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A cultura nacional. Palavras de ordem gerais PDF

44 Pages·1984·0.876 MB·Portuguese
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11 COMEMORAÇÃO DO X ANIVERSARIODA MORTE DO CAMARADA AMILCAR CABRAL A cultura nacional Amílcar Cabral 5 DT 31 C24 Palavras deordem gerais 1984 V.11 Colecção "Cabral ka muri" Edição do Departamento de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC Amílcar Cabral STANFORD LIBRARIES A cultura nacional 11 . Palavrasde ordem gerais ...Camaradas, eujureia mim mesmo, nunca ninguém memobilizou, trabalharpara omeupovo, eujureia mim mesmo, que tenhoque daraminha vida, toda aminha energia, todaaminha coragem , toda a capacidade que posso tercomohomem , atéao dia em que morrer, ao serviço do meupovo, na Guiné e Cabo Verde. Aoserviço da causa da humanidade,para dara minha contribuição, na medida dopossível, para a vida dohomem se tornar melhornomundo. Este é que éomeu trabalho.» Colecção «Cabral ka muri» 23AANGU WAO TAAIC Titulo:ACulturaNacional EdiçãodoDepartamentodeInformação,PropagandaeCulturadoC.C.doPAIGC ExecuçãográficadeEditorial«Avante!»,SARL,Portugal,1984 Fotocomposição:M.•Esther-GabinetedeFotocomposição Impressãoeacabamento:SociedadeGráficadaVendaSeca,Lda. Tiragem:3000exemplares Depósitolegaln.º6760/84 PALAVRAS DE ORDEM GERAIS TER CONSCIÊNCIA DA SITUAÇÃO DE LUTA EM CADA MOMENTO Esperar o melhor, mas preparar-se para o pior. Tanto na Guiné como em Cabo Verde, a nossa luta fez pro gressos consideráveis (podemos dizer grandes progressos) desde o 1.º Congresso do Partido realizado em Fevereiro de 1964, numa das regiões libertadas doSul da Guiné. Na Guiné, com a eliminação de vários erros que tinham sido cometidos no plano político, com o reforço dos nossos meios huma nos e materiais de luta ecom acriaçãodonosso Exército Popular e o reforço das forças guerrilheiras, a luta armada estendeu -se a novas áreas (Boé, Gabu, São Domingos) e infligimos novas derrotas ao inimigo, que está na defensiva. Instalámos a guerrilha no «Chão dos Manjacos» e passamos a controlar novas áreas do país. Umagrande parte das decisões do nosso Congresso (sobre a reorganização do Partido, o desenvolvimento da produção, o abastecimento da popula ção, a criação de escolas, a assistência sanitária, a criação da Milícia Popular, etc.) foram postas em prática, tendo-se verificado alguns sucessos muito encorajadores. 3 Em Cabo Verde, onde dificuldades sobretudo de ordem geográ fica (portanto, comunicações e coordenação) não tinham permitido um avanço mais rápido da luta, foram feitos progressos importantes nos últimos dois anos. A organização do Partido foi reforçada, a mo bilização da população atingiu um nível elevado nomeadamente nos centros urbanos principais e nalguns sectores do campo. Por outro lado, novos esforços feitos pela direcção do Partido, bem ajudada por militantes conscientes que passaram a dedicar toda a sua activi dade ao Partido e à luta, conduziram a resultados que se traduzem hoje por um total amadurecimento da situação política nas ilhas principais. Essasituaçãoexige, assim , a passagem dalutaaumanovafase, em que temos de lançar mão de todos os meios para liquidar a dominação colonial nas ilhas. O nosso Partidoe as massas populares de Cabo Verde têm estado a preparar-se activamente em todos os dominiosnecessários,paradesencadearalutaarmadanoArquipélago. Temos de fazer isso, mas devemos fazê-lo nas melhores condi ções e tendo em atenção as características próprias da luta armada de libertação nesse ambiente geográfico muito especial. Devemos andar depressa, mas não correr, sem oportunismo, sem entusiasmos que nos façam perder de vista a realidade concreta. Mais vale começar a luta armada com um atraso aparente, mas com garantias de continuidade, do que começá-la cedo ou em qualquer outro momento, sem ter realizadas todas as condições que garantem a sua continuidade e a vitória para o nosso povo. Temos de reconhecer, com consciência, que há ainda muitas falhas e erros na nossa acção, tanto no plano político como no plano militar, uma parte importante das coisas que deveríamos fazer, não foram feitas a tempo ou não foram mesmo feitas. Em várias regiões, e de uma maneira geral em todasas regiões, o trabaho político