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A Rede Urbana PDF

50 Pages·1994·3.426 MB·Portuguese
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'ISBN 85 08 03255 21 Q conjunto funcionalmente articulado de Roberto Lobato cidades é a rede urbana, que tem sido objeto de interesse entre os cientistas sociais, entre eles os geógrafos. As classificações funcionais de cidades, as dimensões bás1cas Corrêa de variação, as relações entre tamanho e desenvolvimento, a hierarquia urbana e as relações 'cidade-regiao sSo as abordagens que os geógrafos consideraram em seus estudos. A partir dessa prática, considerada criticamente, e incluindo a contnbu1ç!o de outros estudiosos, o autor procura esclarecer a natureza e o sign1f1cado da rede urbana. Há ainda uma proposta de pesqUisa, tendo em vista as diversas redes urbanas regionais brasileiras. Roberto Lobato Corrêa é geógrafo da Fundação IBGE e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou, na séne Princípios, os volumes Regllo e .organização espacial e O espaço urbano . ..kea& ele-~ do-v-o-ltulw • Geografia • Política • Sociologia élat:ra&CÚ'ea& ck~ • Administração • Antropologia • Artes • Ciências • Civilização • Comunicações • Direito • Economia • Educação • Enfermagem • Estética • Farmácia • Filosofia • História • Lingüística • Literatura • Medicina • Odontologia • Psicologia • Saúde Roberto Lobato O VOIUQftO humano Col!lo l'loclomonte de Lima N~ologlorno - Crln980 lexlcol I do Maria Alves Corrêa Amozõnlo O nha K. Becker l lntroduçlo ao maneirismo o à proeo barroca Soglsmundo Spina e Morris W, Croll Professor da Universidade Federal do 1 4 Ao duoa Argentinos Rio de Janeiro l:menll I Soares da Veiga Garcia Geógrafo do IBGE h O Porlodo Rogonciol Arnaldo Fazoli Filho A Antiguidade Tardio Waldir Freitas Oliveira Plenejamento familiar Gilda de Castro Rodrigues lntroduçêo à terapia familiar Magdalena Ramos O Linguagem e sexo Malcolm Coulthard ~00 Aristocratas versus burgueses? - A RevoluçAo Francesa T. C. W. Blanning ~01 O Trotado do Vorsolhos Ruth Henig 202 Jung Gustavo Barcellos 203 A geografia llngüfstica no Brasil Silvia Figueiredo Brandão 204 A RevoluçAo Norte-Americana M. J. Heale 2Q& As origens da Revolução Russa Alan Wood 20 ' Coesão e coerência textuais Leonor Lopes Fávero 20 7 Como analisar narrativas Cândida Vilares Gancho 208 Inconfidência Mineira CVeârnad iVdail hVeinlaar es Gancho 2.8 edição 209 O sistema colonial José Roberto Amaral Lapa 21 O A unificação da Itália John Gooch 211 A posse da terra Cândida Vilares Gancho Helena Queiroz F. Lopes Vera Vilhena Direção Benjamin Abdala Junior Samira Youssef Campedelli Preparação de texto lvany Picasso Batista Sumário Edição de arte (miolo) Milton Takeda Composição/Paginação em vídeo Divina da Rocha Corte Capa Ary Normanha Antonio Ubirajara Domiencio 1. Introdução 5 2. As abordagens dos geógrafos 9 As classificações funcionais 10 As dimensões básicas de variação 12 imprmlo e acabamento Tamanho e desenvolvimento 15 311111(1raf TEL.: 1011) 2il· Ul30 A hierarquia urbana 19 FAX~Iot11 ne·eoee As proposições de Christaller 21 Os países subdesenvolvidos 32 As relações cidade-região 40 3. Natureza e significado da rede urbana 47 ISBN 85 08 03255 2 A divisão territorial do trabalho 48 Os ciclos de exploração 51 I As migrações 56 A comercialização da produção rural 58 A drenagem da renda fundiária 61 1994 Os investimentos de capitais 64 l. A distribuição de bens e serviços 67 Todos os direitos reservados Editora Ática S.A. A difusão de valores e ideais 70 Rua Barão de lguape, 110- CEP 01507·900 Rede urbana e forma espacial 70 Tel.: PABX 278-9322 - Caixa Postal 8656 End. Telegráfico "Bomlivro"- Fax: (011) 277·4146 A rede dendrítica 71 São Paulo (SP) Redes complexas 75 Rede urbana e periodização _________ _ 78 O exemplo da Amazônia 80 1 4. À guisa de conclusão 87 5. Vocabulário crítico 90 6. Bibliografia comentada 93 Introdução Os estudos sobre redes urbanas têm se constituído em uma importante tradição no âmbito da geografia. Esta im portância deriva da consciência do significado que o proces so de urbanização passou a ter, sobretudo a partir do sécu lo XIX, ao refletir e condicionar mudanças cruciais na so ciedade. No bojo do processo de u.rbanização a rede urba na passou a ser o meio através do qual produção, circula ção e co'nsumo se realizam efetivamente. Via rede urbana e a