UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC UNIDADE ACADÊMICA DE HUMANIDADES, CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS DOUTORADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS ALEXANDRA ROCHA VINHOLES INTERAÇÕES ENTRE AVES FRUGÍVORAS E Euterpe edulis Mart. NA MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA: ABORDAGEM ECOLÓGICA E ETNOECOLÓGICA CRICIÚMA, SC 2017 1 ALEXANDRA ROCHA VINHOLES INTERAÇÕES ENTRE AVES FRUGÍVORAS E Euterpe edulis Mart. NA MATA ATLÂNTICA NO SUL DE SANTA CATARINA: ABORDAGEM ECOLÓGICA E ETNOECOLÓGICA Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como requisito parcial para obtenção do título de Doutora em Ciências Ambientais. Orientador: Profa. Dra. Birgit Harter-Marques Coorientadora: Drª Viviane Kraieski de Assunção CRICIÚMA, SC 2017 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação V784i Vinholes, Alexandra Rocha. Interações entre aves frugívoras e Euterpe Edulis Mart. na Mata Atlântica no sul de Santa Catarina : abordagem ecológica e etnoecológica / Alexandra Rocha Vinholes. - 2017. 113 p. : il.; 21 cm. Tese (Doutorado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Criciúma, 2017. Orientação: Birgit Harter-Marques. Coorientação: Viviane Kraieski de Assunção. 1. Aves – Santa Catarina - Alimentos. 2. Animais frugívoros. 3. Sementes – Dispersão. 4. Relação animal-planta. 5. Floresta Ombrófila Densa Montana. I. Título. CDD 23. ed. 598 Bibliotecária Eliziane de Lucca Alosilla – CRB 14/1101 Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC 3 4 5 À minha família, bem mais precioso que a vida poderia me dar. DEDICO 6 AGRADECIMENTOS Meu agradecimento vai para todos aqueles que de forma direta ou indireta auxiliaram na construção deste trabalho. À minha orientadora, Profª. Drª. Birgit Harter-Marques por toda orientação, por confiar em mim para desenvolver este trabalho, pelos momentos de descontração no laboratório ou fora dele e pelo apoio nos momentos difíceis. À minha co-orientadora, Profª. Drª. Viviane Kraieski de Assunção, por aceitar a orientação do meu desafio pela etnoecologia e pelas importantes contribuições. Ao Dr. Ruben Heleno, por aceitar me orientar em Coimbra durante o período de doutorado sanduíche, agradeço pela confiança em me receber sem me conhecer e todo auxílio para a produção de um capítulo da tese, sua ajuda foi fundamental para o desenvolvimento deste trabalho. À CAPES pela concessão da bolsa e à FAPESC pelo financiamento do projeto (NÚMERO). A todos os professores do Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais, que contribuíram para esta tese direta ou indiretamente. Muito obrigada por todos os momentos enriquecedores em sala de aula e fora dela. À FATMA, em especial à bióloga Vanessa Matias Bernardo, chefe do Parque Estadual da Serra Furada por disponibilizar a sede do Parque para nossas estadias durante os períodos de campo e por todo suporte necessário para a pesquisa. Ao seu Luiz, caseiro do Parque, por estar sempre disposto a uma boa conversa e a ajudar quando havia algum problema na casa. Aos motoristas da UNESC, pelo alto-astral e descontração em todas as viagens para a Serra Furada, e por serem responsáveis por muitas risadas. Aos colegas do LIAP Camila, Bruna, Bob, Filipe, João, Joice, Andressa, Mainara, Karina, Júlio, Betina e Adriele, que tornavam os momentos em laboratório menos cansativos e mais engraçados. A todos os colegas que me ajudaram em campo, Camila, Bruna, Bob, Filipe, João, Betina, Adriele, Halenka, Mayara, Dani, Iara, Karol e Rambo, sem vocês este trabalho não teria acontecido. Aos colegas do Herbário Raulino Reitz da UNESC, Aline, Guilherme e Peterson, pela parceria na etapa das entrevistas, a companhia de vocês certamente me deixou mais à vontade para conversar com os moradores. Em especial ao Gui, que foi um grande amigo durante estes 7 quatro anos, muito obrigada pelas incansáveis conversas sobre os problemas da pesquisa, da vida acadêmica e da vida pós academia e por toda ajuda técnica sempre que solicitei. Ao “grupo de terapia” Pati e Aline, por me ajudarem muito no momento mais difícil desta jornada, por me ouvirem e por confiarem em mim para desabafar, pelos cafés, pelas caminhadas na chuva e pelos choros coletivos. A “Los palmiteiros” Camis, Morsa e Bob, por toda a parceria no laboratório, em campo e na vida, por compartilhar as dúvidas, as descobertas, os medos, as