no seio do povo e das nossas forças armadas não foi feito convenientemente, os responsáveis não souberam ou não puderam realizar o trabalho permanente de mobilização, formação e organização política, determinado pela direcção superior do Partido. Há, em várias áreas do País e até no seio dos responsáveis, uma tendência muito má para o comodismo, para o não cumprimento dos deveres do Partido e da luta, e até para uma certa desmobilização, que não tem sido combatida e liquidada. Alguns responsáveis, mesmo de maior responsabilidade, têm esquecido que a nossa luta (mesmo na sua forma armada, de guerra) é uma luta política e que, portanto, o trabalho — no seio do povo, entre os militantes e comba 1 tentes e no seio do inimigo – é o aspecto fundamental (vital) da nossa acção em cada dia. No plano militar, muitos planos e objectivos estabelecidos pela direcção superior do Partido não foram realizados. Com os meios de que dispomos, podíamos terfeito mais e melhor. Vários responsáveis não souberam compreender bem as funções do Exército e das forças guerrilheiras, não coordenaram bem as acções dessas duas forças e, em alguns casos, deixaram -se dominar pela preocupação de defen deras nossas posições, esquecendoque, para nós, a melhordefensi va é o ataque, a ofensiva, odesenvolvimento constanteda nossa luta armada. Chegou até a haverdesentendimento entre responsáveis de uma mesma área, o que é condenável e não pode voltar a suceder. Por outro lado, a par de um gasto excessivo de munições e do uso nem sempre acertado de algumas armas, verificou-se que alguns responsáveis não deram provas de iniciativa, espírito de decisãoe de coragem necessária, a qual também faltou a muitoscombatentes. Em a alguns casos não soubemos tirar todo o partido dos ataques feitos, enquanto noutros casos permitimos ao inimigo alguns movimentos e actos (por exemplo, destruição de bases) que já não devemos consentir. Além disso, como prova o resultado da falta de trabalho político eficaz no seio das forças armadas, começou a aparecer uma certa mania de «militarismo» que levou alguns combatentes e até responsáveis a esquecer que nós somos militantes armados e não militares. Essa tendência deve ser combatida e liquidada com urgên cia no seio das FARP. Nos outros aspectos da nossavida e da nossa luta (instrução, saúde, comércio, etc.) também se cometeram erros que, se se justificam pela nossa falta de experiência, devem no entanto ser eliminados por todos os meios necessários. Temos de ter cada dia mais consciência dos erros e faltas que fizemos, para podermos corrigir o nosso trabalho e agir cada dia melhor, ao serviço do nosso Partido. Os erros que cometemos não devem desanimar-nos, assim como as vitórias que alcançámos não devem fazer-nos esquecer os erros. 5 Hoje, a nossa situação pode ser comparada à situação de um Estado que tem ainda uma parte do seu território nacional, prin cipalmente as cidades e vilas (os meios urbanos), ocupada pelas 7 forças estrangeiras. As nossas responsabilidades diante do Par tido, do povo, da África e do mundo, são portanto maiores. Temos de trabalhar melhor em todos os planos para cumprirmos bem os nossos deveres, para estarmos à altura das nossas responsa bilidades. No plano africano, o prestígiodo nosso Partido, do nosso Povo e da nossa luta é cada dia maior. Todos os Estados africanos sabem e reconhecem que o nosso Partido nacional é a organização de uni dade e de luta do nosso povo na Guiné e em Cabo Verde. A África dá-nos uma ajuda útil atravésdo Comitéde Libertação, emes mo que essa ajuda não seja suficiente, ela é uma prova de soli dariedade. No mundo, tanto nos países e meios anticolonialistas como entre os aliados do nosso inimigo, gozamos do maior respeito e toda a gente admira o trabalho e as vitórias alcançadas pelo nosso povo, sob a direcção do nosso Partido. Os nossos inimigos, quer da África quer do mundo, têm vindo a desenvolver a sua ajuda, encorajando assim a nossa luta. Temos, portanto, razões bastantes para estar contentese cheios de esperança. Nunca foi tão grande a certeza de que a nossa vitória depende principalmente da nossa acção. O inimigo também sabe isso, está cada dia mais desmoralizado e faz esforços desesperados para aguentar. Mas sabeque os seusdias