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A alma do negócio. Um guia prático para os empreendedores em Portugal PDF

271 Pages·2013·8.716 MB·Portuguese
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ALMA DO NEGÓCIO Um guia prático para os empreendedores em Portugal sa FICHA TÉCNICA sabedoria alternativa edição TítülO original: A alma do negócio. Um guia prático para os empreendedores em Portugal Editora SA8ED0RIA ALTERNATIVA A editora Sabedoria Alternativa iniciou com este livro a sua atividade, em setembro de 2013. Tem como objetivo editar anualmente cerca de 10 livros nas éreas da gestão, desenvolvimento pessoal, empreendedorismo. motivação pessoal, recursos humanos, entre outras áreas relacionadas. Todos os livros serão alvo de um tratamento especial e personalizado, que passa pela dinamização de eventos, encontros a volta dos mesmos e a sua divulgação no mundo digital. Siga as nossas novidades no blogue: www.sabedoriaafternativa.pt Na área da consultoria, a Sabedoria Alternativa elabora projetos a medida nas seguintes áreas: • Edição personalizada para empresas (por e«emplo edição de livros para comemorar aniversários, ofertas de Natal, de motivação dos colaboradores, etc.). • Apoio à edição de livros pessoais (por eiemplo biografias pessoais, marketing profissional, histórias de família, teses científicas, livros para profissionais de formação, etc.). • Edição de livros para apoiar o lançamento e comunicação de um novo negócio. • Identificação e promoção de novos talentos na área da edição e da escrita. • Ligação e divulgação junto de agentes e editores internacionais para a venda de direitos no estrangeiro. Contactos: [email protected] Todos os direitos mundiais desta obra estão reservados pela Sabedoria Alternativa e respetivos autores. Edição e produção: Sabedoria Alternativa - setembro de 2013 Revisão.- Marta Pereira da Silva Design da capa e paginação: ludovice Design Gráfica: Guides Artes Gráficas Oepósito Legal n.° 364183/13 IS8N: 978-989 96801-2-8 Sobre este livro pode ainda consultar o site: www.aalmadonegocio.com Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida, no todo ou em parte, por qualquer processo mecânico, fotográfico, eletrônico ou de gravação, ou qualquer outra forma copiada, para uso público ou privado (além do uso legal como breve citação em artigos e críticas) sem autorização prévia por escrito dos seus autores. Este livro não pode ser emprestado, revendido, alugado ou estar disponível em qualquer forma comercial que não seja o seu atual formato sem o consentimento dos seus autores e da editora Sabedoria Alternativa. Vendas especiais: Este livro pode ser adquirido com descontos especiais para compras de maior volume para empresas, associações empresariais, universidades, escolas de formação e outras instituições. Para mais informações contactar: [email protected] ÍNDICE PREFACIO - eo FOR IT! - CHARLES BUCHANAN ................................................................................................................ 5 PREAMBULO - DAR ANTES DE RECEBER - SOFIA RAMOS (NOTA OE EDlÇAO E APRESENTAÇÃO OOS AUTORES)............. 9 PARTE 1 - DA IDEIA À AÇÃO ---------------------------------------------------------- » INTRODUÇÃO-STEVE BLANK................................................................................................................................................................................................................... 16 CAPÍTULO 1 - VAMOS EMPREENDER?------------------------------------------- 24 DEZ MITOS 00 EMPREENDEOORISMO EM PORTUGAL -PAULO ANOREZ 25 A LENDA DOS OOIS EMPREENDEOORES - BILL AULET E FIONA MURRAY ............................................................................................................. 38 0 QUE É SER EMPREENOEDOR?-ANTÓNIO LUCENAOE FARIA .................................................................................................................................... 48 CAPÍTULO 2 - IDEIAS HÁ MUITAS, MAS QUAIS SÃO BOAS?---------------- S6 TESTAR A IDEIA-ANTÓNIO LUCENAOE FARIA .......................................................................................................................................................................... 57 MAPA DO TESOURO (MODELO DE NEGÓCIO) - PEDRO LUDOVlCE NOGUE IRA .................................................................................................. 67 CAPÍTULO 3 - MÃOS NA MASSA------------------------------------------------------ n PARA UMA CULTURA DE EXECUÇÃO - PEDRO ROCHA VIERA 73 MONTAR UMA EMPRESA - ASPETOS JURÍDICOS - LUlS ROQUETTE GERALOES ........................................................................................... 