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O ambiente e os processos de maturação PDF

136 Pages·2007·10.633 MB·Portuguese
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maomucerne AINNICOTT O Ambiente e os Processos - de Maturação Estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional NA [15368136] E DW. WINNICOTT Aviso ao leitor O Ambiente A capa original deste livro foi substituída por esta nova ver- são. Alertamos para o fato de que o conteúdo é o mesmo e que esta nova versão da capa decorre da alteração da razão e os Processos social desta editora e da atualização da linha de design da nossajá consagrada qualidade editorial. artmed' de Maturação EDITORA Estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional Tradução: IRINEO CONSTANTINO SCHUCH ORTIZ com Residênciaem NeurologianoCityofMemphis Hospitals eem Psiquiatriano Long IslandJewish-Hillside Medical Centerof NewYork. Prefácioàediçãobrasileira: JOSE OTTONI OUTEIRAL Psiquiatradecriançaseadolescentes. W772a Winnicott, D.W, CoordenadornaÁreadeCriánçaseAdolescentesda Oambienteeosprocessosdematuração: estudossobreateoriado Associação Encarnación Blaya. desenvolvimentoemocional.Trad. porIrineo Constantino Schuch Ortiz. PortoAlegre,Artmed, 1988. 268p.23em Reimpressão 2007 1. Crianças-psicanálise. 2. Psiquiatriainfantil. |. Ortiz, Irineo Constantino Schuchtrad.It. CDD618.928917 CDU 315.851.1-053.2 (Bibliotecáriaresponsável: PatriciaFigueroaCRB/10-542) ISBN978-85-7307-456-7 Obra publicada, originalmente, eminglês, sobotítulo TheMaturationalProcessesandtheFacilitatingEnvironment OdeDW. Winnicott,Londres, 1979 n BIBLIGTECA Prof. ROGER PATTI i a p ChamadalS9LM ls SA n e | Tombo2280/28 Data 07/04/03 op o Capa: | Doação Compra id Nota do editor JoaguimdaFonseca c 153631 36 á a r e i Supervisãoeditorial: v Te Mônica BallejoCanto Este volume reúne estudos tanto publicados como inéditos do Dr. Winnicott sobre psicanálise e desenvolvimento da criança, de 1957 a 1963. A série de estudos Composição,diagramaçãoearte: apresentados aqui complementa os publicados em Collected Papers: Through Paedi- atrics to Psycho-Analysis (London, Tavistock Publications, 1958). AGE-AssessoriaGráficaeEditorialLtda. Há duas bibliografias no final. A primeira inclui todos os livros e artigos citados no texto. A segunda é uma relação das obras do Dr. Winnicott, de 1926 a 1964. Para que o texto não ficasse sobrecarregado de citações e notas de rodapé, as inter-relações dos temas e conceitos tratados nos artigos do Dr. Winnicott são fornecidas no índice remissivo, no final. Os temas principais são divididos em subca- tegorias e indexados de modo que as várias implicações e conotações de uma idéia fiquem facilmente disponíveis para o leitor. Os conceitos básicos de Freud são indexa- dos em conexão com as discussões e elaborações que sobre eles faz o Dr. Winnicott. Reservadostodososdireitosdepublicação, emlíngua port à Frequentemente o Dr. Winnicott menciona um conceito de Freud em um contexto da- ARTMEDEDITORAS.A. o Gia pomuguesa, É do, mas não o discute comotal; é nosso propósito que o índice complemente isto em Av. JerônimodeOrnelas, 670-Santana parte ao indicar as ligações entre as idéias do Dr. Winnicott e as de Freud. 90040-340 PortoAlegre RS Fone(51)3027-7000 Fax(51)3027-7070 Eproibidaaduplicaçãooureproduçãodestevolume,notodo ouemparte, M. MASUD R. KHAN sobquaisquerformasou porquaisquermeios (eletrônico, mecânico, gravação, Editor assistente fotocópia, distribuiçãona Webeoutros), sem permissãoexpressa daEditora. SÃO PAULO Av.Angélica, 1091 - Higienópolis 01227-100 SãoPaulo SP Fone(11) 3665-1100 Fax (11)3667-1333 SAC0800703-3444 IMPRESSONO BRASIL PRINTEDINBRAZIL Agradecimentos Quero inicialmente agradecer a meus colegas psicanalistas. Efetuei minha for- mação como membro deste grupo e após tantos anos de relacionamentotorna-se im- possível para mim saber o que aprendi e com que contribuí. Em certo sentido, as obras de cada um de nós podem ser copiadas em parte. A despeito disso, acho que não copiamos; trabalhamos, observamos, especulamos e descobrimos, mesmo se se puder verificar que