INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE ESTADO- MAIOR CONJUNTO 2013/2014 TII A ATUAÇÃO DE FORÇAS CONJUNTAS NA CAMPANHA DO SUL DE ANGOLA DE 1915 O TEXTO CORRESPONDE A TRABALHO FEITO DURANTE A FREQUÊNCIA DO CURSO NO IESM SENDO DA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO CONSTITUINDO ASSIM DOUTRINA OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS E DA GUARDA NACIONAL REPUBLICANA INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES A ATUAÇÃO DE FORÇAS CONJUNTAS NA CAMPANHA DO SUL DE ANGOLA DE 1915 MAJ ART Robalo Geraldes Trabalho de Investigação Individual do CEMC 13/14 Pedrouços 2014 INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES A ATUAÇÃO DE FORÇAS CONJUNTAS NA CAMPANHA DO SUL DE ANGOLA DE 1915 MAJ ART Robalo Geraldes Trabalho de Investigação Individual do CEM-C 13/14 Orientador: MAJ INF Hugo Miguel Moutinho Fernandes Pedrouços 2014 A atuação de forças conjuntas na campanha do sul de Angola de 1915 Agradecimentos Começo por expressar o meu agradecimento ao Instituto Superior de Estudos Militares pela oportunidade que me facultou de poder desenvolver uma investigação sobre a temática em causa e possibilitar a apresentação do presente estudo. Expresso o meu agradecimento ao orientador deste trabalho, Major de Infantaria Moutinho Fernandes, pelo apoio, conselhos, sugestões e permanente disponibilidade. Aos camaradas do CEM-C 2013/2014 que contribuíram com a sua paciência, o seu tempo, as suas sugestões e opiniões, o meu profundo agradecimento, sendo certo que foi para mim uma honra e privilégio com eles ter privado. Aos Majores de Artilharia Carlos Mimoso e Siborro Alves pela sua paciência, incentivo e amizade que em muito contribuirão para a conclusão do presente trabalho. Estes agradecimentos ficariam profundamente incompletos, se não expressasse o meu mais sincero reconhecimento pelo apoio dos meus amigos e familiares, sem o qual não me teria sido possível concretizar este trabalho, em especial os meus filhos, Santiago e Victória, a quem nem sempre dei toda a atenção, apoio e carinho que me merecem. Acima de tudo o meu profundo agradecimento e eterno reconhecimento à minha esposa, Ana Paula, pelo apoio, compreensão e ausência que mais esta missão militar lhe impôs e para a qual sempre me incentivou e apoiou. ii A atuação de forças conjuntas na campanha do sul de Angola de 1915 Índice Introdução .............................................................................................................................. 1 a. Objetivos da investigação ................................................................................... 3 b. Metodologia adotada .......................................................................................... 4 1. Enquadramento Conceptual e Estado da Arte ................................................................ 8 a. Origem e evolução das forças conjuntas, nível operacional e Arte Operacional 8 b. Caraterísticas de atuação de forças conjuntas ................................................... 10 c. Níveis da guerra ................................................................................................ 12 (1) Estratégico-Militar ...................................................................................... 12 (2) Operacional ................................................................................................. 13 (3) Tático ........................................................................................................... 14 d. Planeamento de operações ao nível Operacional.............................................. 14 e. Arte Operacional ............................................................................................... 16 f. Design Operacional .......................................................................................... 20 g. Elementos do Design Operacional.................................................................... 21 h. Síntese conclusiva ............................................................................................. 22 2. A campanha militar de Angola em 1915 ...................................................................... 23 a. Presença de Portugal na Província de Angola até 1914 ................................... 23 b. Enquadramento Político-Estratégico em 1914 ................................................. 28 c. Antecedentes da Campanha militar no Sul de Angola de 1915........................ 30 d. Análise do ambiente operacional ...................................................................... 32 (1) Política ......................................................................................................... 33 (2) Militar .......................................................................................................... 33 (3) Económica ................................................................................................... 34 (4) Social ........................................................................................................... 34 (5) Infraestruturas ............................................................................................. 34 iii A atuação de forças conjuntas na campanha do sul de Angola de 1915 (6) Informacional .............................................................................................. 34 (7) Ambiente físico ........................................................................................... 35 (8) Tempo disponível ........................................................................................ 35 e. Planeamento da operação de 1915 .................................................................... 