estãocontadose, por isso, tentara maiores crimes contra o nosso povo e contra os nossos bens e riquezas. Devemos, portanto, diante das perspectivas favoráveis da nos sa luta, estudar cada problema em profundidade e encontrar para ele a melhor solução. Pensar para agir e agir para poder pensar melhor. Devemos, como sempre, encarar o presente e o futuro com optimismo, mas sem perderaconsciênciadas realidades, em particu lar das dificuldades próprias à nossa luta. Devemostersemprebempresenteecumpriraspalavrasdeordem do nosso Partido: «esperar o melhor, mas preparar-se para o pior». DESENVOLVER SEMPRE E REFORÇAR O TRABALHO POLÍTICO E A ORGANIZAÇÃO DO PARTIDO Para continuar a desenvolver vitoriosamente a nossa luta, devemos: A-Desenvolver e reforçar cada dia o trabalho político no seio do povo, dos militantes e dos combatentes do Partido. 1. Nas regiões libertadas, tomar todas as medidas neces sárias para tornar normal a vida política da população dessas re giões. Os comités de secção (tabancas), de zona e de região devem ser consolidados e funcionar normalmente. Fazer reuniões frequentes com a população, para mantê-la ao corrente da luta, das palavras de ordem do Partido e das intenções criminosas do inimigo. 2. Nas áreas ainda ocupadas pelo inimigo, reforçar o trabalho clandestino do Partido, a mobilização e a organização das popula ções, e preparar os militantes para agir e apoiar como devem as acções dos nossos combatentes. Em particular, nas zonas urbanas (cidades e vilas) darpalavras deordem parao reforçodotrabalhodos militantes, restabelecer as ligações lá onde elas foram suspen sas, preparar os membros do Partido, em especial os trabalhadores, para a acção contra o inimigo e para a defesa dos nossos bens ma teriais. 3. No seio das forças armadas (Exército e guerrilheiros) onde quer que estejam , desenvolver o trabalho político, fazer reuniões políticas frequentes, exigir trabalho político sério aos comissários políticos. Pôr a funcionar os Comités Políticos do Exército Popular, formado pelos comissários políticos e pelo comandante de cada unidade. Combater a maniadomilitarismo e fazerde cadacombatente um militante exemplar do nosso Partido. 7 4. Reforçar o trabalho político e de propaganda no meio das forças inimigas. Fazer cartazes, tracts, cartas, escrever coisas nas estradas, mandar recados, etc., para informar as forças inimigas da política do nosso Partido. Estabelecer contactos prudentes com ele mentos das forças inimigas que querem contactar-nos, agir com audácia e grande iniciativa nesse campo, para levaresses elementos a servirem o Partido e a nossa luta, contra a criminosa guerra colonial. Fazer tudo para ajudar os militares inimigos a desertarem , garantir-lhes, por todos os meios necessários, a segurança, de ma “neira a encorajá-los a tomarem a decisão de desertar. 5. Fazer trabalho político no meio dos africanos que ainda servem o inimigo (civis e militares), levar esses irmãos a mudar de caminho, a servir o Partido no seio do inimigo ou a desertarem com armas e munições para sejuntarem às nossas forças. Mas agirduro, liquidar todos aqueles que traem conscientemente o nosso povo, todos aqueles que teimam em pegar em armas ao lado do inimigo, contra o nosso Partido e o nosso povo. 6. Fazer tudo para reforçar as nossas relações fraternais com os países vizinhos, com o povo e as autoridades desses países. Não permitir que nenhum membro do Partido se meta nos assuntos internos desses países: estar vigilantes em relação a elementos desses países que pretendem meter-se na nossa vida ou servir-se da nossa luta. Agir com firmeza contra os agentes do inimigo, natu rais dos países vizinhos. Colocar nas fronteiras só responsáveis de absoluta confiança, honestos, dedicados e cumpridores. Em par ticular, tomar todas as medidas para melhorar com urgência as nossas relações com as autoridades do Senegal, estabelecer uma boa colaboração com essas autoridades, em defesa dos nossos interesses. B — Fazer com urgência a reorganização do Partido, de acordo com as exigências da luta, na nova fase em que se encontra. Melhorar o trabalho dos organismos já existentes e criar todos aqueles que falta criar, principalmente nas regiões libertadas.

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