82 MONTAR UMA EMPRESA - MARCAS E PROCESSO DE REGISTO - VASCO STILLWELL D ANDRADE gs LIDAR COM A BUROCRACIA-PEDRO CARMO OLIVEIRA .................................................................................................................................................... 99 ONDEESTAOFINANCIAMENTO?-CARLOSSILVA .................................................................................................................................................................. 105 OS BUSINESS ANGELS- JOAO TRIGO DA ROZA ........................................................................................................................................................................ 113 PARTE 2 -A GESTÃO DO NEGÓCIO-------------------------------------------------- m CAPÍTULO 4 - OS BÁSICOS --------------------------------------------------------- ne CONSTRUIR EM EQUIPA - RICARDO DE MELO MESQUITA..................................................................................................... 119 SABER COMUNICAR-MARIA MIGUEI FERREIRA .................................................................................................................. 130 CAPÍTULO 5 - GESTÃO PURA E DURA-------------------------------------------- i« AJUSTAR 0 SONHO E A IDEIA - BARBARA 8ECK DE LANCASTRE ............................................................................................. 147 MARATONA DE OBSTÁCULOS-PEDRO JANELA ............................................................................................................................ 160 OS CINCO MAIS DA GESTÃO DIÁRIA-MIGUEL JÚDlCE ............................................................................................................... 170 BESTÃOE EXPANSÃO DE NEGÓCIOS NAS T.I.-RUI PEREIRA 174 PARTE 3 - REFLEXÕES PARA 0 FUTURO----------------------------------------- m CAPÍTULO 6 - O NOVO EMPREENDEDORISMO-------------------------------- --no UMA BOLHA CHAMADA "EMPREENDEDORISMO” - INÊS SILVA .............................................................................................191 GARRA PARA CONTINUAR- JOÃO ROMÃO .......................................................................................................................................199 PRECISAMOS DE UMA CONSPIRAÇÃO - TIAGO GOMES SEQUEIRA & AlEXANORE MENDES ...............................................208 CAPÍTULO 7 - APRENDER COM OS ERROS E EDUCAÇÃO-------------------211 ERRARÉBOM?-MIGUELMONTEIRO .......................................................................................................................................217 EDUCAR PARA 0 EMPREENDEDORISMO - OANA T. REOf ORO ...............................................................................................229 CAPÍTULO 8 - EMPREENDER NOS EUA, AS DIFERENÇAS----------------- -2u SABER INVESTIR EM PORTUGAL ENOS EUA-MIGUEL CALAOO ...........................................................................................239 MOVIMENTO NASCENTE- VASCO PEDRO ................................................................................................................................248 CONCLUSÃO-AAÇÂO EMPREENDEDORA JOÃO fERNANOES .............................................................................................255 PARTE 4 - ANEXOS-------------------------------------------------------------------------263 INFORMAÇÃO ÚTIL E CONTACTOS .......................................................................................................................................... 264 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .............................................................................................................................................. 271 PREFÁCIO 60 FOR IT! CHARLES BUCHANAN ADMINISTRADOR DA FLAD (FUNDAÇÃO LUSO-AMERICANA PARA O DESENVOLVIMENTO) Empreender não é uma “bala mágica”, mas neste momento de crise devemos fazer todos os possíveis para que Portugal regresse ao seu estado competitivo. Empreendedorismo tem de ser compreendido nas suas várias vertentes e, para isso, é importante mudar as mentalidades, estimular novos talentos e encorajar os adolescentes, e ao nível universitário, para mais tarde arriscarem novos negó­ cios. O potencial impacto de expor as mentes mais jovens (estudantes entre os 8 e 15 anos) aos conceitos empreendedores, nomeadamente a tomada de inicia­ tiva, confiar no seu juízo, inovar, experimentar novas maneiras de fazer coisas e aprender a serem líderes, tem reconhecidamente influência no desenvolvimento de um jovem. Quando está a crescer, estes conceitos são essenciais para o seu sucesso. N0 entanto, a