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A Sociedade do espetaculo seguido do prefacio a 4. edição italiana : comentarios sobre a sociedade do espetaculo PDF

160 Pages·1997·0.404 MB·Portuguese
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1 Título: A Sociedade do Espectáculo Autor: Guy Debord Tradução: mobilis in mobile -Francisco Alves e Afonso Monteiro Revisão e concepção gráfi ca terminada em Novembro de 2005 na Casa da Antipatia Tipo de letra: Filosofi a (Emigre) Tiragem: 100 exemplares Impressão: Publidisa Depósito legal: Edições Antipáticas Ap. 1141, 2750-801 Cascais [email protected] 2 Guy Debord a sociedade do espectáculo Lisboa edições antipáticas 2005 3 4 Índice Capítulo I - A Separação Acabada...................................... 7 Capítulo II - A Mercadoria Como Espectáculo......................................... 21 Capítulo III - Unidade e Divisão na Aparência................................................ 33 Capítulo IV - O Proletariado Como Sujeito e Como Representação..................... 47 Capítulo V - Tempo e História.......................................... 91 Capítulo VI - O Tempo Espectacular................................ 109 Capítulo VII - A Ordenação do Território.......................... 119 Capítulo VIII - A Negação e o Consumo na Cultura........... 129 Capítulo IX - A Ideologia Materializada........................... 149 5 6 CAPÍTULO I A SEPARAÇÃO ACABADA E sem dúvida o nosso tempo... Prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... O que é sagrado para ele, não é senão a ilusão, mas o que é profano é a verdade. Melhor, o sagrado cresce a seus olhos à medida que decresce a verdade e que a ilusão aumenta, de modo que para ele o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado. Feuerbach - Prefácio à segunda edição de A Essência do Cristianismo 7 1 Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espectáculos. Tudo o que era directamente vivido se afastou numa representação. 2 As imagens que se desligaram de cada aspecto da vida fundem-se num curso comum, onde a unidade desta vida já não pode ser restabelecida. A realidade considerada parcialmente desdobra-se na sua própria unidade geral enquanto pseudomundo à parte, objecto de exclusiva contemplação. A especialização das imagens do mundo encontra-se realizada no mundo da imagem autonomizada, onde o mentiroso mentiu a si próprio. O espectáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autónomo do não-vivo. 3 O espectáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma parte da sociedade, e como instrumento de unifi cação. Enquanto parte da sociedade, ele é 8 expressamente o sector que concentra todo o olhar e toda a consciência. Pelo próprio facto de este sector ser separado, ele é o lugar do olhar iludido e da falsa consciência; e a unifi cação que realiza não é outra coisa senão uma linguagem ofi cial da separação generalizada. 4 O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens. 5 O espectáculo não pode ser compreendido como o abuso de um mundo da visão, o produto das técnicas de difusão massiva de imagens. Ele é bem mais uma Weltanschauung tornada efectiva, materialmente traduzida. É uma visão do mundo que se objectivou. 6 O espectáculo, compreendido na sua totalidade, é ao mesmo tempo o resultado e o projecto do modo de produção existente. Ele não é um suplemento ao mundo real, a sua decoração readicionada. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares, informação ou propaganda, publicidade ou consumo directo de divertimentos, o espectáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. Ele é a afi rmação omnipresente da escolha já feita na produção, e o seu corolário o consumo. Forma e conteúdo do espectáculo são identicamente a justifi cação total das condições e dos fi ns 9 do sistema existente. O espectáculo é também a presença permanente desta justifi cação, enquanto ocupação da parte principal do tempo vivido fora da produção moderna. 7 A própria separação faz parte da unidade do mundo, da práxis social global que se cindiu em realidade e imagem. A prática social, perante a qual se põe o espectáculo autónomo, é também a totalidade real que contém o espectáculo. Mas a cisão nesta totalidade mutila-a ao ponto de fazer aparecer o espectáculo como sua fi nalidade. A linguagem do espectáculo é constituída por signos da produção reinante, que são ao mesmo tempo a fi nalidade última desta produção. 8 Não se pode opor abstractamente o espectáculo e a actividade social efectiva; este desdobramento está ele próprio desdobrado. O espectáculo que inverte o real é efectivamente produzido. Ao mesmo tempo, a realidade vivida é materialmente invadida pela contemplação do espectáculo, e retoma em si própria a ordem espectacular dando-lhe uma adesão positiva. A realidade objectiva está presente nos dois lados. Cada noção assim fi xada não tem por fundamento senão a sua passagem ao oposto: a realidade surge no espectáculo, e o espectáculo é real. Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente. 10

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