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A cultura nacional. O papel da cultura na luta pela independência PDF

32 Pages·1984·1.427 MB·Portuguese
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UC -NRLF 10 RIES XA AMILCAR CABRAL MIO B 3 716 717 I cultura nacional Amílcar Cabral O papel da Cultura na luta pela Independência Colab "Cabralka muri” Gino de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC 10 COMEMORAÇAO DO X ANIVERSARIO DA MORTE DO CAMARADA AMILCAR CABRAL A cultura nacional Amílcar Cabral O papel da Cultura na luta pela Independência Colecção "Cabral ka muri" amememis Departamento de Informação, Propaganda e Cultura do C.C. do PAIGC 11.5. Amílcar Cabral A cultura nacional 10 O papel da Cultura na luta pela Independência «...Camaradas, eujureia mim mesmo, nunca ninguém me mobilizou, trabalharpara omeupovo, eujureia mim mesmo, que tenho que dara minha vida, toda a minha energia, todaaminha coragem , toda a capacidade que posso tercomo homem, até ao dia em que morrer, ao serviço do meupovo, na Guiné e Cabo Verde. Ao serviço da causa da humanidade, para dara minha contribuição, na medida dopossível, para a vida dohomem se tornar melhorno mundo. Este é que é o meu trabalho.» Colecção «Cabral ka muri>> 54289129 "MAIN Titulo:ACulturaNacional EdiçãodoDepartamentodeInformação,PropagandaeCulturadoC.C.doPAIGC ExecuçãográficadeEditorial«Avante!»,SARL,Portugal,1984 Fotocomposição:M.Esther-GabinetedeFotocomposição Impressãoeacabamento:SociedadeGráficadaVendaSeca,Lda. Tiragem:3000exemplares Depósitolegaln.°6759/84 O PAPEL DA CULTURA NA LUTA PELA INDEPENDÊNCIA (1) PROLOGO Apenas o desejo consciente de corresponder ao amável convite da UNESCO e uma profunda convicção da importância do tema que nos foi proposto permitiram a elaboração deste modesto trabalho, numa altura em que as nossas obrigações, no âmbito dadifícil lutade libertação do nosso povo, exigem uma mobilização de todo o nosso tempoparaoestudoeasoluçãodosproblemasnacionais. Em vezde explorarexaustivamente osdiversos pontos propostos à discussão, sem lhes minimizar de forma alguma o interesse e a acuidade, preferimos centrar a nossa atenção na importância do papel da cultura no movimento de pré-independência ou de liberta ção. Não dispondo, evidentemente, de tempo para manusear livros e documentos que nos teriam com certeza permitido fundamentar e enriquecer o conteúdo do nosso trabalho, limitámo-nos praticamente a transmitir o resultado da nossa experiência e das nossas obser vações, tanto no âmbito da nossa luta como no estudo das outras lutas contra o domínio imperialista. Na parte que especificamente se refere ao papel da cultura no movimento de libertação, utilizamos e desenvolvemos algumas das ideias e das considerações contidas na conferência que fizemos, em Fevereiro de 1970, na Universi (1) Este texto foi lido, na ausência do seu autor, na Reunião de Peritos sobre noções de raça, identidade e dignidade. UNESCO, Paris, 3-7 de Julho de 1972. 3 dade de Siracusa (EUA), subordinada ao tema «libertação nacional e cultura». É inútil recordar que as condições em que este trabalho foi escrito, aliadas às limitações dos nossos conhecimentos, fazem com que tenha deficiências que a generosidade do leitor saberá, se não desculpar pelo menos compreender. No entanto, se conseguirmos convencê-lo (ou reforçar as suas convicções) da importância decisiva da cultura na evolução do movimento de libertação, estetrabalho terá sidoinútil. Pessoalmente, esperamos que a UNESCO não tenha cometido um grave erro confundindo corajosamente o combatente e o investi gador. O combate pela libertação e o progresso do povo é também , ou deve ser, um estudo permanente nos campos da educação, da ciênciaedacultura. Junhode 1972. INTRODUÇÃO A luta dos povos pela libertação nacional e pela independência, contra o domínio imperialista, tornou-se uma força imensa de pro gresso para a humanidade e constitui, sem dúvida, um dos traços essenciaisdahistóriadonossotempo. Uma análise objectiva e sem paixão do imperialismo, enquanto facto ou fenómeno histórico «natural», ou seja, «necessário » no contexto do tipode evolução económico-política de umagrandeparte da humanidade, revela que o domínio imperialista, com todo o seu cortejo de misérias, de pilhagens, de crimes e de destruição de valores humanos e culturais, não foi senão uma realidade negativa. A imensa acumulação monopolista do capital numa meia dúzia de países do hemisfério norte, como resultado da pirataria, do saque dos bens de outros povos e da exploração desenfreada do trabalho desses povos provocou o monopólio das colónias, a partilha do mundoeodomínioimperialista. Nos países ricos, o capital imperialista, sempre à procura de mais-valia, aumentou a capacidade criadora do homem, operou uma profunda transformação dos meios de produção (forças produtivas materiais), graças aos