o que descobrimos foi descoberto antes. Acho que foi de grande valor ter viajado ao exterior para discutir minhasidéias com aqueles que trabalham nos ramosanalítico, psiquiátrico, pediátrico e educacional e em grupos sociais diferentes dos que encontramos em Londres. Quero agradecer à minha secretária, Sra. Joyce Coles, cuja precisão no traba- lho se tornou uma parte importante da elaboração de cada um destes estudos em sua origem. Agradeço também à Srta. Ann Hutchinson, que preparou os estudos para publicação. . Finalmente, agradeço ao Sr. Masud Khan, que me deu o estímulo que resultou na publicação deste livro. O Sr. Khan contribuiu com muito de seu tempo natarefa de confecção e preparação para editá-lo. Fez também um sem-número de sugestões valiosas, das quais aceitei a maioria. Ele foi o artífice de minha percepção gradual da relação de meu trabalho com o de outros analistas do passado e do presente. Sou-lhe particularmente grato pela preparação do índice. D. W. WINNICOTT Prefácio à edição brasileira SLEEP Letdown yourtaproot to thecenterofyoursou! Suckup thesap from theinfinitesource ofyourunconscious and Be evergreen* D. W. Winnicott A obra de Winnicott Donald W. Winnicott é, sem dúvida alguma, um dos autores que marcaram com sua contribuição o pensamento psicanalítico e a Psiquiatria Dinâmica. Esta com- pitação de seus estudos, escritos no final da década de cinquenta e durante a década de sessenta, reunindo vinte e três contribuições que abordam o tema do desenvolvi- mento da criança e da teoria e da técnica da psicanálise e que foram publicados pela primeira vez em 1965 sob o título The Maturationa!Processes and the Facilitating En- vironment: Studies in the Theory of Emotional Development, compreende algumas das mais significativas idéias do autor. * Sonho. Deixa penetrara raiz/ no centro detua alma/aspira a seiva/ da fonte infinita/de teu in- consciente/e/conservateu verdor. Neste livro Winnicott nos convida a “brincar” com seu pensamento, ou seja, A pessoa Donald W. Winnicott criar durante a leitura um “espaço transicional” que permita viver a experiência com tudo o que ela possibilita. Clare Winnicott, sua esposa, comenta que a capacidade de Donald W. Winnicott nasceu em Playmouth (Devon), Inglaterra, crescendo em “brincar” era central não apenas em sua obra como em sua própria vida e lembra um uma propriedade rural, filho único, cercado por duas irmãs mais velhas. comentário, feito por um amigo, caracterizando a relação dos dois: “Você e Donald M. Masud Khan escreve: ”. . . ele foi uma criança amável, acomodada e um brincam”. aluno brilhante. De repente, porém, resolveu virar tudo de cabeça para baixo; fez, en- Quando lemos Winnicott nos defrontamos com um estilo do qual podemos di- tão, uma enorme confusão nos cadernos e, durante um ano, suas provas foram péssi- zer, como ele próprio referira: “Le style est L'homme même”; e o estilo de D.W.W. é mas." extremamente pessoal e sofisticado e ao mesmo tempo simples e natural. Clare Winnicott conta uma passagem significativa da autobiografia, não publi- M. Masud Khan, ao fazer a introdução do “Collected Papers” (1958), escreveu: cada e somente encontrada após sua morte, de Winnicott: “Não conhecinenhum outro analista mais inevitavelmente ele mesmo. Foiesta ... pegueimeu taco de croquet (com um tamanho de 30 cm, pois eu não ti- qualidade deserinviolavelmente eu-mesmoquelhepermitiuser tantaspessoas nha mais de três anos) e destruío nariz da boneca de minhas irmãs. Aquela diferentes para criaturas tão diversas. Cada um de nós que o conheceu tem o boneca havia se convertido para mim em uma fonte de irritação, pois meupai seupróprio Winnicotte elejamais desrespeitoua versão que o outro tinha dele, não deixava de brincar comigo. Ela se chamava Rosie e ele, parodiando uma afirmando seu próprio estilo de ser. E, contudo, permaneceu sempre e inexo- ravelmente Winnicott, ” cançãopopular, me dizia (com uma voz quemeexasperava): Rosie disse a Donald Assim nos pareceu oportuno, inclusive, não traduzir alguns termos fundamen- .eu teamo tais, conservando-os no inglês original, porque ao