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analise e ajuste PDF

13 Pages·2015·0.37 MB·Portuguese
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107 ANÁLISE E AJUSTE DO FATOR DE EXPANSÃO DE BIOMASSA E RAZÃO RAÍZES-PARTE AÉREA PARA ÁLAMO Ana Beatriz Schikowski1; Ana Paula Dalla Corte²; Carlos Roberto Sanquetta²; Aurélio Lourenço Rodrigues³; Bruna Nascimento de Vasconcellos¹ 1. Mestranda em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná ([email protected]) 2. Professor (a) Doutor (a) do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal do Paraná 3. Doutorando em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná Centro BIOFIX de Pesquisa em Biomassa e Sequestro de Carbono Universidade Federal do Paraná - UFPR Av. Lothário Meissner, 900 – Jardim Botânico Curitiba – PR, 80.210- 170 – Brasil Recebido em: 31/03/2015 – Aprovado em: 15/05/2015 – Publicado em: 01/06/2015 RESUMO Fator de Expansão da Biomassa (FEB) e Razão de Raízes (R) são normalmente utilizados como constantes para quantificação de carbono em florestas. O presente trabalho teve como objetivo analisar as variações de FEB e R para Populus sp., ajustar modelos para suas estimativas em função das variáveis de fácil medição e adicionalmente avaliar o desempenho de três métodos para a estimativa de biomassa. Dados de 40 árvores do gênero Populus plantado no sul do Brasil foram usados para demonstrar a correlação entre FEB e R entre diâmetro à altura do peito (DAP), altura e idade. Doze modelos alométricos foram testados a fim de modelar FEB e R. Geraram-se estimativas de biomassa total empregando valores de FEB e R default do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), valores médios observados e valores das equações de regressão. FEB se correlacionou com DAP, altura e idade e os modelos de regressão que continham essas variáveis independentes se ajustaram adequadamente ao FEB, porém não foram consideradas adequadas para R, que apresentou baixa correlação com todas as variáveis testadas. Os valores fixos de FEB e R, seja o default do IPCC ou valores médios calculados com dados de campo podem conduzir a erros expressivos, sendo, portanto, indicado o uso da modelagem. PALAVRAS-CHAVE: alometria; biomassa florestal; modelos de regressão. ANALYSIS AND FITTING OF BIOMASS EXPANSION FACTOR AND ROOT-TO- SHOOT RATIO FOR ASPEN ABSTRACT Biomass Expansion Factor (BEF) and root-to-shoot ratio (R) are usually used on quantifying carbon in forests. The purpose of this research was to analyze the variations of BEF and R for Populus sp., to fit models for their estimates with dendrometric variables (diameter at breast height - DBH, height and age) and to evaluate the performance of three methods for estimating biomass. Data from 40 trees of Populus sp. planted in southern Brazil were used to demonstrate the ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 0 7 2015 108 correlation of BEF and R between DBH, height and age. Twelve allometric models were tested to model BEF and R. Estimates of total biomass were generate according to the three methods: using Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) default values of BEF and R; using observed mean values of BEF and R obtained from the sampled trees; and using values of the adjusted regression equations. BEF correlated significantly with DBH, height and age. Regression models containing these independent variables were adjusted appropriately to estimate BEF, but were not considered suitable for R, which shown low correlation with all the variables tested. Fixed values of BEF and R, as the IPCC default as well the mean values calculated from the sampled trees may lead to significant error, and, therefore, indicated the use of fitted models. KEYWORDS: allometry; forest biomass; regression models, Poplar INTRODUÇÃO As florestas possuem papel importante no balanço global de carbono, pois além de fixar carbono da atmosfera, também podem representar grandes fontes de emissão (SANQUETTA et al., 2011). Sendo assim, é de suma importância quantificar o carbono retido nas florestas de