crescente rede de comunicações a ela vinculada, distan tes regiões puderam ser articuladas, estabelecendo-se uma economia mundial. A despeito dos numerosos estudos realizados, no entan to, a temática da rede urbana está longe de ter sido esgota da. Especialmente quando se considera um país de dimen sões continentais como o Brasil, onde a longa e desigual es paço-temporalidade dos processos sociais tem sido a regra, e onde a rapidez e a intensidade da criação de centros e transformação da rede urbana é ainda notável no final do século XX: paralelamente coexistem setores da rede urba na cuja gênese remonta ao século XVI, no alvorecer do ca pitalismo, quando a rede urbana atual começa a constituir-se. • 7 6 O presente estudo tem por finalidade, primeiramente, economia de mercado com uma produção que é negociada mostrar o que foi a produção geográfica sobre redes urba por outra que não é produzida local ou region~li?ente. E~­ nas. Não deve ser encarado como uma longa, exaustiva e ta condição tem como pressuposto um grau mm1mo de di sistemática revisão bibliográfica, mas apenas indicadora visão territorial do trabalho. Em segundo lugar verificar das principais vias de abordagem do tema. Nem como um se a existência de pontos fixos no território onde os negó fim em si mesmo, mas sim como uma base teórica passível cios acima referidos são realizados, ainda que com certa pe de ser reconstruída, originando outra de natureza crítica. riodicidade e não de modo contínuo. Tais pontos tendem Vários exemplos, através de mapas e gráficos, farão parte a concentrar outras atividades vinculadas a esses negócios, desse capítulo. Procurarão exemplificar princípios a respei inclusive aquelas de controle político-administrativo e ideo to de aspectos relativos à hierarquia urbana. Não são exem lógico, transformando-se assim em núcleos de povoamen plos da Alemanha meridional, do território francês ou do to dotados, mas não exclusivamente, de atividades diferen Estado norte-americano de Iowa, unidades territoriais que tes daquelas da produção agropecuária e do extrativismo ve serviram de laboratórios para muitos estudos sobre redes getal: comércio, serviços e atividades de produção industrial. urbanas. Os exemplos são brasileiros, envolvendo em gran A terceira condição refere-se ao fato da existência de de parte a região do planalto ocidental paulista. um mínimo de articulação entre os núcleos anteriormente re A segunda parte pode ser considerada como a mais im feridos articulação que se verifica no âmbito da circulação, portante deste estudo. Nela apresenta-se o que entendemos etapa ~ecessária para que a produção exportada e importa ser as abordagens que mais evidenciam a natureza e o signi da realize-se plenamente, atingindo os mercados consumidores. ficado da rede urbana. Seguramente algumas lacunas e in A articulação resultante da circulação vai dar origem consistências aparecerão. Isto, em parte, deriva da tentati e reforçar uma diferenciação entre núcleos urbanos no que va de apresentar quadros de referência teórica onde se pro se refere ao volume e tipos de produtos comercializados, cura retrabalhar conceitos e articulaçõ~s propostos anterior às atividades político-administrativas, à importância como mente. Que as lacunas e inconsistências sirvam de estímu pontos focais em relação ao território exterior a eles, e ao los para novas reflexões. tamanho demográfico. Esta diferenciação traduz-se em Uma questão agora se impõe. O que é rede urbana? uma hierar'quia entre os núcleos urbanos e em especializa- Este questionamento se deve ao fato de não haver concor ções funcionais. dância sobre o que se quer dizer com esta expressão. Há Nos termos assim explicitados admitimos a existência uma corrente que advoga a tese de que somente haveria re de redes urbanas nos países subdesenvolvidos. Isto signifi de urbana se certas características estivessem presentes, ca ca que não aceitamos a tese da existência de rede urbana racterísticas estas verificadas nos países desenvolvidos. Se definida a partir de parâmetros arbitrários, que guardam gundo esta corrente, nos países subdesenvolvidos não have uma forte conotação etnocêntrica. Tais parâmetros são, de ria rede urbana ou esta estaria em fase embrionária ou se um lado, o modelo formal de Christaller e, de outro, a re ria desorganizada. gra da ordem-tamanho de Zipf. Voltaremos a eles em bre A nossa posição a este respeito é diferente. Admitimos ve. A idéia de rede urbana desorganizada, por outro lado, a existência de uma. rede urbana quando, ao menos, são sa pressupõe a possibilidade de um dia ela tornar-se organiza . tisfeitas as seguintes condições. Primeiramente haver uma da, semelhante à rede dos países desenvolvidos. 