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A Sagração da Primavera: A Grande Guerra e o Nascimento da Era Moderna PDF

496 Pages·1992·16.589 MB·Portuguese
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MODRIS EKSTEINS A SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA ^ A GRANDE GUERRA E O NASCIMENTO DA ERA MODERNA Tradução de ROSAURA EICHENBERG / Rio de Janeiro — 1992 Título original RITES OF SPRING Copyright © 1989 by Modris Eksteins Direitos para a língua portuguesa reservados, com exclusividade para o Brasil, à EDITORA ROCCO LTDA. Rua da Assembléia, 10 Gr. 3101 Tel.: 224-5859 Telex: 38462 edrc br Printed in Braz///Impresso no Brasil preparação de originais José Laurenio de Melo revisão Sandra Pássaro/Wendell Setúbal Qc Henrique Tarnapolsky —LÍX íV 'r- ■■ • ]V[AIRA # parulla sldade de Brasilia \ <340.3 - é e o 2* CÍP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ Eksteins, Modris, 1943- E39s A sagração da primavera: a grande guerra e o nascimento da era moderna / Modris Eksteins; tradução de Rosaura Eichenberg. — Rio de Janeiro: Rocco, 1991. Tradução de: Rites of spring. 1. Guerra Mundial, 1914-1918. 2. História moderna — Século XX. I. ^Título. CDD — 940.3 940.31 91-0045 CDU — 940.3 Para Jayne SUMÁRIO Prefácio .............. 11 Prólogo: Veneza ................................................................ 17 PRIMEIRO ATO I. PARIS .......................................................................... 25 Visão .................................................................................. 25 29 de maio de 1913 26 Le Théâtre des Champs-Élysées ..................................... 34 Diaghilev e os Ballets Russes ........................................ 39 Rebelião .............................................................................. 54 Confronto e liberação ...................................................... 61 O público .......................................................................... 67 O escândalo como sucesso ............................................. 75 II. BERLIM .................................. 81 Ver sacrum ........................................................................ 81 Abertura ........................ 92 Técnica ............................................................................... 99 A capital ............................ 103 Kultur ................................................................................ 106 Cultura e revolta ........................................................v... 111 A guerra como cultura ................................................. 123 III. NOS CAMPOS DE FLANDRES ............................. 130 Um recanto de um campo estrangeiro ........................... 130 Canhões de agosto ............................................................ 134 Paz na terra ...................................................................... 147 O porquê ......................................................................... 154 Síntese vitoriana .............................................................. 171 Ainda há mel para o chá? ............................................. 175 SEGUNDO ATO IV. RITOS DE GUERRA ............................................. 182 O balé da batalha ............................................................ 182 Temas .............................................. 186 Para além dos valores estabelecidos ............................. 203 V. A RAZÃO NA LOUCURA ..................................... 220 Não lhes cabia saber a razão ........................................ 220 Dever ................................................... 228 VI. DANÇA SAGRADA ................................................ 247 O deus da guerra .......................................................... 247 Congregação .......... 260 VII. VIAGEM INTERIOR 267 A guerra como arte .................................... 267 A arte como forma ..........................................................• 276 Arte e moralidade ...................................................: . 286 Vanguarda ........... 291 TERCEIRO ATO VIII. DANÇARINO NOTURNO .................................. 309 O novo Cristo .................................................................. 309 Estrela .................. 317 Para que não esqueçamos .............. 323 Itinerário e símbolo ................................................... 333 Novos mundos e o antigo ............................................... 341 Associações ........ 346 IX. MEMÓRIA ................................................................ 350 A valorização da guerra .................... 350 Vida da morte .................................................................. 