forma acurada. Uma maneira para calcular a biomassa e o estoque de carbono é através da aplicação do fator de expansão de biomassa – FEB, que relaciona a biomassa da parte aérea com a biomassa do fuste, e também a razão de raízes-parte aérea (R) que relaciona a biomassa aérea com a biomassa subterrânea. Nesse sentido, a biomassa das raízes caracteriza uma importante porção da biomassa de um indivíduo, porém, trabalhos sobre a razão R ainda são escassos (CORTE et al., 2012). Esses fatores são empregados sobre a biomassa do fuste, que geralmente são obtidos pelo produto do seu volume multiplicado pela densidade da madeira. Normalmente FEB e R são assumidos constantes, embora vários estudos apontem variações dependentes de dimensão e de idade nessas grandezas (LEHTONEN et al., 2004; SANQUETTA et al., 2011; CORTE et al., 2012). O próprio Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas - IPCC publica tabelas com valores padrões médios (default) para várias florestas do mundo (IPCC, 2006), isso porque faltam pesquisas sobre FEB e R para a maior parte das formações florestais do mundo, especialmente nos trópicos. O uso de valores default ou médios pode implicar em incertezas nas estimativas de biomassa e carbono, mas muitas vezes é a única saída, pois não existem informações a respeito e não se exige profundo entendimento desse tema dos elaboradores de projetos de carbono florestal. O uso de FEB e R já é uma simplificação que decorre da inexistência de equações alométricas para a maioria dos ecossistemas florestais, a qual é a alternativa mais recomendada para estimar biomassa e estoque de carbono (SOARES & TOMÉ, 2004). Para os ecossistemas brasileiros, são escassos os trabalhos realizados para a determinação de FEB e R (CORTE et al., 2012). O gênero Populus, popularmente chamado de Álamo ou Choupo, pertence à Família Salicaceae, original de regiões de clima temperado e frio do Hemisfério Norte, onde são amplamente cultivados. No Brasil, o gênero Populus tem importância menos expressiva, apresenta florestas plantadas concentradas nos estados do Sul, especificamente Paraná e Santa Catarina. Usualmente aplicado na ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 0 8 2015 109 fabricação de palitos de fósforo, partes de móveis, portas, marcenaria interior, entre outros, possui cerca de 4.200 hectares plantados no país (ABRAF, 2013). O presente trabalho teve como objetivo analisar as variações de FEB e R para gênero Populus sp. plantados no centro-sul do Estado do Paraná, bem como, ajustar modelos para suas estimativas em função de variáveis de fácil medição. Adicionalmente, objetivou-se avaliar o desempenho de três métodos para a estimativa de biomassa e carbono, o primeiro aplicando valores default do IPCC, o segundo aplicando valores de FEB e R médios observados e o terceiro aplicando equação para estimativa de FEB e R. MATERIAL E MÉTODOS Coleta de dados em campo Os dados deste estudo provêm de amostragem 40 árvores do gênero Populus (híbridos), situadas em povoamentos com espaçamento de 3 x 3 m, localizados no município de São Mateus do Sul, centro-sul do Estado do Paraná. Conforme FLORES & GARRASTAZU (2010) o local apresenta clima tipo Cfb, subtropical úmido mesotérmico, com temperaturas média de 17°C, variando de 12°C a 24°C, com altitude média de 800 metros. As árvores em questão são representativas do povoamento e foram categorizadas em classes de idade e de diâmetro à altura do peito - DAP. Elas tiveram suas variáveis dendrométricas coletadas (DAP, diâmetro de copa e altura total - H) antes de serem derrubadas. A idade de cada árvore foi determinada por meio da técnica de análise de tronco (ANATRO) realizando a contagem de anéis de crescimento e de registros de plantio. Após a derrubada, as árvores tiveram seus compartimentos de biomassa separados em: fuste, folhagem, galhos vivos, galhos mortos e raízes. Em seguida foi feita a determinação do peso verde (fresco) de cada uma das partes (compartimentos), ou seja, a quantificação de sua biomassa, realizada pelo método direto. Os procedimentos de determinação