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Laços Inseparáveis: O lugar ao qual pertencemos é onde menos esperamos nos encontrar PDF

329 Pages·2012·1.27 MB·Portuguese
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LAÇOS INSEPARÁVEIS Emily Giffin Este e-book: Pdf: Grupo Menina Veneno ePub: SCS O Lugar ao qual pertencemos é onde menos esperamos nos encontrar. 1. Marian Eu sei o que dizem sobre segredos. Sei tudo o que se diz a respeito. Que eles podem assombrar e perseguir você. Que podem envenenar relacionamentos e dividir famílias. Que, no final, somente a verdade pode libertar. Talvez este seja o caso para algumas pessoas e alguns segredos. No entanto, eu realmente acreditava que era a exceção para tais regras e nunca, nem uma vez sequer, deixei transparecer a menor menção deste segredo de duas décadas para ninguém. Nem para meus amigos mais próximos nos momentos de embriaguez, ou para meu namorado, Peter, nos nossos momentos mais íntimos. Meu pai não sabia nada sobre isso — e eu nem conversava sobre o assunto com minha mãe, a única pessoa que estava lá quando tudo aconteceu. Era quase como se nós tivéssemos feito um voto secreto de silêncio, nos forçando a deixar tudo para trás, a seguir em frente. Apesar de tudo, nunca esqueci aquilo, nem por um dia, e estava convencida de que, às vezes, o passado realmente era o passado. Eu deveria ter imaginado. Deveria ter acreditado com o fundo do meu coração naquelas palavras que deram início a tudo, naquela noite sufocante há tanto tempo: Você pode fugir, mas não pode se esconder. Mas aquelas palavras, tudo que aconteceu aquela noite, meu segredo, eram as coisas mais distantes a ocupar minha mente enquanto Peter e eu caminhávamos pela Bleecker Street logo após um prolongado jantar no Lupa, um de nossos restaurantes favoritos na cidade. Depois de várias tentativas, parecia que o inverno tinha acabado pra valer, e a noite perfumada de primavera estava ainda mais aquecida pela garrafa de vinho Barolo que Peter havia pedido. Esta é uma das muitas coisas que eu admiro nele — seu gosto refinado, juntamente com sua crença firme de que a vida é curta demais para um vinho não muito bom. Ou qualquer outra coisa que não fosse memorável. Ele é generoso e trabalhador demais para ser considerado um esnobe, se deixarmos de lado seus amigos preguiçosos, herdeiros de grandes fortunas, que não conseguiram nada “por conta própria”. Mas ele, com certeza, é um esnobe, já que sempre estudou em escolas de elite e circulou nas altas rodas. Também me sinto à vontade neste mundo — mas eu sempre tinha vivido à beira dele, antes de Peter me levar para dentro deste turbilhão de jatinhos, iates e casas de veraneio em Nantucket e St. Bart. — Ahh, finalmente. Não tem lama na calçada — digo satisfeita por estar usando saltos e um cardigã leve, depois de meses de botas de borracha horríveis e casacos de inverno sufocantes. — Eu sei... Quel soulagement — Peter murmura, colocando seu braço nos meus ombros. Talvez ele seja o único cara que eu conheça que pode se sair bem murmurando em francês sem parecer terrivelmente pretensioso, talvez por ter passado grande parte de sua infância em Paris, filho de uma modelo francesa e um diplomata americano. Mesmo depois que se mudou para os Estados Unidos, aos 12 anos, ele só podia falar francês dentro de casa. Seu sotaque tão perfeito quanto seus modos. Eu sorrio e encosto meu rosto em seus ombros largos, enquanto ele me dá um beijo leve no alto da minha cabeça e diz: — Aonde vamos agora, Champ? Ele me deu este apelido depois que eu o venci num jogo controverso de Scrabble em nosso terceiro encontro, então dobramos o jogo e eu o venci novamente, zombando dele o tempo todo. Dei risada e cometi o erro fatal de contar que “Champ” era o nome do meu cachorrinho de estimação quando criança, um labrador cego, cor de chocolate, que mancava bastante, marcando assim esta expressão de carinho. “Marian” ficava relegada a quando estávamos na companhia de terceiros, no auge da paixão e nas nossas raras discussões. — Sobremesa? — sugiro enquanto viramos a esquina. Ficamos olhando os cupcakes da Magnólia e os canoles do Rocco, mas decidimos que estávamos satisfeitos demais para comer qualquer um deles e, em vez disso, continuamos