353 Fama ................................................. 362 O malabarista das nuvens ........................................... 378 X. PRIMAVERA SEM FIM .......................... 381 Alemanha, desperta! ............................ 381 Herói vítima .................................................. 386 A arte como vida .............................................................. 394 O mito como realidade ............................................. 398 “Es ist ein Frühling ohneE nde!” ...................... 410 AGRADECIMENTOS ....................................... 419 NOTAS ...................................................................................421 FONTES SELECIONADAS 453 ÍNDICE REMISSIVO ............................ 455 DUAZAHC1 PREFACIO Quando nos aproximamos dos arredores de Verdun na Route Nationale 3, vindo de Metz, tendo já contemplado com prazer a serenidade das colinas e prados ondulantes do campo dos Vosges e a disciplinada guarda de honra de robustos carva­ lhos, somos de repente surpreendidos, a alguns quilômetros da cidade, por uma vista lúgubre. Um borrão na paisagem. Um cemitério. Empilhados à beira da estrada estão cadáveres esmagados, corpos amassados, esqueletos cintilantes. Mas é um cemitério sem cruzes, sem lápides, sem flores. Poucos são os visitantes. Em geral os viajantes nem notam o lugar. Mas é um memorial ilustre do século XX é de nossas referências culturais. Muitos diriam que é um símbolo de valores e obje­ tivos modernos, de nossa luta e de nossos remorsos, a inter­ pretação contemporânea do conjuro de Goethe, stirb und werde, “morre e transmuda-te”. É um cemitério de auto­ móveis. Se você continua até Verdun, atravessa a cidade e depois toma o rumo de nordeste por estradas secundárias, pode achar o caminho que leva a um cemitério maior. Este tem cruzes. Milhares delas. Fileiras e fileiras. Simétricas. Brancas. Todas iguais. Mais gente passa hoje pelo cemitério de automóveis do que por este. Mais gente se identifica com os carros esma­ gados do que com o horror agora impessoal que este cemitério evoca. Este é o cemitério em memória dos que morreram du­ rante a batalha de Verdun na Primeira Guerra Mundial. Este livro fala de morte e destruição. É um discurso sobre cemitérios. Mas, como tal, é também um íivro sobre o “trans- mudar-se”. Um livro sobre o aparecimento, na primeira me­ tade deste século, de nossa consciência moderna, especifica- 11 mente de nossa obsessão com emancipação, e sobre o signifi­ cado da Grande Guerra, como era chamada antes da defla­ gração da Segunda Guerra Mundial, no desenvolvimento dessa consciência. E embora pareça, ao menos superficialmente, que um cemitério de automóveis, com todas as suas implicações — “Acho que os carros são hoje o equivalente cultural das grandes catedrais góticas”, escreveu Roland Barthes —, tenha um significado bem maior para a mentalidade contemporânea do que um cemitério da Primeira Guerra Mundial, este livro ten­ tará mostrar que os dois cemitérios estão relacionados. Para que vingasse a nossa preocupação com a velocidade, o novo, o transitório e a interioridade — com a vida vivida, como se diz na gíria, “na pista de alta velocidade” —, toda uma escala de valores e crenças teve de ceder o lugar de honra, e a Grande Guerra foi, como veremos, o acontecimento mais significativo nessa evolução. Nosso título, adaptado de um balé que é um marco de modernismo, sugere nosso motivo principal: o movimento. Um dos símbolos supremos de nosso século centrífugo e parado­ xal, quando na luta pela liberdade adquirimos o poder da destruição final, é a dança da morte, com sua ironia niilista- orgiástica. A sagração da primavera, que foi apresentada pela primeira vez em Paris em maio de 1913, um ano antes da de­ flagração da guerra, talvez seja, com sua energia rebelde e sua celebração da vida através da morte sacrificial, a oeuvre emblemática do mundo do século XX que, em sua busca de vida, matou milhares de seus melhores seres humanos. Ini­ cialmente, Stravinsky pretendia dar à sua partitura o título de A vítima. Para demonstrar o significado da Grande Guerra deve- se, é claro, lidar com os interesses e as emoções nela envol­ vidos. Este livro aborda esses interesses e emoções nos termos amplos da história^ cultural. Este gênero de história deve se preocupar com algo mais do que a música, o balé e ás outras artes, com algo mais até do que automóveis e cemitérios; deve afinal desenterrar hábitos e princípios, costumes e valores, tanto enunciados quanto pressupostos. Por mais difícil que seja a tarefa, a história cultural deve, pelo menos, tentar captar o espírito de uma era. 12

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