No primeiro volume do best seller 1Q84, mistérios rondam duas pessoas no Japão de 1984. A charmosa assassina Aomame e o aspirante a escritor Tengo vão aos poucos se dando conta de que entraram em um mundo paralelo, cada um à própria maneira, e o perigo em torno de ambos parece somente crescer. Agora, no segundo volume da trilogia, Haruki Murakami conduz o leitor a uma história na qual o realismo mágico do mais célebre autor contemporâneo do Japão se revela ainda mais surpreendente. 1Q84 é um mundo real, onde nem tudo é o que aparenta. Duas luas agora pairam no céu: uma grande, cinzenta, e outra menor, irregular, de tom levemente esverdeado. Há também o chamado Povo Pequenino, com estranhas criaturas que Tengo busca entender enquanto reescreve um romance de uma enigmática adolescente, conhecida como Fukaeri. Nesse mundo, o destino dos protagonistas está intimamente interligado, ainda que a narrativa se apresente em capítulos que alternam entre ambos. Cada um, à sua maneira, está fazendo algo perigoso, que pode colocar sua vida – e a de outras pessoas – em risco. Tengo está sendo seguido de perto por Ushikawa, um investigador contratado a serviço de Sakigake, a comuna religiosa à qual Fukaeri está ligada. Crisálida no ar, o romance escrito pela jovem, parece se tornar cada vez mais real à medida que seus acontecimentos vão se entrelaçando com a vida de Tengo. Por sua vez, Aomame tem como nova missão matar o líder de Sakigake. Vigiados e em constante perigo, os protagonistas sabem que a seita e o Povo Pequenino são implacáveis. Aparentemente, não há como fugir da realidade de 1Q84 e nem é possível que ambos sejam salvos; entre Tengo e Aomame, apenas um será o escolhido. Cada vez mais imersos neste mundo paralelo, eles se dão conta de que somente conseguirão se salvar quando puderem encontrar um ao outro. Com mais de 4 milhões de exemplares vendidos somente no Japão, 1Q84 não foge das referências ao clássico de George Orwell. No segundo volume, a vigilância por parte de grupos poderosos e o temor dos protagonistas diante de um Grande Irmão, entre outros temas, são referências constantes. Com seu típico estilo, Murakami insere diversas referências ocidentais em meio a um Japão cosmopolita para ambientar o enredo. Ao costurar trechos de suspense, violência e distopia com momentos de nostalgia, amor e união, Murakami alcança em 1Q84 o ápice de sua obra e criatividade.