a caminhar num silêncio confortável, passando por cafés e bares e multidões de satisfeitos moradores do Village. Então, inspirada pelo vinho e pelo tempo, e por um sopro da sua elegante colônia, deixei escapar: — E o nosso casamento? Aos 36 e depois de quase dois anos de namoro, esta pergunta não saía da minha cabeça, era o assunto número 1 de especulação entre meus amigos. Mas esta noite marca a primeira vez que toquei diretamente no assunto com ele. Me arrependi imediatamente da minha falta de controle e me preparei para uma resposta insatisfatória. Claro que o espírito da noite mudou instantaneamente e sinto seus braços enrijecerem à minha volta. Digo a mim mesma que isso não é um mau sinal; talvez não tenha sido o momento certo. Chego até a pensar que ele já comprou o anel de noivado — e que sua reação tem mais a ver com o fato de as minhas palavras estragarem sua surpresa. — Ah, esquece isso — digo com a voz esganiçada, com uma risada forçada que só torna as coisas mais embaraçosas. É como tentar desdizer “Eu te amo” ou desfazer a aventura de uma noite. Impossível. — Champ — ele fala e pausa por alguns segundos. — A gente está tão feliz juntos. As palavras são doces, até promissoras, mas nem se aproximam de uma resposta, e não consigo resistir e digo: — Tãooooo significa... o que exatamente? Vamos ficar assim para sempre? Vamos para o cartório esta noite? Ou o meio-termo? — Meu tom é brincalhão e Peter aproveita a oportunidade para aliviar a tensão. — Talvez fosse uma boa ideia se a gente comesse uns cupcakes — ele diz. Eu não sorrio. A imagem de um anel de brilhantes em uma lapidação esmeralda guardado num de seus mocassins italianos começa a se desvanecer. — Tô brincando — ele diz me apertando ao encontro dele. — Repete a pergunta? — Casamento. Nós dois. O que você acha? — eu digo. — Você já pensou... alguma vez sobre isso? — Sim. Claro que sim... Sinto um “mas” chegando como a gente sente a chuva cair no rosto depois de um ensurdecedor barulho de trovões. Sem sombra de dúvida ele termina a frase: — Mas meu divórcio acabou de sair. — Outra resposta descompromissada. — Tudo bem — eu digo, me sentindo derrotada enquanto ele olha de relance para uma vitrine escurecida, parecendo encantado com papéis de carta e canetas Mont Blanc. Faço uma nota mental para não me esquecer de lhe comprar uma, já que esgotei todos os presentes da linha “o que comprar para alguém que tem tudo”, especialmente para alguém tão meticuloso quanto Peter. Abotoaduras, aparelhos eletrônicos, fins de semana em pousadas rústicas em New England. Até mesmo a estátua de Lego customizada de um alce, a mascote não oficial do seu adorado Dartmouth. — Mas seu casamento já acabou há tanto tempo. Você não mora com Robin há mais de quatro anos — digo. É algo que eu sempre comento, mas nunca neste contexto, geralmente quando estamos juntos com outros casais, para desfazer a ideia de alguém me ver como a culpada — a amante que arrebatou e roubou o marido de alguém. Ao contrário de algumas amigas que parecem se especializar em homens casados, nunca tive interesse em olhar ou tomar um drinque com um homem com aliança na mão esquerda. Do mesmo modo como, desde antes de conhecer Peter, sempre tive tolerância zero com desonestidade, joguinhos, fobias por compromisso, ou qualquer outro sintoma da síndrome de Peter Pan, uma aparente epidemia, pelo menos em Manhattan. Em parte era sobre princípios e amor próprio. Mas também uma questão de pragmatismo, de saber gerenciar a vida aos 30 anos. Eu sabia exatamente o que queria — quem eu queria — e acreditava que poderia chegar lá através de puro esforço e determinação, do mesmo modo como tinha, obstinadamente, ido atrás da minha carreira na televisão. Este caminho também não foi fácil. Logo depois que me formei na escola de cinema da New York University, me mudei para Los Angeles e trabalhei como uma humilde assistente de produção numa sitcom para adolescentes da Nickelodeon de curta duração. Depois de 18 meses tentando acertar os pedidos de almoço memorizados na minha cabeça, e não escrever uma frase sequer para o programa, consegui um emprego na equipe de escritores de uma série dramática de médicos. Foi um ótimo trabalho, já que aprendi bastante, fiz contatos