angústias, as loucuras, a casa na Serra Furada, as fugas de caçadores, os sustos de serpentes, os furtos de coletas por cachorro, as horas perdidos no meio da floresta, o pão de queijo…foram incontáveis momentos nesses quatro anos, e só nós sabemos o que passamos e que chegar até aqui não foi uma tarefa fisicamente fácil. A todos os meus amigos de Criciúma e de Pelotas que, mesmo indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, compartilhando momentos que me faziam ver que a vida é muito simples e que me ajudavam a diminuir a tensão. Ao Alexandre, por estar sempre ao meu lado e por aturar meus momentos de stress, de cansaço e de tristeza, por entender minhas ausências e sempre me apoiar, por sonhar comigo e por me trazer para a realidade durante as crises de ansiedade e por me apoiar incondicionalmente quando decidi ficar quatro meses longe. E, finalmente, à minha família. Ao meu irmão Eduardo e minha cunhada Nidiara, pelo carinho e apoio de sempre, mesmo à distância, e pelos melhores presentes que alguém poderia me dar na vida, meus sobrinhos Tomás e Caetana. À minha irmã Juliana e meu cunhado Ronaldo, pela acolhida durante o sanduíche em Portugal, por todo carinho e atenção que tiveram comigo. Aos meus pais Maria Elisabete e João Gilberto, por todo o amor e apoio que sempre me deram, e por sempre estarem por perto, mesmo que fisicamente distante, quando precisei deles. 8 Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder? E quem quer saber? A vida é tão rara Tão rara Lenine 9 RESUMO A dispersão de sementes por aves é um processo importante para a manutenção e conservação dos ecossistemas, pois aumenta as possibilidades de recrutamento das espécies vegetais com a diminuição da mortalidade densidade-dependente. Na Mata Atlântica, as palmeiras estão entre as principais famílias que disponibilizam grande quantidade de frutos carnosos adaptados à dispersão zoocórica e, consequentemente, são favorecidas pelo processo de dispersão de sementes pela fauna. Entre as espécies de palmeiras, Euterpe edulis Mart. destaca-se como espécie-chave para a fauna, devido a sua alta produção de frutos e a sua abundância neste bioma. Com base na importância de E. edulis como espécie abundante na Mata Atlântica e como fonte de alimento para a fauna, foi realizado um estudo abordando sua ecologia e etnoecologia em uma área de 1,5 ha no Parque Estadual da Serra Furada, região sul de Santa Catarina. Durante dois anos foi registrada a fenologia reprodutiva da espécie, através da observação mensal de 30 indivíduos, sendo acompanhada a presença de estruturas reprodutivas e a duração das fenofases floração, frutos verdes e frutos maduros. Foi acompanhada também a interação de aves frugívoras com a espécie em estudo durante o período de disponibilidade de frutos maduros nos anos de 2015 e 2016, através de observações árvore-focal e foi analisada a chuva de sementes com o uso de coletores de sementes. Como uma forma de complementar informações obtidas no capítulo anterior, foi realizada pesquisa etnoecológica com os moradores da comunidade de Chapadão, situada no entorno do PAESF, com objetivo de registrar o conhecimento da população sobre as interações da avifauna com o palmiteiro, além de identificar quais espécies de aves eram alvo de caça no local. Posteriormente foi analisado o tempo de retenção de sementes de E. edulis no trato digestivo de Ramphastos dicolorus e Ortalis squamata. Além disso, foi acompanhada a influência deste tempo de retenção, da despolpa por S. similis, da despolpa manual e da presença de polpa sobre a taxa de germinação e o índice de velocidade de germinação. A fenologia reprodutiva apresentou correlação da floração com a temperatura nos dois anos de estudo, enquanto a fenofase frutos maduros não apresentou nenhuma correlação com as variáveis climáticas. O número de espécies consumindo os frutos de E. edulis foi baixo (três), e as espécies indicam uma certa redundância no processo de dispersão de sementes. As informações das entrevistas foram confrontadas com os resultados obtidos no segundo capítulo desta tese e com uma lista de abundância de aves frugívoras no PAESF, indicando a redução de grandes frugívoros no local. O tempo de retenção das duas espécies foi igual, porém a velocidade de germinação foi superior para as sementes regurgitadas por R.
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