fazê-lo eles perderiam em essência Donalddisse a Rosie e conteúdo. Holding, por exemplo, se traduzido por “sustentação” ou “suporte” não eu não creio corresponderia à expressão utilizada pelo autor. Sugerimos que o leitor “brinque” com eles, criando um sentido que se expressa melhor afetivamente do que ao nível cogni- Assim, pois, eu sabia que tinha de destroçar aquela boneca e grandeparte de tivo ou da tradução formal e/ou literal. minha vida se baseou no fato de que eu havia realmente cometido este ato, A criatividade das contribuicões de Donald W. Winnicott dificulta também uma semme conformarcom desejá-lo e arguitetá-lo apenas. Provavelmentemesen- sistematização metodológica. ti aliviado quando meu pai, acendendo vários fósforos seguidos esquentou o André Green, comentando sua obra, diz que ela forma uma rede, um tecido de nariz de cera para modelá-lo e o rosto voltou a ser um rosto. Aquela primeira fios entrecruzados, distinguindo-se os seguintes fios principais: demonstração do ato de restituição e de reparação me impressionou e talvez 1 - a teoria da situação analítica, cujo modelo é o setting; me fez capaz de aceitaro fato de que eu, pequeno e querido serinocente, me 2 - a teoria das pulsões, que introduz novas noções sobre a agressividade havia tornado violento, de maneira direta com a boneca e indireta com aquele (com a idéia de uma destrutividade sem cólera) e sobre a sexualidade (com a idéia do paique naquelejusto momento acabava de entrarem minha vida consciente.” que Winnicott denomina “elemento feminino.puro”); á Depois de uma infância feliz, de poder “brincar com todas as experiências”, 3 — a teoria do objeto, enfocada pelas relações entre o objeto subjetivo e o ob- Winnicott foi para a Leys School, em Cambridge: corria, nadava, praticava ciclismo e jeto objetivamente percebido, que não combina plenamente com a oposição freudiana rubgy, tinha amigo, cantava no coro, fazia parte dos escoteiros, e, conta sua esposa, entre a representação e a percepção; seu corolário é o “objeto transicional”; todas as noites lia uma história em voz alta para seus companheiros de dormitório. 4 —- a teoria do seff, com a oposição entre “falso self” e “self verdadeiro”; Aos dezesseis anos, ao fraturar a clavícula jogando, ele formulou seu desejo de ser 5 — a teoria do espaço, pela noção de “área intermediária”, “espaço potencial” médico: e “transicional”, fonte da sublimação e da experiência cultural, através do “brincar”; “Nãopodia imaginarque o resto da minha vida dependeria dos médicos. . . re- 6 - a teoria da comunicação e da não-comunicação; solviconverter-me eumesmo em médico.” 7 - por último, a teoria do desenvolvimento, que introduz a noção de “am- Winnicott passou seu primeiro ano de medicina como enfermeiro, em conse- biente facilitador”, e a evolução da dependência à independência. guência do início da 1º Guerra Mundial. Algum tempo depois, não desejando per- M. Masud Khan, ao escrever o extenso e precioso prefácio para “Collected Pa- manecer fora do front, enquanto seus colegas e amigos partiam, ele solicitou ingresso pers”, comenta a obra de D.W. Winnicott, enfocando os seguintes aspectos: e foi aceito na marinha. Terminado o conflito, ele prosseguiu seus estudos médicos 1 — o conceito de realidade interna versus fantasiar; no St. Bartholomew's Hospital, em Londres. 2 — do objeto transicional ao uso do objeto; Nesse tempo contraiu um abscesso pulmonar e ficou três meses hospitalizado; 3 - regressão, manejo ejogo no setting clínico; sobre este período ele escreveu em sua biografia: 4 — a estruturação e a formação de uma pessoa. “Estou convencido de que pelo menos uma vez na vida é necessário que O médico tenha estado no hospitalcomopaciente.” 