dul UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO CCE DEPARTAMENTO DE JORNALISMO Marcela Borges de Andrade Me aposentei, e agora? Histórias que mostram uma nova perspectiva sobre a saída do mercado de trabalho RELATÓRIO TÉCNICO do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Projetos Experimentais, ministrada pela Profª. Gislene Silva no segundo semestre de 2014 Orientador: Prof. Jorge Kanehide Ijuim Florianópolis Novembro de 2014. 1 Florianópolis FICHA DO Trabalho de Conclusão de Curso - JORNALISMO UFSC TCC ANO 2014.2 ALUNO Marcela Borges de Andrade TÍTULO Me aposentei, e agora? Histórias que mostram uma nova perspectiva sobre a saída do mercado de trabalho ORIENTADOR Jorge Kanehide Ijuim X Impresso MÍDIA Rádio TV/Vídeo Foto Web site Multimídia Pesquisa Científica CATEGORIA Produto Comunicacional Produto Institucional (assessoria de imprensa) Produto Jornalístico Local da apuração: (inteiro) X Reportagem (X ) Florianópolis livro-reportagem ( ) ( ) Santa Catarina ( ) Região Sul ( ) Brasil ( ) Internacional País: ____________ Aposentadoria, trabalho, voluntário, envelhecimento, saúde. ÁREAS O aumento da expectativa de vida do brasileiro é tema recorrente na imprensa, RESUMO assim como o crescimento acelerado do número de aposentados no país. Este Trabalho de Conclusão de Curso é uma série de reportagens que pretende mostrar a rotina de pessoas que decidiram usufruir o tempo disponível da aposentadoria para traçar novos objetivos, investindo em atividades para manter mente e corpo em ação. A reportagem trata de pautas como (1) A importância de Programas de Preparação para Aposentadoria; (2) A volta ao mercado de trabalho; (3) Aposentadoria e Voluntariado e (4) Envelhecimento saudável e qualidade de vida. 2 Sumário 1 RESUMO ........................................................ 4 2 CONTEXTO ................................................... 5 3 JUSTIFICATIVAS: tema e mídia impressa .. 16 4 PROCESSO DE PRODUÇÃO ..................... 23 4.1 Pesquisa e pré-produção ..................... 23 4.2 Apuração ............................................... 27 4.3 Produção dos textos ............................. 48 4.4 Diagramação e edição .......................... 50 5 IMPRESSÃO ................................................. 52 6 DIFICULDADES E APRENDIZADOS ....... 53 7 REFERÊNCIAS ............................................ 56 3 1 RESUMO O aumento da expectativa de vida do brasileiro é tema recorrente na imprensa, assim como o crescimento acelerado do número de aposentados no país. Este Trabalho de Conclusão de Curso é uma série de reportagens que pretende mostrar a rotina de pessoas que decidiram usufruir o tempo disponível da aposentadoria para traçar novos objetivos, investindo em atividades para manter mente e corpo em ação. A reportagem trata de pautas como (1) A importância de Programas de Preparação para Aposentadoria; (2) A volta ao mercado de trabalho; (3) Aposentadoria e Voluntariado e (4) Envelhecimento saudável e qualidade de vida. Palavras-chave: Reportagem. Aposentadoria e envelhecimento. Trabalho. Voluntariado. Velhice e saúde. 4 2 CONTEXTO Atualmente, a expectativa de vida dos brasileiros é frequentemente pauta de jornais, revistas e programas de rádio e televisão. Esse acontecimento pode ser relacionado à afirmação feita no início deste ano pelo médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade, Alexandre Kalache, durante o Fórum a Saúde do Brasil, em São Paulo. Segundo o especialista, nosso país passa pela revolução da longevidade, um fenômeno que pode ser considerado uma dádiva, mas traz consigo uma série de desafios. Nos países desenvolvidos, onde o mesmo evento já ocorreu, houve enriquecimento antes do envelhecimento. No Brasil, a população envelhece em condições de pobreza, o que transforma a velhice em fardo, sobretudo no período da aposentadoria, quando, na maioria dos casos, há redução de renda. Por isso, ressalta-se a importância de políticas públicas que garantam qualidade de vida nessa nova etapa, promovendo o envelhecimento de maneira ativa. Já diria um dos primeiros e mais renomados autores da Grécia Antiga, “o trabalho é a sina universal do Homem, porém aquele que estiver disposto a 5 trabalhar sobreviverá”. O pensador Hesíodo, no decorrer dos mais de 800 versos de seu poema Os Trabalhos e os Dias, defende a ideia de que a luta e a conquista deveriam fundamentar-se na justiça e no trabalho. Pelo fato de criar recursos e também pela consideração social, o trabalho já agradava aos deuses na Antiguidade, pois proporcionava independência e fama aos homens. Ao longo da história, diferentes conceitos surgiram. No entanto, uma questão é unânime: independentemente da época, o trabalho sempre foi fundamental para o desenvolvimento humano. Como acreditavam Marx e Engels, ele é um elemento definidor do próprio ser do homem, tendo em vista sua capacidade de gerar condições reais de sua possibilidade de existência. Antunes (2005) salienta que, através do trabalho, o indivíduo se torna significativo para a sociedade e se reconhece como alguém que aporta algo valioso em relação aos