de biomassa verde seguiram as recomendações do IPCC (2006). Os pesos verdes foram determinados com balança mecânica com capacidade de até 100 quilos e precisão de 100 gramas. Porções de cerca de 500 g foram retiradas de cada compartimento e pesadas em balança eletrônica com capacidade de 5 kg e precisão de 1 g. As amostras foram levadas para o Centro de Excelência em Pesquisas sobre Fixação de Carbono – BIOFIX, laboratório pertencente a Universidade Federal do Paraná. Estas foram fracionadas em tamanhos menores para favorecer a secagem em estufa a 103º C, até peso constante. As porções amostrais secas foram pesadas novamente em balança eletrônica e os percentuais de matéria seca de cada compartimento foram calculados com base na relação: (1) Em que PS é o peso seco total (g), PV é o peso verde (g). Aplicou-se a equação acima diretamente para determinar os pesos secos totais de cada compartimento pesados frescos em campo. Cálculo do fator de expansão de biomassa (FEB) e razão de raízes (R) ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 0 9 2015 110 Para os cálculos do Fator de Expansão de Biomassa (FEB) de cada árvore foi utilizada a fórmula abaixo, indicada pelo IPCC (2006), qual seja: (2) Em que FEB é o fator expansão da biomassa (adimensional), P é o peso copa seco da copa da árvore (kg), P é o peso seco do fuste da árvore (kg), P é o fuste aéreo peso seco do fuste da árvore somado ao peso da copa da árvore (kg). Considerando como parte da copa os galhos secos e verdes, bem como as folhas e demais componentes ligados à parte aérea do indivíduo. A razão de raízes parte-aerea foi calculada segundo a fórmula abaixo, também indicada pelo IPCC (2006), ou seja: (3) Em que R é a razão de raízes (adimensional), P é o peso seco da parte aéreo aérea da árvore (kg), P é o peso seco da raiz da árvore (kg). raiz Para a determinação da biomassa abaixo do solo, abriu-se uma trincheira até o limite da abrangência da copa das árvores projetadas para o solo, para o recolhimento de toda a massa de raízes, considerando um limite de 2 mm de espessura e 50 cm de profundidade. Análises estatísticas e ajustes de modelos matemáticos Com os dados dendrométricos (DAP, H) e idade, FEB e R calculados para as 40 árvores, foi construída uma matriz de correlação dessas variáveis, visando identificar como elas se associam e desenvolver modelos para estimar FEB e R em função de variáveis de fácil obtenção tomadas convencionalmente em inventário florestal. Foram selecionados 12 modelos matemáticos encontrados na literatura florestal usados para outros fins, como modelagem de biomassa e de volume do fuste. Os modelos foram testados utilizando-se as seguintes variáveis: DAP, H, idade, logaritmos naturais destas variáveis e algumas combinações das mesmas (quadro 1). Os modelos tiveram sua qualidade de ajuste avaliada com base nas seguintes estatísticas: a) Coeficiente de determinação ajustado (R2 ) aj (4) Em que R² representa o Coeficiente de determinação, n é o número de aj observações, p é o número de parâmetros, SQ é a Soma dos quadrados dos resíduos resíduos, dada pela variável observada menos variável estimada ao quadrado e SQ é a Soma dos quadrados total, dada pela variável observada menos média total das variáveis observadas ao quadrado. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 1 0 2015 111 b) Erro padrão da estimativa (Syx) absoluto e em porcentagem (5) (6) Em que S representa o Erro Padrão da Estimativa, S representa o Erro yx yx% Padrão da Estimativa porcentual e (cid:1) representa a média das variáveis real observadas. c) Análise gráfica dos resíduos. (7) Comparação entre as estimativas de estoque de biomassa e carbono com valores médios de FEB e R e correspondentes estimativas por equações de regressão Uma vez que é usual utilizar valores constantes de FEB e R em projetos de MDL e em outros estudos que demandam quantificação do equivalente em CO em 2 povoamentos florestais, fez-se neste estudo uma análise comparativa dos resultados aplicando-se os valores médios de FEB e R e empregando equações de regressão. Para