educação destes conceitos quase não existe em Portugal e é, na maioria dos casos, ignorada pelas famílias. Por isso, esta fase é um grande desafio, mas também uma oportunidade para todos. Sabemos que não se começa uma empresa de um dia para o outro. Podemos ter uma ideia brilhante que está na “nossa” cabeça e que queremos desenvolver, quer seja para o bem público ou para obter lucro, mas normalmente o produto tem de ter alguma utilidade no mercado de trabalho bem como valor social. Mas, todos os nossos esforços precisam de vários apoios para acontecerem. Uma das minhas preocupações em relação ao empreendedorismo em Portugal consiste na criação de um ecossistema nacional que o apoie. Todas as institui­ ções envolvidas, públicas e privadas, devem ser identificadas e estar preparadas para apoiar novas startups, que estão a sair das incubadoras. Estas iniciativas pre­ cisam de financiamento e, apesar de existirem programas de financiamento do Governo, Business Angels e capital de risco, todos estes apoios têm de estar aces­ síveis. Senão, não constituem um “ecossistema”. Outros elementos passam pelo apoio à I&D (Investigação & Desenvolvimento) ao nível da universidade e preci­ sam também de ser identificados outros incentivos, designadamente ao nível do marketing. Tudo isto tem de funcionar eficientemente em parceria e responder aos pedidos de uma forma quase automática e profissional. 6 A ALMA 00 NEGÓCIO PARTILHAR EXPERIÊNCIAS Comparando culturas diferentes, sabemos que o sistema norte-americano é mais aberto e existe uma vontade de partilhar conhecimentos entre os empresários e empreendedores, mesmo que um seja mais beneficiado do que o outro. Os em­ preendedores nos EUA não têm tanto receio de partilhar experiências/conheci­ mentos como em Portugal. O espírito para trabalhar em equipa é essencial nos EUA e, em Portugal, isso parece-me mais difícil. Esta faceta é muito importante para o empreendedorismo, pois é esta atitude que resulta da capacidade de par­ tilhar e de unir forças que faz o empreendedor. Esta situação está a mudar lenta­ mente na cultura portuguesa e a criar a ideia de que, se todos contribuírem, con­ seguimos um ganho comum no sentido macro. Este espírito de equipa, de partilha, entre os empreendedores é determinante e é essencial reconhecer que isto tudo se baseia em “TRUST” (que não é muito bem traduzido por “confiança” para português) entre os membros da equipa, colegas e outros representantes dentro do ecossistema. Tenho ouvido dizer que o português é muito desconfiado e descon­ fia rapidamente. Isto tem de ser combatido! “0 ESPÍRITO PARA Para isso, o sistema de ensino e as famílias TRABALHAR EM EQUIPA têm de promover uma sensibilidade de con­ É ESSENCIAL № EUA fiança para o empreendedorismo se expan­ E, EM PORTUSAL, ISSO dir no país. PARECE-ME MAIS Também se diz que no ADN dos norte-ame- DIFÍCIL" ricanos existe um instinto natural de criarem as suas empresas. Se um empreendedor na América falha, ele consegue mudar o cenário e o seu percurso. Esta situação não é encarada como um grande embaraço. Falham, levantam-se a seguir e re­ começam. O medo do risco e de falhar na Europa e em Portugal é mais elevado. Porque é visto como uma coisa má para se ter no curriculum e, como é uma pre­ ocupação, pode influenciar o seu trabalho. Neste campo, a nova geração está a mudar e o país também, para além de uma maior influência internacional, que beneficia da troca de experiências. Nesta altura, Portugal está a atravessar uma das piores crises da sua história e penso que ainda não se conhece o pior dela, pois iremos descobrir ainda mais danos. Também sinto que a economia está muito ligada a redes grandes e pe­ quenas que são reforçadas pela confiança entre pessoas. O que se passa é que estas redes e relações estão a ser destruídas, evaporizadas e, para as recons­ truirmos, demorará muito tempo. O desaparecimento do apoio facultado por PREFÁCIO 7 estas redes irá provocar mais danos do que pensamos. Mas podemos dizer que vão ser criadas outras, assim como mais abertura ao risco. Todavia, duvido do quanto isso possa demorar e acredito que as pessoas ainda vão ter de lutar por muito mais tempo. A FLAD começou a apoiar o financiamento ao empreendedorismo há cerca de dez anos, com o programa “Junior Achievement”. Estas e outras iniciativas têm-se revelado, para mim, de grande urgência para estimular atividades e criar empregos. Nós apoiamos diversas iniciativas na área da educação para o empre­ endedorismo. Por exemplo, financiámos, em conjunto com a Fundação Calouste Gulbenkian, um estudo nacional para analisar como é que o empreendedorismo pode ser melhor lecionado nas