35 f. Decurso das operações ...................................................................................... 38 g. Síntese conclusiva ............................................................................................. 44 3. A campanha militar de Angola em 1915 à luz das caraterísticas de atuação de forças conjuntas ....................................................................................................................... 46 a. Constituição da força ........................................................................................ 46 b. Níveis da Guerra ............................................................................................... 47 c. Enquadramento do Ambiente ........................................................................... 47 d. Centro de gravidade .......................................................................................... 52 e. Conceção Operacional ...................................................................................... 55 f. Objetivos estratégicos e operacionais ............................................................... 55 g. Estado final desejado ........................................................................................ 56 h. Condições do Estado final desejado ................................................................. 56 i. Condição decisiva/Ponto decisivo .................................................................... 57 j. Linhas de Operações/Esforço ........................................................................... 58 k. Faseamento e transição ..................................................................................... 58 l. Simultaneidade e profundidade ........................................................................ 59 m. Síntese conclusiva ............................................................................................. 59 Conclusões ........................................................................................................................... 61 Fontes e Bibliografia ........................................................................................................... 66 Índice de figuras Figura nº1 - Percurso Metodológico ...................................................................................... 6 Figura nº2 – Modelo de Análise ............................................................................................ 7 iv A atuação de forças conjuntas na campanha do sul de Angola de 1915 Figura nº3- Níveis da Guerra ............................................................................................... 12 Figura nº4- Correspondência entre os níveis OTAN e nacionais ........................................ 14 Figura nº5- Fases do OPP .................................................................................................... 15 Figura nº6- Fases do OPP onde se aplicam a Arte Operacional, o Design Operacional e a Visualização ...................................................................................................... 16 Figura nº7- Modelo da arquitetura da Doutrina Militar Conjunta da OTAN ...................... 17 Figura nº8- Relação entre Estratégia e Arte Operacional .................................................... 18 Figura nº9- Arte Operacional .............................................................................................. 19 Figura nº10- Ciclo da Arte Operacional .............................................................................. 20 Figura nº11- Ligação entre os elementos do Design Operacional ....................................... 21 Figura nº12- Continente Africano no início do Século XX ................................................. 25 Figura nº13- Projeto mapa cor-de-rosa ................................................................................ 26 Figura nº14- Sul de Angola ................................................................................................. 27 Figura nº15- Mapa de distribuição de tribos em Angola ..................................................... 28 Figura nº16- Esboço do plano de Operações ....................................................................... 37 Figura nº17 - Composição e articulação dos destacamentos ............................................... 39 Figura nº18- Esquema de Operações ................................................................................... 40 Figura nº19 - Quadrado de Môngua .................................................................................... 42 Figura nº20- Diagrama de relações no Inicio da Campanha ............................................... 47 Figura nº21- Diagrama de relações onde se vai atuar ......................................................... 48 Figura nº22- Relações entre os atores no final da operação ................................................ 49 Figura nº23- Problemas identificados .................................................................................. 51 Figura nº24- Solução para os problemas ............................................................................. 51 Figura nº25- Conceção Operacional da Campanha de 1915 ............................................... 55 Figura nº26- Condições do estado final desejado ................................................................ 57 Figura nº27- Esquematização da Arte Operacional ............................................................. 