incríveis e consegui chegar a editora de textos. Porém, não tinha vida própria e não gostava muito do programa. Então, chegou um momento em que resolvi arriscar. Deixei a segurança de um programa de sucesso e me mudei para Nova York, para um apartamento confortável em Park Slope. Para pagar as contas, vendi alguns anúncios e fiz trabalhos freelances para uns seriados em andamento. Meu lugar favorito para escrever era um barzinho simpático, administrado por uma família, chamado Aggie’s, onde havia brigas constantes entre os quatro irmãos, muitas das quais eram motivadas pelas mulheres com as quais eram casados e sua mãe imigrante irlandesa. Deixei de lado outros projetos e comecei a delinear suas histórias, até que, de repente, South Second Street nasceu. (Mudei o bar moderno do Brooklin para a Filadélfia nos anos 1970.) Não era o conceito que estava dominando boa parte da televisão no momento, mas eu era tradicional e acreditava que poderia criar um mundo convincente com meu texto e personagens — em vez de usar artifícios. Meu agente também acreditou em mim, e depois de conseguir colocar meu episódio-piloto nas grandes redes de TV, uma guerra de lances se seguiu. Aceitei um acordo com um pouco menos de dinheiro (mas o suficiente para me mudar para Manhattan) e com mais liberdade de criação. E voilà. Meu sonho se tornou realidade. Finalmente eu me tornei uma produtora executiva. Uma produtora de programas. Então, depois de um ano intenso, conheci Peter. Conheci seu nome bem antes de encontrá-lo, através de notícias da indústria da televisão e comentários no Variety: Peter Standish, o adorado executivo de televisão roubado de outra rede de TV, seria o salvador que iria transformar nossos índices globais deficientes e reconstruir nossa identidade. Como o novo CEO, ele era tecnicamente meu chefe, outra das minhas regras sobre quem não namorar. Entretanto, na manhã em que me deparei com ele na Starbucks do saguão do nosso prédio, me permiti uma exceção, racionalizando que eu não me reportava diretamente a ele — o diretor de programação ficava entre nós na cadeia de comando. Além do mais, eu já tinha um nome conhecido. Meu seriado era considerado um sucesso moderado, uma façanha difícil para um programa de meia temporada, portanto ninguém poderia me acusar de estar usando-o para subir ou alavancar uma carreira estagnada. Claro que a essa altura, enquanto estava atrás dele na fila, escutando ele pedir um “cappuccino duplo extra-seco”, a questão era completamente teórica. Ele não usava uma aliança (notei isso imediatamente), mas deixou transparecer um ar de indisponibilidade quando o toquei nos ombros, me apresentei e lhe dei as boas-vindas de um jeito alegre e profissional. Sabia a idade dele pelos comunicados que ainda estavam na minha caixa de entrada — 47 anos —, no entanto, com uma vasta cabeleira escura, ele parecia mais jovem do que eu esperava. Também era mais alto e com os ombros mais largos do que eu imaginava, tudo numa escala maior, incluindo a mão que segurava seu copo de cappuccino. — Prazer em conhecê-la, Marian — ele disse curvando a cabeça de um jeito charmoso, porém sincero, fazendo uma pausa enquanto eu pedia meu próprio latte, esperando o barista preparar minha bebida e me dizendo que eu estava fazendo um grande sucesso com meu programa. — Tem uma sequência muito agradável, não é? Acenei com a cabeça modestamente, tentando não olhar o corte elegante de seu terno e o furinho em seu queixo quadrado e bem escanhoado. — Sim. Tivemos muita sorte até agora. Mas podemos fazer mais para expandir nossa audiência... Você já assistiu? Fui corajosa em colocar o chefe do meu chefe numa posição dessas e soube a resposta pela sua hesitação. Percebi que ele estava em dúvida se admitia ou não nunca ter visto meu programa. Ele timidamente confessou a verdade e então acrescentou: — Mas vou assistir hoje à noite. E isso é uma promessa. — Senti no meu íntimo que ele era realmente um homem de palavra. Uma reputação que ele tinha conquistado num negócio cheio de pessoas desonestas, egocêntricas e devassas. — Bem, pelo menos você sabe que vai ao ar nas quintas à noite — replico sentindo uma onda de atração e percebendo repentinamente que era algo recíproco. Já fazia muito tempo que