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Carolyna Ferreira Barroca Como se aprende a ser vadia? PDF

148 Pages·2016·1.79 MB·Portuguese
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Preview Carolyna Ferreira Barroca Como se aprende a ser vadia?

Carolyna Ferreira Barroca Como se aprende a ser vadia? Pedagogias de um movimento feminista Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação. Orientador: Prof. Marcelo Gustavo Andrade de Souza Rio de Janeiro Abril de 2016 Carolyna Ferreira Barroca Como se aprende a ser vadia? Pedagogias de um movimento feminista Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós- Graduação em Educação da PUC-Rio. Prof. Marcelo Gustavo Andrade de Souza Orientador Departamento de Educação – PUC-Rio Prof. Rosália Maria Duarte Departamento de Educação – PUC-Rio Prof. Amana Rocha Mattos UERJ Profª Denise Berruezo Portinari Coordenador Setorial do Centro de Teologia e Ciências Humanas PUC-Rio Rio de Janeiro, 12 de abril de 2016. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e do orientador. Carolyna Barroca Ferreira Bacharelado e Licenciatura em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Especialização em Ensino de História e Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense e em Gênero e Sexualidade certificada pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ficha Catalográfica Ferreira, Carolyna Barroca Como se aprende a ser vadia? Pedagogias de um movimento feminista / Carolyna Barroca Ferreira ; orientador: Marcelo Gustavo Andrade de Souza. – 2016. 148 f.; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universi dade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Educação, 2016. Inclui bibliografia 1. Educação – Teses. 2. Movimentos sociais e educação. 3. Marcha das Vadias. 4. Educação não formal. 5. Gênero e sexualidade. l. Andrade, Mar celo. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Educação. III. Título. CDD: 370 Dedico a todas as mulheres de luta que me constroem cotidianamente. Agradecimentos Esta, com toda a certeza, é a parte mais fácil de todo o processo de escrita que se sucede neste trabalho. Foram dois anos intensos e de muita luta. Aprendi muito, ouvi muito, falei demais e pude até retornar ao sentimento despertado de minha militância estudantil da graduação. Entendi mais de história e de teoria educacional, pouco de política e mais do que nunca de práticas pedagógicas. Reaprendi a escrever e aprendi sobre pesquisa e metodologia de um jeito que nunca mais esqueço. A tudo isso eu agradeço ao Programa de Pós Graduação de Educação da PUC-Rio e ao incentivo do CNPq por meio de bolsa de fomento que me manteve no programa. Obrigada também a todos os professores do programa que na sala de aula e fora dela me ensinaram sobre a vida acadêmica e sobre as facilidades e dificuldades de ser pesquisadora. Agradeço ainda aos membros da banca que disponibilizaram seu tempo para acompanhar o resultado da pesquisa. Agradeço ao meu pai Maxwell, minha mãe Janete e às minhas irmãs Nathalia e Millena. Vocês são pessoas por quem tenho um amor incondicional e que sem o apoio de vocês, mesmo que virtual, na maior parte do tempo (infelizmente) eu não estaria aqui. Saber que sou motivo de orgulho pra vocês me faz sentir algo que nem todas as palavras do mundo expressam. Desejo de coração que este título nos traga maior possibilidade de encontros e de abraços. Todos vocês se sacrificaram de alguma forma para que esta conquista se concretizasse, portanto, sintam-se parte dela, pois sem vocês eu não sou nada. Agradeço também a todas as pessoas que compõem o grupo de pesquisa que participo, GECEC, por todo apoio, ensinamento e por cada 2ª feira que estivemos juntos (e ainda estaremos, assim espero). Em especial agradeço à Helena Araújo, eterna professora da UERJ, ao querido Dorvillé por todos os conselhos de vida e de pesquisa, ao Felipe Bastos, um querido amigo que a PUC me deu, à minha companheira de viagem e de decolonialidade Claudia Miranda e suas lindas pontes de contato, à Raquel Pinho por sua escuta e leitura atenta e por aturar vários desabafos de pesquisa, principalmente nesse último ano. Agradeço também à minha querida Mônica Almeida que me equipou tecnologicamente quando mais precisei e me acalentou como uma mãe em nossas viagens de retorno pra casa e à linda e querida Sandra, mulher negra e guerreira que me dá ânimo e energia a cada encontro. Um agradecimento todo especial à Marina, que sempre encheu de doçura os dias de reunião, estágio e frequência constante no mezanino. Cada um dos integrantes do grupo me ajudou a chegar aqui da sua maneira e saber que nossos caminhos ainda