10 11 Embora tenha desejado ser um clínico geral e trabalhar no campo, Winnicott tornou-se pediatra e ao ler um trabalho de Freud decidiu analisar-se e estudar Psi- canálise. Buscando Ernest Jones, este o encaminhou a James Strachey, com quem ele se analisou durante dez anos, tendo retomado sua análise depois com Joan Ri- viere. Sua formação psicanalítica iniciou em 1923, no mesmo ano em que obteve dois postos como consultor em Pediatria, um no Queen's Hospital for Children e outro no Paddington Green Childrens Hospital, sendo que neste último trabalhou durante cerca de quarenta anos, organizando um serviço para onde acorriam profissionais in- gleses e do exterior e que ele, carinhosamente, chamava de “meu snackbar psiquiátri- co”. Sentindo a pressão que resultava do número elevado de crianças que busca- vam atendimento, Winnicott dedicou-se a fundo a estudar os meios de utilizar o es- paço paciente-médico da forma mais econômica possível para a tarefa terapêutica. Em seus escritos, em especial com o “jogo dos rabiscos” (squigglegaure), ele mostra SumáZraio como chegou a isto. Clare Winnicott escreve: “Ele se esforçava por tornar a consulta significativa para a crianca, dando-lhe alguma coisa para levar e que pudesse ser utilizada e/ou destruída. Donald se armava de papel e, na maioria das vezes, fazia um avião ou um leque com o qualbrincava umpouco; após dava o brinquedo para a criança, despedindo-se Introdução. ...ccliccl ra aerea aa aa eee eae 15 dela. Jamaissoube de uma criança que tivesserechaçado seugesto.” Donald e Clare Winnicott não tiveram filhos e, ao final de sua vida, ele es- Primeira parte: creveu: ESTUDOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO - é muito difícilum homem morrer quando não teve um filho para matá-lo na fantasia e poder sobreviver a ele, proporcionando assim a única con- 1 — Psicanálise do sentimento de culpa (1958)... ....iccccccccccccss 19 tinuidadeque oshomens conhecem.” 2 - A capacidade para estar só (1958)... ..ccccccilc 31 Ao perceber a proximidade da morte, ele organizou uma autobiografia que ele 3 — Teoria do relacionamento paterno-infantil (1960) .....ccccc css 38 chamou: Not Less than Everyting e onde descreve imaginariamente sua morte: 4 — A integração do ego no desenvolvimento da criança (1962). ............ 55 “Estivemorto. se -5 — Provisão para a criança na saúde e na crise (1962)....... Não era particularmente agradável e me pareceu que levou um bom tempo 6 — O desenvolvimento da capacidade de se preocupar (1963) fporém apenas um momento na eternidade). Chegado o tempo, eu sabia tudo sobre 7 - Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo (1963)... 79 meu pulmão cheio de água. Meu coração não conseguia fazer seu trabalho, pois o 8 - Moral e educação (1963). ...ccccccciciiic a as sanguejánãopodia circularlivrementepelos alvéolos. Havia falta deoxigênio easfixia. Não haviaporque ficarrevolvendo a terra, como dizianosso velhojardineiro. Minha vida Segunda parte: foilonga. Vejamosumpouco do queaconteceu quando eumorri?Meupedidohaviasido TEORIA E TÉCNICA ouvido (Meu Deus, faz com que eu viva o momento de minha morte!).” sé 9 - Sobre a contribuição da observação direta da criança para a Clare Winnicott comenta, a partir deste trecho, que se pode ter uma idéia da psicanálise (1957)... cc ciliar errar 101, capacidade de Donald Winnicott para compor, brincando, com a realidade de dentro e 10 - Análise da criança no período de latência (1958) ....ciccsccsccc. 106X de fora, de modo a permitir ao indivíduo suportar a realidade, evitando a negação e 11 - Classificação: existe uma contribuição psicanalítica à classificação podendo realizar tão plenamente como seja possível a experiência da vida, seja um psiquiátrica? (1959-1964) .....lcccll j14 bebê ou um velho que a morte colhe. 12 - Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro self(1960) ......... 128 JOSÉ OTTONI OUTEIRAL 13 - Cordão: uma técnica de comunicação (1960). ......cccccccisccco 140 Porto Alegre, outubro de 1982 14 — Contratransterência (1960) «lc 145 1315 — Os objetivos do tratamento psicanalítico (1982) .......cccccciiiio 152 %X16 - Enfoque pessoal da contribuição kleiniana (1962)... .....cccccccco. 156 12 13 17 — Comunicação e falta de comunicação levando ao estudo de certos opostos (1963) ....ccccccclc 18 — Treinamento para psiquiatria de crianças (1963)... ..cccccccicc. 19 — Psicoterapia dos distúrbios de caráter (1963)... 20 — Os doentes mentais na prática clínica (1963) 21 — Distúrbios psiquiátricos e processos de maturação infantil (1963)....... 