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A palavra inquieta: homenagem a Octavio Paz PDF

235 Pages·1999·0.698 MB·Portuguese
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A PALAVRA INQUIETA Homenagem a Octavio Paz Maria Esther Maciel (organização) A PALAVRA INQUIETA Belo Horizonte 1999 Copyright © 1999 by Maria Esther Maciel CAPA E PROJETO GRÁFICO Jairo Alvarenga Fonseca EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Clarice Maia Scotti REVISÃO Reynaldo Damazio José Olympio Borges APOIO Fundação Memorial da América Latina A palavra inquieta : homenagem a Octavio Paz / P154 Maria Esther Maciel (organizadora). — Belo Hori- zonte : Autêntica : Memorial da América Latina, 1999. 248p. ISBN 86-86583-25-1 1. Paz, Octavio, 1914 — Crítica e Interpretação. 2. Teoria literária. I. Maciel, Maria Esther. CDU: 82.09 1999 Autêntica Editora Rua Tabelião Ferreira de Carvalho, 584, Cidade Nova 31170-180 - Belo Horizonte - MG - PABX: (031) 481 4860 www.autenticaeditora.com.br Sumário Apresentação Maria Esther Maciel 09 Um sol mais vivo 13 Sua palavra se ajustava à criação e à crítica Celso Lafer 15 O poeta do tempo capturado Gyorgy Somlyó 19 O traduzir como necessidade e como projeto: Octavio Paz Horácio Costa 29 A poética de Octavio Paz Bella Jozef 37 Clareiras de radicalidade 47 Entrevista com Haroldo de Campos sobre Octavio Paz Maria Esther Maciel 49 A radicalização do signo Manuel Ulacia 61 Octavio Paz - Haroldo de Campos: Transblanco. Um entrecruzamento de escritas líricas da modernidade Klaus Meyer-Minnemann 73 Octavio Paz: um percurso através da modernidade Rodolfo Mata 91 Configurações/transfigurações 109 O erotismo: via central da poesia de Octavio Paz Alberto Ruy-Sánchez 111 “Mariposa de obsidiana”: uma poética surrealista de Octavio Paz Hugo J. Verani 117 Inconsciente e poesia: fome de realidade Aproximações à poética de Octavio Paz Ana Maria Portugal 129 Escrita e corpo: faces femininas da América Latina em Octavio Paz Ivete Lara Camargos Walty 137 Criação e convergência Maria Ivonete Santos Silva 149 Verso e reverso Gênese Andrade da Silva 157 Pontos de confluência 171 Octavio Paz e o subcomandante Marcos: “máscaras e silêncios” Margo Glantz 173 Paz, Aleixandre e o espaço poético Julio Ortega 189 Algumas afinidades entre Octavio Paz e Walter Benjamin Georg Otte 195 Tempo branco Octavio Paz e Francisco de Quevedo Gonzalo Moisés Aguilar 203 Encontro da poesia com a política Mesa redonda com Octavio Paz 215 Saudação a Octavio Paz Júlio de Mesquita Neto 217 Mesa-redonda Octavio Paz, Haroldo de Campos, Celso Lafer, João Alexandre Barbosa, Léo Gilson Ribeiro, Nilo Scalzo, Ruy Mesquita, Julio de Mesquita Neto e Décio Pignatari 220 Dados sobre os colaboradores 241 Livros de Octavio Paz publicados no Brasil 246 Apresentação A permanência como um estar em movimento: assim se define a presença de Octavio Paz nos textos que aqui se reúnem para prestar uma homenagem a esse que foi uma das vozes mais criativas da poesia e da crítica latino-americanas deste século. Morto em abril de 1998, aos 84 anos, Paz deixou para seus leitores de todos os tempos não apenas uma lição de lucidez e sensibilidade — visto terem sido estas as qualidades mais evidentes de sua trajetória literá- ria e intelectual —, como também uma obra inesgotável, espécie de ars combinatoria de linguagens e saberes múltiplos, na qual se pode entrar por diferentes vias, dependendo do que nela se deseja encontrar ou enfocar. Transitando em distintos lugares, ao mesmo tempo que não se dei- xando confinar em nenhum, Paz atuou de maneira incisiva nos rumos da modernidade latino-americana em suas interseções com a diversidade cultural dos outros continentes. Mostrou, com isso, que ser mexicano ou latino-americano é também um exercício de cosmopolitismo e de abertu- ra à alteridade, dando-se a difícil tarefa de traduzir e entrecruzar culturas nos inúmeros textos que escreveu e que hoje se nos apresentam também como uma espécie de “mapa das navegações” do poeta-pensador ao lon- go de quase todo este século. Um de seus maiores méritos foi, sem dúvida, ter dedicado pratica- mente toda a sua existência ao exercício e à defesa da poesia, ainda quando desempenhava outras atividades intelectuais. Tendo convivido, desde crian- ça, com os livros da grande biblioteca do avô, teve um contato precoce — através da leitura — com os grandes poetas da língua castelhana, passando a cultivar, desde então, o apreço pela palavra poética e o desejo de praticá- la. Em nome dela, deu-se a desafiante tarefa de decifrar os signos culturais, políticos, históricos, lingüísticos e estéticos do presente e do passado. Ao eleger a poesia como ponto de irradiação de todo o seu trabalho e experiência vivencial, Paz adotou uma maneira prismática de pensar e de escrever, pautada no que ele mesmo chamou de “modo de operação do pensamento poético”. Movida por