esse fim foi simulado um povoamento florestal típico, com densidade de 400 árvores/hectare (espaçamento 5 m x 5 m) e índice de sítio igual a 17, com idade de rotação de 15 anos. As estimativas de volume foram feitas por meio da aplicação da equação abaixo, desenvolvida por BARRA (2003): (4) Em que v é volume em m³, DAP é diâmetro à altura do peito e H é altura total, ambos em metros (m). A partir da equação volumétrica e aplicando-se o valor de densidade média da madeira de Populus sp., foi possível a obtenção da biomassa seca total do povoamento. A densidade utilizada neste estudo foi obtida por MATTOS et al. (2001), no valor de 0,454 g/cm3. O teor de carbono utilizado foi de 0,44, obtido por SILVA et al. (2014) com a mesma base de dados. Para fins de comparação foi utilizado o valor default de FEB = 1,3 e R = 0,33, valores estes sugeridos por IPCC (2006). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 1 1 2015 112 QUADRO 1 - Modelos testados para estimar o fator de expansão de biomassa. N Modelo Nº Modelo º 1 7 2 8 3 9 4 10 5 11 6 12 Em que β: coeficientes dos modelos; Y: FEB, R; DAP: diâmetro à altura do peito i (cm); H: altura total (m); Ln: logaritmo neperiano; EXP: exponencial. RESULTADOS E DISCUSSÃO Estatísticas descritivas das variáveis analisadas Na Tabela 1 estão sumarizadas as estatísticas descritivas das variáveis analisadas nesta pesquisa. Nota-se que o valor médio de FEB foi de 1,51 para as condições deste estudo, variando de 1,17 a 2,24, com coeficiente de variação de aproximadamente 17%. Em relação a R, os valores oscilaram entre 0,14 a 0,60, tendo 0,28 como média, com coeficiente de variação maior que 35%, ou seja, bem acima do CV de FEB. Isto quer dizer que há maior dispersão e variabilidade em R do que em FEB. Em um estudo realizado para diversas espécies, CHEN et al. (2009) encontraram o valor de FEB para Populus deltoids de 2,16. WALLE et al. (2005) em estudo para diversas espécies, os valores de FEB variaram entre 1,14 e 2,24 e para Populus sp. o valor médio de 1,50, similar ao encontrado no presente estudo, bem como SHAN (2008) encontrou o valor de FEB médio 1,57 para plantações chinesas de Populus sp. Para Populus nigra e Populus alba, LIBERLOO et al. (2006) encontraram valores de R variando entre 0,12 até 0,17. Para Populus x euramericana RUIZ- PEINADO et al. (2012) encontrou um valor de 0,363 para R médio. LUO et al. (2012) reportou o valor de 0,29 para Populus em floresta natural na China. TABELA 1 - Estatística descritiva dos dados observados de DAP, altura, idade, FEB e R. Estatística DAP (cm) H (m) Idade (anos) FEB R Média 14,71 12,11 7,70 1,51 0,28 Desvio padrão 4,99 4,41 3,56 0,26 0,10 Mínimo 7,00 6,02 2,00 1,17 0,14 Máximo 23,87 21,40 18,00 2,24 0,60 Coeficiente de Variação (%) 33,93 36,41 46,24 17,36 35,70 Número de dados 40 40 40 40 40 ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 1 2 2015 113 Comportamento de FEB e R em função de DAP, H e Idade A Tabela 2 apresenta os resultados da matriz de correlação para as variáveis analisadas neste estudo. Fica demonstrado que o diâmetro (DAP) é a variável que apresenta correlação de r = -0,76, ou seja, valor alto e de maneira inversamente proporcional com FEB, ou seja, a medida que o DAP aumenta o valor de FEB diminui. Essa tendência também foi observada para a variável altura com valor de r = -0,74. A idade, por sua vez, possui uma correlação de menor magnitude com FEB mas, continua com a tendência inversamente proporcional (-0,57). Percebe-se também que todas as variáveis apresentaram baixa correlação com a razão de raízes (R), ou seja: com DAP o r = -0,11, com H o r = -0,24 e com idade o r = -0,18. O FEB e o R não apresentaram correlação (r = 0,08). Isso indica que o peso das raízes não tem relação com variações das grandezas analisadas para as árvores de Populus sp., seja positiva ou negativamente. TABELA 2 - Matriz de correlação entre as variáveis FEB, R, DAP, H e Idade. DAP H Idade Variáveis FEB (cm) (m) (anos) H (m) 0,96 1 - - Idade (anos) 0,73 0,81 1 - FEB -0,76 -0,74 -0,57 1 R -0,11 -0,24 -0,18 0,08 Os resultados da