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A negação da morte PDF

301 Pages·1995·6.729 MB·Portuguese
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Ernesl "... um dos livros mais instigantes da década..." Anatole Broyard, — New York Times NEGAÇAO A Negação da Morte Dc todas as coisas que movem o ser humano, a mais forte c deter­ minante é o medo da morte. Esse medo, que o acompanha desde que se figuram em sua mente as primeiras noções dc mundo, é a mola mes­ tra de quase todas as suas atividades, mas também sua principal fonte de angústia e doença mental. íi nessa proposição que Ernest Becker fundamenta A Negação da Morte, um livro de grande profundidade e alcance teórico, essencial a todos os que buscam desvendar os meca­ nismos da mente humana. Vencedor do prêmio Pulitzer de 1974, este livro é uma valiosa sín­ tese do moderno pensamento psicológico e filosófico. Ao fazer um re­ sumo das principais correntes da psicanálise pós-Freud, Becker propõe uma fusão da psicologia com a perspectiva mitico-religiosa, baseando- se em grande parte na obra de Otto Rank, autor cujo pensamento abran­ ge vários campos do conhecimento. Essa perspectiva universalista, pre­ sente na obra de Rank, define bem o espirito deste livro, que classifica o medo da morte como uma proposição universal que une dados pro­ venientes de várias disciplinas das ciências humanas e torna cristalinos alguns dos mais complicados comportamentos do homem. Ao abor­ dar o conceito de mentira vital — a repressão, por nós mesmos, da consciência de nossa mortalidade —, Becker toca na questão do he­ roísmo, lembrando a tese freudiana de que o inconsciente não conhece nem a morte nem o tempo, e que, no íntimo, o homem se sente imortal. Ernest Becker (1924-1974), Ph.D. em Antropologia Cultural, é também autor dos livros: The Birth and Death of Meaning, Revolu- tion in Psychiatry, The Slructure of Evil, Angel in Ar mor e Escape from Evil. ERNEST BECKER Negação da Morte Tradução de LUIZ CARLOS DO NASCIMENTO SILVA Revisão Técnica de JOSÉ LUIZ MEURER GDITORK RECORD Título original norte-americano THE DENIAL OF DEATH Copyright @ 1973 by The Free Press, uma Divisão da Macmillan, Inc. Todos os direitos reservados. Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa para o mundo inteiro adquiridos pela DISTRIBUIDORA RF.CORD DE SERVIÇOS DF. IMPRENSA S.A. Rua Argentina 171 — 20921 Rio de Janeiro. RJ — Tel.: 580-3668 que se reserva a propriedade literária desta tradução Impresso no Brasil PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL Caixa Postal 23.052 — Rio de Janeiro, RJ — 20922 À memória de meus adorados pais, que sem o saberem me deram — entre muitas outras coisas — o dom mais paradoxal de todos: uma confusão auanto ao heroísmo. Non ridere, non lugere, negue detestari, sed intelligere. (Não rir, não lamentar, nem amaldiçoar, mas compreender.) — Spinoza Sumário Prefácio 9 CAPÍTULO UM: Introdução: A Natureza Humana e o Heróico 15 FARTE I: A PSICOLOGIA PROFUNDA DO HEROÍSMO 23 CAPÍTULO DOIS: O Terror da Morte 25 CAPÍTULO TRÊS: A Reformulação de Certas Idéias Psicanalílicas Básicas 38 CAPÍTULO QUATRO: O Caráter Humano como Mentira Vital 58 CAPÍTULO CINCO: O Psicanalista Kierkcgaard 77 CAPÍTULO SEIS: O Problema do Caráter de Freud, Noch Einmal 100 PARTE II: OS FRACASSOS DO HEROÍSMO 129 CAPÍTULO SETE: O Feitiço das Pessoas — O Nexo da Dependência 131 CAPÍTULO OITO: Oito Rank e a Aproximação F.ntre a Psicanálise e Kierkegaard 160 CAPÍTULO NOVE: O Efeito Atual da Psicanálise 176 CAPÍTULO DEZ: Uma Visão Geral da Doença Menta! 205 PARTE 111: RETROSPECTO E CONCLUSÃO: OS DILEMAS DO HEROÍSMO 247 CAPÍTULO ONZE: Psicologia e Religião: O Que É o Indivíduo Heróico? 249 Referências 277 índice Remissivo 295 Prefácio ...por enquanto, desisti de escrever — já existe um ex­ cesso de verdade no mundo — uma superprodução que aparentemente não pode ser consumida! — Ono Rank1 A perspectiva da morte, disse o Dr. Johnson, concentra maravilhosa­ mente a atenção da mente. A principal tese deste livro é que essa pers­ pectiva faz muito mais do que isso: a idéia da morte, o medo que ela inspira, persegue o animal humano como nenhuma outra coisa; é uma das molas mestras da atividade humana — atividade destinada, em sua maior parte, a evitar a fatalidade da morte, a vencê-la mediante a ne­ gação, de alguma maneira, de que ela seja o destino final