8 A nossa tese é que a rede urbana - um conjunto de 2 centros funcionalmente articulados -, tanto nos países de senvolvidos como subdesenvolvidos, reflete e reforça as ca racterísticas sociais e econômicas do território, sendo uma dimensão sócio-espacial da sociedade. As numerosas dife As abordagens dos geógrafos renças entre as redes urbanas dos países desenvolvidos, en tre as dos subdesenvolvidos, e entre ambas, não são nenhu ma anomalia, mas expressão da própria realidade em sua complexidade .• A partir do último quartel do século passado, quan do a geografia ganha status de disciplina acadêmica, e até o final dos primeiros 20 anos do presente século, quando finaliza o primeiro período de sua história moderna, a te mática da rede urbana emerge na multifacetada geografia alemã, entre os geógrafos possibilistas franceses, e entre os geógrafos britânicos envolvidos com o planejamento ur bano e regional. Também no bojo do determinismo ambien tal norte-americano aflora o tema em questão. O período que se estende de 1920 a 1955 caracteriza se, entre ouúos aspectos, pelo aumento do interesse pelo es tudo da rede urbana: algumas proposições teóricas e méto dos operacionais são estabelecidos, e amplia-se o número de estudos empíricos. É deste período que aparecem, entre outras, as proposições de Christaller e de Mark Jefferson. É a partir de 1955 que se verifica uma grande difusão dos estudos de redes urbanas. E não somente no âmbito da denominada geografia teorético-quantitativa que emer ge a partir de então, mas também com Pierre George, no bojo da geografia econômica derivada da escola possibilis ta. No Brasil é a partir de então que se iniciam os estudos sobre redes urbanas. 10 11 O desenvolvimento dos estudos sobre o tema em tela produção, coleta, transferência, distribuição e recreação. é contemporâneo, no após-guerra, da aceleração da urbani Chauncy Harris, em 1943, ao estudar as cidades norte-ame zação e da redefinição da divisão internacional do trabalho ricanas, classifica-as de acordo com a atividade de maior im geradora de novas articulações funcionais e mudanças n~ portância. Nove tipos de centros foram identificados: cida rede urbana. Subjacente·a isto está a retomada da expansão des industriais, de comércio varejista, de comércio atacadis capitalista e a difusão do sistema de planejamento em sua ta, de transportes, mineração, educação, lazer, cidades di dimensão espacial, envolvendo a rede urbana. versificadas e com outras funções. O tema da rede urbana tem sido abordado pelos geógra- · A partir da década de 1950, os estudos sobre o tema fos a partir de diferentes vias. As mais importantes dizem em pauta passaram a receber um tratamento estatístico, ori respeito à diferenciação das cidades em termos de suas fun ginando então resultados mais acurados. A contribuição de ções, dimensões básicas de variação, relações entre tamanho Howard Nelson é digna de nota pela precisão de sua classifi demográfico e desenvolvimento, hierarquia urbana, e rela cação relativa a 897 cidades norte-americanas. O emprego ções entre cidade e região. Estas vias não são necessariamen em nove atividades foi considerado e, para cada uma das no te excludentes entre si, interpenetrando-se mutuamente de di ve distribuições relativas ao emprego nas cidades sob análi ferentes modos. Vale lembrar, por outro lado, que as aborda se, foram calculados a média e o desvio-padrão. Sempre que gens acima indicadas não são exclusivas dos geógrafos mas uma cidade apresentasse em uma atividade mais de um des comp~rtilhadas com outros cientistas sociais, ainda q~e pe vio-padrão acima da média, era classificada naquela ativida sem diferenças no modo como cada uma das vias é tratada. de. Um centro urbano poderia ser enquadrado de acordo com duas ou três atividades. Por outro lado, uma cidade foi rotulada como diversificada quando em nenhuma ativida As classificações funcionais! de apresentava valor superior a um desvio-padrão acima da média. Deste modo vários tipos de cidade