vão trilhar juntos por um bom tempo me conforta. Não vejo como o final desses dois anos poderia ser melhor se não fosse a presença dos que estiveram constantemente comigo nesta caminhada. Na alegria, na tristeza, no bar e na sala de aula, na biblioteca e nas casas de um e de outro, nos desesperos constantes (quase sempre) e nos poucos momentos de alívio, na dívida (eterna companheira dos bolsistas) e na fartura (dos amigos bolsistas FAPERJ, que agora se encontram nada fartos), na saúde e na doença (mais doença do que saúde, admito), nos ensaios teórico metodológicos, na diferenciação de quadro de tabelas, na descoberta de que tudo é figura e nos áudios que insistiam em chegar, devo tudo a cada um de vocês meus amigos de turma, de jornada e de vida. Com vocês, superei as dificuldades de pesquisa, de escrita, os gerúndios, uma decepção amorosa, várias desilusões, crushs, a partida do meu companheiro Che, depressão, mudanças e continuidades. Agradeço a turma inteira, a melhor turma do mundo. Em especial agradeço à minha amiga-irmã-que-lê-meus-pensamentos, Roberta, que me acompanha desde a graduação. Tomamos juntas a decisão de embarcar nessa loucura e chegamos ao fim mais unidas do que nunca. Agradeço também à minha pessoa mais linda em todos os sentidos e competente do mundo, Laryssa, e desejo que seus áudios nunca parem de me fazer rir, mesmo que você esteja sempre desesperada neles. Ao meu amigo irmão Rômulo, sem você, meu querido, não sei o que faria, mesmo que a gente brigue um pouco. Na certa você é uma das minhas almas gêmeas dessa vida. Elio, meu querido amigo que me mostra o poder e a loucura da desconstrução diária. Que está sempre do lado dos que ama, mesmo quando não se sente inteiro. João, uma das pessoas mais inesperadas do mundo, das amizades mais fiéis do universo. Mesmo que você teste a cada (des)encontro a paciência dos que te querem bem, agradeço por seu ombro enquanto eu chorava e pelo seu apoio em todo esse processo. Exemplos de superação e de reinvenção cotidiana. Jéssica e sua juventude que encanta e que me deu tantas alegrias se mostrando forte quando eu mais precisei e se tornando alguém a quem eu quero sempre proteger. Joyci, obrigada por sua casa e por tudo. Angela, que sempre divou em meu coração, com você aprendi mais sobre vida, sobre a doçura e sobre o cuidado com o próximo. Érika, Carla, Lili e Rosa, as mulheres mais batalhadoras que eu tive o prazer de conhecer na vida. Obrigada por me deixarem fazer parte da vida de vocês. Sem a leitura de cada uma de vocês, as companhias para o café e as escutas sempre atentas não sei o que faria. Olhamos e comentamos sobre os nossos avanços físicos e metodológicos, mas a nossa construção coletiva foi o maior ganho de todo esse processo para mim. Espero de coração que nossos caminhos sempre estejam unidos. Amo vocês. Cada um de vocês. Agradeço, em especial, a você Fernando, companheiro desta vida. Amor verdadeiro e infinito de todas as vidas. Com sua dedicação, carinho e amizade pude atravessar cada obstáculo destes nossos nove anos de caminhada. Ao seu lado aprendi o sentido do amor, o sentir do mais puro afeto, sobre a presteza do mais frequente cuidado, sobre o verdadeiro peso das palavras e aprendi também a lidar com as consequências das escolhas. Você é parte indispensável da minha vida. Agradeço ainda a todos os meus amigos e minhas amigas que estiveram torcendo por mim durante esses dois anos e durante toda a minha vida. Dedico também esta conquista a cada um de vocês. Agradeço ao Movimento Marcha das Vadias do Rio de Janeiro e a cada entrevistada. Aprendi muito com vocês e sou, definitivamente, outra mulher depois de nossa experiência e militância. E, por fim, mas não menos importante, agradeço ao meu orientador Marcelo que foi e ainda é um amigo, inspiração e exemplo. Obrigada pela paciência, ajuda, parceria e todo o processo de ensino e aprendizagem que envolveram uma nova didática em nossa relação orientanda e orientador destes anos. Resumo Barroca, Carolyna Ferreira; Souza, Marcelo Gustavo Andrade de. Como se aprende a ser vadia? Pedagogias de um movimento feminista. Rio de Janeiro, 2016. 