demais. As pessoas economicamente ativas sempre foram e ainda são valorizadas socialmente. Os rótulos de improdutivos e dependentes foram associados, ao longo dos anos, aos trabalhadores que envelheciam e eram a afastados e discriminados pelo fato de não poderem mais oferecer a 6 energia e o esforço físico que o trabalho exigia em outras épocas, como destaca Neri (2009, p. 54) Imersos nesta sociedade capitalista, na qual quem não tem emprego é considerado improdutivo e excluído socialmente, crescemos com o objetivo primordial de nos preparar para o mercado. A vida humana atual é pensada e organizada em função do trabalho, de seus horários e atividades, e até mesmo os relacionamentos pessoais são determinados de acordo com suas exigências. Nesta perspectiva, o trabalho representa o papel de regulador da organização de nossas rotinas e planejamentos e é responsável por definir o sentido da existência humana. Antunes (2005) destaca também que, ao ingressar no mundo do trabalho, a pessoa entra num jogo dialético de sua realização: de seu desenvolvimento pessoal por meio de suas atividades, ou de sua alienação, como elemento pouco significante e substituível de uma cadeira produtiva, desenvolvendo o trabalho apenas como meio de sobrevivência. Considerando este panorama, é justificável o fato de grande parte de a população encontrar tantas dúvidas e dificuldades para se desvincular do mesmo quando chega o momento de se aposentar. 7 A aposentadoria é considerada um fenômeno historicamente recente. Estudos mostram que ela surgiu no fim do século XIX, na Alemanha, durante o governo do Chanceler alemão Otto Von Bismarck, em que foi estabelecido um sistema nacional que assegurava o pagamento de uma pensão aos trabalhadores do comércio, indústria e agricultura, acima de 70 anos. A medida logo foi adotada pela Áustria e Hungria e espalhou-se por outros países. Ao criar este benefício, que atendia a reivindicações dos trabalhadores, o objetivo era combater as ideias socialistas que se difundiam pelo continente. Inicialmente, a aposentadoria pretendia amparar os trabalhadores que atingissem idade avançada, se tornassem inválidos ou ficassem incapacitados para exercer qualquer tipo de profissão. Já no Brasil, a Previdência Social propriamente dita teve início a partir do Decreto nº. 4.682 de 1923, que criou a Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados das Empresas Ferroviárias, extensivo aos familiares. Após alguns anos, essa mesma Lei estendeu o benefício aos trabalhadores marítimos, portuários, entre outros. De acordo com Sinésio (1999), a conquista por esse direito contribuiu para amenizar as condições a que 8 os trabalhadores foram submetidos após a Revolução Industrial. No caso do Brasil, que é marcado por intensas desigualdades sociais, a aposentadoria é enfrentada com dificuldade, devido, também, às condições de trabalho oferecidas. Os salários precários obrigam os profissionais a trabalharem mais tempo, causando esgotamento físico e mental, podendo favorecer doenças e acidentes de trabalho, o que caracteriza a aposentadoria por invalidez. Outro fator que deve ser considerado é que o trabalho de tempo integral, rotineiro e repetitivo, na maioria dos casos, impede que a pessoa desenvolva outras ações no decorrer dos anos, sejam profissionais ou de lazer. Partindo do ponto de vista de Zanelli & Silva (1996), ao observar que as atividades exercidas ao longo da vida servem de ponto de referência, sendo difícil desarticular-se delas, compreende-se a dificuldade do processo de aceitação da aposentadoria. Na percepção de França (2002), as atitudes positivas ou negativas dos futuros aposentados em relação à aposentadoria são fortemente influenciadas pelo seu envolvimento e satisfação com o trabalho, pelo relacionamento com a família e o mundo social, e pela diversidade nas atividades e interesses com os quais 9 preenchem seu tempo livre. Nesse momento, como em todas as mudanças da vida, é importante buscar conhecer mais sobre a futura escolha, rever prioridades e pensar em planejar o futuro que está para chegar. No entanto, como salienta Cooperman (1977), independentemente da idade, das necessidades individuais, da saúde e de outras circunstâncias, a aposentadoria, sobretudo na sociedade capitalista, representa inevitavelmente uma “crise de identidade”. Simone de Beauvoir, em seu conceituado livro A velhice, sublinha a característica desta mesma sociedade de manter índices e graus elevados de valorização ao trabalho e ao lucro, o que reafirma e dá sentido a identificação profissional como realidade propulsora dos seres. Essa sociedade define o homem e mulher como indivíduos necessários para a produção e, ao mesmo tempo, manipula os desejos, anseios e valores de uma determinada classe. Sobre o assunto, a autora ainda coloca que: É através de sua ocupação e de seu salário que o homem define sua identidade; ao se aposentar, perde essa identidade; um antigo mecânico não é mais um mecânico: não é nada [...] Aposentar-se é, portanto, perder o lugar na sociedade, perder a dignidade, e 10
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