foram definidos, Uma das mais tradicionais vias de estudo da rede urba resultando em uma classificação funcionalmente complexa. na pelos geógrafos é aquela que se interessa pela classifica A partir dos anos 50 procurou-se, ao lado da adoção ção funcional das cidades. Esta abordagem tem como pres de técnicas estatísticas, clarificar mais a questão das fun suposto a existência de diferenças entre as cidades no que ções urbanas. Neste sentido vários autores fizeram o desdo se refere às suas funções. E que o conhecimento dessa dife bramento das atividades da cidade em básicas ou primárias, renci~ção é relevante para a compreensão da organização que são "exportadas" para fora, justificando assim a pró espacml, na qual a divisão territorial do trabalho urbano é pria existência da cidade, e atividades não-básicas ou secun uma das mais expressivas características. dárias, que se destinam à população urbana: exemplifica Já em 1921 o geógrafo M. Aurousseau propõe uma" se com a atividade de uma loja cujas vendas são majorita classificação de cidades em oito tipos, de acordo com a fun riamente para consumidores residentes fora da cidade, e ção dominante: cidades de administração, defesa, cultura, com um serviço que atende fundamentalmente à população urbana. 1 Sobre o tema veja-se MAYER, Harold & KOHN, Clyde, orgs. Readings A distinção em tela permite, sem dúvida, uma classifi m urban geography. Chicago, The University of Chicago Press, 1958. cação mais acurada dos centros urbanos na medida em que 12 13 se elimi~am aquelas atividades não-básicas que existem por des ou sistemas urbanos. Assim, em 1957, Howard Nelson, que as Cidades desempenham atividades básicas. E é relevan comentado por Horácio Capei, 3 comparou algumas caracte t~ em virtud.e do fato de haver estudos indicando que à me rísticas sociais entre centros urbanos com distinta especiali dida que a cidade aumenta de tamanho verifica-se o aumen zação funcional, considerando o ritmo de crescimento da to percentual de uma população empregada em atividades população, a estrutura etária, a escolaridade, a proporção não-básicas. · de homens e mulheres na população ativa, as taxas de de . O estudo de Ullman e Dacey, onde se introduz o con semprego e a renda per capita. Constatou que estas caracte ceito de. necessidades mínimas de população urbana, que rísticas variavam entre cidades segundo as funções que de se aproxima do conceito de atividade não-básica, constitui sempenhavam. se em ~~a s~gnificativa contribuição para uma mais preci Em realidade "o problema da classificação funcional s~ ;Iassificaçao funcional de cidades. O estudo de Magnani converteu-se no problema de agrupamento das cidades se m, por outro lado, sobre os centros urbanos de Santa Ca gundo suas características fundamentais com o fim de des tarina, apoiado em dados referentes à população economi cobrir tipos homogêneos" (p. 230), considerando-se não camente ativa do Censo Demográfico, constitui-se em exce apenas as funções urbanas mas também outras característi lente exemplo de estudo sobre classificação de cidades utili cas sociais, econômicas e políticas. Esta conversão verifica- zando o conceito proposto por Ullman e Dacey. e simultaneamente à expansão do emprego de técnicas esta Em relação a esta abordagem há numerosas críticas so tísticas em geografia; o uso de computadores, por sua vez, br~ a natureza. dos dados utilizados, que são aqueles disponí viabiliza a utilização de técnicas mais sofisticadas como a veis, os conceitos e as técnicas estatísticas empregadas, bem análise fatorial. como sobre a falta de objetivos geográficos definidos. No ca O emprego desta técnica descritiva possibilita tratar si so do Brasil os dados do Censo Demográfico são incapazes multaneamente um grande número de variáveis, agrupan de revelar algumas funções importantes das cidades brasilei do aquelas que estão fortemente correlacionadas entre si, ras, como a~uelas ligadas à drenagem da renda fundiária. originando assim fatores ou dimensões básicas de variação. Contudo, tms estudos colocam em evidência, com maior ou lsto porque cada uma dessas dimensões é constituída por menor acurácia, a divisão territorial do trabalho no âmbito variáveis que, por outro lado, não se correlacionam com da rede ~rb~na. Podem assim suscitar numeroso'S questiona aquelas das outras dimensões. Em cada um desses