progressos acelerados daciência, da técnica e 4 da tecnologia, acentuou a socialização do trabalho e permitiu em considerável escala o ascensode vastas camadas da população. Nos países colonizados, onde a colonização bloqueou, em geral, o pro cesso histórico do desenvolvimento dos povos dominados, quando não procedeu à sua eliminação radical ou progressiva, o capital imperialista impôs novos tipos de relações no seio da sociedade autóctone, cuja estrutura se tornou mais complexa; suscitou, fomen tou, envenenou ou resolveu contradições e conflitos sociais; introdu ziu, particularmente com o ciclo da moeda e o desenvolvimento do mercado interno e externo, novoselementos naeconomia; levou, sob a influência de um novo tipo de dominação de classe (colonialista e racista ), ao nascimento de novas nações a partirde grupos humanos e de povos que se encontravam em estados diversos de desenvolvi mento histórico. É certo que o imperialismo, como capital em acção, nãocumpriu, 9 nos países estrangeiros dominados, a missão histórica que realizou nos países ricos. Não é defender o dominio imperialista reconhecer que deu novos mundos ao mundo, cujas dimensões reduziu, que revelou novas fases de desenvolvimento das sociedades humanas e, a despeito ou por causa dos preconceitos, das discriminações e dos crimes aos quais deu lugar, contribuiu para dar um conhecimento mais profundo da humanidade como um todo em movimento, como uma unidade na diversidade complexa das características do seu desenvolvimento. O domínio imperialista sobrediversoscontinentes favoreceu uma confrontação multilateral e progressiva (por vezes abrupta) não só entre homens diferentes mas também entre sociedades diferentes, tanto pelas características somáticas das populações como, principal mente, pelo grau e tipo do seu desenvolvimento histórico, pelo nível das forças produtivas, pelos dados essenciais da estrutura social e pela cultura. A práticadodominio imperialista-asuaafirmaçãoou a sua negação-exigiu (eexige ainda) o conhecimentomaisoumenos correcto do objectivo dominado e da realidade histórica (económica, social e cultural) no seio da qual ele se move, conhecimento esseque se exprime necessariamente emtermosdecomparaçãocom osujeito dominador e com a sua própria realidade histórica. Um tal conheci mento é uma necessidade imperiosa da prática do domínio impe rialista, que resulta da confrontação, em geralviolenta, de duas identidades distintas no seu conteúdo histórico e antagónicas nas 5 suas funções. A procura de um tal conhecimento, tanto paradefender como para contestar o domínio imperialista, contribuiu para um enri quecimento geral das ciências humanas e sociais, apesardo carácter unilateral, subjectivo e muitas vezes imbuido de preconceitos da maior parte das abordagens e dos resultados obtidos nesta procura. Na realidade, nunca o homem se interessou tanto pelo conheci mento de outros homens e de outras sociedades como no decurso deste século do imperialismo e do domínio imperialista. Uma quanti dade sem precedentes de informações, hipóteses e teorias acumu lou-se assim , especialmente nos domínios da história, da etnologia, da etnografia, da sociologia e da cultura, relativas aos povos ou aos gruposhumanos submetidos aodominio imperialista. Osconceitosde raça, casta, etnia, tribo, nação, cultura, identidade, dignidade, etantos outros ainda, tornaram -se alvo de uma atenção crescente por parte dos que estudam o homem e as sociedades ditas «primitivas» ou em «evolução». Mais recentemente, com o incremento da luta pela liber tação, que é a negação do dominio imperialista, surgiu a necessidade de analisar e conhecer as características dessas sociedades em função da luta e determinaros factores que provocam ou travam essa luta, exercendo uma influência positiva ou negativa sobre a sua evolução. Os investigadores concordam em geral que, neste contex to, a cultura se reveste de uma importância especial. Pode-se portan to admitir que qualquer tentativa visando o esclarecimento do verda deiro papel da cultura no desenvolvimento do movimento de liberta ção (pré-independência) pode ser um contributo útilpara a luta geral dospovoscontraodomínioimperialista. O facto de os movimentos de independência serem em geral marcados, logo na sua fase inicial, por um surto de manifestações de carácter cultural, fez admitir que esses movimentos são precedidos por um «renascimento cultural» do povo dominado. Vai-se mesmo mais longe, admitindo que a cultura é um método de mobilização de grupoeatéumaarmanalutapelaindependência. A partir da experiência da nossa própria luta e, poder-se-iadizer, da de toda a África, julgamos que se trata de uma concepção demasiado limitada, senão mesmo errónea, do papel primordial da cultura no desenvolvimento domovimento de libertação. Essa limita 6

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