148p. Dissertação de Mestrado – Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Esta pesquisa objetiva analisar como um movimento social feminista desenvolve estratégias formativas de seus quadros ou mesmo de simpatizantes à causa das mulheres. Optou-se por um estudo de caso e foi analisado a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro de 2015. Por meio de uma pesquisa participante, observações de reuniões e entrevistas semiestruturadas, os dados coletados viabilizaram a escrita da pesquisa em três temas-chave. O primeiro se refere à militância no movimento como fonte de empoderamento das mulheres, com especial ênfase para a construção da liberdade do corpo. Neste tema-chave, também se observou a intenção de subverter a ordem social e os aspectos culturais de dominação na qual as diferentes mulheres estão subjulgadas historicamente. O segundo tema-chave relaciona diretamente à temática da diferença na educação, com a discussão da interseccionalidade, defendida pela Marcha das Vadias RJ 2015, apontando os avanços e as barreiras da coexistência de diferentes níveis de opressões em nossas sociedades e também dentro do próprio movimento. O terceiro tema-chave discute a percepção das participantes da Marcha das Vadias RJ 2015 sobre o que aprenderam dentro do movimento e quais são as potencialidades pedagógicas que o mesmo apresenta para as questões contemporâneas nas lutas feministas. Por fim, foi possível concluir que a Marca das Vadias do Rio de Janeiro em 2015 é um movimento social potente para uma formação contra-hegemônica na qual o respeito pelas diferenças e as discussões de gênero e de sexualidade se apresentam como possíveis, bem como os limites e os avanços a serem considerados em outros espaços para a defesa de uma educação intercultural. Palavras-chave Movimentos sociais e educação; Marcha das Vadias; Educação não formal; Gênero e sexualidade. Abstract Barroca, Carolyna Ferreira; Souza, Marcelo Gustavo Andrade de. (Advisor). How to be a slut? Pedagogies of a feminist movement. Rio de Janeiro, 2016. 148p. MSc. Dissertation – Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. This research aims to analyze how a social feminist movement develops training strategies or maybe relates to women causes. We studied and analyzed the Rio's 2015 SlutWalk. Using researches, meeting notes and interviews, it was possible to divide this paper in three keys topics. The first one refers to the militancy seen in the movement as a proof of women empowerment, specially when it comes to choices of freedom over the body. Thereby, we also observed the intention to subvert the social order and the cultural aspects of leadership in which many women are historically subjected. The second key topic is directly related to the differences in education, also discussing the intersectionality defended by Rio's 2015 SlutWalk. It indicates the progress and barriers of co- existence in different levels of oppressions in our society and inside the movement. The third key topic discusses the perception of what the walk participants say they have learned from the movement and what kind of educational potential it has in the contemporary issues in women’s struggles. Finally, concluded the Rio’s 2015 SlutWalk is a social moviment for a strong way for a counter-hegemonic formation in which respect for gender equality and sexuality discussions are as possible as boundaries and advances to be considered in other areas for an intercultural education. Keywords Social movements and education; Rio's Slutwalk; Non-formal education; gender and sexuality. Sumário 1 Tornar-se pesquisadora e manter-se militante 15 1.1. Levantamento bibliográfico ou sobre o mapeamento das fronteiras 18 1.2. Questões de pesquisa ou perguntas às fronteiras 26 1.3. Objetivos ou os alvos na fronteira 27 1.4. Opções metodológicas ou sobre como se movimentar nas fronteiras 28 1.5. Estrutura da dissertação ou sobre um novo mapa para a fronteira 33 2 Da Hierarquização à leveza: de movimentos sociais à “micareta política” 35 2.1. A militância das mulheres 38 2.2. O campo: a pesquisa como vivência 41 2.3. A vontade das mulheres em marcha pelo mundo 44 2.4. A Marcha das Vadias do Rio de Janeiro: panorama de pesquisas e de observações 46 2.5. A Marcha como “incubadora feminista”: características do campo 50 3 A militância do corpo por gêneros e sexualidades 57 3.1. “Pedagogia vadia”: sobre as formações possíveis 57 3.2. Percepções iniciais acerca de gênero e sexualidade 61 3.3. Novos feminismos em marcha: transgressões culturais 66 3.4. O corpo como caligrafia de protesto 71 3.5. No Brasil, corpos despidos só no carnaval! 77 4 Sobre as diferenças que desafiam o movimento 81 4.1. A academia e a militância: uma fronteira possível? 82 4.2. Os desafios da horizontalidade como proposta 85 4.3. O movimento em três palavras: definição do campo 90 4.4. A interseccionalidade na prática militante 94

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5 Aprender a ser “vadia”? Das falas e testemunhos militantes. 103. 5.2 Uma pedagogia feminista. 111. 5.3 Uma rede de vadiagem. 115. 5.4 Espaços
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