fatores, mentos, mcltando novas pesquisas sobre a rede urbana. cada cidade apresenta um score que é a sua posição ao lon go desta dimensão de variação. É com o estudo de Moser e Scott, datado de 1961, que As dimensões básicas de variação , e inicia a procura sistemática das dimensões básicas de va riação dos sistemas urbanos. A partir de então numerosos ~ partir. das clas~ificações funcionais de cidades pas outros estudos relativos a diversos países foram realizados, sa-se a pesqmsa das dimensões básicas de variação das re- entre eles, os Estados Unidos, o Canadá, a Índia e a União 2 MAG~ANI~I, Ruth L. C. As .cidades de Santa Catarina: base econômica 3 De las funciones urbanas a las dimensiones básicas de los sistemas urba- e classJficaçao funciOnal. ReVIsta Brasileira de Geografia, 33 (1), 1971. nos. Revista de Geografia, 6 (2), 1972. 14 15 Soviética. Visavam estes estudos descobrir empmcamente bano: estrutura socioeconômica, ritmos de crescimento e ~ão apenas as dimensões básicas de variação de um especí formas de concentração espacial urbana. Ao considerar o fico sistema urbano, como também sua estabilidade ao lon sistema urbano como expressão territorial da divisão social go do tempo, e a existência de dimensões universais de va tio trabalho, constitui uma recente e pouco usual interpreta riação. Entre as diferentes dimensões básicas descobertas es ção a respeito do assunto. tão aquelas referentes ao tamanho, especialização funcio nal, características sociais e crescimento demográfico. Mas que critérios nortearam a seleção de variáveis? Em Tamanho e desenvolvimento alguns casos um conjunto muito grande de variáveis, sem ne nhuma base teórica explícita, foi considerado. Em outros pro A terceira via de abordagem considera a rede urbana curou-se ver as relações com o processo de desenvolvimento como um todo, sem analisar ou classificar cada uma de regional ou nacional a partir de alguns indicadores julgados suas cidades, como ocorre nas anteriores. Nesta abordagem pertinentes, e à luz de um dado corpo teórico: o modelo cen estabelece-se uma relação entre o tamanho das cidades de tro-periferia de John Friedmann foi então muito adotado co uma rede urbana e certos aspectos da vida econômica e so mo referencial teórico. Implícita nestes estudos estava a con cial, tais como o desenvolvimento e sua difusão espacial, cepção da cidade como centro difusor do desenvolvimento. 1 integração nacional e a existência de desequilíbrios inter No Brasil esta abordagem marcou muito os estudos so nos. O pressuposto desta relação reside no fato de que é bre redes urbanas durante o período 1970-1977, período es ntravés das cidades que as ligações econômicas internas e te caracterizado pela adoção, entre muitos geógrafos, de xternas se realizam, delas derivando o desenvolvimento: técnicas quantitativas e dos modelos de desenvolvimento re lamanho das cidades aparece então como uma expressão ~ional, e pelo grande envolvimento com o sistema de plane d desenvolvimento. Jamento. Sobressaem os estudos de Faissol, 4 que considera A literatura sobre as relações entre tamanho da popula ram vários conjuntos de cidades brasileiras. Estes estudos ~· o urbana e desenvolvimento encerra uma dupla polêmi- revelaram resultados consistentes entre si, indicando tipos ·n entre os estudiosos do assunto. A primeira envolve, de de cent.ros que, em sua espacialização, definem regiões que 11m lado, o conceito de primazia urbana e, de outro, a re foram mterpretadas segundo as proposições de Friedmann: "ra da ordem-tamanho da cidade. A segunda polêmica, regiões centrais, principal e secundária, e regiões periféricas. QU está associada à primeira, refere-se à discussão entre Já o estudo de Fredrich e Davidovich, 5 mais recente, <)S "modernistas" e os "tradicionalistas", conforme refere- está baseado em três dimensões de variação do sistema ur- Berry em artigo na coletânea organizada por Faissol. O conceito de primazia urbana foi formulado inicialmen 4 t por Mark Jefferson, em 1939.6 Considerando o tamanho Veja-se, por exemplo, FA!SSOL, Speridião. As grandes cidades brasileiras - dimensões básicas de diferenciação e relações com o desenvolvimento du população urbana em 51 países, encontrou-se que na maio econômico: um estudo de análise fatorial. Revista Brasileira de Geografia rio deles a maior cidade era não só a capital político-adminis 32 (4), 1970. • 5 lnttiva, como também duas ou três vezes maior que a segun- .FREDR!:H, Olga M. B. L. & DAVIDOVICH, Fany. A configuração espa Cial. do Sistema urbano brasileiro como expressão no território da divisão soc1al do trabalho. Revista Brasileira de Geografia, 4<t-(4), 1982. Tho Jaw f primate cities. Geographical Review, 29. 