escolas secundárias em Portugal. Enviámos pro­ fessores de Portugal ao Babson College (escola de empreendedorismo nos EUA) e também realizámos um estudo recente sobre o intraempreendedorismo. Promovemos ainda conferências e debates com especialistas dos EUA, da Kauffman Foundation (especialista na área do empreendedorismo), já realizá­ mos muitos workshops para estudar o que funciona ou não funciona e financiámos projetos de ONG (como, por exemplo, a Beta-i) que têm sido líderes em Portu­ gal. Estamos a apoiar a Startup Factory com um programa de novos cursos online e na TVI24 e apoiamos também a APBA (Associação Portuguesa de Business Angels), através da sua iniciativa anual que é a Semana do Empreendedorismo em Portugal. Ajudamos a Leadership Consulting com ligações a Silicon Valley e dentro em breve apoiaremos o “Lisbon Challenge”, para trazer mentores de Bos­ ton até Lisboa. Este acontecimento vai ser muito importante e esta iniciativa irá juntar debaixo do mesmo teto mentores, apoio técnico e mais de cem empreen­ dedores. A minha expectativa é que todos os esforços que estão a ser feitos em Portugal ao nível da incubação, financiamentos Angel e mentores sejam determinantes em termos de resultados e criem novas empresas sustentadas. Tudo isto é um desafio e aqueles empreendedores que estão a tentar e estão a ser apoiados têm de fazer com que os seus produtos sejam competitivos e vinguem no mercado. As teorias estão testadas e hoje já se pode saber se uma ideia tem ou não "per­ nas para andar”. Mas isto deve ser uma aposta contínua. E é um jogo, porque até se provar no final, tem que se arriscar. As startups que têm uma estratégia global e que conseguem ser competitivas nos mercados internacionais são as que devem ser mais apoiadas. Podemos esperar que Portugal se possa tornar mais competi­ tivo outra vez com estas novas empresas, se conseguir ganhar escala. Este ano de 2013 vai ser um ano crucial e de transição, e estas startups que surgem têm de ser apoiadas o mais rapidamente possível para entrar neste 8 A ALMA 00 NEGÓCIO crescimento sustentado. O novo Portugal pode ser conhecido por ser “O hub” do empreendedorismo global e já está a ser conseguido um grande trabalho nesse sentido. Portugal tem valores excecionais para atrair novas empresas, nomea­ damente em termos de perspetivas geopolíticas ou de recursos naturais e do mar. O livro A alma do negócio tem um papel muito importante, porque é urgente transmitir informação e conhecimentos úteis sobre o que é o empreendedoris­ mo e sobre como se podem criar novos negócios na situação económica atual em Portugal. Também é essencial informar o “SE Í UM POTEMCIAL público dos tipos de apoio que estão dispo­ EMPREENDEDOR, DEPOIS níveis em Portugal ou internacionalmente. DE LER ESTE LIVRO VÁ FALAR Ao longo dos seus capítulos, esta obra expli- ca-lhe como empreender, passo a passo, na COM ESPECIALISTAS E forma de um manual que mostra exemplos e MENTORES, ULTRAPASSE casos que podem educar. Também descreve 0 MEDO E ESTEJA ABERTO casos de sucesso e de fracasso, porque nem PARA AJUDAR OS OUTROS" tudo funciona e existem muitos bloqueios ao longo do caminho que as startups têm de ultrapassar, que podem resultar no sucesso e outros casos o caminho ser mais doloroso e mais difícil. Com a qualidade dos seus autores, conseguimos recolher várias perspetivas sobre o desenvolvimento do empreendedorismo em Portugal. Se é um potencial empreendedor, depois de ler este livro consulte especialistas e mentores, ultrapasse o medo e esteja aberto para ajudar os outros. Recolha os melhores conselhos e siga em frente, desenvolva um espírito de equipa, de parti­ lha e ajuda e, se assumir esta atitude, irá ajudar o seu negócio a crescer. Quero muito que este livro constitua um contributo útil para os múltiplos po­ tenciais empreendedores em Portugal e felicito a Sofia Ramos pela sua iniciati­ va de lançar este projeto. Junto as minhas felicitações a todos os que contribuí­ ram para este livro, a quem a comunidade de empreendedores e os membros do ecossistema de apoio deve este contributo com vista a um futuro de sucesso. Lisboa, maio de 2013 PREÂMBULO DAR ANTES DE RECEBER (GIVE BEFORE YOU GET) SOFIA RAMOS EDITORA OESTE LIVRO E CONSULTORA NA AREA OA EOIÇÀO (SABEDORIA ALTERNATIVA) O futuro de Portugal reside no empreendedorismo? Esta é uma das perguntas que muitos têm colocado e a que este livro se propõe responder. Quase como um jogo, o leitor irá seguir os oito capítulos, que lhe apresentam várias partes intervenientes do state ofthe art do empreendedorismo em Portugal. Se tem a am­ bição de se tornar um empreendedor, ou se quer saber mais sobre o assunto, vai