Tabela 3 demonstram que as três variáveis dendrométricas explicam, consideravelmente, as variações em FEB. Todavia, é pertinente salientar que por existir associação também entre DAP, H e idade, está embutida autocorrelação quando se consideram essas variáveis em conjunto na modelagem. Já para R, todas as variáveis apresentaram níveis de correlação extremamente baixos, não sendo possível explicar adequadamente as variações na razão de raízes-parte aérea em função das medidas biométricas. Nos estudos de LEVY et al. (2010), CASTEDO-DORADO et al. (2012) e ENES & FONSECA (2013), a altura total da árvore foi a variável mais significativa para explicar variações em FEB. Por sua vez, CHAMBERS et al. (2001) e CHAVE et al. (2005) afirmam ser o DAP a variável mais significativa com relação ao FEB. SANQUETTA et al. (2014) em estudo para Araucaria angustifolia Bert. O. Ktze., encontraram correlações não significativas para FEB e maiores correlações para R, em que R foi correlacionado com DAP (r = 0,73) e altura (r = 0,55). Os resultados deste trabalho indicam também inexistência de correlação entre FEB e R. A análise das relações entre o fator de expansão de biomassa e as variáveis dendrométricas expressas na Figura 1, revela uma tendência de comportamento negativo (curvilíneo, tendendo a exponencial), mostrando que, com o passar do tempo e o aumento das dimensões das árvores (DAP e H), os indivíduos apresentam redução na proporção da parte aérea. A tendência apresentada na Figura 1 revela a redução em FEB com a idade e o tamanho das árvores, porém após determinado momento verifica-se uma estabilização, ou seja, percebe-se uma tendência assintótica. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 1 3 2015 114 FIGURA 1 – Relações entre as variáveis FEB, R, DAP, H e Idade. Quanto à razão de raízes-parte aérea, esta parece acompanhar FEB, mas devido à baixa correlação com as variáveis dendrométricas, a nuvem de pontos fica menos clara no que diz respeito a essa tendência. Vê-se nitidamente que a dispersão de R é mais acentuada que de FEB, devido à baixa correlação dessa variável com o diâmetro, a altura e a idade. A tendência de diminuição da proporção de biomassa de raízes, bem como de ramos e folhas, ao longo do gradiente de idade também foi apontada em trabalhos desenvolvidos com estas variáveis, como CORTE et al. (2012), SANQUETTA et al. (2011), SANQUETTA et al. (2014) dentre outros. Outra tendência observada neste trabalho é que em povoamentos mais jovens existe uma maior variação nos valores de FEB e R. Esta constatação também foi reportada no trabalho de LEHTONEN et al. (2004). Isto decorre do fato que na fase mais jovem do povoamento ocorre maior variabilidade dimensional dependendo da posição sociológica das árvores, da competição e, por consequência, da sua produtividade primária e estocagem de biomassa e carbono. Diante dos resultados expostos fica evidente que o uso de um valor default ou médio de FEB e R pode levar a superestimativa e subestimativas nos estoques de biomassa e carbono. Desta forma, para aplicação em inventários de biomassa e carbono florestal, bem como sua aplicação em projetos de créditos de carbono (MDL, por exemplo), deve-se procurar utilizar valores mais conservadores para ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 1 4 2015 115 povoamentos de menores idades e também expressar essas grandezas em função de variáveis clássicas do povoamento, como idade, densidade, sítio, entre outras. Isto é corroborado pela afirmação de SOARES & TOMÉ (2004), que afirmam que no caso de não ser viável a utilização de equações alométricas, pelo menos, deve-se utilizar do FEB, variando conforme classes de idade. Por analogia esse aspecto pode ser estendido a R. Modelos para estimar FEB e R em função de DAP, H e Idade Na Tabela 3 estão apresentados os coeficientes e estatísticas de desempenho de ajuste apenas para FEB, pois os ajustes para R não foram considerados adequados devida a menor correlação desta grandeza com as variáveis dendrométricas DAP, H e idade, por esse motivo não foram reportados no