62 Figura nº28- Relação de militares mobilizados para Angola (1914-1918) ....................... B-2 Figura nº29- Conselho Superior de Defesa Nacional .................................................... Ap1-1 Figura Nº30- Visualização ............................................................................................. Ap2-2 Figura Nº31- Diagrama de relações do Teatro Operações do Afeganistão ................... Ap2-2 Figura Nº32- Enunciado do Problema ........................................................................... Ap2-3 Figura Nº33- Design Operacional ................................................................................. Ap2-3 v A atuação de forças conjuntas na campanha do sul de Angola de 1915 Índice de Tabelas Tabela nº1 - Variável Política .............................................................................................. 33 Tabela nº2 - Variável Militar ............................................................................................... 33 Tabela nº3 - Variável Económica ........................................................................................ 34 Tabela nº4 - Variável Social ................................................................................................ 34 Tabela nº5 - Variável Infraestruturas ................................................................................... 34 Tabela nº6 - Variável Informacional ................................................................................... 34 Tabela nº7 - Variável Ambiente Físico ............................................................................... 35 Tabela nº8 - Variável Tempo disponível ............................................................................. 35 Tabela nº9 - Missões dos destacamentos ............................................................................. 40 Tabela nº10 - CoG das forças portuguesas .......................................................................... 53 Tabela nº11 - CoG das forças Alemãs ................................................................................. 54 Tabela nº12 - CoG dos Indígenas ........................................................................................ 54 Tabela nº13 - Pontos/condições decisivos ........................................................................... 58 Índice de Anexos Anexo A - Corpo de Conceitos....................................................................................... A- 1 - Anexo B - Constituição da força expedicionária em Angola em 1915 ............................. B-1 Índice de Apêndices Apêndice 1 - Organização da Defesa Nacional em 1915 .............................................. Ap1-1 Apêndice 2 - Visualização ............................................................................................. Ap2-1 vi A atuação de forças conjuntas na campanha do sul de Angola de 1915 Resumo No auge da primeira Guerra Mundial, Portugal, uma República recentemente constituída, com graves problemas económicos e com necessidade de afirmação, assiste ao alastrar da conflitualidade no continente africano e consequente ameaça à colónia angolana. Angola, uma colónia com importância crescente para a economia portuguesa e alvo de interesse declarado por parte das potências europeias, depara-se com a sublevação dos povos indígenas do Cuamato, Évale e Cuanhama, o que põe em causa o domínio português. Perante os factos ocorridos e a situação internacional, Portugal decide enviar para Angola expedições militares a fim de garantir a integridade do território e controlar a revolta indígena, ocupando a região a Sul do rio Cunene, que nunca tinha sido de facto ocupada pelos portugueses. A campanha militar de 1915, comandada pelo General Pereira de Eça, e com um efetivo de cerca de 12000 homens, constitui-se como uma força conjunta, englobando unidades do Exército metropolitano, Marinha e Exército colonial com as suas companhias de indígenas angolanos e de landins de Moçambique. A força, embarca em 1915 para Angola a fim de: executar operações a fim de controlar a rebelião indígena, realizar operações defensivas e ofensivas contra as forças alemãs da Damaralândia e operações a fim de ocupar a região do Cuanhama, a Sul do rio Cunene. Perante a situação, o General Pereira de Eça delineia holística e criativamente um plano, que permitisse atingir o estado final desejado pelo governo português. A investigação seguiu quatro passos essenciais: i) definição de um quadro concetual, ii) investigação histórica, iii) análise e iv) síntese. O percurso permitiu identificar através da análise do quadro concetual que a Arte Operacional é uma ferramenta essencial no planeamento de campanhas militares conjuntas de forma a transformar em objetivos militares os objetivos político-militares e a planear operações militares no intuito de alcançar o estado final desejado pelo nível político. Seguidamente, a investigação histórica acerca da forma como foi planeada e executada a campanha militar no Sul de Angola de 1915 e em que medida os objetivos definidos pelo governo português foram alcançados. Estes dados foram, posteriormente, relacionados entre si, de modo a verificar se, no planeamento e conduta da referida campanha se podem identificar elementos da Arte Operacional em uso na doutrina atual. Pôde então, enunciar-se o problema com o qual o General Pereira de Eça se deparou, elaborar-se a visualização, o desenho e conceção operacional da campanha e ainda vii A atuação de forças conjuntas na campanha do sul de Angola de 1915 identificar a presença de diversos elementos da Arte Operacional no planeamento das operações contra os alemães e no controlo dos indígenas, bem como na execução das operações de ocupação do território Cuanhama e operações contra os indígenas, concluindo- se que a campanha do Sul de Angola de 1915 apresentou caraterísticas entendidas atualmente como inerentes à atuação de forças conjuntas. viii
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