16 17 da cidade. Estes centros, denominados de cidades primazes, apresentavam uma proeminente importância econômica, cul Segundo Zipf, a distribuição do tam~~ho das ~id~des tural e política. A primazia foi interpretada por Jefferson co nade ser vista através de uma equação de senes harmomc~s. tamanho da cidade p de ordem r é igual à populaçao mo "um símbolo de um intenso nacionalismo", e que naque las cidades estava a "alma e a mente da nação". A regulari da cidade I, a maior delas, dividida pela sua or_d~m r ~lev~­ dade com que esta primazia se verificava foi interpretada co da a um expoente q que foi encontrado_ ser ~r?ximo a u~l­ dade. A fórmula é pr =~.A expressao graflca desta dis- mo uma lei geral e como um produto final de um processo de integração nacional. Entre os exemplos de primazia urba tribuição é uma linha ret~q com um ângulo de 45o num pa na estavam Grã-Bretanha, México, Dinamarca, Estados Uni pel duplo logarítmico, onde na abscissa está a ordem d,as dos e Bolívia, países com diferentes superfícies territoriais, •idades, e na ordenada seus tamanhos: . . - níveis de desenvolvimento econômico e dinâmica urbana. A explicação que Zipf deu às distnbmçoes segun~o A idéia de integração nacional estava baseada, pois, a da Ordem-tamanho tem como ponto central o Pnn- ll regr 'l'b r!·o d na presença de uma cidade primaz, independentemente do ti •{pio do Menor Esforço, resultante de u~ e~u.l 1 e po de relações que esta mantinha com o restante do país. f' rças opostas, a da Unificação e a da Diversiflca~ao. A Os casos desviantes foram interpretados como sendo devidos primeira levaria a uma concentração. da p_opulaçao em a uma falta de sentimento nacional ou forte regionalismo, lima única cidade, e a segunda a uma dispers~o da popula ou então a uma dependência política e econômica. Como (,: o em cidades do mesmo tamanho. Estes_s e:I~m ca.sos ex exemplo aparecia a Espanha, onde um forte regionalismo im tremos, respectivamente com q igu~l ao mflmto e Igual. a pedia o aparecimento de uma cidade primaz e conseqüente '1. •ro Com q igual a 1 a série de cidades apresentar-se-la mente a integração nacional. A Índia, o Canadá e a Austrá ,;Hs ~qüência 1, 1/2, 1/3, 1/4 ... 1/~ ?u 100, 50, .33, 25 ... lia constituem também casos desviantes, onde a dependência l'ura Zipf, com esta distribuição eqmhbrad~, a ur~Idade na política agia no mesmo sentido. Cada uma apresentava duas •lonal estava mantida através de u~ conJunto mtegr.ad~ cidades que rivalizavam entre si em termos de tamanho popu~ d cidades. A primazia seria para Zlpf um caso. possivel. !acionai e importância econômica e cultural. Jefferson suge o . rreria todas as vezes que o valor q fosse maior que a riu que estes países teriam como foco maior a cidade de Lon unidade. . . d dres, capital e cidade primaz do então Império Britânico. A partir dos anos 50, quando se venflca a reto:na a Enquanto Jefferson considerou apenas a relação entre I t expansão capitalista e a questão do subdesenvolvimen- o tamanho das duas maiores cidades, outros autores consi 1o aparece, as duas formulações são col?c~da_s em confro_n- deraram todo o con]unto de cidades como base para análi 1 >. O desenvolvimento é associado à existencm de u~~ dls- se da distribuição do tamanho dos centros urbanos. A pri 1! 'lbuição do tamanho da cidade segundo a p~oposi~ao d~ meira contribuição, neste sentido, foi a de Auerbach em Zlpf; o subdesenvolvimento, por outro .lad?, e associado a 1913, que propôs um modelo de distribuição que, com G. lstência da primazia urbana. No pnmeiro cas?·. forças K. Zipf, seria conhecido como a regra da ordem-tamanho. • nômicas multidirecionadas, espacialmente aleatonas, afe- 7 11\ri m toda a rede urbana. No segun~o: estas forças atua 7 l'! un concentradamente, afetando um umco c~ntro, que ~re- Human behavior and the principle of least effort; an introduction to hu man ecology. Cambridge, Addison-Wesley, 1949. 11 tria toda a riqueza para si, por isso tendo Sido denomma-

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