estudo. TABELA 3 – Grandezas estatísticas de ajuste dos modelos para estimar FEB. Modelo β β β β β R² S S % 0 1 2 3 4 aj yx yx 1 3,949 0,370 - - - 0,63 0,16 10,57 2 3,630 0,366 - - - 0,64 0,16 10,40 3 2,323 0,225 - - - 0,39 0,20 13,58 4 2,987 -0,563 - - - 0,62 0,16 10,74 5 2,829 -0,544 - - - 0,62 0,16 10,69 6 2,184 -0,348 - - - 0,39 0,21 13,60 7 2,241 0,028 - - - 0,59 0,17 11,15 8 2,193 0,032 - - - 0,57 0,17 11,33 9 1,916 0,032 - - - 0,34 0,21 14,13 10 2,090 -0,029 -0,014 0,001 - 0,54 0,18 11,75 11 2,714 -0,172 - - - 0,58 0,17 11,25 12 4,327 -1,137 0,068 -0,539 0,068 0,64 0,16 10,40 Para FEB, os coeficientes de determinação ajustado nas 12 equações variaram de 0,34 a 0,64, com os modelos 1, 2 e 12 com melhor índice (mais alto). No que diz respeito a S %, os valores para as equações de FEB estiveram entre yx 10,40 a 14,13%, novamente com os modelos 1, 2 e 12 com melhor desempenho (mais baixos que os demais), porém os modelos 4 e 5 também apresentaram valores aproximados. No que concerne à análise de resíduos dos conjuntos de equações, não ocorreu nenhuma discrepância na dispersão de resíduos dos modelos ajustados para FEB, sendo o resíduo máximo cerca de 30%. A Figura 2 apresenta os resíduos das funções 1, 2 e 12. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 1 5 2015 116 FIGURA 2 – Gráfico dos resíduos dos modelos testados para FEB. Sendo assim, recomenda-se a modelagem de FEB em função do DAP ou altura, empregando-se os modelos 1 ou 2, representados por um modelo não linear. O modelo 12, de estrutura linear e com todas as variáveis analisadas também obteve bom desempenho. Comparação entre as estimativas da modelagem, FEB e R médios e default do IPCC Para efeito de demonstrar como é importante dispor de estimativas fidedignas de FEB e R, foi realizada uma comparação entre as estimativas de biomassa e carbono fixado, bem como CO equivalente em um povoamento 2 florestal hipotético de Populus sp., com área de 1 hectare, utilizando informações médias conhecidas dos povoamentos avaliados. Os resultados da análise comparativa entre as estimativas de estoque em biomassa total (aérea e subterrânea), carbono fixado e equivalente em CO estão na Tabela 4. 2 Com base nas estimativas de volume e biomassa do fuste, obtida pela multiplicação por 0,454 g/cm3, correspondente à densidade básica da madeira de Populus sp. aos 15 anos (MATTOS et al., 2001), e também pelos valores default do IPCC (2006) (FEB=1,30 e R=0,33), chegou-se a 128,24 t.ha-1 de massa seca para os fustes, que corresponde a 56,70 t C.ha-1, com base em um teor médio de carbono de 44% (SILVA et al., 2014) correspondente a 207,89 t CO .ha-1. Caso 2eq sejam utilizados os valores médios de FEB e R deste estudo (FEB=1,51 e R=0,28), as estimativas seriam de 129,10 t.ha-1 de biomassa seca, 57,07 t C.ha-1 e 209,27 t CO .ha-1. Considerando os valores estimados pelas equações de regressão para 2eq FEB ajustadas neste estudo e os valores médios de R (já que não foi possível ajustar equações satisfatórias), obter-se-iam 104,06 t.ha-1 de biomassa seca, 46,00 t C.ha-1 e 168,68 t CO .ha-1, respectivamente. 2eq Os resultados acima demonstram que os inventários de biomassa e carbono florestal, bem como os projetos de créditos de carbono que usam FEB e R default do IPCC ou até mesmo valores médios calculados especificamente com dados coletados em campo podem conduzir a estimativas inadequadas, que tendem a superestimar a quantidade de carbono estocado e o montante de CO equivalente 2 removido pelos povoamentos florestais. Essas superestimativas foram calculadas neste estudo em 18,86% quando se usam os valores default do IPCC e em 24,06% quando se empregam os valores médios de FEB e R, respectivamente. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1 1 6 2015

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KEYWORDS: allometry; forest biomass; regression models, Poplar. INTRODUÇÃO . (cm); H: altura total (m); Ln: logaritmo neperiano; EXP: exponencial. reportou o valor de 0,29 para Populus em floresta natural na China.
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