não sentia essa química com alguém, pelo menos não com alguém atraente. Na manhã seguinte, para meu encanto, mais uma vez nós dois aparecemos na Starbucks às 07h50, e não pude deixar de pensar que talvez ele tivesse feito isso de propósito, assim como eu. — Então, o que você achou? — perguntei com um toque de recato, que não era bem meu estilo costumeiro, especialmente no trabalho. — Você assistiu? — Sim. E adorei — ele anunciou pedindo a mesma bebida, mas desta vez optando por chantili, provando que podia ser natural. Eu estava radiante quando lhe agradeci. — Texto correto. E grande atuação. Aquela Ângela Rivers, com certeza, é um arraso, não é? — ele perguntou se referindo à nossa protagonista em ascensão, excêntrica e ruiva, e que frequentemente provocava comparações com a Lucille Ball. Durante a seleção do elenco, eu me arrisquei e a escolhi no lugar de uma atriz já estabelecida. Foi uma das melhores decisões que já fiz como produtora. — Sim — respondi. — Posso ver o Emmy no futuro dela. Ele concordou com a cabeça comentando: — Ah, e a propósito — falou com um sorriso carinhoso nos olhos. — Eu não apenas assisti ao episódio de ontem, mas fui atrás e assisti o piloto on-line. E o restante da primeira temporada. Portanto, você é a responsável por eu ter dormido menos de quatro horas na noite passada. Dei uma risada. — Um café expresso à tarde — comentei enquanto caminhávamos em direção aos elevadores. — Funciona que é uma beleza. Ele deu uma piscadinha e falou: — Boa ideia. Lá pelas 16h30? Meu coração bateu mais forte enquanto eu fazia que sim com a cabeça, contando os minutos para chegar as 16h30 daquele dia, e das várias semanas depois disso. Isso se tornou nosso ritual, embora, pelas aparências, nós sempre fingíamos que era uma coincidência. Então, um dia, depois de eu ter mencionado meu amor por chapéus, um pacote da Barneys chegou por um mensageiro. Dentro da caixa estava uma alegre boina de gorgorão preto com um cartão que dizia: Para Marian, a única garota que eu conheço que fica bem nisso. Rapidamente liguei no seu ramal e fiquei encantada quando ele mesmo atendeu ao telefone. — Obrigada! — falei. — De nada — ele respondeu, e dava para perceber que estava sorrindo. — Adorei — falei sorrindo de volta para ele. — E o cartão? Tudo bem usar a palavra “garota”? Fiquei em dúvida entre “garota” versus “mulher”. Isso sem dúvida confirmava que ele se importava, e que podia ser vulnerável. Senti que estava me apaixonando por ele um pouquinho mais. — Gosto da palavra “garota” vindo de você — declarei. — E adorei a boina, fiquei feliz que não é cor de framboesa. — Ou de um brechó — ele brincou. — Apesar de que eu adoraria ver você numa delas. E se fosse quente... Eu ri, me sentindo corar. Meu estômago se contorceu imaginando quando, ou se, ele iria me convidar para um encontro oficial. Três dias depois, voamos para Los Angeles no jato da empresa, para assistir à entrega dos Emmys. Embora meu programa não tivesse sido selecionado, estávamos recebendo muita atenção positiva da crítica e eu nunca tinha me sentido melhor em relação à minha carreira. Enquanto isso, Peter e eu estávamos recebendo muita atenção, alguns boatos estavam circulando, claramente por causa de nossos encontros durante o café. Mas ficamos tranquilos no tapete vermelho e mais ainda nas festas que aconteceram em seguida. Até que nenhum de nós conseguia mais segurar a ansiedade, e ele me enviou um texto que ainda guardo no meu iPhone: Este vestido é deslumbrante. Eu sorri, feliz não apenas por ter gastado uma fortuna num vestido de gala da Alberta Ferreti, mas também por ter optado por um verde-esmeralda em vez do meu costumeiro preto. Me sentindo enrubescer, virei para olhar na direção dele quando outra mensagem de texto chegou: Embora acho que ele ficaria melhor caído no chão. Fiquei corada e balancei a cabeça enquanto ele me enviava um texto final:

Description:
A autora de cinco romances de sucesso, Emily Giffin, lança uma história inesquecível de duas mulheres, as famílias que a fazem ser quem são, e a lealdade e o amor que as ligam. Marian Caldwell é uma produtora de televisão de 36 anos, vivendo seu sonho em Nova York. Com uma carreira bem-sucedi
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