. Reflexão sobre a prestação do aluno estagiário……………………….……………………………31 2.5. Parecer da co-orientadora/supervisora……………………………………………………....……...32 3. INTERVENÇÃO: a importância do estudo aprofundado da melodia na improvisação……...............33 3.1. A improvisação e o Jazz…...……………………………………………………………….........37 3.2. O Método Aebersold e a improvisação……………………………………………….................38 3.3. Análise Schenkeriana………………………………………………………………………........40 3.4. Projecto de intervenção: workshop sobre como improvisar no tema “All of Me”………….. ....41 CONCLUSÃO.......................................................................................................................................43 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................44 - 5 - INTRODUÇÃO Este relatório é produzido no âmbito do Mestrado em Ensino da Música, da ESMAE - Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo. Tem como principal objetivo relatar o percurso da prática pedagógica ao longo do ano letivo 2015/2016, realizado sob coorientação supervisionada da Professora Doutora Sofia Lourenço e sob a orientação supervisionada do Professor Doutor Telmo Marques e orientação estagiário do professor Francisco Pereira. Ao longo do dossier será descrito como foi planeado e realizado o estágio do presente ano letivo. Serão considerados os seguintes tópicos: contextualização escolar, a caracterização quer dos alunos, quer do orientador estagiário, os objetivos e metodologias utilizadas, a autoavaliação do aluno estagiário, as planificações das aulas dadas e os relatórios das aulas dadas e assistidas e atividades extracurriculares. Para além disso, é feita uma descrição da intervenção efetuada, dos conceitos teóricos que a sustentam e dos seus resultados. Assim, o trabalho divide-se em duas grandes partes, uma dedicada às aulas supervisionadas e outra à intervenção realizada. - 6 - 1. Contextualização Escolar 1.1. O conservatório e o contexto escolar O Conservatório de Música do Porto foi criado em 1917. Proporciona os níveis básico e complementar do ensino da música. É frequentado por mais de 1000 alunos e cerca de 70 professores. As suas instalações foram mudadas para parte do edifício do qual também faz parte a Escola Secundária Rodrigues de Freitas, em 2007. Funciona em três sistemas: integrado, articulado e supletivo. Foi inaugurado no dia 9 de Dezembro de 1917 e ficou instalado no n.º 87 da Travessa do Carregal e manteve-se aí até ao dia 13 de Março de 1975. Até Abril de 1974, o Conservatório de Musica do Porto teve como diretores Moreira de Sá, Ernesto Maia, Hernâni Torres, Luís Costa, José Gouveia, Joaquim Freitas Gonçalves, Maria Adelaide Freitas Gonçalves, Cláudio Carneyro, Stella da Cunha, Silva Pereira e José Delerue. Quando as antigas instalações se tornaram insuficientes e o país sofreu alterações políticas, o Conservatório transferiu-se para instalações com maior capacidade e mais capazes de satisfazer a procura desta formação artística. Assim, a partir de 13 de Março de 1975, o Conservatório passou a ocupar um palacete municipal, outrora pertencente à famosa família Pinto Leite, no nº13 da Rua da Maternidade, no Porto. Os sucessivos conselhos diretivos foram assumidos por um conjunto assinalável de profissionais de mérito, a nível pedagógico e artístico, tendo sido seus presidentes Fernando Jorge Azevedo, Alberto Costa Santos, Anacleto Pereira Dias, Maria Fernanda Wandschneider, António Cunha e Silva, Manuela Coelho, Maria Isabel Rocha e António Moreira Jorge. Desde 15 de Setembro de 2008, após obras de requalificação e ampliação, esta instituição mudou de instalações, para a Praça Pedro Nunes, vindo a ocupar a área oeste da Escola Secundária Rodrigues de Freitas. - 7 - O Conservatório de Música do Porto é uma escola pública do Ensino Artístico Especializado da Música (EAEM), constituindo com todos os outros conservatórios e escolas artísticas públicas um setor específico do sistema educativo português. Como tal, decorrendo desta qualidade de escola pública, uma parte substancial da definição da sua organização interna e regime de funcionamento está consagrada na legislação que enquadra