do homem. O célebre antropólogo A. M. Hocart alegou, certa vez, que os primiti­ vos não eram importunados pelo medo da morte; que uma perspicaz amostragem de provas antropológicas iria mostrar que a morte era, com muita freqüência, acompanhada de júbilo e festejos; que a morte parecia ser uma ocasião mais para comemoração do que medo — mui­ to semelhante ao velório irlândes. Hocart queria dissipar a idéia de que (comparados com o homem moderno) os primitivos eram infantis e assustados pela realidade; os antropólogos já realizaram, em grande parte, essa reabilitação dos primitivos. Mas este argumento deixa inal­ terado o fato de que o medo da morte é, na verdade, uma proposição universal na condição humana. Não há dúvida de que os primitivos celebram, com freqüência, a morte — como Hocart c outros demons­ traram — porque acreditam que a morte é a promoção suprema, a úl­ tima elevação ritual para uma forma de vida superior, para o desfrute da eternidade de alguma forma. A maioria dos ocidentais modernos tem dificuldade em acreditar nisso, o que faz com que o medo da mor­ te tenha um papel muito destacado cm nossa configuração psicológica. Nestas páginas, tento mostrar que o medo da morte é uma propo­ sição universal que une dados provenientes de várias disciplinas das ciências humanas e torna maravilhosamente claros e inteligíveis atos humanos que enterramos sob montanhas de fatos e obscurecemos com intermináveis discussões repetitivas sobre os “verdadeiros” motivos hu­ manos. O intelectual da nossa época está esmagado sob um fardo que nunca imaginou ter de carregar: a superprodução de verdades que não podem ser consumidas. Durante séculos, o homem viveu na crença de que a verdade era tênue c enganosa e que, tão logo ele a encontrasse, os problemas da humanidade terminariam. E aqui estamos, nas déca­ das finais do século XX, engasgados com tanta verdade. Houve tantos trabalhos brilhantes por escrito, tantas descobertas geniais, uma ex­ tensão e um refinamento tão grandes dessas descobertas — e no entan­ to a mente se encontra calada enquanto o mundo gira em sua antiqüíssima carreira demoníaca. Lembro-me de ter lido que, na fa­ mosa Exposição Mundial de St. Louis, em 1904, o orador na presti­ giosa reunião científica tivera dificuldade para falar tendo como fundo o barulho das novas armas que estavam sendo demonstradas perto da­ li. Ele dissera alguma coisa condescendente c tolerante sobre aquela demonstração desnecessariamente demolidora, como se o futuro per­ tencesse à ciência c não ao militarismo. A Primeira Guerra Mundial mostrou a todo mundo a prioridade das coisas neste planeta e quem estava se ocupando de atividades fúteis e quem não se ocupava com elas. Neste ano, a ordem de prioridades voltou a ser demonstrada por um orçamento bélico mundial de 204 bilhões de dólares, numa época em que as condições de vida humana no planeta eram piores do que nunca. Por que, então, poderá o leitor perguntar, acrescentar mais um outro denso volume a uma superprodução inútil? Bem, é claro que exis­ tem razões pessoais: hábito, compulsão, obstinada esperança. E há Eros, a ânsia pela unificação da experiência, pela forma, por uma maior expressividade. Uma das razões, creio eu, de o conhecimento estar num estado de superprodução inútil é estar ele espalhado por toda parte, falado cm mil vozes competitivas. Seus fragmentos insignificantes são ampliados dc maneira desproporcional, enquanto suas compreensõcs principais e relativas à história do mundo ficam por ai implorando aten­ ção. Não há um centro vital, pulsante. Norman O. Brown observou que o grande mundo precisa de mais Eros e menos antagonismo, o mes­ mo acontecendo com o mundo intelectual. É preciso revelar a harmo­ nia que une muitas posições diferentes, a fim de que as “polêmicas estéreis e ignorantes” possam ser tornadas sem efeito.1 Escrevi este livro, fundamentalmentc, como uma tentativa dc har­ monizar a babel de pontos dc vista sobre o homem c sobre a condição humana, na crença de que chegou a hora de uma síntese que inclua o que há de melhor em muitos campos do pensamento, das ciências humanas à religião. Tentei evitar contrariar c negar qualquer ponto de vista, por mais que ele mc seja pessoalmente antipático, se parecer conter um núcleo de veracidade. Nos últimos anos, tenho percebido

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