essa lógica poética — desencadeadora 99999 de paradoxos, metáforas, sonoridades, ambigüidades, dúvidas, contradições e interrogações — toda a obra paziana aí se consubstancia, oferecendo-se como um desafio aos discursos de feição racionalista e rompendo com os binarismos redutores no trato de questões literárias, políticas e culturais. Além de ter enriquecido consideravelmente a poesia de língua espa- nhola, por delinear no horizonte poético hispano-americano o que Haroldo de Campos chamou de uma “zona de rigor”, de “constante questionamento criativo da medula da linguagem”, Paz converteu-se também numa espé- cie de guardião da palavra, da imaginação, do desejo e da lucidez crítica, no contexto deste final de século. Preocupado com os rumos da palavra poética no mundo contemporâneo, visto que, para ele, o que hoje ameaça a sobrevivência da poesia (e, por conseqüência, da humanidade) é um “pro- cesso econômico sem rosto, sem alma e sem direção”, empenhou-se em defender, nestes últimos anos, a reabilitação do espírito crítico — elemento vital, segundo ele, da poesia de todos os tempos e que, na modernidade, se afirmou como um valor. “Pensar o hoje significa recobrar o olhar crítico”, pontuou. Ao que se soma a necessidade de os poetas de agora exercitarem, mais do que nunca, a liberdade de imaginação, contra os estereótipos pro- duzidos e propagados pela lógica do mercado. Octavio Paz acreditava no poder iluminador da “outra voz”, re- presentada pela poesia, enquanto um antídoto eficaz contra a fixidez da sensibilidade, a reificação do desejo e o obscurecimento da lucidez críti- ca. Idealismo ou não, insistiu — com veemência — que o tempo privilegi- ado dos poetas contemporâneos é o instante e que o exercício poético, embora convertido em um ritual quase secreto, subterrâneo, é a forma privilegiada de se compreender o agora deste fim de século. E por isso afirmou: “O agora nos mostra que o fim não é distinto ou contrário do começo, mas é seu complemento, sua inseparável metade. Viver o agora é viver de frente para a morte. No agora nossa morte não está separada de nossa vida: são a mesma realidade, o mesmo fruto”. Os textos deste livro buscam ler e traduzir alguns momentos da obra de Paz, sem qualquer propósito de confiná-la a lugares fixos da tra- dição literária ocidental, mas respeitando-a em sua inquietude e suas con- tradições. A vida do poeta, tomada menos como uma referência para o entendimento de seu trabalho intelectual, do que como uma via de inter- seção capaz de elucidar certas nuanças desse trabalho, entra também em vários dos ensaios aqui presentes. Estudiosos do Brasil, México, Argentina, Uruguai, Peru, Alema- nha, Hungria participam desta homenagem. Uma entrevista com Haroldo 1111100000 de Campos e o texto integral de uma mesa-redonda com a participação do próprio Paz e nove intelectuais brasileiros, realizada em 1985, na oca- sião em que o poeta mexicano visitou o Brasil, também integram a coletâ- nea e contribuem para que o conjunto de textos funcione também como uma combinatória de vozes, uma constelação. A primeira parte reúne ensaios mais abrangentes sobre a vida e a obra do autor, seguida de um conjunto de textos voltado para o tema da “tradição da ruptura”, onde são abordados os vínculos de Paz com as vanguardas, com ênfase na poesia concreta brasileira. A terceira seção apresenta seis ensaios que tratam de temas va- riados e mais específicos do universo paziano, como o erotismo, o surrea- lismo, a ”mexicanidade”, a “outridade”, a viagem da escrita e da rees- crita. Estudos comparativos, que enfocam as confluências entre Paz e outras vozes, compõem a quarta parte, à qual se segue a última, onde se lê o texto integral da conversa entre o poeta mexicano e vários intelec- tuais brasileiros. Como organizadora, quero agradecer a generosa acolhida que todos os colaboradores dispensaram a esta iniciativa. Agradeço, em es- pecial, a Haroldo de Campos, que desde o início apoiou com entusias- mo o projeto, facilitando-me contatos e fazendo-me sugestões precio- sas. Não posso deixar de mencionar também a gentileza do jornalista Nilo Scalzo, que autorizou a inclusão neste volume do texto integral da já referida mesa-redonda, originalmente publicado no Suplemento Cul- tura do jornal O Estado de São Paulo. Menciono ainda o apoio de Hugo J. Verani que, além de ter sido um importante interlocutor ao longo do processo de organização do livro, viabilizou-me o acesso a textos e pes- soas do meio literário hispano-americano. Outras pessoas imprescindíveis para a viabilização do projeto: José Olympio Borges (meu cúmplice, em todos os momentos), Horácio Costa, Marina Heck, Reynaldo Damazio, Rejane Dias, Nelson Ascher, Georg Otte, Marcos Áureo e Rômulo Monte Alto. A todos, meu respeito e minha gratidão. Maria Esther Maciel 1111111111

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