e regulamenta o funcionamento destas escolas. A escola articula diversos níveis de ensino, desde o primeiro ciclo até ao final do ensino secundário e, como escola pública do ensino artístico, o Conservatório partilha com as restantes escolas do setor uma larga maioria dos elementos definidores e caraterizadores desta realidade do sistema de ensino. Alguns desses elementos são comuns a todas as escolas do ensino artístico especializado, mas a maioria diz respeito às escolas do ensino vocacional da música. O curso secundário variante Jazz surgiu, em 2011, como curso livre e só no ano seguinte se tornou curso secundário. Em 2012, haviam, como opção, piano, canto e saxofone. No ano seguinte surgiu a possibilidade de estudar guitarra. No entanto, uma das alunas às quais lecionei algumas aulas, apesar de estar no curso de canto, toca também contrabaixo nas aulas, apesar de, relativamente a este segundo instrumento, não estar a tirar o curso, que ainda não existe na variante jazz. Este curso tem tido muito sucesso na medida em que os alunos em questão terminam com uma formação muito completa que, há pouco tempo atrás, seria muito difícil de se encontrar em músicos tão jovens (no panorama do jazz). Situado no centro da cidade do Porto, o Conservatório é uma instituição com um significativo impacto não apenas na sua zona geográfica, como em toda a cidade e nos concelhos limítrofes, garantindo através das suas inúmeras atividades, uma presença destacada na vida cultural de toda a região. Como escola pública do ensino vocacional da música, o Conservatório assinala também o seu papel destacado no contexto do ensino artístico nacional. Este estatuto tem sido defendido através das sucessivas gerações de professores e alunos que vêm construindo a sua história. Uma análise atenta acerca da proveniência dos alunos do Conservatório mostra que o universo de origem é muito alargado: há alunos de 45 municípios diferentes! A cidade do Porto é, naturalmente, o município a que corresponde um maior número de alunos (486). Mas não chega a representar 50% do total (1053). Um número - 8 - significativo é oriundo da área do Grande Porto (os municípios vizinhos de V. N. de Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar contribuem com 421 alunos). Um segundo arco de municípios (Vila do Conde, Famalicão, Santo Tirso, Trofa, Valongo, Paredes, Penafiel, Vila da Feira) ainda soma 84. Dos municípios de Esposende ou Amarante ainda nos chegam 7 e 8 alunos, respetivamente, e há muitos outros municípios (alguns tão distantes quanto Bragança, Cantanhede, Macedo de Cavaleiros, Vila Verde, Caldas da Rainha ou V. N. de Foz Côa, entre muitos outros), que também estão representados no Conservatório.1 1.2. Oferta educativa do ano letivo 2015/2016 O Conservatório de Música do Porto, tal como todas as escolas de ensino vocacional de música, desenvolve paralelamente a componente vocacional com o ensino regular. Deste modo, a oferta educativa do mesmo está organizada de forma a permitir aos alunos a frequência em diversos níveis de ensino. A sua estrutura tem como base a divisão do Ensino Regular, que seencontra dividido por ciclos. Existem assim quatro cursos de frequência possível, sendo correspondentes ao ciclo em que se encontram. São eles: Curso de Iniciação, incluído no 1º Ciclo de escolaridade Com uma carga horária letiva de 135 minutos por semana, este divide-se em três disciplinas: instrumento, formação Musical e classe de conjunto. Curso Básico de Música, incluído no 2º e 3º Ciclos Com uma carga horária letiva de 270 minutos por semana, este divide-se equitativamente pelas disciplinas já existentes no curso de iniciação. Instrumento, Formação Musical e Classe de Conjunto. Curso secundário de música, incluído ao ensino secundário Com uma carga horária letiva de 630 minutos por semana, o curso secundário de música divide-se em duas componentes de formação. A Científica, que integra as disciplinas de história e cultura das artes, formação musical e análise e 1http://www.conservatoriodemusicadoporto.pt/documentosorientadores/pe_cmp.pdf, acedido em 27/05/2016. - 9 -
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