descobrir os passos a dar, as “ratoeiras” a evitar, as últimas tendências, quais são os novos conceitos, as diferenças do empreendedorismo nos EUA e porque é que Portugal tem todas as condições para se tornar um hub do empreendedorismo mundial. Nos últimos três anos, desenvolveu-se em Portugal uma economia subter­ rânea de startups que criam novos produtos e serviços que se destacam a nível mundial. É subterrânea porque estes casos são ainda pouco conhecidos do pú­ blico em geral. Em simultâneo, vive-se uma nova moda em que se acredita que, através da promoção do empreendedorismo, todos os males do país se resol­ vem. E assim se multiplicam os seminários, eventos, concursos, prémios à volta do empreendedorismo, de norte a sul do país... Mas acreditar que criar um ne­ gócio é um passaporte para uma vida melhor pode ser uma falácia, assim como acreditar que o empreendedorismo é a solução para o desemprego em Portugal (como refere João Fernandes, no capítulo da Conclusão). Alguém disse que ser empreendedor não é sexy. Como explicava Steve Jobs “é muito difícil ser empreendedor. Tem de o fazer durante um período sustentável de tempo e, se não gosta do que está a fazer, acaba por desistir. Os que amam o que fazem conseguem preservar e ultrapassar as dificuldades. Isso implica mui­ to trabalho e preocupações constantes.” Com a democratização do empreendedorismo, tornou-se comum sonhar com a criação de uma empresa. A história nos EUA mostra-nos que nos últimos 20 anos o desemprego tem estado relacionado com a criação de novas empresas e nas cidades, onde o desemprego é elevado, nota-se um aumento de criação de novos negócios. Só nos últimos 30 anos as startups nos EUA criaram mais de 40 milhões de empregos. Claro que estamos a comparar dimensões e mercados muito diferentes (ver Capítulo 8), mas esta tendência já é visível em Portugal. 10 A ALMA 00 NEGÓCIO Segundo o estudo da Informa D&B “Onde nasce o novo emprego em Portugal 2007-2011”, as empresas de crescimento elevado (as que apresentam um cresci­ mento orgânico médio anual de empregados superior a 20 por cento durante três anos consecutivos, com um mínimo de dez emprega- “PARA TERMOS dos no início do período) representam menos de um EMPRESAS DE Por cento do tecido empresarial, mas criam dez por Cil/TCC/l TCUfíC cento de todos os empregos gerados em cada ano em A fira otiuc Portugal. Outra estatística interessante diz respeito às pequenas empresas (com um número de empre- EMPREENDEDORES gados inferior ou igual a 50), que constituem 98 por cento do tecido empresarial português e criaram 61 por cento do novo emprego no período em análise, e às empresas jovens (com me­ nos de cinco anos), que criaram 46 por cento do novo emprego (startups -18 por cento e empresas com um a cinco anos - 28 por cento). Manter uma empresa viva em Portugal também não é fácil. Enfrentar a conta bancária e ver que, depois de pagar todos os compromissos fiscais e ordenados (TSU, IRC, IRS sobre dividendos, IVA, pagamento especial por conta, contabilista/ TOC), não sobra nada para investir em novos projetos e ideias. O pequeno empre­ sário português é consumido no seu dia-a-dia com as despesas para fazer face aos compromissos fiscais que tem perante o Estado. E será que não devia ser diferente e concentrar-se na expansão do seu negócio e na inovação? Mas onde é que vai buscar dinheiro, se uma média de 55 por cento do valor das receitas vai para pagar estas despesas incontomáveis? Este é um tema que o Governo de Portugal devia analisar e ajudar as empresas com poucos anos de vida a levantarem voo. Consti­ tuir uma empresa no Reino Unido é muito mais fácil e existem múltiplos incentivos fiscais para as startups e para os investidores, que devem servir de inspiração para alterar rapidamente a política fiscal em Portugal, no sentido de apoiar estes jovens investimentos. Para termos empresas de sucesso, temos de ter bons empreendedores. As suas ideias têm de concorrer em pé de igualdade com as melhores do mundo, a prepa­ ração e formação dos empreendedores tem de ser muito boa, têm de estar sempre a evoluir e a aprender coisas novas, têm de saber falar em público, têm de saber defender os seus negócios de forma cativante, etc. Competências para as quais, in­ felizmente, as escolas portuguesas não os preparam bem. Por outro lado, um empreendedor tem de ter “os pés bem assentes na terra” e saber que montar um negócio requer muito esforço e muito trabalho misturado com paixão, conceitos que também são quase desconhecidos para muitos. Precisa­ mos de mais empreendedores que tenham a ambição e a audácia do jovem que faz

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