FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO ALEXANDRE SANCHES GARCIA ASSOCIAÇÕES ENTRE DESEMPENHOS FINANCEIRO E SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO DAS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE VALE A PENA SER VERDE São Paulo 2017 ALEXANDRE SANCHES GARCIA ASSOCIAÇÕES ENTRE DESEMPENHOS FINANCEIRO E SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO DAS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE VALE A PENA SER VERDE Projeto de tese apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor à Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas. Campo de Conhecimento: Gestão de Operações e Sustentabilidade Orientador: Dr. Renato J. Orsato São Paulo 2017 Garcia, Alexandre Sanches. Associações entre desempenhos financeiro e socioambiental : um estudo das circunstâncias em que vale a pena ser verde / Alexandre Sanches Garcia. - 2017. 138 f. Orientador: Renato J. Orsato Tese (doutorado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 1. Sustentabilidade. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Responsabilidade social da empresa. 4. Responsabilidade ambiental. 5. Empresas – Aspectos ambientais. I. Orsato, Renato J.. II. Tese (doutorado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. III. Título. CDU 658.011.1 ALEXANDRE SANCHES GARCIA ASSOCIAÇÕES ENTRE DESEMPENHOS FINANCEIRO E SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO DAS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE VALE A PENA SER VERDE Projeto de tese apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor à Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas. Campo de Conhecimento: Gestão de Operações e Sustentabilidade Orientador: Dr. Renato J. Orsato Data de Aprovação: _____/______/______ Banca Examinadora: _____________________________________ Dr. Renato J. Orsato (Orientador) FGV-EAESP _____________________________________ Dr. Wesley Mendes da Silva FGV-EAESP _____________________________________ Dr. Clóvis Zapata UNB _____________________________________ Dr. José Roberto Kassai USP-FEA A minha família, pelo apoio incondicional AGRADECIMENTOS Desde o meu ingresso na FGV-EAESP fui exposto a um universo de excelentes oportunidades de enriquecimento do conhecimento, decorrentes das pessoas que conheci e tive a oportunidade de trabalhar neste período, da participação em congressos no Brasil e no exterior, dos diversos livros e artigos que li e dos professores que inspiraram a conhecer sempre mais. Portanto, devo começar agradecendo a oportunidade de estudar com bolsa na FGV-EAESP, por meio da bolsa taxa financiada pela CAPES. Em seguida um agradecimento especial ao meu orientador Prof. Renato J. Orsato que mostrou as oportunidades acadêmicas que se abrem ao executar com seriedade e dedicação o trabalho de pesquisador. Renato, muito obrigado pela paciência! Ao Prof. Wesley Mendes da Silva por me atender e responder todas minhas dúvidas na orientação dos modelos econométricos. Wesley, muito obrigado pela parceria! Além disso, quero agradecer ao Prof. João Carlos Douat por possibilitar, por meio do Instituto de Finanças, o acesso ao banco de dados na realização de minhas pesquisas acadêmicas e ao Prof. Mário Prestes Monzoni, pela oportunidade em “estagiar” no GVCES, a quem expresso minha profunda gratidão e admiração pelos trabalhos que nesse centro de estudos são realizados. A união das Finanças com a Sustentabilidade é possível e formidável! Agradeço também ao Prof. Ely Laureano Paiva, coordenador do Programa de Doutorado em Administração de Empresas da EAESP que contribuiu na avaliação de minha tese na fase de qualificação e que, em seu nome, estendo o meu agradecimento a todos os professores da FGV- EAESP que tive a oportunidade de ouvi-los nas aulas regulares, nos cursos de inverno, nas palestras ou até mesmo na leitura de livros e artigos desses excelentes mestres. Agradeço ainda ao Prof. Clóvis Zapata, pela contribuição na fase de qualificação de tese que me permitiu conhecer seus estudos na área “da economia verde”, e ao Prof. José Roberto Kassai pelo aceite em avaliar o meu trabalho na fase de conclusão da tese, e que tanto o admiro pelo trabalho realizado no NECMA-USP. Por fim, agradeço a dois colegas, Prof. Joelson Sampaio, por todo o apoio nas discussões da análise dos resultados e, ao Prof. Eleomar Ricino, pela revisão dos textos. E principalmente à minha família (Betsy e Deborah), pois a conclusão desse trabalho não seria possível sem a paciência e o amor de vocês! Muito obrigado mesmo! E a Deus, pela vida concedida a mim! “Terra, és o mais bonito do planeta, estão te maltratando por dinheiro.” (Beto Guedes e Ronaldo Bastos) RESUMO Nas últimas duas décadas, um número crescente de executivos tem alocado tempo e recursos em assuntos de estratégia empresarial que envolve a responsabilidade social das organizações (LACY; COOPER; HAYWARD; NEUBERGER, 2010). Porter e Van der Linde (1995) já afirmava que estamos passando uma fase de transição da história industrial, na qual os executivos começam a perceber investimentos em fatores Environmental, Social and Governance (ESG) como uma oportunidade econômica e competitiva, ao invés de custo ou ameaça. Mas a pergunta que ainda fica sem resposta é: quando vale a pena adotar essas estratégias socioambientais? O objetivo central desse estudo é a mensuração do desempenho socioambiental das empresas e sua relação com o desempenho econômico-financeiro investigando em que circunstâncias vale a pena ser verde (pays- to-be-green). Nesse sentido e pautado pelas discussões em estratégias socioambientais competitivas, como a Hipótese de Porter e a Natural Resource Based View (NRBV), além da literatura das teorias institucional e do stakeholder, o presente estudo buscou mostrar o desempenho ESG das empresas em diversas