207 22 — Atendimento hospitalar como complemento de psicoterapia intensiva na adolescência (1963)... ..cccccc 218 23 - Dependência no cuídado do lactente, no cuidado da criança e na situação psicanalítica (1963) Bibliografia ...lccccccccc Introdução Índice remissivo O objetivo principal desta coletânea de estudos é retomar a aplicação das teo- rias de Freud à infância. Freud demonstrou que a neurose tem seu ponto de origem no relacionamento interpessoal do amadurecimento inicial, pertencente à época da lactação. Participei do estudo da idéia de que distúrbios mentais necessitando hospi- talização dependem de falhas do desenvolvimento na primeira infância. O distúrbio esquizofrênico, neste sentido, se revela como o “negativo” do processo que pode ser descrito em pormenores como o processo “positivo” de maturação da primeira e se- gunda infâncias do indivíduo. Dependência na primeira infância é um fato, e nestes estudos tento inserir a dependência na teoria do desenvolvimento da personalidade. A psicologia do ego só faz sentido se firmemente apoiada no fato da dependência, tanto no estudo da infân- cia como no dos mecanismos mentais primitivos e do processo psíquico. O inicio do surgimento do ego inclui inicialmente uma quase absoluta de- pendência do ego auxiliar da figura materna e da redução gradativa e cuidadosa da mesma visando à adaptação. Isto faz parte do que eu denomino “maternidade sufi- cientemente boa”; neste sentido o ambiente figura entre outros aspectos essenciais da dependência, no meio do qual o lactente está se desenvolvendo, utilizando me- canismos mentais primitivos. Um aspecto do obstáculo ao surgimento do ego produzido por falha no am- biente é a dissociação que se verifica nos casos borderiine em termos de self ver- dadeiro e falso. Desenvolvo este tema com um ponto de vista próprio, observando sinais indicativos dessa dissociação em pessoas normais e na vida diária (um seffpar- ticular reservado para intimidades e um se/f público orientado para a socialização), examinando também a patologia dessa condição. No pólo extremo da doença encaro o seifverdadeiro como algo potencial, oculto e protegido pelo falso seife submisso, que mais tarde acaba se tornando uma organização defensiva baseada nas várias emma 15 14 BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA PROF" ROGER PATTI funções do aparelho do ego e suas técnicas de se autopreservar. Isto está relaciona- do também ao conceito de ego observador. Desenvolvendo a idéia da dependência absoluta na mais tenra infância, propo- nho uma nova maneira de examinar a classificação de doenças mentais. Meu propósi- to neste sentido não é tanto o de rotular tipos de personalidade como o de fomentar especulação e pesquisa nos aspectos da técnica analítica que se relacionam com a satisfação das necessidades do paciente em termos de dependência na situação e no relacionamento analíticos. Examina-se também a origem da tendência anti-social. Acredito que esta seja uma reação à perda de algo e não o resultado de uma privação; neste sentido a tendência anti-social é própria do estágio de dependência relativa (e não absoluta). O ponto de origem da tendência anti-social no desenvolvimento da criança pode estar até na latência, quando o ego da criançajá adquiriu autonomia, possibilitando então à criança ser traumatizada, em vez de deformada, quanto ao funcionamento do ego. Como corolário, a maioria dos transtornos psicóticos são encarados como inti- mamente relacionados a fatores ambientais, sendo a neurose mais natural, em essên- cia, o resultado de um conflito pessoal e não algo passível de ser evitado por criação adequada. Discuto também como, no tratamento de casos borderline, essas novas considerações teriam aplicação prática, pelo fato desses tratamentos proporcionarem os dados mais precisos e significativos para a compreensão da primeira infância e da Primeira parte dependência do lactente. ESTUDOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO 16

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