circunstâncias. Considerando as diferenças institucional, cultural e regulamentar entre países, foram investigados os desempenhos ESG e sua relação com o desempenho financeiro das empresas pertencentes a países emergentes e de países desenvolvidos. Também investigou se o fato da empresa pertencer a índices de sustentabilidade de bolsas de valores resulta em melhores desempenhos, ESG e financeiro, comparados às empresas não listadas nesses índices. Por meio do banco de dados ASSET4, foi utilizada a metodologia de dados em painel com 2.165 empresas de países desenvolvidos e de países emergentes. Os resultados permitem não rejeitar as hipóteses levantadas de que há prevalência do ambiente institucional na relação desempenho financeiro e desempenho ESG, indicando que há associação positiva no desempenho econômico-financeiro e ESG das empresas somente dos países desenvolvidos. Já nas empresas de países emergentes essa relação é negativa. Além disso, verificou-se que estar listada em índice de sustentabilidade de bolsas de valores, embora gere melhor desempenho ESG para a empresa, não causa reflexo no seu desempenho econômico-financeiro. Adicionalmente, foi constatado que empresas pertencentes a setores de atividades econômicas consideradas polêmicas possuem melhor desempenho ESG do que empresas dos outros setores. Tais resultados contribuem para o debate do tema “pays-to-be-green”, mostrando que possíveis diferenças metodológicas utilizadas em diversos trabalhos acadêmicos explicam os resultados contraditórios até então encontrados. Os resultados desse trabalho mostram que os executivos das empresas e gestores públicos de países de economia emergente ainda tem um longo caminho a percorrer na buscar por melhores práticas ESG. Palavras-chave: responsabilidade social empresarial; desempenho Environmental, Social and Governance (ESG); sustentabilidade ABSTRACT In the last two decades, a growing number of executives have allocated time and resources on business strategy issues that involve corporate social responsibility (LACY; COWER, HAYWARD; NEUBERGER, 2010). Porter and Van der Linde (1995) already affirmed that we are passing through a phase of transition of the industrial history, in which the executives begin to realize investments in Environmental, Social and Governance (ESG) factors like an economic and competitive opportunity, instead of cost or threat. But the question that remains unanswered is: when is it worth adopting these socio-environmental strategies? The central objective of this study is to measure the socio-environmental performance of companies and their relationship with economic and financial performance, investigating under what circumstances pays-to-be-green is worth. In this sense and based on the discussions in competitive socio-environmental strategies, such as the Porter Hypothesis and the Natural Resource Based View (NRBV), in addition to the literature on institutional and stakeholder theories, the present study sought to show performance in ESG of companies in various circumstances. Considering the institutional, cultural and regulatory differences between countries, the ESG performance and its relation to the financial performance of companies from emerging and developed countries were investigated. It also investigated whether the company's stock sustainability index results in better performance, ESG and financial, compared to companies not listed in these indexes. Through the ASSET4 database, the panel data methodology was used with 2,165 companies from developed and emerging countries. The results allow us not to reject the hypotheses raised that there is a prevalence of the institutional environment in relation to financial performance and ESG performance, indicating that there is a positive association in the economic-financial performance and ESG of companies only in developed countries. In companies in emerging countries, this relationship is negative. In addition, it has been found that being listed on a stock exchange sustainability index, while bringing better ESG performance to the company, does not cause a reflection on its economic-financial performance. Additionally, it was found that companies belonging to sectors of economic activities considered controversial have better ESG performance than companies from other sectors. These results contribute to the debate on the theme "pays-to-be-green", showing that possible methodological differences used in several academic works explain the contradictory results found so far. The results of this work show that corporate executives and public managers from emerging economies still have a long way to go in pursuing ESG best practices. Keywords: corporate social responsibility; Environmental, Social and Governance (ESG) performance; sustainability LISTA DE QUADROS QUADRO 1– PRINCIPAIS PROGRAMAS E ACORDOS INTERNACIONAIS RELEVANTES NA ÁREA SOCIOAMBIENTAL PARA AS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS....................................... 30 QUADRO 2 - PRIMEIROS ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE DE BOLSAS DE VALORES..................... 41 QUADRO 3 – INSTITUCIONALIZAÇÃO NA RSE ............................................................................ 45 QUADRO 4 – TIPOS DE ISOMORFISMO INSTITUCIONAL NA RSE .................................................. 48 QUADRO 5 - ESTUDOS COM META-ANÁLISE DO DESEMPENHO CSP/CFP ................................... 54 QUADRO 6 – SÍNTESE DAS RELAÇÕES CAUSAIS ENTRE CSP E CFP............................................. 59 QUADRO 7 – SÍNTESE DAS HIPÓTESES DE PESQUISA ................................................................... 69 QUADRO 8 – SÍNTESE DAS CONCLUSÕES DAS HIPÓTESES DE PESQUISA .................................... 101
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